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Avicultura

Profissional alerta para má qualidade na aplicação de tecnologias

De acordo com doutor Francisco Bersch muitas tecnologias utilizadas no Brasil são exportadas dos Estados Unidos e Europa, mas nem todas elas são adaptadas ao clima brasileiro

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As tecnologias vieram para ficar. Esta é uma afirmação que toda a cadeia avícola concorda. Porém, muitas vezes os profissionais que trabalham diretamente nas granjas não estão preparados para lidar com estas novidades. O que também muitos não têm levado em conta é a aplicação delas. A pergunta que muitos avicultores e profissionais do setor não estão se fazendo é: esta tecnologia se encaixa à minha realidade? É sobre isso que o médico veterinário doutor Francisco Bersch falou durante o 19° Simpósio Brasil Sul de Avicultura, que aconteceu em Chapecó, SC, entre os 10 a 12 de abril. Para Bersch, há alguns problemas na implementação de tecnologias, como a falta de qualificação dos operários das granjas e o uso de tecnologias indevidas para diferentes regiões do Brasil.

Com o tema “Desafios em relação à qualidade da mão de obra frente as novas tecnologias e seus efeitos nos parâmetros produtivos”, Bersch comenta que a tecnologia é um caminho sem volta. Para responder ao questionamento inicial sobre a adaptabilidade da tecnologia para cada propriedade, o profissional conta que conversou com cerca de 50 atores da cadeia avícola, como técnicos, gerentes, donos de empresas e funcionários em geral. “Não há uma unanimidade do ponto de vista de que todas as tecnologias são aplicáveis a todas as realidades. Por exemplo, o galpão dark house é uma tecnologia importada do hemisfério Norte, dos Estados Unidos e Europa. Mas há questionamentos de alguns atores da cadeia do porquê utilizar esta tecnologia, porquê preparar um aviário tão fortemente para o frio, se no centro-oeste brasileiro eu tenho seis meses de uma temperatura agradável e outros seis meses de verão”, comenta. Para ele, deve existir uma discussão do ponto de vista de qual tecnologia deveria ser utilizada.

Outro desafio pelo qual a cadeia passa quando o assunto é tecnologia é a capacitação da mão de obra. De acordo com Bersch, a partir de conversas com os envolvidos na cadeia, o operário, por exemplo, muitas vezes pode estar preocupado no que ele vai ganhar com a nova tecnologia, e não com a produtividade que a novidade trará. “Ele não está preocupado com a tecnologia, mas sim com a renda base dele. E essa pessoa que ainda está preocupado com a renda, se formar em um nível mais tecnológico ainda é um grande desafio”, entende.

O especialista acrescenta que atualmente em uma propriedade mais tecnificada o perfil do assistente técnico terá que ter um viés “muito mais eletrotécnico”. “Isso porque ele vai passar a ter que entender de tecnologia, controle, sistemas elétricos, afinal é ele quem vai manusear os equipamentos”, diz. Para ele, esse profissional tem que passar de um nível mais básico para um pouco mais técnico e elevado.

Preocupação vem da gerência

Uma das preocupações sentidas pelo doutor veio dos gerentes das propriedades, sobre o gerenciamento da mão de obra para manusear as novas tecnologias e responder ao investidor. “Senti os gerentes bastante preocupados neste quesito. Preocupados em buscar apoio interno para formar e apoiar a tecnologia, além do conceito do projeto”, diz. Ele explica que atualmente o modelo convencional de funcionamento das propriedades é a presença de um operário e um pequeno apoio técnico que manipula os equipamentos. O gerente é que tem a preocupação do retorno do investimento sobre o projeto que foi instalado e está sendo executado na propriedade.

Bersch conta que o empresário sabe que a propriedade deve ser mais tecnológica e que os gerentes precisam encampar as novidades. “Eles (empresários) estão buscando linhas de crédito para viabilizar o projeto, contudo a implementação disso fica por conta dos gerentes”, explica. Outra preocupação é a padronização da produção, já que os profissionais acreditam que isso garante uma qualidade superior. “Existem vários aspectos além da mão de obra. Tem a qualidade da produção, uniformização, constância da produção. São pontos importantes também”, diz.

