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Profissionais reforçam importância da manutenção de geradores para evitar perdas na piscicultura

Revisões periódicas, testes e armazenamento correto do combustível são essenciais para garantir a operação contínua e evitar prejuízos na criação de peixes.

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Fotos: Divulgação/Aquagermany

Na piscicultura, a margem de erro é praticamente inexistente. Uma falha no fornecimento de energia elétrica pode comprometer todo um lote de peixes em poucos minutos, transformando meses de investimento em prejuízo. Por isso, o gerador deixou de ser um item de segurança opcional e se tornou peça essencial na produção de escala. O problema é que, cada vez mais, o equipamento está sendo negligenciado no campo.

O alerta foi feito pelo empresário do setor de equipamentos aqua, Tiago Karkow, durante sua participação no 4º Simpósio de Piscicultura do Oeste do Paraná (Simpop), realizado em meados de julho em Toledo (PR). Segundo ele, o número de geradores instalados nas propriedades aumentou de forma expressiva nos últimos anos, mas a manutenção não acompanhou esse crescimento. “Estamos nos deparando com bombas injetoras danificadas, reguladores de rotação comprometidos, separadores de água e filtros de disco sem manutenção. E é justamente quando o produtor mais precisa do gerador que essas falhas são notadas”, ressalta Karkow.

De acordo com o empresário, as linhas mais utilizadas na piscicultura de escala variam entre 60 KVA, 100 KVA, 125 KVA e 190 KVA, equipamentos robustos capazes de sustentar a operação em caso de blecaute. “No entanto, sem manutenção adequada, até mesmo os geradores de grande porte deixam o sistema vulnerável”, reforça.

Diesel armazenado no gerador

Empresário do setor de equipamentos aqua, Tiago Karkow: “O produtor precisa olhar para o gerador como olha para qualquer outro elo vital da cadeia produtiva. É ele que garante a vida do peixe na falta de luz” – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Um dos principais vilões dessa realidade é o próprio combustível. A legislação conhecida como Lei do Combustível do Futuro prevê a elevação gradual da mistura de biodiesel no diesel fóssil, alcançando a proporção de 20% até 2030. O avanço atende às metas de descarbonização do país, mas traz novos desafios para quem depende de energia de emergência. “O biodiesel acelera a formação de borras no tanque. Antes, com o diesel S1800, o enxofre funcionava como fungicida e bactericida natural. Agora, com o S10 e o S500, essa proteção praticamente desapareceu”, frisa Karkow.

O palestrante orientou manter sempre aditivo no diesel armazenado no gerador, trocar o fluido do radiador de maneira periódica e reforçou a importância de respeitar a vida útil do diesel aditivado. “Se em seis meses o combustível não for usado, é hora de retirar do gerador e consumir em outro equipamento, como trator ou caminhão. Não pode ser aditivado novamente, senão o risco é grande de danificar o motor do gerador”, explicou, recomendando o uso de diesel comum S500, com maior teor de enxofre, que age como fungicida e bactericida, prevenindo a formação de borras no tanque.

Pragas e falhas técnicas

Outra ação recorrente nas propriedades está relacionada ao ataque de roedores. Apenas em 2025, o empresário relata que quatro clientes registraram casos de panes em geradores causadas por animais que entraram em equipamentos mal vedados. “A proximidade com lavouras e a falta de proteção facilitam a entrada das pragas. O produtor só descobre o problema quando precisa acionar o gerador e ele não funciona”, relatou.

Karkow destaca que o tempo de resposta na piscicultura é curto, e depender de um gerador parado por descuido pode custar muito caro. “Na piscicultura de escala não há margem para falhas. O produtor precisa olhar para o gerador como olha para qualquer outro elo vital da cadeia produtiva. É ele que garante a vida do peixe na falta de luz”, reforça.

Problemas recorrentes

Após destacar os riscos do uso inadequado do gerador, o empresário se juntou a uma mesa redonda com especialistas e profissionais que atuam no setor para detalhar práticas que aumentam a confiabilidade do sistema. A discussão contou com a presença do engenheiro de pesca e gerente de piscicultura da Primato, Dimas Alves; do engenheiro eletricista com mestrado em Engenharia Mecânica Aeronáutica, Luciano Unfried; e do médico-veterinário Guilherme Viesba. A mediação ficou a cargo do engenheiro de pesca, Renne Fagundes de Brito.

