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Avicultura Produção de aves

Profissional elenca pontos-chave da biosseguridade para mitigar riscos de disseminação de agentes infecciosos em aviários

Médico-veterinário e virologista da Embrapa Suínos e Aves, Luizinho Caron, é categórico ao afirmar que a biosseguridade tem um papel fundamental na proteção de granjas para reduzir a entrada de enfermidades nos lotes que podem afetar a sanidade, o bem-estar e os rendimentos zootécnicos das aves.

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Médico-veterinário e virologista da Embrapa Suínos e Aves, Luizinho Caron: “É imprescindível um eficiente programa de limpeza e desinfecção, importante para quebrar o ciclo dos agentes que, por vezes, já estão na granja e de um eficiente programa de vacinação” - Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

A biosseguridade na produção de aves de corte consiste em adotar práticas de manejo para evitar a entrada e a disseminação de doenças no plantel, sendo fundamental para a sustentabilidade da cadeia produtiva.

O médico-veterinário e virologista da Embrapa Suínos e Aves, Luizinho Caron, é categórico ao afirmar que a biosseguridade tem um papel fundamental na proteção de granjas para reduzir a entrada de enfermidades nos lotes que podem afetar a sanidade, o bem-estar e os rendimentos zootécnicos das aves. “A biosseguridade é sobre o que acontece quando ninguém está observando, então para que esses procedimentos sejam adotados de forma correta nas granjas devem ser o mais simples possível, porque quando são complicados fica difícil cumprir, dando oportunidade para entrada de agentes infecciosos no rebanho”, explicou Caron durante sua palestra sobre Biosseguridade: pontos-chave dentro e fora das granjas de aves, realizada em fevereiro no Fórum de Sanidade de Aves e Suínos, em Cascavel (PR).

Em menos de 15 anos, várias doenças já ameaçaram a produção de aves no mundo e exigiram dos produtores a adoção de medidas de biosseguridade para controle, erradicação e proteção de seus rebanhos. A maioria das enfermidades foi causada por vírus, alguns zoonóticos (transmissíveis entre humanos e animais), outros não. Um exemplo foi a gripe aviária, causada pelo vírus da Influenza H5N1, em 2005, o qual provoca doença respiratória tanto em animais como em humanos.

Na oportunidade, Caron destacou que a biosseguridade é alcançada através do menor fluxo possível de organismos biológicos, sejam eles vírus, bactérias, protozoários, parasitas ou fluxos de pessoas do exterior para o interior da granja e vice-versa, reforçando que o programa de biosseguridade tem que ser viável para todos as partes envolvidas, uma vez que as ações não podem ser negligenciadas. “Manter os registros da granja organizados, com todas as informações atualizadas é muito importante, porque se for identificada alguma doença esses registros vão fornecer os dados necessários para saber a sua origem, ou seja, numa investigação epidemiológica se tornam fundamentais”, ressalta o virologista.

O profissional diz que os componentes operacionais de um programa de biosseguridade requerem isolamento; controle de trânsito; higienização, controle de vetores e tratamentos de resíduos; quarentena, medicações e vacinações; monitoramento laboratorial, confecção de registros e comunicação de resultados; erradicação de enfermidades; auditorias; educação continuada e plano de contingência.

“É essencial controlar o trânsito humano, de veículos, pragas, pássaros, de movimento de equipamentos e das aves para evitar contaminação, porque cada vez que algo entra na granja é uma oportunidade de entrar junto um agente infeccioso”, alerta o pesquisador, acrescentando: “É imprescindível um eficiente programa de limpeza e desinfecção, importante para quebrar o ciclo dos agentes que, por vezes, já estão na granja, e de um eficiente programa de vacinação, o que não quer dizer que precisará imunizar as aves com todas as vacinas disponíveis no mercado se não tem nenhuma doença no plantel, porque quando se começa a vacinar contra muitas doenças as vacinas acabam perdendo um pouco sua eficácia, por isso o programa de vacinação deve ser específico para cada granja, de acordo com a sua condição, isolamento, desafio e ocorrência de doenças no plantel”, relata Caron.

De acordo com o virologista é primordial a conscientização em todos os níveis hierárquicos na granja, para que entendem que todos os procedimentos de biosseguridade são fundamentais para obter lucratividade e sustentabilidade econômica na propriedade.