Projetos equivocados

O especialista informa que a tecnologia vem não somente para uniformizar, mas também para reduzir o custo dessa produção e melhorar o desempenho dos animais. “Ela vem para melhorar a conversão alimentar, reduzir o consumo de alimentos por quilo de frango produzido. Esse é o grande custo que vai pagar esta tecnologia”, sustenta.

Bersch ainda comenta que os setores envolvidos na cadeia devem conversar mais entre si para acelerar este processo de implantação de tecnologias. “A avicultura é uma cadeia longa e que carrega muitos custos. Ela tem muitas diferenças e existem muitas crises dentro das empresas justamente pela falta de projetos e tecnologia”, comenta. Ele acrescenta que existe um desafio para fazer a inserção e viabilizar estas tecnologias em toda a cadeia para acelerar o processo. “É um caminho sem volta. Imagino que quem está fora disso nos próximos anos não terá como estar neste processo da avicultura”, complementa.

Bersch acrescenta que existe ainda uma preocupação também das empresas de equipamentos pelo fato de até mesmo os técnicos não terem todo o conceito formado sobre estas novas tecnologias. “Por esta falta de conhecimento total das tecnologias, muitas vezes no projeto eles podem tirar algo que as vezes é fundamental para o correto funcionamento do equipamento. Então, quando eles pensam somente no valor do projeto pode ser um perigo, já que há um grande risco de somente depois na maturação do projeto isso ser detectado”, esclarece. E isso também pode ocorrer quando a tecnologia não se encaixa direito na região.

Outro problema citado pelo profissional é que alguns projetos para aviários nas regiões mais quentes do Brasil estão voltados com formato para as regiões do hemisfério Norte, onde há extremos de frio e calor. “E esta não é a realidade do Centro-Oeste e Centro do Brasil. Então, o que é perceptível que ainda falta é a discussão do projeto”, comenta. Bersch diz que o que falta são tecnologias voltadas para climas tropicais, como do Brasil. “Isso é algo que poderia ser melhorado, esse perfil de galpão”, diz. “Se falar em galpão dark house, todo mundo nas industrias tem os galpões escuros, com controle de umidade e temperatura. Mas quando você começa a operar, vê que existem alguns problemas, como por exemplo, percebe que tem que ter um controle absoluto da temperatura”, afirma.

O profissional explica que ainda necessita da discussão de adaptar as tecnologias de acordo com cada realidade. “Para uma realidade de clima, considerando os diferentes climas que temos no Sul e no Centro-Oeste do Brasil, por exemplo”, diz. Ele comenta que a adaptabilidade da tecnologia e viabilidade do projeto ainda é uma discussão muito presente na cadeia avícola.

“Achar o ponto certo e entender qual a constância nesse manejo e estrutura é muito importante. A qualidade da energia elétrica, se existe disponibilidade, são todos pontos que devem estar no projeto para o correto entendimento da tecnologia. O produtor também quer um projeto funcionando em que ele saiba que vai produzir mais, com menos consumo de alimentos, menos mão de obra braçal e mais controle técnico”, assinala.

Solução

Para o médico veterinário, a solução para resolver este conflito entre tecnologia e mão de obra vai passar obrigatoriamente por cursos de capacitação. “Para mim é uma questão fundamental da área de recursos humanos de empresas e cooperativas promoverem estas tecnologias e capacitar as pessoas”, avalia. Para o profissional, até mesmo o incentivo para uso de tais tecnologias deve surgir de empresas fornecedoras e cooperativas. “Hoje o produtor não vai apostar nisso se não tiver o apoio da agroindústria ou cooperativa, se não tiver uma segurança. Essa confiança vem também por conta de que depois são estas empresas que irão comercializar o frango deste produtor”, aponta como estratégia para melhorar a relação entre produtores de frango de corte e as novas tecnologias.

Mais informações você encontra na edição de Aves de abril/maio de 2018 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Com foco em eficiência e agilidade, recolha de ovos férteis ganha automação na Copacol

Esteiras transportam automaticamente os ovos férteis das granjas até o setor de classificação: o processo ocorre sem o contato humano, proporcionando maior sanidade e também agilidade na função.