Unfried ressalta que problemas de instalação são comuns, mas alguns se destacam pela gravidade. “Conexões soltas nos cabos elétricos são frequentes. Muitas vezes o parafuso está solto e, quando chegamos, não sabemos como o sistema estava funcionando, pois o cabo estava apenas encostando no terminal. Os produtores costumam usar bastante o conector perfurante, mas não têm cuidado na forma de utilizá-lo. Isso provoca aquecimento e falhas a curto prazo. Quando usado corretamente, o conector funciona perfeitamente”, relata.

Mesa redonda com especialistas e profissionais que atuam no setor detalharam práticas que aumentam a confiabilidade do sistema durante o Simpop 2025 – Foto: Jaqueline Galvão/OP Rural

Outro problema crítico é o subdimensionamento do gerador. “Se o padrão da propriedade é 200A e o gerador suporta apenas 75A, ele consegue operar por cerca de uma hora. Depois disso, começa a superaquecer, perder frequência e a tensão cai. Tudo que pode dar errado em um gerador, nesse cenário, acontece. Isso compromete o regulador de tensão e, em última instância, danifica equipamentos do sistema”, alerta.

Unfried diz que falhas no filtro de diesel também são recorrentes. Tanques instalados de forma inadequada, muitas vezes externos e expostos ao tempo, podem provocar condensação. A água que se mistura ao combustível vai para o motor, comprometendo seu funcionamento. “O sol degrada o diesel com o tempo, especialmente se não houver aditivo. Situações assim geram muitos problemas no campo”, pontua.

Conectores elétricos

O engenheiro eletricista enfatizou a importância de dimensionar corretamente os conectores elétricos. “Cada equipamento suporta uma determinada tensão, por isso o conector precisa ser adequado ao cabo. Muitos vêm com indicação de 35 mm a 120 mm, mas alguns produtores acreditam que podem usar cabo de 150 mm. Isso não é possível: o conector fica subdimensionado e sua capacidade fica muito abaixo do necessário para aquele cabo”, detalhou.

Ele também alerta sobre o uso de apenas um conector. “Mesmo que o conector tenha sido dimensionado corretamente, é sempre mais seguro usar dois. Se um se soltar, o outro ainda mantém a passagem de energia. É melhor prevenir do que enfrentar um problema sério depois”, completou.

Testes e protocolos

Alves destacou a importância de dimensionar corretamente a propriedade em relação à carga de energia e ao equipamento disponível. “Temos empresas parceiras que estão em processo de atendimento emergencial 24 horas, justamente para socorrer o produtor quando ele mais precisa. Indicamos também que os geradores sejam ligados a cada 15 ou 20 dias para garantir que estão funcionando adequadamente. Se o produtor não tiver zelo pelo equipamento, qualquer queda de energia pode resultar em perdas irreversíveis”, alertou.

Unfried chamou a atenção para o armazenamento do combustível, apontando falhas comuns em tanques e posicionamento inadequado, que podem gerar problemas na partida, sobrecarga da bateria e falhas mecânicas. “Não é só a qualidade do diesel, mas a forma como ele é guardado que importa”, disse.

Backup e alternativas

Viesba destalhou que em uma unidade de produção dois geradores – um principal e um de backup – foram dimensionados para assumir sozinhos toda a carga da produção, garantindo que não se passe mais de 15 minutos sem energia. Contudo, em um incidente o gerador principal não entrou em funcionamento devido a falha no carregador da bateria, situação que levou à criação de um protocolo de testes semanais. “Hoje, todas as segundas-feiras, às 09 horas, a energia da concessionária é desligada para que o gerador detecte a falta de fornecimento, ligue automaticamente e assuma a carga do sistema, com revisões preventivas a cada seis meses”, expôs.

