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Protease termoestável na nutrição de suínos

Enzimas endógenas são sintetizadas pelo próprio animal ou pela microbiota naturalmente presente no TGI, porém, o processo digestivo nos animais não é totalmente eficiente

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Artigo escrito pelo Professor Doutor Sebastião Aparecido Borges, Consultor Técnico Científico da Tectron Nutrição e Saúde Animal

Enzimas são proteínas globulares com uma complexa estrutura tridimensional que aceleram processos químicos. Elas exercem seus efeitos catalíticos em condições ambientais adequadas, como pH, temperatura e umidade, além de possuírem substratos específicos para atuação. As enzimas endógenas são sintetizadas pelo próprio animal ou pela microbiota naturalmente presente no TGI. Porém, o processo digestivo nos animais não é totalmente eficiente. Publicação de 2011 cita que cerca de 15 a 25% do alimento que é consumido pelos animais não é passível de digestão, seja pela presença de fatores antinutricionais que indisponibilizam nutrientes ou porque o animal não sintetiza determinadas enzimas necessárias à quebra dessas ligações, ou ainda o animal sintetiza a enzima, porém não em quantidade equivalente para digerir o ingrediente presente na ração, como é o caso de suínos jovens.

As frações proteicas presentes nas dietas precisam ser hidrolisadas pelas enzimas proteolíticas digestivas produzidas pelos suínos, que quebram as ligações peptídicas entre os aminoácidos, tornando-os disponíveis para serem absorvidos. Uma particularidade dos suínos é que nos leitões lactentes e recém desmamados a secreção e atividade enzimática é baixa, dificultando, assim, a digestão das rações fornecidas para esses animais. A digestão proteica inicia no estômago a partir da secreção de ácido clorídrico (HCl) e pepsinogênio pelas células principais. O ambiente ácido proporcionado pelo HCl é ideal e transforma o pepsinogênio em pepsina. Essa enzima é caracterizada como endopeptidase e cliva as ligações entre os aminoácidos leucina-valina, tirosina-leucina e fenilalanina-tirosina. Porém, nos leitões há baixa secreção de HCl e de pepsinogênio, o que torna essa reação pouco efetiva.

No duodeno, as proteínas da dieta sofrem ação das enzimas secretadas pelo pâncreas e pela mucosa intestinal. O pâncreas secreta zimogênios que serão ativados no lúmen do intestino. O tripsinogênio secretado pelo pâncreas é ativado em tripsina por uma enteroquinase secretada no intestino. As principais enzimas proteolíticas secretadas pelo pâncreas são: tripsina, quimiotripsina, carboxipeptidases A e B e elastase. A tripsina e a quimiotripsina são endopeptidases e quebram as ligações peptídicas em locais específicos no centro da cadeia e não nas porções terminais. A tripsina hidrolisa ligações dos aminoácidos lisina e arginina e a quimiotripsina cliva as ligações entre fenilalanina e tirosina.

As carboxipeptidases são exopeptidases que hidrolisam as porções terminais da cadeia de aminoácidos. Assim, a ação conjunta das endo e exopeptidases resulta na presença de oligopeptídeos, tripeptídeos e dipeptídeos e também aminoácidos livres no lúmen do intestino. A hidrólise se completa pela presença das peptidases de membrana que culminam na absorção de aminoácidos livres e dipeptídeos para dentro dos enterócitos, que serão absorvidos na corrente sanguínea somente na forma de aminoácidos livres após ação de peptidases citosólicas.

As enzimas exógenas são adicionadas às rações dos suínos para aumentar a digestibilidade dos nutrientes e melhorar a eficiência da sua utilização. Para uma reação enzimática ocorrer no TGI é necessário que as condições ideais para atuação da enzima estejam presentes. Além disso, o substrato deve estar numa forma física e química que possibilite a ação enzimática sobre ele. Desde a década de 1980 as enzimas têm sido utilizados nas rações, alterando o perfil nutricional dos ingredientes, e vêm desempenhando um papel importante para melhorar a eficiência da produção de carne e ovos.

