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Bovinos / Grãos / Máquinas

Programa sanitário exige mapeamento dos desafios de cada fazenda

Cuidados com sanidade vão muito além de aplicação de medicamentos; pecuarista precisa entender a realidade da própria fazenda para realizar os corretos procedimentos e ter o rendimento esperado

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Uma certeza entre os especialistas em pecuária é que um dos investimentos mais baratos dentro de uma propriedade é a sanidade. As vantagens em realizar os processos preventivos, evitando assim doenças e possíveis perdas, são inúmeras. Mesmo com este conhecimento, ainda existe pecuarista que peca neste quesito, que pode ser considerado um dos mais importantes. O médico veterinário Matheus Marinho falou sobre sanidade e a proteção necessária para produção de alta performance durante a Intercorte, etapa Cuiabá 2018, que aconteceu em abril.

O profissional comenta que sanidade é um dos pontos que menos custa para fazer algo bem feito. “Mas na hora que eu vou comprar, parece que estamos investindo tanto nisso. O que precisamos fazer é olhar para quanto custa um programa sanitário”, afirma. Ele apresentou um estudo desenvolvido pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) que mostra que as propriedades que produzem de uma a três arrobas por hectare no ciclo completo gastam em torno de R$ 3,09 por arroba produzida para ter esse desempenho. “As propriedades que produzem mais de 20 arrobas, ou seja, uma produção altíssima de carne por área produzida, gastam R$ 3,17. Então, é um investimento que vemos que não muda muito, lógico que considerando por arroba”, comenta.

Marinho diz que se for considerado o custo por área, ele será maior, porém a produtividade justifica esse gasto a mais. “Custo é a despesa sobre a produtividade. Se eu invisto esse valor, mas tenho boa produtividade, ótimo”, afirma. Ele informa que na cria os valores variam um pouco mais, e passam a ser R$ 2,60 para 3 arrobas e R$ 4,12 para 20 arrobas. “Mas ainda assim não é um valor tão discrepante”, diz.

Com uma tabela, o profissional mostrou que itens como vacinas, controle, antibióticos e antiparasitários, além de medicamentos em geral, são os quesitos que menos impactam nos custos de produção. “Juntando tudo isso deu 2,6% dos custos. Então é o seguro mais barato que existe, porque eu gasto pouco com isso”, afirma.

Marinho apresenta alguns exemplos de como a sanidade impacta nas fases da produção. A cria é um deles. “Toda vez que eu vou lidar com um bezerro, eu tenho que lembrar que estou lidando com uma categoria extremamente sensível ao fator sanidade”, lembra. “Temos muita coisa que influencia na vida desse bezerro, desde falha na transmissão da imunidade passiva – o colostro –, até a cura do umbigo”, diz. O médico veterinário alerta que um animal que não mama colostro é um bezerro que corre o risco de desenvolver mais doenças. Além disso, ainda é preciso se atentar à cura do umbigo, que é uma porta de entrada para diversos tipos de infecção. “Temos que fazer isso da maneira correta”, expressa.

Enfermidades

Uma enfermidade comum em bovinos e que ainda se fala pouco no Brasil é a coccidiose, comenta Marinho. Porém, nos últimos anos essa passou a ser uma doença mais investigada por pesquisadores. O médico veterinário comenta que um estudo feito pelo professor Elias Facury, da Universidade Federal de Minas Gerais, mostrou que em todas as fazendas analisadas havia a presença de coccidiose. “O levantamento foi feito em propriedades de diversos Estados, como MT, PA, MS, GO, MG e SP”, conta. Ele informa que não eram em todos os animais das propriedades que tinham o agente, mas era mais da metade – em torno de 60%.

Marinho explica que a coccidiose causa, principalmente, a conhecida diarreia de sangue. “As características mais visíveis da doença são difíceis de aparecer, somente de 5 a 10% dos bezerros vão demonstrar o sinal. Os outros 90 a 95% vão ser animais que aparentemente estarão saudáveis, porém com o desempenho abaixo do esperado”, explica. Ele diz que dessa forma, um bezerro que poderia ganhar 800 gramas por dia vai ganhar somente 500 gramas. “Isso porque tem o parasita lesionando o intestino dele”, conta.