O médico-veterinário diz que a escolha do dia e do horário é estratégica, permitindo tempo hábil para acionar a assistência técnica em caso de falhas, algo que seria mais complicado durante fins de semana ou à noite, quando o suporte é mais restrito. “Na piscicultura não há margem de sobra para investir em infraestrutura: o produtor opera sempre no limite entre a capacidade de energia disponível e a necessária para manter a produção. Por isso, é fundamental que o sistema de fornecimento elétrico esteja totalmente ajustado e confiável, pronto para responder a qualquer eventualidade”, ressalta.

Foto: Divulgação/Arquivo OP Rural

Unfried detalhou ainda o tempo de acionamento dos geradores automáticos. “O controlador monitora a rede e dá partida automaticamente após a falha, com tentativas limitadas a três ou quatro para não danificar o motor ou descarregar a bateria. Dependendo da atividade, o intervalo de resposta varia: na piscicultura, geralmente entre um e dois minutos”, pontua.

Karkow acrescentou que muitos produtores mantêm dois geradores ou têm uma máquina tratorizada como backup, além de soluções complementares como o oxigênio em pó, que permite sustentar os peixes por algum tempo em caso de falha elétrica.

Funcionamento adequado do gerador

Karkow explicou que, geralmente, o gerador é projetado para monitorar todos os parâmetros essenciais: frequência, tensão, corrente e temperatura do motor. Essas informações são exibidas na tela do controlador. Nem sempre todos os dados aparecem de uma vez, mas o operador pode navegar entre as telas para conferir cada item. “Se algum parâmetro estiver fora do padrão, a máquina desliga automaticamente. Nesse caso, cabe ao operador verificar o que ocorreu. Alguns controladores não mantêm registros acessíveis de forma prática, então é preciso atenção”, alerta.

Caso a máquina falhe, mas não apresente sinais claros de problemas como baixa pressão de óleo ou alta temperatura, o empresário relata que o operador pode tentar dar partida novamente para testar o funcionamento. “Se o gerador acelera corretamente e mantém a frequência, está tudo certo; caso contrário, é necessário checar o controlador ou acionar assistência técnica”, orienta, destacando que de modo geral, o controlador fornece informações suficientes para que o produtor acompanhe o desempenho do gerador. “Por isso, é fundamental realizar os testes no horário programado, garantindo que o equipamento esteja operando adequadamente”, salienta.

Conscientização do produtor

A conscientização do produtor é peça-chave. Brito observa que aqueles que se mantêm no mercado já incorporam a manutenção preventiva em suas planilhas de gastos, aprendendo com experiências de vizinhos ou parceiros. “Na piscicultura, não há espaço para amadorismo. Cooperativas e empresas têm papel importante em levar a informação e facilitar que o produtor faça tudo corretamente”, afirmou.

Foto: Divulgação/Arquivo OP Rural

O médico-veterinário complementou que o custo da manutenção preventiva é mínimo comparado aos prejuízos de falhas corretivas. Revisões antecipadas evitam gastos altos com cabeçotes, bombas injetoras ou aeradores. Viesba deu um exemplo concreto: “Atendemos um produtor que deixou uma máquina nova desligada por seis meses. Quando precisou, o equipamento funcionou por cerca de 20 a 30 minutos e passou a apresentar falha na bomba injetora. O custo do conserto equivaleria a revisões preventivas por 10 anos”, salientou.

Com protocolos de teste, manutenção preventiva e conscientização dos produtores, o setor avança para reduzir perdas e garantir que, mesmo em caso de falta de energia, a piscicultura de escala continue protegida e eficiente.

O acesso é gratuito e a edição pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

Peixes

Aqua Summit BR 2025 traz programação estratégica para orientar o futuro da aquicultura no Brasil

Encontro reúne lideranças, especialistas e setor produtivo para integrar ciência, mercado e políticas públicas.

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A primeira edição do Aqua Summit BR 2025 reúne, de 26 a 28 de novembro, no Palácio Araguaia em Palmas, no Tocantins, uma programação intensa que combina conhecimento, estratégia e inovação para impulsionar o futuro da aquicultura brasileira. O evento estratégico vai reunir lideranças, pesquisadores, empresários e representantes das cadeias de proteína animal e da aquicultura para planejar o futuro da produção de pescado no Brasil. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelo site www.aquasummitbr.com.br.