Seu modo de ação consiste basicamente na ligação com agentes antinutricionais em alguns ingredientes ou clivagem de substâncias químicas não disponíveis anteriormente e permitir melhor aproveitamento dos nutrientes pelos animais. A utilização de enzimas na nutrição animal leva em consideração uma preocupação especial: esses aditivos precisam manter um nível de atividade suficiente para que se possa obter resposta significativa em termos de desempenho zootécnico com o seu uso. Além disso, é importante que, mesmo com a mistura de outros ingredientes em uma ração, ou em situações de armazenamento do produto em diferentes temperaturas, as enzimas se mantenham ativas ao longo de todo o processo de produção de rações e também não se degradem pela ação das enzimas endógenas do animal.

As proteínas resistentes à digestão passam diretamente ao intestino grosso servindo de substrato aos microrganismos, proporcionando proliferação de bactérias maléficas e reduzindo a absorção de nutrientes. Além disso, todos os compostos nitrogenados que não foram degradados são excretados e contribuem para a poluição ambiental.

A suplementação de enzimas exógenas específicas melhoram o valor nutricional dos alimentos, uma vez que tornam o processo de digestão mais eficiente. As enzimas auxiliam na quebra de fatores antinutricionais, melhoram a digestibilidade do amido, proteínas, aminoácidos e minerais como cálcio e fósforo. De uma forma resumida, a suplementação de protease exógena nas rações de suínos pode: melhorar a digestão e absorção dos nutrientes presentes na ração; reduzir a variabilidade da composição nutricional dos ingredientes, resultando em formulas mais precisas e mais baratas; manter a saúde e a integridade intestinal, reduzindo nutrientes não digeridos que poderiam servir de substrato para crescimento de microrganismos patogênicos, além de reduzir o volume de matéria orgânica excretada (fezes). Assim, a aplicação de proteases na nutrição de suínos tem como principal objetivo complementar as enzimas endógenas secretadas pelo animal. O TGI desses animais secreta vários tipos de enzimas proteolíticas, entretanto com a inclusão de enzimas exógenas, o aproveitamento dos nutrientes pode ser intensificado.

O valor nutricional de quase todos os alimentos pode ser melhorado pela adição de combinação enzimática específica. Principalmente alimentos sub processados (presença de fatores antinutricionais) e/ou com baixo valor energético. Os efeitos benéficos das enzimas exógenas são fundamentais em animais jovens. A suplementação dessas proteases exógenas nas rações pode proporcionar melhor digestão protéica e, consequentemente, melhor desempenho zootécnico.  Segundo estudo de 2007, um importante pressuposto na seleção da enzima exógena a ser utilizada é que os resultados obtidos in vitro sejam reproduzidos em aplicações práticas com os animais.

As proteases também podem ser utilizadas para melhorar a degradação de proteínas como glicinina e β-conglicinina e alguns fatores antinutricionais (lectina e fator antitripsina) do farelo de soja processado inadequadamente. Pesquisadores relataram que o tratamento de soja integral com protease foi efetivo na redução do fator inibidor de tripsina e da lectina e não resultou em prejuízo para certos aminoácidos que foram associados com tratamento severo de aquecimento.

Em leitões, a função pancreática aumenta na terceira semana de vida, a amilase, a lipase e a protease, presentes em baixas quantidades ao nascimento, aumentam nos períodos subsequentes. A desmama na terceira ou na quarta semana de vida dos leitões causa redução significativa na produção de protease. Produtos enzimáticos, com protease, usados na alimentação de suínos, têm proporcionado melhora na digestibilidade da matéria seca e do nitrogênio de rações à base de milho e de farelo de soja para leitões durante as três primeiras semanas após a desmama.

A inclusão de enzimas, entre elas uma protease exógena, em rações de leitões dos 10 aos 30 Kg, resultou em ganho de 2,3% no coeficiente de digestibilidade da proteína bruta e de 74 kcal/kg na energia digestível da ração para leitões, resultando em consistentes melhoras na conversão alimenta, segundo estudo. Trabalho recente (dados não publicados) nos laboratórios da Universidade Estadual de Londrina confirmaram os benefícios da utilização de proteases (acida e alcalina) sobre a conversão alimentar de suínos de 21 a 63 dias de idade, em que o controle positivo é a ração tradicional e o controle negativo é a ração tradicional depreciada da matriz nutricional da enzima.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de maio/junho de 2017.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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