Além do mais, quando o intestino desse animal que foi afetado cicatriza, as consequências ele leva para o resto da vida dele. “Em gado de corte são poucos os estudos, mas em gado de leite existem pesquisas mostrando que uma bezerra que tem coccidiose no início da vida, mais tarde, quando ela cria e começa a produzir, produz menos leite do que uma vaca que não teve o problema”, comenta. De acordo com o profissional, isso é bastante comum.

Entre os impactos da coccidiose estão principalmente o peso e a baixa produção. Marinho conta que um estudo desenvolvido na Alemanha com 330 bezerros mostrou que os animais que adoeciam e logo recebiam o tratamento ganharam 3,4 quilos a mais do que animais que não recebiam nenhum tipo de tratamento. “Então, é melhor tratar do que não fazer nada? Sim, o animal se recupera mais rápido e volta a engordar. Porém, animais que tiveram um tratamento preventivo, ganharam mais que o dobro do peso desses animais nos primeiros meses de vida”, informa. “Isso nos demonstra que realmente esperar o animal adoecer para então tratar não compensa”.

Parasitas

Outro ponto importante tratado por Marinho é a incidência de parasitas no rebanho. Ele informa que um estudo feito em 2014 mostrou que no Brasil o prejuízo em gado de corte com os principais parasitas estava em torno de R$ 34 bilhões. “Isso considerando uma taxa de câmbio de R$ 3,10. Se atualizarmos essa taxa, esse número sobe um pouco”, comenta. O médico veterinário acrescenta que se pensar em um rebanho de gado de corte de mais ou menos 190 milhões de cabeças, o prejuízo chega a ser de R$ 200 cabeça/ano. “Quanto custa uma dose de um bom vermífugo? É um valor muito pequeno de investimento para eu correr o risco de perder esses R$ 200 cabeça/ano”, afirma.

Para exemplificar melhor, o profissional apresentou outro estudo, este desenvolvido pela Universidade Federal de Pelotas, em que foi feita uma análise com bezerros Angus com 90 dias de idade, e durante 60 dias acompanharam o ganho de peso dos animais. “Em uma parte foi usado um vermífugo com o princípio ativo bastante conhecido, e em outros não. Óbvio que os animais em que foram aplicadas as doses ganharam mais peso. O estudo mostra que foi o dobro do peso dos bezerros onde não foi aplicada nenhuma dose”, informa.

Marinho comenta que é importante o pecuarista usar o protocolo correto para que ele possa otimizar esse ganho de peso dos animais, para que possa ter um bezerro que vai fazer a diferença no desmame. “Será um animal que vai pesar até 30 quilos a mais na hora que for desmamar, e isso vai impactar por toda a vida dele”, diz.

Verminose

O profissional conta que outro detalhe que tem sido bastante estudado nos últimos anos é o impacto da verminose na ingestão dos alimentos. “Começamos a pensar, será que o animal que está acometido por verminose como igual ao outro?”, conta. Em um estudo desenvolvido em parceria com a Universidade Federal do Rio de Janeiro, Marinho explica que foi realizada uma infestação artificial nos animais para que todos tivessem o mesmo nível de verminose. “Dois dias depois começamos a analisar e o esperado era que os animais comessem 100% da quantidade de comida fornecida, porém eles estavam comendo 95% da comida. Depois de 20 dias da infestação, o consumo caiu para 63%. Ou seja, o animal com alta infestação de verminose, que a gente não vê e o animal aparenta estar sadio, cai em 30% a ingestão de alimento”, diz.