A abertura oficial será realizada no dia 26 de novembro, às 19 horas, com a Palestra Magna “A Força das Proteínas Brasileiras no Cenário Mundial: O que a aquicultura pode aprender com as demais proteínas”, conduzida por Celso Luiz Moretti, engenheiro agrônomo, mestre e doutor em produção vegetal, pesquisador, ex-presidente da Embrapa e atual presidente do conselho do CGIAR, reconhecido internacionalmente por sua contribuição à sustentabilidade agrícola, incluindo o Prêmio Norman Borlaug.

No dia 27 de novembro, às 09 horas, inicia-se o primeiro painel, “Lideranças e sua importância no desenvolvimento da cadeia”, destacando o papel estratégico da gestão e da articulação institucional para o fortalecimento do setor, com participação de Diones Bender Almeida, da Genomar Genetics Latin América, e João Manoel Cordeiro Alves, do Sindirações, sob moderação de Altemir Gregolin, ex-ministro da Pesca e presidente do IFC Brasil.

Em seguida, às 10h30, ocorre o segundo painel, “Avanços Normativos e Governança Setorial em Debate”, abordando as atribuições do governo e do setor produtivo para garantir competitividade e construir um ambiente regulatório moderno e eficiente. Participam Juliana Satie Becker de Carvalho Chino, do Dipoa/Mapa, e Helinton Rocha, da Câmara Setorial.

A programação da tarde começa às 14 horas com o painel “Pacote Tecnológico Integrado: A Base da Competitividade nas Cadeias de Proteína Animal”, trazendo uma visão sobre soluções inovadoras para elevar produtividade e garantir sustentabilidade, com contribuições de Gustavo Maia, da Shrimpl, e Marcos Queiroz, da MqPack, sob mediação de Everton Krabbe, da Embrapa Suínos e Aves.

Às 15h30, o quarto painel, “Posicionamento Mercadológico e Branding Territorial”, explora estratégias de diferenciação, construção de marca e agregação de valor nas cadeias de proteína, com Tom Prado, da REI Alimentos, e Lidia Leal da Silva Lopes, da Angus Brasil, sob moderação de Carlos Humberto Duarte de Lima e Silva, da SICs.

Encerrando o dia, o Flash Embrapa e Sepea apresentará uma sequência de pitches sobre tecnologias desenvolvidas pela Embrapa Pesca e Aquicultura, incluindo edição genética, inteligência de dados para aquicultura, programas de competitividade e soluções de reuso de água, com apresentações de Eduardo Varela, Manoel Pedrosa Filho, Renata Melon e Marccela Mataveli, além da participação de Thiago Tardivo, da Secretaria de Pesca e Aquicultura do Tocantins, destacando as condições favoráveis para investimentos no estado. “O Tocantins oferece condições ideais para o desenvolvimento da piscicultura: clima favorável, abundância de água, quatro grandes reservatórios federais, logística eficiente, incentivos fiscais e segurança jurídica para investidores. A realização da primeira edição do Aqua Summit em Palmas é uma oportunidade única para apresentar essas vantagens a investidores nacionais e internacionais, destacando o potencial do estado para impulsionar a cadeia produtiva do pescado”, destaca Tardivo.

No dia 28 de novembro, os participantes farão uma visita técnica à Embrapa Pesca e Aquicultura, onde poderão conhecer de perto pesquisas, tecnologias e estruturas que posicionam o Tocantins como referência nacional em inovação científica para o setor.

A programação do Aqua Summit BR 2025 foi concebida para integrar ciência, mercado e políticas públicas, estimulando decisões estratégicas e preparando a aquicultura brasileira para um novo ciclo de competitividade, sustentabilidade e crescimento.

Sede estratégica

A escolha de Palmas como sede é unanimemente celebrada pelas lideranças envolvidas. Para Danielle de Bem Luiz, analista e chefe da

Embrapa Pesca e Aquicultura, o Aqua Summit BR é uma oportunidade única para a cadeia do pescado refletir, aprender com o sucesso das demais cadeias de proteínas e avançar na consolidação da sua produção e na ampliação de mercados. “O evento integrará pesquisa aplicada, políticas públicas e mercado para reforçar a competitividade e o protagonismo da aquicultura brasileira”, ressalta Danielle.

