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Suínos / Peixes

Programa de melhoramento da tilápia no Brasil apresenta ganho genético de 3,3% ao ano

Desempenho do animal é avaliado em cima de dados estatísticos, quanto mais cedo são marcados, menor são os erros que podem ocorrer durante o processo.

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Foto: Arquivo/OP Rural

O Brasil se destaca por ser um grande produtor de peixes de cultivo, principalmente de tilápia, espécie que cresceu significativamente nos últimos anos, alcançando uma produção de 534 mil toneladas somente em 2021, volume que representa um crescimento de 9,8% sobre o ano anterior e que corresponde a 63,5% da produção de peixes de cultivo no país.

Para atender a uma demanda cada vez maior do setor produtivo, a genética e a reprodução direcionada contribuem exponencialmente para esse aumento da produtividade. Atualmente, as linhagens de tilápia cultivadas superam em muito o desempenho de seus ancestrais e o melhoramento genético apresenta ganhos acumulativos que colaboram para uma indústria cada vez mais sustentável e lucrativa.

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Tilápia GIFT/Tilamax, Ricardo Pereira Ribeiro: “Hoje a genética produzida em Maringá, no Paraná, representa mais de 70% das tilápias produzidas no Brasil em escala comercial”  – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Conforme o professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e coordenador do Programa de Melhoramento Genético da Tilápia GIFT/Tilamax (PMGT), Ricardo Pereira Ribeiro, a participação da piscicultura na produção de proteína animal brasileira representava 2,45% em 2016. Nos anos seguintes, apresentou um desenvolvimento tímido, alcançando 2,73% em 2020 – deste percentual de crescimento, 1,65% corresponde a produção de tilápia.

Considerada a espécie mais cultivada no Brasil, a tilápia do Nilo foi introduzida no país em cinco linhagens: Bouaké em 1971 pelo Ceará – sustentando a piscicultura brasileira por 25 anos; Chitralada em 1996, Supreme em 2002 e Gift em 2005, todas pelo Paraná; e a Spring em 2016 por São Paulo.

Além do Distrito Federal, das 26 unidades federativas a tilápia não é cultivada oficialmente em seis Estados, sendo eles Acre, Amapá, Amazonas, Paraíba, Pará e Roraima. “No entanto, segundo levantamento do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) a tilápia está introduzida em todos os Estados brasileiros, sem nenhuma exceção”, expõe Ribeiro.

 Produção global

A Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR) junto com consultorias internacionais afirma que a produção global de tilápia foi de 6,25 milhões de toneladas em 2021, um crescimento de 13,79% quando comparado com 2019 e de 2% em relação ao último ano. Entre os maiores produtores, o Brasil ocupa o 4º lugar, ficando atrás apenas da China, Indonésia e do Egito.

Existe uma perspectiva de até 2030 o Brasil chegar a ter uma produção próxima de 1,3 milhão de toneladas, alcançando o patamar de segundo maior produtor de tilápia no mundo. “Pelos níveis atuais de produção no país esse valor é perfeitamente alcançável”, vislumbra Ribeiro.

 Programas de genética no país

Atualmente os programas de melhoramento genético no país são desenvolvidos por cinco entidades de pesquisa públicas: no Paraná pela Universidade Estadual de Maringá (UEM); em São Paulo pela Epagri; e em Minas Gerais pelas universidades federais de Lavras (Ufla), Minais Gerais (UFMG) e dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM). Na iniciativa privada desenvolvem programas de melhoramento genético Aquamerica, Aquabel/Aquagen, Royal Fish/SP, Copacol/PR, Piscicultura Sgarbi/PR e Veg Tilápia.

 Melhoramento genético em ambiente de cultivo

De acordo com Ribeiro, o primeiro programa de melhoramento genético em ambiente de cultivo no país foi iniciado pela UEM, em 2005, após a importação de 600 exemplares de 30 famílias da linhagem Gift, originária da Malásia. Nesse programa, os pesquisadores batizaram o objeto do estudo de linha Tilamax.

Entre os maiores produtores de tilápia o Brasil ocupa o 4º lugar, ficando atrás apenas da China, Indonésia e do Egito – Foto: Shutterstock

Conforme o docente da UEM, o programa de seleção tem como objetivo aumentar a taxa de crescimento da espécie, para isso, o ganho em peso médio diário é utilizado como referencial para critério de seleção. Porém, outras características, como medidas corporais e mortalidade na idade comercial são coletadas para incrementar o número de informações por animal. “Usamos a velocidade de crescimento como critério de seleção porque o ganho genético por geração é muito alto, justamente porque neste peixe nunca foi feito melhoramento genético. Por isso não dá para abrir mão, do ponto de vista econômico, de uma característica que tem um impacto de valor muito alto e ganho genético significativo na melhoração. Além disso, nós coletamos dados de mais de 20 características associadas ao crescimento, o que possibilita mudar o foco da pesquisa em qualquer estágio do programa. Atualmente possuímos dados de 13 gerações e até a décima geração avaliamos o desempenho dos animais apenas em tanques-rede”, pontua Ribeiro.

O coordenador do programa conta que a reprodução dos animais é feita entre novembro e dezembro, a microchipagem em fevereiro e março, e de abril a outubro os animais são avaliados em uma densidade de 75kg/m³.

As informações individuais de desempenho e da forma dos animais em tanques-rede são obtidas por meio de microchips implantados na cavidade visceral. Esses animais são acompanhados individualmente, com biometrias mensais, cujas informações de desempenho de todas as gerações do programa de melhoramento, desde a sua implantação em 2005, são armazenadas em um banco de dados.