Para resolver, o médico veterinário comenta que parte dos animais foram tratados com vermífugo e vitamina D, e outra parte somente com vermífugo. “Algo interessante que notamos, é que 15 dias após o início do tratamento, os animais que receberam apenas o vermífugo recuperaram 76% da alimentação. Já aqueles que foram tratados com vermífugo e suplementação de vitaminas passaram a comer 85% a mais. Ou seja, nós conseguimos estimular os animais a comer mais”, conta. Dessa forma, foi possível impactar no ganho de peso dos bovinos. Além do mais, cita, ainda foi possível notar que os animais que receberam somente o vermífugo tiveram um ganho de peso de 500 gramas por dia nos 20 dias após a aplicação, enquanto que aqueles que receberam a vitamina junto com o vermífugo ganharam mais de 700 gramas por dia.

Entender a própria realidade

Quando o assunto é sanidade, o médico veterinário afirma que é preciso que cada pecuarista entenda a realidade da própria fazenda. “Não é porque o meu vizinho está fazendo que eu vou fazer e vai dar certo para mim também. É importante o produtor buscar assistência técnica, o apoio de um médico veterinário e empresas que podem ajudar para entender quais os desafios, qual a dinâmica das doenças dentro da propriedade e como é possível extrair o melhor desse produto ou desse protocolo que será usado na fazenda”, comenta.

Marinho reitera a importância de o pecuarista conhecer a própria fazenda. “Uma cerca muda tudo, a gestão de uma para outra também. Sanidade não é receita de bolo. Não saiam por aí fazendo alguma coisa porque alguém falou que é muito bom. Conheçam a sua fazenda, façam testes e avaliações. Isso vai permitir a vocês saber se esses investimentos que comentei são viáveis na propriedade de vocês e vão gerar o retorno esperado”, sugere.

Mais informações você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Preço ao produtor avança, mas dificuldade em repassar altas ao consumidor preocupa

Movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo.

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Foto: JM Alvarenga

O preço do leite captado em fevereiro registrou a quarta alta mensal consecutiva e chegou a R$ 2,2347/litro na “Média Brasil” do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

Em termos reais, houve alta de 3,8% frente a janeiro, mas queda de 21,6% em relação a fevereiro de 2023 (os valores foram deflacionados pelo IPCA). Pesquisas em andamento do Cepea apontam que o leite cru captado em março deve seguir valorizado, com a Média Brasil podendo registrar avanço em torno de 4%.

Fonte: Cepea/Esalq/USP

O movimento altista no preço do leite continua sendo justificado pela redução da oferta no campo. O Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea caiu 3,35% de janeiro para fevereiro, acumulando baixa de 5,2% no primeiro bimestre deste ano. Nesse contexto, laticínios e cooperativas ainda disputam fornecedores para garantir o abastecimento de matéria-prima.

A limitação da produção se explica pela combinação do clima (seca e calor) com a retração das margens dos pecuaristas no último trimestre do ano passado, que reduziram os investimentos dentro da porteira. Porém, a elevação da receita e a estabilidade dos custos neste primeiro trimestre têm contribuído para melhorar o poder de compra do pecuarista frente aos insumos mais importantes da atividade.

A pesquisa do Cepea, em parceria com a CNA, estima que a margem bruta se elevou em 30% na “média Brasil” nesse primeiro trimestre. Apesar da expectativa de alta para o preço do leite captado em março, agentes consultados pelo Cepea relatam preocupações em relação ao mercado, à medida que encontram dificuldades em realizar o repasse da valorização no campo para a venda dos lácteos.

Com a matéria-prima mais cara, os preços dos lácteos no atacado paulista seguiram avançando em março. Porém, as variações observadas na negociação das indústrias com os canais de distribuição são menores do que as registradas no campo.

Ao mesmo tempo, as importações continuam sendo pauta importante para os agentes do mercado. Os dados da Secex mostram que as compras externas de lácteos em março caíram 3,3% em relação a fevereiro – porém, esse volume ainda é 14,4% maior que o registrado no mesmo período do ano passado.

