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Programa de higienização em bebedouros muda realidade em fazenda de Goiás

Água suja com algas pode levar os animais à morte, interfere na sanidade e no consumo limitante da matéria seca

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Artigo escrito por Guilherme Augusto Vieira, médico veterinário, professor universitário e colunista do jornal O Presente Rural

Um dos desafios que na produção de gado de corte é a limpeza de bebedouros e a qualidade da água. Minha mais nova experiência no assunto começou quando fui visitar a trabalho uma fazenda no Estado de Goiás e o proprietário estava com o seguinte problema: bebedouros sujos com algas.

O bebedouro está repleto de algas e outros elementos. O proprietário não sabia mais o que fazer, já tinha tentado de tudo e todo tipo de produto. E o “melhor” da história: os bebedouros eram lavados, religiosamente, a cada 15 dias. Aceitei o desafio, fui estudar o caso e buscar as soluções.

Primeiramente fui buscar na literatura porque crescem algas nos bebedouros? As algas podem levar problemas sanitários aos animais? Quais as consequências? Como resolver o problema? Por que ocorre o aparecimento de algas no interior dos bebedouros dos bovinos?

O aumento da “população” de algas nos ambientes aquáticos deve-se a ocorrência da eutrofização, que vem a ser um enriquecimento artificial causado pelo aumento das concentrações de nutrientes na água, principalmente por compostos nitrogenados e fosfatados, resultando num aumento dos processos naturais da produção biológica.

A eutrofização natural ocorre em águas provenientes do escoamento superficial e também dos rios das bacias de drenagem que arrastam a matéria orgânica para dentro destes ecossistemas. Daí conclui-se que a captação de água dos rios que é armazenada e distribuída aos bebedouros encontra-se rica em matéria orgânica, fato este que propicia o aparecimento das algas.

Os fatores que propiciam o desenvolvimento da matéria orgânica e consequente aumento da população de algas nos bebedouros são:

  • Águas provenientes de rios, mananciais superficiais ou subterrâneos que não receberam tratamento químico nos reservatórios
  • Inexistência ou deficiência de filtragem mecânica e biológica que retiram o excesso de matéria orgânica e detritos sólidos da água presente nos reservatórios centrais das fazendas
  • Nos bebedouros a água fica parada, com baixa velocidade de circulação da água favorecendo a eutrofização, o acúmulo da matéria orgânica e consequentemente aumento da população de algas
  • Alcalinidade da água, ausência de oxigênio e dureza da água são fatores predisponentes para o crescimento de algas
  • Limpeza inadequada dos reservatórios com incrustação de matéria orgânica nas superfícies dos bebedouros

Toxinas

Outro fator que observei durante a pesquisa, foi que a maioria das fazendas não realizam o processo de higiene de forma adequada, não utilizam corretamente os produtos e realizam os processos de forma aleatória.

Outra questão na qual fomos procurar as respostas: Quais os perigos, por parte dos animais, de consumir água suja com algas? Entre os grupos de algas que se desenvolvem nos bebedouros estão as Cianobactérias, que é um grupo de algas cianofíceas. Algumas florações de cianobactérias provocam alterações no gosto e no sabor da água, redução no oxigênio dissolvido, além da liberação de toxinas prejudiciais à saúde do homem e dos animais. De acordo com pesquisas de outros estudiosos, há diversos registros de morte por envenenamento de bovinos, equinos, suínos, ovelhas, cães, peixes e invertebrados.

As toxinas das cianobactérias são conhecidas como cianotoxinas. As cianotoxinas produzidas ficam contidas dentro das células de cianobactérias em crescimento ativo, são liberadas para a água quando as células envelhecem, morrem ou rompem, tornando-se toxinas dissolvidas na água.

Um dos gêneros mais comuns de incidência nas florações algais é o gênero Microystis, que sintetiza uma hepatotoxina chamada Microcistina, que pode permanecer na água por mais de três semanas. Esta toxina causa sérios problemas de saúde nos animais e no homem, como tumores, patologias hepáticas, vômitos, diarreias, prostração e dor abdominal.

Em relação a produção animal há diversos relatos na Austrália, Dinamarca e Áustria de morte de animais que consumiram água contaminada com florações de cianobactérias. No Brasil os estudos são escassos não tendo comprovações científicas sobre a morte de animais devido à ingestão de águas contaminadas com algas.

Consumo menor

Outra questão importante é quanto a ingestão da água de qualidade. Bebedouros com águas sujas limitam o consumo de água por parte dos animais. A função mais importante relacionada à água na produção animal é em relação à nutrição animal, pois a ingestão de água apresenta correlação positiva com a ingestão de matéria seca, ou seja, quanto mais consumo de água maior consumo de matéria seca (o inverso também ocorre).

Por exemplo: o pastejo de capins de baixa qualidade em áreas tropicais resulta em baixa ingestão de água porque a ingestão de MS é baixa, logo em fazendas de produção de gado de corte o ganho de peso vai estar totalmente comprometido com o baixo consumo de matéria seca.