Eliana Panty, diretora da Hollus Comunicação e Eventos, valoriza a realização no estado em que nasceu: “Realizar um evento no Tocantins ao lado da Embrapa e do Governo do Estado é um sonho antigo. Cresci às margens do Rio Tocantins, onde a vida sempre veio da água. Hoje, mais do que nunca, voltamos nosso olhar para essa proteína que nasce das águas. A piscicultura tem enorme potencial, mas ainda enfrenta desafios de infraestrutura, processamento, logística e mercado. Eventos como o Aqua Summit BR criam os espaços de debate necessários para transformar esse potencial em desenvolvimento real, gerando mais qualidade, mercado e consumo para o pescado brasileiro”, menciona.

Foto: Divulgação

“O Aqua Summit representa uma oportunidade estratégica para fortalecer a aquicultura tocantinense, pois aproxima produtores, pesquisadores, investidores e gestores públicos em torno de um mesmo objetivo: transformar o potencial natural do Tocantins em um setor produtivo robusto e sustentável”, afirma Roberto Sahium, secretário-executivo da Pesca e Aquicultura do Tocantins.

Citando condições que o estado possui (recursos hídricos, clima favorável e localização estratégica), Sahium lembra que é preciso avançar em conhecimento técnico, em inovação e em agregação de valor. “Eventos como o Aqua Summit permitem justamente essa troca de experiências e tecnologias, estimulando a adoção de boas práticas, o empreendedorismo e a atração de novos investimentos para o setor aquícola tocantinense”, reforça.

Com grande potencial de desenvolvimento também na aquicultura, o Tocantins tem avançado nessa área. Ainda longe de transformar em realidade todas as condições que possui para uma aquicultura sustentável nos três pilares (ambiental, econômico e social), o estado atualmente é o 17° maior produtor nacional, com 18.100 toneladas de peixes no ano passado, principalmente tambaqui.

Fonte: Assessoria Aqua Summit
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Com carnes mais caras, consumo de tilápia dispara 32,9% no país

Com a disparada dos preços da carne bovina e suína, o pescado ganhou espaço no carrinho de compras e a tilápia se tornou a principal impulsionadora do crescimento do setor.

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Em um cenário de forte inflação nas proteínas mais tradicionais, o consumidor brasileiro vem ajustando seu carrinho de compras e ampliando o consumo de pescado. Um novo estudo da Scanntech revela que o volume consumido de peixes cresceu 8,2% no acumulado de janeiro a setembro deste ano.

O levantamento analisou o comportamento de consumo em um período de aumento significativo do preço das proteínas. A carne bovina foi a mais impactada, com alta de quase 25%, seguida pela carne suína, que registrou 21,2% de aumento. Em contrapartida, o preço dos peixes subiu apenas 2,1% no mesmo período.

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Essa disparidade de preços impactou diretamente o volume de vendas, levando o consumidor a buscar alternativas mais acessíveis. O estudo destaca que a categoria costuma apresentar maior sazonalidade na Páscoa e na Quaresma. No entanto, fora esse período, foram justamente os meses de janeiro, julho e agosto, aqueles com menor variação de preços, que registraram as maiores altas de consumo em relação aos mesmos meses de 2024. “Estamos percebendo que, em 2025, o consumidor tem revisto suas escolhas no carrinho de compras para adequar o orçamento. Quando falamos da tradicional mistura, o movimento é semelhante: a alta nos preços da carne bovina ao longo do ano levou muitos brasileiros a buscar alternativas em outras proteínas, como os pescados, ampliando o consumo de peixes, sobretudo aqueles com melhor custo-benefício”, analisa a diretora de Marketing da Scanntech, Priscila Ariani.

Tilápia lidera a mudança de hábito

Entre todas as subcategorias analisadas, a tilápia é a principal impulsionadora da alta no consumo de pescados.O estudo apontou que a espécie teve um crescimento expressivo, de 32,9%, no volume de vendas. Esse movimento foi diretamente estimulado por uma redução de -8,4% no preço médio do quilo da tilápia, tornando-a a opção mais atrativa para substituir as proteínas mais caras.