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Fotos: Divulgação/Copacol

A automação na recolha avança nos núcleos de produção de ovos férteis da Copacol e o sucesso da primeira estrutura em pleno funcionamento é comemorado por cooperados que realizaram esse investimento, em Nova Aurora, no Oeste do Paraná. “A vantagem do sistema envolve principalmente a qualidade da produtividade: observamos redução de trincas de ovos, agilidade no processo, e maior biosseguridade na recolha”, afirma Francismar Sanches Perandré, gerente de produção de pintainhos da Copacol.

O custo do investimento varia conforme a extensão das esteiras implantadas entre os galpões e a sala de classificação, além da topografia dos terrenos onde as estruturas estão instaladas. Em Nova Aurora, os galpões da Granja São Roque, integrados à Copacol, iniciaram as operações dos equipamentos: 45 mil ovos passam diariamente pelas esteiras. Antes, a recolha era feita manualmente pelos colaboradores, que transportavam os ovos férteis em carrinhos até o setor de classificação.

Tendência

Considerada uma tendência inovadora para o setor já em análise na Cooperativa, a automação na recolha dos ovos férteis foi implantada em seis meses pelos cooperados Paulo Ferreira do Nascimento, José Aparecido de Paula e Souza, Lucas Pecinha de Paula e Souza e Ronaldo Schlogel, proprietários da Granja São Roque, em funcionamento há oito anos.

O sistema teve um custo de R$ 1 milhão e trouxe eficiência na operação e maior comodidade aos colaboradores. “É um projeto inédito na Cooperativa, onde a qualidade se destaca. O sistema supre a falta de mão de obra que enfrentamos, além disso, os colaboradores ficam em uma sala climatizada em condição adequada de trabalho”, afirma um dos sócios, Paulo Ferreira.

Sistema avança

A Copacol possui 26 cooperados na atividade de produção de ovos férteis, que juntos mantém 48 núcleos de produção. Por dia são 683,3 mil ovos selecionados nas granjas, que têm como destino os incubatórios da Cooperativa, onde ocorre análise de incubação: após esse processo que pode levar até cinco dias, o ovo fica por 21 dias até nascimento do pintainho que em seguida terá como destino um dos 1.241 aviários mantidos por 768 avicultores integrados da Copacol.

Por mês, a produção de ovos férteis chega a 20,5 milhões pela Cooperativa. “O sistema de automação está em processo de instalação em outros núcleos. É um investimento que garante benefícios em todo o processo, uma tendência que garante eficiência na recolha, visto que é um serviço contínuo, feito de maneira cuidadosa para eficiência no ciclo de formação do pintainho”, afirma Sanches.

Fonte: Assessoria Copacol
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Avicultura

Manejo de cama de frangos de corte em evidência no 24º SBSA

Doutora em Manejo Ambiental Avícola, Connie Mou vai palestrar no evento dia 11 de abril.

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Doutora em Manejo Ambiental Avícola, Connie Mou, integra o time de especialistas que vão estar em Chapecó (SC) no mês de abril para um dos principais eventos técnicos do setor avícola latino-americano - Foto: Arquivo pessoal

Componente fundamental para o sucesso da avicultura de corte, a cama aviária influencia tanto no desempenho zootécnico das aves quanto nas características de carcaça. O manejo correto para a obtenção de animais saudáveis, com menos custo de produção, maior bem-estar animal e qualidade da carne, será apresentado no 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA), pela doutora em Manejo Ambiental Avícola, Connie Mou. A profissional vai ministrar a palestra “Manejo de cama de frangos de corte”, no dia 11 de abril (quinta-feira), às 08 horas, no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, em Chapecó (SC).

Connie Mou é gerente técnica de serviços na Danisco Animal Nutrition and Health (IFF). Possui mestrado em Nutrição Avícola pela Virginia Tech e doutorado em Manejo Ambiental Avícola pela Universidade da Geórgia.

Possui experiência na avaliação de ambientes de aviários, na busca por maneiras inovadoras de gerenciar a cama e no uso/análise de dados de sensores para melhorar o desempenho, a saúde e o bem-estar das aves. Seus principais interesses incluem trabalhar no terreno com os produtores de aves, ouvindo os seus problemas e descobrindo como resolver os seus desafios através de um raciocínio científico sólido.

Um dos principais eventos técnicos do setor avícola latino-americano, o 24º SBSA será realizado pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) entre os dias 09 e 11 de abril. O Simpósio é referência na disseminação do conhecimento, na inovação tecnológica e no intercâmbio de experiências. A programação reunirá profissionais qualificados de renome nacional e internacional.