Como resolver o problema de limpeza dos bebedouros?

Após pesquisar bastante sobre o assunto, propus para o proprietário da fazenda um Programa de Higiene de bebedouros (PHB), com várias etapas. A finalidade do PHB é manter a saúde dos animais através da diminuição da possibilidade de contaminação de doenças de origem hídrica, mantendo os níveis baixos dos agentes patogênicos nos bebedouros.

É importante que todos na fazenda tenham consciência da importância do PHB e que todos os colaboradores, gerentes, proprietários sejam educados quanto a importância e conhecimento das etapas do PHB, estando cientes das consequências de seu emprego incorreto.

Etapas do PHB

O Programa de Higiene de Bebedouros propõe uma ação de fácil execução, com adoção de técnicas simples, utilização de materiais de fácil acesso e o mais importante: seja executado da maneira mais simples possível.

Os detergentes e desinfetantes são de usos específicos, devem ser aplicados de maneira correta, com indicação técnica, ou seja, não se deve utilizar detergentes neutros e desinfetantes de uso doméstico, pois não apresentam efetividade na remoção da matéria orgânica.

Veja as principais etapas do Programa de Higiene dos Bebedouros para deixar os bebedouros limpos em sua fazenda:

  • Seque e escorra toda água do bebedouro
  • Desmonte e limpe as boias, os canos e faça a manutenção dos canos e equipamentos, retirando toda a sujeira da superfície
  • Com o bebedouro seco, realize a limpeza seca
  • Proceda a limpeza úmida com jateamento de água no chão e parede dos bebedouros, logo depois use os detergentes apropriados
  • Utilize sanificantes profissionais, registrados no Ministério da Agricultura, utilizando a dosagem recomendada
  • Deixe o produto agir por uma hora nas superfícies do bebedouro
  • Monte o complexo boia e volte a encher novamente o bebedouro

Conclusão

Utilizando os passos sugeridos, a utilização correta da cloração da água (a água da fazenda deve ser limpa, sem matéria orgânica e tratada), os bebedouros da sua fazenda terão um bom tempo com água limpa, lembrando que a limpeza e higiene dos bebedouros devem ser realizadas periodicamente.

A água suja com algas pode levar os animais à morte, interfere na sanidade animal e no consumo limitante da matéria seca. Demonstrou-se que há soluções técnicas como o Programa de Higiene de Bebedouros que deve ser executado de acordo com as orientações técnicas adequadas.

Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de junho/julho de 2019 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Bovinos / Grãos / Máquinas

Raça Brahman terá jurado internacional na 89ª ExpoZebu

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo.

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Foto: Divulgação

A 89ª edição da ExpoZebu será palco das comemorações dos 30 anos da chegada da raça Brahman no Brasil. Quem passar pelo Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG), entre os dias 27 de abril e 05 de maio, poderá acompanhar a evolução da raça e as competições pelos grandes campeonatos.  “Será uma edição especial da ExpoZebu, pois estamos comemorando 30 anos da primeira importação de Brahman. A raça avançou muito nessas três décadas e vamos apresentar toda essa evolução aos visitantes dos mais diversos países que passarem pela ExpoZebu”, ressalta o presidente da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil (ACBB), Gustavo Rodrigues.

Este ano quem comandará os julgamentos da raça será o jurado norte-americano Kelvin Moreno, com apoio da jurada auxiliar Poliana de Castro Melo. Kelvin Moreno foi indicado pela diretoria da ACBB e atuará tanto no julgamento de pista quanto no Brahman a Campo. De família de selecionadores de Brahman no Texas, ele já atuou em exposições de vários países e é secretário/tesoureiro da American Brahman Breeders Association. No Brasil, Moreno vem contribuindo com o desenvolvimento de projetos científicos junto à ABCZ.

O julgamento da raça Brahman será de 1º a 3 de maio, começando com a competição “Brahman a Campo” no primeiro dia e segundo dia. Já os animais inscritos para a pista serão avaliados nos dias 2, 3 e 4 de maio. A expectativa é de que participem 150 exemplares nas duas competições.

A agenda da raça na ExpoZebu contempla ainda a Assembleia Geral Ordinária, no dia 1º de maio, às 19 horas, na Casa do Brahman. Já no dia 02 de maio, às 20 horas, acontece o 3º Leilão de Sêmen ACBB, também na sede da ACBB. Outra oportunidade de adquirir a genética Brahman será durante o Leilão Portobello e Terra Verde, agendado para o dia 03, às 20 horas, na Confraria/Armazém do Boi.

 Mérito ABCZ
O criador da raça Brahman, Marcos Henrique Pereira Alves, será um dos homenageados com a comenda “Mérito ABCZ”, juntamente com outras 18 personalidades do agronegócio brasileiro. A premiação acontecerá durante a abertura oficial da ExpoZebu no dia 4 de maio, antes das disputas dos Grandes Campeonatos.