Fatores mais importantes

Segundo Caron, três fatores são considerados mais importantes na elaboração de um Programa de Biosseguridade. O primeiro envolve a localização do aviário e seu isolamento, quanto mais distante estiver de outras granjas ou de vias principais onde tem trânsito de aves, melhor será sua condição de biosseguridade. “Com essa medida menos doenças vão chegar até essa granja. É lógico que a biosseguridade está relacionada a cada agente infeccioso que queremos prevenir, principalmente Influenza, Newscastle, Salmonella (que é um problema de saúde pública) e Mycoplasma, que são bactérias transmitidas via ar e onde a questão da localização e a distância entre as granjas fazem grande diferença”, salienta Caron.

O controle de funcionários à granja deve ser rigoroso, devido a possibilidade de levar cargas microbianas de uma granja a outra através das caixas de ferramentas e dos maquinários usados, e a visita de pessoas ao aviários deve ser evitada ao máximo possível, mas quando feita os visitantes devem tomar banho e trocar de roupa e calçado.

Outro ponto crítico é com os veículos por conta da sua utilização em diferentes circunstâncias e de caminhões devido ao grande risco de transmitir enfermidades, por isso devem ser submetidos a medidas rigorosas de limpeza e desinfecção antes de entrar nas granjas.

O próximo nível é com relação à infraestrutura, que compreende o layout da granja. É recomendado que haja uma cerca perimetral isolando a área do aviário, se possível de alambrado, que impeça a entrada de pessoas e veículos não autorizados. Estas cercas podem ter características específicas para permitir também um melhor controle de roedores e para evitar a entrada de animais menores.

Se a granja está localizada em uma área úmida é preciso reduzir essa umidade do galpão através de exaustores, uma vez que permanecendo essa umidade dentro do aviário vai proporcionar uma condição limitada e favorável ao desenvolvimento de bactérias.

E o terceiro ponto diz respeito à implementação de um plano de rotina e de planejamento dentro da granja, envolvendo gerenciamento do risco. “Essa é a fase de implementação de procedimentos para prevenir a entrada de doenças. O limite da biosseguridade depende da granja e do desafio que o produtor está tendo para implementar produções maiores ou menores”, pontua Caron.

O virologista afirma que cada doença inserida no rebanho custa de dois a seis ovos por galinha poedeira e em frango de corte o custo é em gramas no peso de aves produzidas.

Como ocorre a contaminação das aves?

A contaminação das aves pode ocorrer de duas formas, por meio da transmissão vertical (Salmonellas, micoplasmose aviária ou via matriz ou pintinho) ou pode ser horizontal, transmitida dentro dos galpões através da ração, água de bebida, trânsito de pessoas ou pela água de nebulização. “Se a água usada para fazer a nebulização estiver contaminada, não for trocada de um lote para o outro, e dá um dia de calor o nebulizador vai jogar aquela água contaminada para cima das aves, às vezes até já sem cloro, o que vai desencadear um quadro de Salmonella no plantel”, ressalta Caron.

Manter as aves imunizadas é extremamente importante, por isso é primordial dispor de um programa de vacinação eficaz e de acordo com as necessidades da região e local onde a granja está localizada.

Somado a isso, manter um controle de fluxo de entrada e saída de equipamentos da granja, medidas de incubatório, higiene e desinfecção, controle de visitantes, controle de agentes infecciosas através da qualidade de aeração e d’água; manejo da temperatura ambiental, umidade e ventilação do aviário; limpeza e organização do ambiente ao redor da granja, dificultando acesso de outras aves ou roedores em busca de alimento; acesso de visitantes e funcionários somente após tomar banho, trocar de roupa e calçados, são algumas medidas eficazes para manter as granjas protegidas de patógenos que afetam a sanidade dos rebanhos.

Adubo orgânico para lavouras agrícolas

A cama de aviário, usada para oferecer conforto térmico às aves durante sua permanência no galpão, é formada por material de origem vegetal, de restos de ração, fezes, urina, penas e o substrato absorvente, quando trocada pode ser reaproveitada para adubo orgânico em lavouras agrícolas. Para esse fim, o material passa por um processo de fermentação na granja para eliminação de agentes patológicos. “É um excelente adubo orgânico”, destaca Caron.

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Fonte: O Presente Rural

Avicultura

Congresso APA debate avanços e desafios na avicultura de postura

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção.