Fonte: Por Natália Grigol, do Cepea.
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Probióticos e a promoção da saúde intestinal: potencial ferramenta em rebanhos leiteiros

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

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Foto: Shutterstock

Os probióticos compreendem aditivos alimentares compostos por microrganismos vivos que beneficiam o hospedeiro através da melhora da microbiota intestinal. Quando o animal recebe uma dosagem oral efetiva, esses microrganismos são capazes de se estabelecer no trato gastrointestinal e efetivar a microbiota natural, prevenindo a proliferação de microrganismos patogênicos e melhorando o aproveitamento de nutrientes. Dentre as espécies que possuem propriedades probióticas, ressalta-se as bactérias láticas, grupo de espécies já existentes na microbiota do trato gastrointestinal e urogenital dos animais, onde o gênero Lactobacillus é um dos mais importantes na produção de produtos probióticos. Além deste, destacam-se as bactérias dos gêneros Bifidobacterium, Lactococcus, Propionibacterium e Bacillus, assim como as leveduras Saccharomyces, Pichya e Kluyveromices.

Os mecanismos de ação dos probióticos são frequentemente baseados em três modalidades, incluindo o antagonismo sobre microrganismos residentes da microbiota intestinal, tanto comensais quanto patógenos; modulação da imunidade inata e adquirida; inibição de toxinas produzidas por microrganismos patógenos, oriundos da alimentação ou água contaminada.

O antagonismo também é conhecido por exclusão competitiva, onde há competição dos sítios de ligação na mucosa intestinal, dos fatores de crescimento e nutrientes para os microrganismos, e também competição pela atividade metabólica (Figura 1). Ou seja, os microrganismos “bons” que constituem o probiótico impedem o desenvolvimento de outros microrganismos indesejáveis. Desse processo são originados produtos como o ácido lático, acético e fórmico, que ajudam a inibir o crescimento de bactérias maléficas e participam da produção de vitamina B e ácido fólico, compostos fundamentais para a vaca.

Figura 1- Mecanismos de ação das espécies probióticas que resultam na melhora da saúde intestinal.

Além disso, muitas espécies probióticas produzem bacteriocinas, substâncias compostas por peptídeos ou complexos proteicos que agem contra bactérias geneticamente semelhantes, como é o caso da nisina, bacteriocina que inibe o crescimento de bactérias patogênicas de alto risco, como Staphylococcus aureus, além de atuar na modulação ruminal. Trabalhos também mostram que o uso de probióticos melhora a digestão e absorção de nutrientes da dieta através da produção de enzimas como amilase, protease, lipase, maltase, sacarase e lactase.

Por exemplo, a amilase produz ácidos graxos de cadeia curta que são transformados em butirato, lactato e acetato, fontes de energia para a mucosa do intestino. Em um estudo, Nocek et al. (2003), observou que vacas que possuíam fonte de probiótico na dieta, entre 20 dias pré-parto até 70 dias pós-parto, aumentaram o consumo de matéria seca, a produção de leite e teor de proteína do leite, em relação ao grupo não suplementado. Estudando rebanhos da Virgínia, Estados Unidos, foi contabilizado que, de 45 rebanhos onde foi introduzido o probiótico, 31 apresentaram aumento na produção de leite. Frente a isso, fica evidente o efeito benéfico da suplementação com probióticos em dietas de vacas leiteiras. A pesquisa mostra que é possível observar, além do melhor aproveitamento da dieta e consequentemente aumento na produção leiteira, a melhora do estado geral de saúde do animal que recebe uma fonte de probiótico diariamente.

Probióticos e imunidade animal

Todo o processo descrito anteriormente auxilia na melhora da saúde do animal, uma vez que limita o desenvolvimento e proliferação de microrganismos maléficos ao hospedeiro, evitando o aparecimento de enfermidades, e também atua na digestão, oferecendo melhores condições para seu desenvolvimento.  Esses mecanismos de ação fazem parte das reações inespecíficas de defesa, ou seja, imunidade inata. Mas os probióticos também são capazes de influenciar a imunidade específica do animal.