Titular da Fazenda Transmontana, localizada em Vassouras/RJ, Marcos Henrique é selecionador da raça Brahman desde 2000 e associado da Associação dos Criadores de Brahman do Brasil. O criatório está entre os que mais realizam provas de ganho em peso a pasto no estado, utilizando touros mais bem avaliados nessas competições.

Em 2024, a fazenda já confirmou sua participação na 4ª Prova de Eficiência e Performance Brahman/BoicomBula, que será realizada pela ACBB. Outro projeto para 2024 é a realização do 20° Leilão Brahman Transmontana, oficializado pela entidade.

Fonte: Assessoria ACBB
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Indústria gaúcha de leite tem retração de quase 4% nas vendas 

Comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões. 

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A indústria gaúcha de leite apresentou retração de quase 4% nas vendas no acumulado de 12 meses, de março de 2023 a fevereiro de 2024 contra março de 2022 a fevereiro de 2023. Os dados da Receita Estadual apontam que o volume somado baixou para R$16,61 bilhões. As comercializações internas foram as que mais sofreram, caindo mais de R$ 350 milhões.

No caso do leite em pó, mais de 55% do que foi demandado dentro do Rio Grande do Sul veio de importações. “Com a entrada em vigor do decreto do Governo, que limita a utilização de benefícios fiscais por quem compra o insumo fora, o Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat/RS) acredita que as empresas de reprocessamento (chocolates, sorvetes e biscoitos) voltem a consumir da indústria gaúcha, fortalecendo também os produtores”, destacou Alexandre dos Santos, segundo vice-presidente do Sindilat/RS.

A apuração indica na quarta sondagem, que a compra de embalagens segue liderando quando se trata da entrada de insumos. “Isso reflete a importância para o setor lácteo da manutenção dos incentivos de equiparação fiscal, como o do FAF, sem os quais será inviável manter a competitividade no mercado, já que mais de 60% do leite processado é consumido fora RS ao passo que diversos insumos precisam ser comprados de fora, pois não são produzidos aqui”, acrescenta Darlan Palharini, secretário-executivo do Sindilat/RS, ao reafirmar opção pela revisão da alíquota de ICMS à retirada das equiparações fiscais existentes com outros estados produtores.

Fonte: Assessoria Sindilat/RS
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Pesquisadores avaliam se microrganismos podem reduzir emissão de metano de bovinos

Avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

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Foto: Gisele Rosso

Em um ano em que as ondas de calor continuam severas, as pessoas tendem a refletir um pouco mais sobre as consequências das alterações do clima. A ciência tem feito a sua parte. Boa parte das pesquisas da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP) tem foco em sistemas sustentáveis de produção, ou seja, busca obter carne e leite com menor emissão de Gases de Efeito Estufa (GEE) para reduzir o impacto da atividade agropecuária.

Entre diversos estudos e tecnologias do centro de pesquisa, um deles avalia a contribuição de bactérias e microrganismos na emissão de metano de bovinos e na eficiência alimentar desses animais por meio da hologenômica, o estudo simultâneo dos genomas do hospedeiro e dos microrganismos.

Coordenado pela pesquisadora Luciana Regitano, o estudo, que envolve instituições do Brasil e do exterior, testou se os componentes do microbioma ruminal e fecal dos animais poderiam ser usados ​​como biomarcadores. Segundo Luciana, os cientistas querem saber se, usando a informação sobre o tipo de microrganismos abrigado pelo animal, é possível melhorar seu perfil de eficiência alimentar e emissão.

A avaliação já indicou que a abundância de alguns microrganismos é diferente em touros com altas e baixas taxas de emissões. Já no que diz respeito ao consumo alimentar, foram identificados tanto organismos associados  à ineficiência alimentar quanto à maior eficiência.

Essa pesquisa, que contou com apoio da Fapesp por meio do Projeto Temático “O  hologenoma de Nelore: implicações na qualidade de carne e em eficiência alimentar”, deve ser concluída no final deste ano. Para saber mais, veja um dos trabalhos aqui .

Hologenômica

Interessados nesse tema terão a oportunidade de participar de um curso de curta duração Análise de Dados Hologenômicos para Agricultura. O curso ocorre presencialmente de 29 de julho a 09 de agosto de 2024, em São Carlos (SP). As inscrições para seleção de candidatos estão abertas no site do evento até o dia 30 de março. Quarenta candidatos, 20 do Brasil e 20 do exterior, serão selecionados e terão custeio total de suas despesas pela Fapesp. Para inscrição, acesse aqui.

A iniciativa propõe uma visão interdisciplinar da hologenômica e de como avaliar e integrar dados de diferentes técnicas ômicas (genômica, metagenômica, epigenômica, transcriptômica, etc.). Além disso, vai discutir como essas ferramentas podem melhorar o desenvolvimento de novas tecnologias agrícolas.

Fonte: Assessoria Embrapa Pecuária Sudeste
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