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Fotos: Jaqueline Galvão/OP Rural

Considerado um dos maiores eventos avícolas do Brasil, o Congresso APA de Produção e Comercialização de Ovos foi mais uma vez sucesso absoluto de público. Realizado pela Associação Paulista de Avicultura (APA), a 21ª edição reuniu produtores, fornecedores, academia, profissionais da área e grandes nomes do setor no mês de março, em Ribeirão Preto (SP).

Coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura: “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”

Em uma maratona de 30 horas de conteúdo técnico, mais de 850 congressistas de vários estados brasileiros e países tiveram acesso a uma variedade de temas através de 25 palestras distribuídas nos painéis sobre Genética, Influenza aviária e Inspeção. Além disso, 75 trabalhos científicos foram expostos em pôsteres, enriquecendo ainda mais o ambiente acadêmico e profissional do evento.

O coordenador do congresso e diretor técnico da APA, José Roberto Bottura, destaca a evolução do evento. “A cada ano o congresso tem crescido em tamanho, o que muito nos orgulha. Superamos todas as nossas expectativas”, enfatizou. “O sucesso do nosso evento é resultado de cada um que trabalha, acredita e confia em nós para sua realização”, frisou.

Debates

Na edição 2024 temas essenciais do cotidiano do setor foram abordados, incluindo sanidade, inovação, evolução genética, exigências nutricionais, qualidade da água na granja, práticas de manejo, uso de minerais e aditivos alternativos, qualidade de casca, análise de dados, vacinação contra coccidiose, nutrição de precisão, vacina autógena, Influenza aviária, entre outros. “O fato de estarmos em um evento que não tem um espaço de feira de negócios em paralelo contribui muito para a interação dos participantes, que aproveitam os momentos de intervalo para tirar dúvidas, compartilhar opiniões, adquirir novas ideias, até por estarmos ainda no início do ano muitos dos assuntos discutidos no congresso podem ser bem utilizados ao longo de 2024”, salientou o zootecnista Diogo Ito, membro da Comissão Organizadora.

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques: “Esse congresso oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano”

Riqueza de informações

Responsável pelo controle de qualidade na Granja Odan, localizada em Pindamonhangaba (SP), Raquel Marques compartilha suas impressões sobre o congresso e destaca os aspectos que mais a impressionaram: “Esta foi a primeira vez que participei deste congresso e foi uma experiência enriquecedora. Ele oferece uma riqueza de informações que muitas vezes são difíceis de encontrar no nosso cotidiano, especialmente dada a especificidade da nossa área. Foi uma experiência repleta de aprendizados, oportunidades de networking e compartilhamento de conhecimento”, frisou.

Trabalhos premiados

Durante o evento, os melhores trabalhos científicos em cada categoria foram premiados. O estudante Felipe Dilelis, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, recebeu o prêmio na categoria Outras Áreas pelo trabalho intitulado “Biofilmes proteicos para manutenção da qualidade interna de ovos caipiras armazenados em temperatura ambiente”. Na categoria Sanidade, o prêmio foi para Viviane Amorim Ferreira, da Unesp Jaboticabal, pelo trabalho “Deleção do gene mgtC em Salmonella Gallinarum resulta em progressão retardada do Tifo Aviário”. Raully Lucas Silva, da Unesp de Jaboticabal, levou o 1º lugar na categoria Nutrição com o trabalho “Modelos não-lineares de efeito misto para predição das exigências de energia metabolizável e líquida em galinhas poedeiras na fase de postura”. Na categoria Manejo, o principal prêmio foi conquistado por Ednardo Rodrigues Freitas, da Universidade Federal do Ceará, com o trabalho “Programa de luz e forma física da ração pré-inicial sobre o desempenho de pintainhas até 35 dias de idade”.

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Fonte: O Presente Rural
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Avicultura

Desafios na integridade estrutural de frangos de corte e intervenções nutricionais

Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

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Fotos: Shutterstock

Nas últimas décadas a indústria avícola tem feito avanços significativos, especialmente no que diz respeito às melhorias genéticas e ao manejo, resultando na produção de frangos de corte altamente eficiente e de crescimento rápido. O manejo e a nutrição foram meticulosamente ajustados para suprir as necessidades genéticas e produzir aves maiores em um período de tempo reduzido.