As espécies probióticas realizam a modulação do sistema imune do hospedeiro, auxiliando no controle de infecções e inflamações. O processo de imunomodulação ocorre através da interação entre os microrganismos do probiótico e as células epiteliais e imunes do intestino do animal. Quando esses microrganismos se aderem às células intestinais, há a estimulação da produção de células de defesa, como macrófagos, monucleócitos, células dendríticas e citocinas pró-inflamatórias. Isso acontece porque componentes das paredes celulares dos microrganismos probióticos, como peptidoglicanas, ácido teicóico e lipoteicóico (LTA), reagem com as placas de Peyer presente no intestino e induzem os fatores pró-inflamatórios nas células intestinais do animal.

Em 2017 foi realizado um estudo onde dois grupos de animais foram vacinados, sendo que um deles recebeu, além da vacina, suplementação com probiótico a base de Lactobacillus. Posteriormente o autor observou que o grupo dos animais tratados com o probiótico apresentou níveis superiores de anticorpos específicos e de forma mais duradoura, auxiliando no controle de infestações por carrapatos atrelados a imunização. Adicionalmente, estudiosos mostraram que o tratamento com probióticos apresentou melhores benefícios quando comparados aos tratamentos convencionais da mastite bovina, evidenciando a influência desse aditivo na resposta imunológica das vacas.

Probióticos em uma abordagem preventiva e sua implicação em bezerreiros

Cerca de 75% das mortes de bovinos leiteiros ocorre em seu primeiro mês de vida. Em função disso, muitas pesquisas são realizadas a fim de elucidar os cuidados necessários no bezerreiro, assim como controlar as enfermidades mais comuns na rotina das fazendas leiteiras. A principal enfermidade relacionada a morte de bezerras leiteiras é a diarreia, que leva o animal a óbito em razão ao severo desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base. A diarreia corresponde a uma enfermidade multifatorial, porém, frequentemente é resultante da combinação de agentes infecciosos como o rotavírus, coronavírus, Escheria Coli, Salmonella spp., Clostridium perfringens e Eimeria spp., além de ser comum se deparar com infecções causadas por mais de um agente concomitantemente. Esses agentes possuem tendência em afetar os animais em determinada faixa etária (Figura 2), justamente quando esses apresentam suscetibilidade a infecção, por isso a importância da utilização de técnicas nutricionais e de manejo que proporcionem melhores condições para que as bezerras leiteiras não tenham seu desenvolvimento afetado.

Figura 2- Incidência de agentes etiológicos causadores de diarreias em bezerros de acordo com sua idade em dias.

Os probióticos contribuem para o desempenho zootécnico de bezerras leiteiras devido sua influência na permeabilidade intestinal, oferecendo maior eficiência de digestão e evitando o desenvolvimento de microrganismos patógenos. As principais bactérias probióticas associadas a prevenção de diarreia em bezerros são a Lactobacillus acidophillus e a Lactobacillus casei. Ambas são produtoras de ácido lático, ou seja, atuam diminuindo o pH intestinal e tornando o ambiente inadequado para o crescimento de algumas bactérias patogênicas, além de produzirem peptídeos que agem especificamente contra Salmonella typhimurium e acidofilina que inibe o crescimento de Escherichia coli e Salmonella panamá.

Outro microrganismo probiótico que recebe destaque quando o assunto é bezerros é a Saccharomyces boulardii, levedura que além do efeito diarreico, auxilia no desenvolvimento da flora intestinal fisiológica, na síntese de vitaminas complexo B e principalmente, realiza uma complementação enzimática, assim, aumenta a capacidade digestiva do animal jovem, impactando diretamente o seu desempenho.  Autores que utilizaram probióticos em bezerros observaram melhora do ganho de peso corporal total, sendo que os bezerros suplementados apresentaram ganho de 31,4kg, comparado a 25,4kg do grupo controle. Corroborando com esses dados, outro pesquisador mostrou que bezerros suplementados com probióticos, do nascimento aos 30 dias de idade, foram capazes de ganhar de 10 a 40% a mais de peso em relação aos animais não tratados.