Com base nestas informações e com o uso da metodologia das equações dos Modelos Mistos de Henderson podem ser apontados os valores genéticos aditivos para ganho em peso diário. “Por meio dos componentes de variâncias e parâmetros genéticos utilizados na seleção anual dos animais (machos e fêmeas) é possível promover a substituição total do plantel de reprodução em atividade”, ressalta.

 Núcleo de seleção

De cada família são selecionados as quatro melhores fêmeas e os dois melhores machos para a reprodução individual. “Esses animais serão reproduzidos em um grupo de hapas (estrutura parecida com tanques-rede) de água doce de um metro cúbico por um, em que são colocados um macho e uma fêmea nestes ambientes e toda semana é avaliado a desova, coletados os ovos fertilizados e transferidos em bandejas para o incubatório, separadas por família, para darem início à reprodução de crescimento, formando assim irmãos completos de uma família”, explica o professor da UEM.

Até os alevinos serem microchipados são criados em hapas de um metro cúbico separados por família, a fim de reduzir erros no processo. “O desempenho do animal é avaliado em cima de dados estatísticos, quanto mais cedo são marcados, menor são os erros que podem ocorrer durante o processo. Diferente de outros animais, que são marcados quando nascem, o peixe nasce muito pequeno e não existe uma marcação efetiva e eficiente para marcá-los, havendo uma interferência antes da marcação pode gerar um erro no final da avaliação do programa, o qual denominamos de defeito comum de família – que pode ser porque esse animal foi criado em um ambiente melhor ou porque a mãe dele é geneticamente superior. Hoje os erros são minimizados chipando os animais jovens. Em 2005 essa identificação era feita quando os animais atingiam 15 gramas, o que demorava cerca de dois meses para chegar neste peso. Atualmente microchipamos com cinco gramas, aproximadamente 45 dias de idade. O chip tem uma margem de erro de 3 a 5% e a gente leva isso em consideração no ganho estatístico dos animais durante a avaliação”, relata Ribeiro.

Para não ter efeito de número, a quantidade de indivíduos de cada família é uniformizada. “São produzidas por cada família em torno de 200 larvas, sendo genotipadas apenas 40 animais de cada família”, afirma. “Com o peixe chipado acabamos com aquele erro comum de família, sendo todos os exemplares colocados juntos em um mesmo ambiente para fazer a avaliação de desempenho em sistema de produção aberta, para que os animais possam sofrer os mesmos eventos técnicos que a prole produtiva”, frisa Ribeiro.

Em 2021 foram avaliados 25.556 animais de 766 famílias, gerando cerca de 30 mil dados, formando uma matriz de avaliação. “Hoje posso avaliar um indivíduo da atual geração a partir dos dados dos animais que chegaram da Malásia em 2005”, menciona Ribeiro.

 Multiplicação

No PMGT, quatro bisavós podem gerar de 200 a 500 avós, estas produzem de 62,5 mil a 100 mil matrizes, que podem dar origem a cerca de 50 milhões de quilos de peixes. “Entender esse processo é muito importante para dimensionar o grau de seleção imposto no sistema de reprodução”, ressalta Ribeiro.

Todas as matrizes do programa são comercializadas para alevinocultores e os filhos dessas matrizes são vendidos para engorda, com exceção dos filhos das famílias que trocam de geração. “Entre a quarta e a sexta geração já conseguimos ter animais com melhor desempenho do que os bisavós”, salienta o professor da UEM.

O PMGT realizou a comercialização de reprodutores para alevinocultores de 18 Estados e do Distrito Federal, mais de dez instituições de pesquisa, ensino ou extensão, dois países (Uruguai e Cuba) e mais de 60 mil matrizes foram distribuídas entre 2020 e 2021. “Para atender a demanda da linha Tilamax vamos repassar 80 mil matrizes para o setor reprodutivo em 2022”, adianta o coordenador do PMGT.

Conforme Ribeiro, o PMGT desenvolvido na UEM já contribuiu com vários programas de melhoramento genético no Brasil e na América Latina, citando iniciativas da Epagri, Ufla, Copacol, piscicultura Sgarbi, AquaAmerica e Cuba. “Hoje temos a grata satisfação de saber que a genética produzida em Maringá, no Paraná, representa mais de 70% das tilápias produzidas no Brasil em escala comercial”, diz, orgulhoso.

Ganho genético

Em relação ao ganho genético acumulado em gramas ao longo dos anos, Ribeiro expõe que desde que os animais foram importados da Malásia, em 2005, foram 129 gramas, usando o mesmo critério de crescimento, o que representa um ganho genético de 3,3% ao ano. “Quando comecei a trabalhar com tilápia dentro do sistema de cultivo, o crescimento levava de 12 a 14 meses e hoje com uma boa nutrição e uso de novos manejos de criação já conseguimos animais terminados com seis meses, pesando de 900 gramas a 1kg”, ressalta.

O primeiro lote abatido da linha Tilamax foi em 2008, conforme Ribeiro, ano em que a tilapicultura apresentou crescimento vertiginoso no país, demonstrando a importância de um programa de melhoramento genético para impulsionar a produção. “Conseguimos aumentar em torno 3,3% o ganho de peso por geração com o PMGT, o que contribuiu para a expansão da atividade no país e para melhores condições de desenvolvimento da cadeia produtiva de forma geral”, destaca.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola e da piscicultura acesse gratuitamente a edição digital Suínos e Peixes.

Fonte: O Presente Rural

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Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
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Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
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Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

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Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
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