No entanto, os frangos modernos tendem a priorizar a deposição muscular em detrimento do desenvolvimento do esqueleto e dos tecidos moles, o que pode resultar em desafios à integridade estrutural. Este artigo resume os desafios emergentes da integridade estrutural enfrentados pela indústria de frangos de corte, propondo intervenções nutricionais que podem mitigar esses problemas, incluindo pododermatite, questões relacionadas à qualidade da carcaça e incidência de claudicação.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Qualidade da carne 

O peito amadeirado (WB) é uma miopatia degenerativa observada em frangos de corte, resultando na degradação da qualidade dos filés de peito e rechaço/repúdio do consumidor. Os filés afetados exibem maior resistência antes e depois do cozimento, além de menor capacidade de retenção e absorção de água.

Apesar do significativo número de estudos conduzidos, a etiologia precisa ainda permanece obscura, indicando que a condição está associada a aves com taxas de crescimento mais aceleradas ou com filés de maior peso.

Uma das hipóteses sobre a etiologia da WB e de miopatias semelhantes é que frangos de corte com uma taxa de crescimento muscular hipertrófico demanda mais metabolicamente, o que pode resultar em maior risco de acúmulo de resíduos metabólicos, desencadeando assim um aumento do estresse oxidativo.

Os radicais livres acumulados são altamente reativos e podem danificar o DNA, RNA, proteínas e lipídios presentes nas células musculares, desencadeando inflamação e distúrbios metabólicos, que eventualmente levam à degeneração das fibras musculares. Quando os danos causados pelo aumento do estresse oxidativo excedem a capacidade regenerativa das células musculares, resulta em um acúmulo de tecido fibroso e gordura, contribuindo para miopatias como o WB.

Pododermatite

A pododermatite é uma inflamação da pele que resulta em lesões necróticas na superfície plantar das patas em aves. Foi observado que a umidade na cama é o principal fator que predispõe o desenvolvimento de pododermatite em aves. Sabe-se que minerais como Zn, Cu e Mn, desempenham um papel fundamental na manutenção da integridade estrutural de vários tecidos, incluindo a pele. Além disso, nutracêuticos como probióticos, prebióticos ou enzimas melhoram a integridade intestinal e promovem melhora na consistência fecal, consquentemente na qualidade da cama, podendo reduzir as lesões nas patas.

Diversas pesquisas foram conduzidas para investigar o papel dos minerais orgânicos na prevenção de lesões nas patas. Em um estudo conduzido em 2017 foi constatado que a suplementação de uma combinação dos oligoelementos Zn, Cu e Mn, na forma de quelato metal metionina hidroxi (MMHAC), não apenas melhorou o desempenho, mas também reduziu as lesões nas patas, aprimorando o processo de cicatrização de feridas.

Estratégias de intervenção

Diversas estratégias de intervenção estão sendo consideradas para diminuir a incidência de WB na indústria avícola, incluindo restrição alimentar, redução da densidade de nutrientes e diminuição de lisina durante a fase de crescimento. Essas estratégias têm o intuito de diminuir ou desacelerar a taxa de crescimento, no entanto, se não forem aplicadas adequadamente, essas abordagens apresentam o risco de comprometer o desempenho.

Por outro lado, estratégias baseadas em antioxidantes, como a inclusão de arginina, vitamina C, selênio e minerais na dieta, têm sido avaliadas para reduzir miopatias. O uso de antioxidantes reduz o estresse oxidativo em tecidos animais. Com o intuito de reduzir as miopatias, pesquisadores avaliaram o efeito de várias intervenções dietéticas (antioxidante dietético, mineral orgânico Zn-Cu-Mn- MMHAC e selênio) na incidência de WB quando as aves foram expostas ao estresse oxidativo.

Em resumo, sob diferentes condições de estresse oxidativo, programas de intervenção dietética podem aprimorar o desempenho e promover a integridade da carcaça, reduzindo problemas como o WB. Este efeito é provavelmente alcançado ao melhorar simultaneamente o status antioxidante, tanto exógeno quanto endógeno, reduzindo o estresse oxidativo e aprimorando o processo de cicatrização dos tecidos da ave.

Incidência de claudicação

A incidência de claudicação vem aumentando nas últimas décadas e está correlacionado com o rápido crescimento e peso corporal. Os machos mostram maior suscetibilidade à claudicação em comparação com as fêmeas. Ainda não está claro se a claudicação é um efeito direto do rápido aumento da taxa de crescimento e do peso corporal ou se é um efeito indireto do desenvolvimento inadequado dos ossos e tendões, ou mesmo da falha da barreira intestinal, provável é que seja uma junção dos fatores citados.