Os probióticos apresentam grande potencial de uso nas fazendas leiteiras, sendo uma alternativa para restabelecer ou efetivar a saúde intestinal das vacas, aumentando o aproveitamento da dieta e potencializando sua imunidade. Além disso, é uma ótima opção para ser introduzida nos bezerreiros, uma vez que oferece melhores condições para o animal conseguir superar os desafios existentes nessa fase, influenciando seu ganho de peso e gerando bezerras maiores e mais produtivas futuramente.

As referências bibliográficas estão com a autora. Contato: luiza.carneiro@laboratorioprado.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor de bovinocultura de leite e na produção de grãos acesse a versão digital de Bovinos, Grãos e Máquinas, clique aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Luiza de Souza Carneiro, médica-veterinária, mestra em Produção de Ruminantes e consultora Técnica Comercial no Laboratório Prado.
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Entidades querem restringir a importação de leite

Em razão dos transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado, com estiagens, enchentes e excesso de importação, as federações estaduais recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Mobilização contra o aumento do volume de importação de leite subsidiado, principalmente da Argentina, está sendo estimulada pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), com apoio da Federação da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina (Faesc).

Presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo: “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção” – Foto: Divulgação/MB Comunicação

O presidente da Faesc, José Zeferino Pedrozo, diz que os transtornos que a cadeia produtiva do leite tem enfrentado – estiagens, enchentes e excesso de importação – recomendam a formulação de uma nova política pública para o desenvolvimento do setor, priorizando a matéria-prima local e o trabalho dos produtores brasileiros.

Nesse sentido, “é muito importante que cada Estado tome uma iniciativa para reduzir a compra do leite de outros países em uma atuação coordenada do setor em todo País”. Alguns Estados elevaram a alíquota de 0% para 12% aos importadores de leite em pó e de 2% para 18% na venda de produto fracionado. Em  outros, os lácteos importados foram excluídos da cesta básica, com aumento de ICMS sobre o leite importado.

Pedrozo informa que a CNA está elaborando um estudo para a aplicação de direitos antidumping à Argentina, com o objetivo de proteger o setor lácteo nacional. O dirigente lembra  que a excessiva importação de leite iniciada no primeiro semestre do ano passado achatou a remuneração do produtor nacional, impactando negativamente a competividade do pequeno e médio produtor de leite. As importações brasileiras de lácteos da Argentina e do Uruguai, em 2023, praticamente dobraram.

O presidente observa que grande parte dos produtores rurais atua na área de lácteos e que a crise no setor derruba a renda das famílias rurais. A forte presença de leite importado no mercado brasileiro provocou queda geral de preços, anulando a rentabilidade dos criadores de gado leiteiro.

Pedrozo defende um debate do setor produtivo com o Ministério da Agricultura e o Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar para a definição de medidas de fortalecimento da pecuária leiteira no País com foco no aumento da produção e no fortalecimento do pequeno e do médio produtor de leite. Dessa forma será possível estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas, manutenção de medidas antidumping e consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo, além da utilização de leite e derivados de origem nacional em programas sociais. “Não podemos deixar nenhum produtor desamparado, por isso a mobilização das  federações estaduais de agricultura e união de todo o setor são fundamentais para mudar o cenário de baixos preços pagos pelo litro de leite e altos custos de produção”, defende.

Pedrozo alerta que a crise na cadeia do leite afeta diretamente a agricultura familiar, levando milhares de produtores a abandonar a atividade, que já registra forte concentração da produção em Santa Catarina. “Talvez uma das soluções seja regular a importação, criando gatilhos e barreiras para que seu exagero não destrua as cadeias produtivas organizadas existentes”, sugere.

Fonte: Assessoria
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