Inscrições

Para acompanhar as colocações da especialista e demais palestrantes é necessária inscrição no 24º SBSA. As inscrições para o Simpósio e a 15ª Poultry Fair estão no último lote. O investimento é de R$ 850,00 para profissionais e de R$ 480,00 para estudantes.

Os ingressos para acessar somente a feira, sem participar da programação científica, podem ser adquiridos por R$ 200,00. Na compra de pacotes a partir de dez inscrições para o SBSA serão concedidas bonificações. Associados do Nucleovet, profissionais de agroindústrias, órgãos públicos e grupos de universidades têm condições diferenciadas.

O 24º SBSA tem apoio da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), do Conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV-SC), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Prefeitura de Chapecó e da Sociedade Catarinense de Medicina Veterinária (Somevesc).

Fonte: Assessoria Nucleovet
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Avicultura

Simpósio Frangos de Corte discute atual cenário regulatório brasileiro e as exigências dos principais mercados importadores de produtos avícolas

Salmonella e antimicrobianos serão debatidos por Ricardo Hummes Rauber, nos dias 26 e 27 de março

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Ricardo Hummes Rauber é médico-veterinário, mestre em Medicina Veterinária Preventiva, doutor e pós-doutor em Sanidade Avícola e consultor em Saúde Animal - Foto: Divulgação/Assessoria FACTA

Nos dias 26 e 27 de março, a cidade de Maringá (PR) será palco do Simpósio Frangos de Corte: Sanidade e Manejo, organizado pela FACTA. O evento reunirá especialistas dos setores público e privado com o intuito de encontrar soluções eficazes para os desafios enfrentados pela avicultura nacional.

Ricardo Hummes Rauber, médico-veterinário, mestre em Medicina Veterinária Preventiva, doutor e pós-doutor em Sanidade Avícola e consultor em Saúde Animal, será um dos palestrantes do Simpósio e conduzirá uma discussão aprofundada sobre a Salmonella, no primeiro dia do evento. Rauber abordará o cenário regulatório brasileiro e as exigências dos principais mercados importadores de produtos avícolas, destacando a importância da prevenção e do controle dessa bactéria por meio de práticas consistentes de biosseguridade nas granjas de frangos de corte.

“Levando em conta o cenário regulatório no Brasil e as demandas dos principais mercados importadores de produtos avícolas brasileiros, que estabelecem critérios baseados em análises qualitativas dos lotes, fica evidente para as empresas que a prevenção é a estratégia mais eficaz para o controle da salmonela. Isso significa que todos os esforços devem ser direcionados para impedir a contaminação dos lotes por qualquer sorotipo desse agente. Procedimentos consistentes de biosseguridade nas granjas de frangos de corte, controle rigoroso da qualidade de pintos de 1 dia e de rações são alguns  pontos de atenção importantes para a efetividade dos programas de controle de salmonela no Brasil”, adianta o especialista.

No segundo dia, o foco estará na palestra sobre a retirada de antimicrobianos das dietas, tema em destaque diante das crescentes preocupações com a resistência bacteriana. “Em resposta a essa questão, diversas restrições têm sido aplicadas à produção animal, tanto no Brasil quanto internacionalmente. Isso inclui, por exemplo, a proibição de certas moléculas usadas como promotoras de crescimento”, explica Rauber.

Ainda, segundo o médico veterinário, esse cenário de debates e limitações, juntamente com as restrições já em vigor e outras em análise, obriga o setor de produção animal a revisar seus processos. O objetivo é atender às exigências atuais e se preparar para futuras demandas. A implementação e/ou aprimoramento de protocolos rigorosos de biosseguridade, o estabelecimento de critérios para o uso de antibióticos baseados em evidências científicas e a aplicação desses critérios com rigor técnico são exemplos de medidas que precisam ser adotadas para responder a essas necessidades.

Com a participação de especialistas e profissionais, o Simpósio Frangos de Corte: Sanidade e Manejo será um importante espaço de troca de conhecimento e busca por soluções que impulsionem o desenvolvimento sustentável da avicultura brasileira.

Fonte: Assessoria FACTA
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