As aves com claudicação enfrentam dificuldades para acessar ração e água, o que pode levá-las à desidratação e, eventualmente, à morte. As significativas perdas econômicas atribuídas à claudicação são resultados do aumento da taxa de mortalidade e das condenações durante o processamento no frigorífico. A necrose da cabeça femoral (NCF) é uma

condição metabólica mais prevalente em frangos de corte com crescimento acelerado, sendo reconhecida como a principal causa de claudicação.

Há evidências que mostram que as bactérias associadas ao NCF se originaram no intestino Enterococcus (E.) spp. Estudos demonstraram que a fonte de infecção por Enterococcus (E.) spp pode ser tanto de transmissão vertical quanto horizontal. A ventilação inadequada no aviário cria um ambiente propício, o que leva a rápida proliferação de bactérias afetando o intestino. Além disso, o estresse oxidativo ou doenças entéricas anteriores podem comprometer a integridade mucosa intestinal.

A falha na barreira intestinal pode facilitar a invasão de bactérias patogênicas, levando à translocação dessas bactérias para os ossos. Os ácidos orgânicos e óleos essenciais podem interferir no desenvolvimento da NCF, atenuando ou reduzindo a população de bactérias patogênicas, melhorando a função da barreira intestinal e reduzindo a translocação de bactérias através da parede intestinal. Os minerais desempenham um papel crucial no desenvolvimento ósseo e na saúde das articulações.

Descobertas recentes indicam que o Zn-Cu-Mn-MMHAC são fontes orgânicas eficazes para atender às necessidades de frangos de corte, melhorarando a saúde estrutural dos ossos, tendões, patas e intestino, e reduzindo a incidência de claudicação em aves.

Conclusão

Em resumo, enfrentar os desafios emergentes na integridade estrutural de frangos de corte requer uma abordagem multifacetada que combina práticas de manejo adequadas, intervenções nutricionais eficazes e uma compreensão aprofundada dos mecanismos subjacentes aos problemas observados. Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para identificar e implementar estratégias sustentáveis que promovam a saúde e o bem-estar das aves, ao mesmo tempo em que garantam a produção eficiente e de alta qualidade na indústria avícola.

As referências bibliográficas estão com as autoras via e-mail manara.grigoletti@novusint.com.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor avícola acesse a versão digital de Avicultura de Corte e Postura clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: Por Mercedes Vázquez-Añón, zootecnista, doutora em Ciência Animal e diretora de Iniciativas Estratégicas e Colaboração de Contas na Novus; e Kelen Zavarize, zootecnista, doutora em Nutrição e gerente de Serviços Técnicos na Novus.
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Avicultura Artigo

A importância das monitorias sanitárias no incubatório de aves

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório

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Divulgação Zoetis

Artigo escrito por: Beatriz Silva Santos, médica veterinária, assistente técnica da Zoetis na divisão de Aves para as regiões Sudeste e Centro-oeste*

A avicultura brasileira se destaca pelo uso de tecnologia avançada, controle de qualidade e constante monitoramento microbiológico nas diversas etapas da produção. Entre essas etapas, os incubatórios de aves têm o papel fundamental de conectar diferentes origens de ovos embrionados e o destino das aves recém-nascidas em um mesmo ambiente.

A qualidade dos pintos com um dia de vida é determinada pela interação de múltiplos fatores inerentes ao incubatório, que podem gerar condições ideais para a disseminação de patógenos, com consequentes perdas embrionárias e de pintinhos, má qualidade das aves e enfermidades que levarão a grandes prejuízos.

As bactérias, de modo geral, podem penetrar no ovo pelos poros em menos de 30 minutos após a postura. Esta penetração é facilitada, nos primeiros minutos após a postura, pela umidade e temperatura natural do ovo. Durante a incubação, a umidade e a temperatura também favorecem o rápido aumento da população microbiana.

As fontes de contaminação em uma planta de incubação, além de ovos contaminados e penugem dos pintinhos, podem estar associadas a vários fatores como a qualidade do ar e da água, o fluxo de pessoas (funcionários e visitantes) e de veículos, a presença de pragas (roedores e insetos), pássaros, a remoção e tratamento de resíduos (biológicos, químicos e físicos) e a higienização de ambientes e equipamentos.