O levantamento também identificou diferenças relevantes no consumo entre as regiões brasileiras. A tilápia se manteve como a espécie mais representativa em praticamente todo o país, com exceção do Norte. As regiões Centro-Oeste e Norte foram as que registraram a maior retração no preço por quilo da tilápia e, consequentemente, os melhores resultados em volume de vendas.

As demais espécies também apresentaram comportamentos distintos entre as regiões:

  • Salmão: Na contramão da categoria, o salmão apresentou queda de consumo em todo o Brasil.
  • Merluza: Apresentou crescimento no Interior de São Paulo, Nordeste e região Leste (MG, ES e RJ), áreas onde a espécie já tem participação de vendas superior à de outras regiões.
  • A espécie se destacou com um aumento de 42,5% no consumo em volume no total Brasil, ganhando força nas vendas em praticamente todo o país. A única exceção foi o Centro-Oeste, onde o preço médio mais elevado limitou o avanço do consumo.
  • Sardinha: Mesmo apresentando o menor preço por quilo, a sardinha registrou recuo no volume de vendas em todas as regiões, com exceção de São Paulo, Nordeste e Centro-Oeste.

Fonte: Assessoria Scanntech
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Pesquisa paulista estuda genética para impulsionar criação de trutas no Brasil

Estudo do Instituto de Pesca avalia linhagens e fatores que influenciam o crescimento muscular para fortalecer a truticultura nacional.

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No Brasil, a maioria das truticulturas (atividade dedicada à criação de trutas) é de pequeno porte, principalmente por conta da limitada disponibilidade de águas frias, indispensáveis para o cultivo dessa espécie. Para driblar esse desafio e ampliar a rentabilidade do setor, pesquisadores têm buscado estratégias como a agregação de valor e a diversificação de produtos.

Nesse contexto, o pesquisador Vander Bruno dos Santos, do Instituto de Pesca (IP-Apta), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, está desenvolvendo a pesquisa “Avaliação do crescimento muscular de linhagens de trutas arco-íris (Oncorhynchus mykiss)”, que busca compreender como diferentes características genéticas e fisiológicas influenciam o desenvolvimento dos peixes e como essas informações podem contribuir para o aprimoramento da produção aquícola.

Análise genética e desempenho produtivo

O estudo avalia o crescimento de linhagens de trutas com diferentes colorações de pele, uma característica que desperta interesse tanto científico, por funcionar como marcador fenotípico (um traço visível que pode refletir diferenças genéticas entre os peixes), quanto comercial, especialmente em criadouros que exploram a pesca recreativa, modalidade de lazer em que os peixes são devolvidos à água após a captura.

A pesquisa analisa aspectos como crescimento corporal, desenvolvimento das fibras musculares e expressão de genes ligados ao crescimento, entre eles IGF, mTOR e miostatina, conhecidos por seu papel no aumento e na regulação da massa muscular. Também é avaliada a influência de aminoácidos específicos, como a arginina, com importante papel no crescimento muscular das trutas.

As linhagens estudadas são obtidas a partir do cruzamento entre trutas brancas e trutas de coloração selvagem. Os peixes são cultivados em tanques com fluxo contínuo de água fria até atingirem o peso comercial de aproximadamente 350 gramas. Durante todo o processo, amostras de tecidos, sangue e músculo são coletadas para análises histológicas e bioquímicas, além de testes que investigam a atividade de genes relacionados ao crescimento e a composição de aminoácidos presentes nos tecidos.

Os dados obtidos permitirão ajustar modelos matemáticos de crescimento, como o modelo de Gompertz, que possibilita avaliar a taxa de desenvolvimento dos peixes ao longo do tempo. Também será determinado o rendimento do processamento, etapa fundamental para medir a eficiência produtiva das diferentes linhagens.

Com os resultados, a pesquisa pretende gerar informações que contribuam para o melhoramento genético e nutricional da truticultura nacional, fortalecendo a sustentabilidade e a competitividade dessa atividade no país.

De acordo com Vander, “os fatores que determinam o menor crescimento da linhagem branca dominante, quando comparada com a padrão-selvagem, azul ou amarela ainda precisam ser melhor elucidados. Isso irá refletir nas necessidades de alterações de manejo e aspectos nutricionais para se obter o melhor desempenho de cada linhagem”.

Fonte: Assessoria Instituto de Pesca
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