Os incubatórios de aves e os nascedouros também são uma área de alto risco, pois fornecem temperatura e umidade ideais para muitos microrganismos sobreviverem e se reproduzirem.

Os patógenos mais prejudiciais aos pintos de um dia que podem causar mortalidade embrionária, mortalidade ao nascer, aumento de refugos e mortalidade nas primeiras semanas de idade são: Escherichia coli, que serve como parâmetro quantitativo da contaminação bacteriana em um incubatório; Salmonella e Pseudomonas e fungos da espécie Aspergillus.

Pesquisas realizadas demostraram que 70% dos casos de onfalite e morte embrionária são causadas por Escherichia coli e quando estes embriões não morrem, os pintinhos apresentam má reabsorção do saco vitelino, não ganham peso e apresentam baixo desempenho.

O Aspergillus fumigatus é o fungo de maior importância que pode crescer em um ambiente de incubatório de aves. Existe uma associação entre a presença de grande número de colônias de Aspergillus fumigatus com o desenvolvimento de aspergilose clínica nos primeiros dias de vida do pintinho. No entanto, grande quantidade destes indica que há necessidade de uma melhor higienização dos ovos na granja ou no incubatório.

Programa sanitário

Um programa sanitário deve ser elaborado para minimizar os riscos relacionados as fontes de contaminação que prejudicam a qualidade dos produtos da “granja ao prato”, desde os ovos férteis até a carne servida a mesa do consumidor, pois afetam a saúde das aves e/ou a saúde pública, com ênfase especial aos microrganismos causadores de ETA (Enfermidades transmitidas por alimentos), como Salmonella spp, Escherichia coli, Campylobacter jejuni, Staphylococcus aureus e Clostridium sp.

O programa deve ser rotineiramente realizado e os resultados regularmente conferidos e interpretados usando processos-padrão contínuos de validação e monitoramento da população microbiológica.

Para que as aves possam expressar seu potencial genético e produtivo elas devem estar dentro de padrões de genética, nutrição, manejo, ambiente e microbiológico desde o primeiro dia de vida. A avaliação microbiológica qualitativa e quantitativa funciona como um termômetro dos processos relacionados as reprodutoras e as medidas de biosseguridade dos incubatórios a fim de conferir se o programa sanitário adotado está sendo eficaz no controle destes microrganismos.

Entre os principais itens a ser monitorados nos incubatórios estão: qualidade dos ovos, limpeza do ambiente e equipamentos utilizados nos processos (carrinhos, bandejas de ovos, caixas de pintos, triturador), limpeza e fluxo de caminhões de transporte de ovos e pintos, qualidade da água, contaminação de ovos bicados, mecônio, pintos de 1 dia, vacinas de aves, mãos dos sexadores, troca de filtros, entre outros, de acordo com a especificidade das plantas, sempre buscando cumprir as exigências sanitárias do Plano Nacional de Sanidade Avícola (PNSA) e legislações do mercado brasileiro e internacional.

Outras análises utilizadas são: pesquisa de Salmonella spp. em swabs de superfícies; pesquisa de salmonellas e/ou outras bactérias em penugens, ovos bicados, mecônio e pintos de 1 dia; análise microbiológica de solução vacinal; análise bacteriológica e físico-química da água de abastecimento e água destilada; monitoramento e diagnóstico de enfermidades através de exames sorológicos, histopatológicos, biologia molecular; entre outras análises extras.

Ao analisar os resultados é possível agir na causa do problema, em casos de amostras fora dos padrões de qualidade estabelecidos. Pode ser necessário revisar o manejo dos ovos na granja, melhorar o processo de desinfecção deles e/ou do incubatório, verificar os procedimentos de sanitização de ambientes e equipamentos, avaliar a limpeza do sistema de climatização de aviários, controlar a qualidade da água e conferir a desinfecção em incubadoras e nascedouros, conforme o mapeamento das falhas encontradas.

Tão importantes quanto as análises microbiológicas, treinamentos regulares dos funcionários, a avaliação da qualidade dos ovos (AQO), embriodiagnóstico realizado por pessoas especializadas e checklists frequentes dos procedimentos de boas práticas de produção são monitorias sanitárias que garantem o sucesso do programa de biosseguridade, e consequentemente, a qualidade do produto final do incubatório de aves, os pintinhos de um dia.

Fonte: Assessoria
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