Avicultura
Professora sênior da USP afirma que aves migratórias não disseminam vírus da Influenza
A estudiosa afirma que a principal porta de entrada é formada por pessoas, que acumulam o vírus em áreas contaminadas e os levam até o interior dos aviários livres
Ao contrário do que a maioria dos pesquisadores e profissionais técnicos do setor de aves pensam, a professora sênior das Faculdades de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (FMVZ-USP), Masaio Mizuno, afirma que não há comprovação de que aves migratórias disseminem o vírus da Influenza Aviária (IA), doença responsável pelos maiores prejuízos da avicultura mundial. Mais do que isso, a estudiosa afirma que a principal porta de entrada é formada por pessoas, que acumulam o vírus em áreas contaminadas e os levam até o interior dos aviários livres.
“Até o momento não existe comprovação de disseminação do vírus da IA pelas aves migratórias. Os conhecimentos não são suficientes para incriminar aves migratórias, pois são apenas suposições”, defendeu Mizuno durante um painel sobre IA, com estudiosos do Brasil e do exterior, durante a programação do Simpósio da Acav (Associação Catarinense de Avicultura), que aconteceu de 16 a 19 de agosto, em Florianópolis (SC). “Aves migratórias usualmente pousaram depois da ocorrência e se infectaram a partir de aves silvestres do local. Houve confusões de espécies de aves aquáticas locais (que originalmente disseminam o vírus) com migratórias. Até o momento, vírus HPAI são letais para aves aquáticas silvestres. Não existem evidências de que aves migratórias retornam ao local de origem infectadas”, reforçou Mizuno.
Para ela, o fato do vírus da IA ter sido detectado nos Estados Unidos (EUA), infectando aves aquáticas locais e aves migratórias da rota do Mississipi, não permite inferir sobre a precedência da infecção (quem infectou quem). “Se tivessem pousado no Canadá, teriam sido identificadas como infectadas e eventual disseminadora neste país. Se a hipótese das aves migratórias da rota americana do Mississipi de disseminarem vírus que ocorre nos EUA para o Brasil, teriam aqui chegado infectadas e seriam identificadas como carreadoras do vírus já no ponto de entrada no Brasil (Piauí)”, defendeu. Para ela, a migração de aves é a rota menos provável de disseminação do vírus. “As rotas mais prováveis para a entrada desse vírus no Brasil são os calçados, as pessoas, os veículos e outros animais, como roedores”, reforçou.
Ampla conhecedora da Infuenza Aviária, Masaio Mizuno falou que cem partículas já são capazes de infectar uma granja, enquanto um grama de fezes carreado nos calçados pode ter até 14 mil partículas.
Influenza Aviária pelo Mundo
Mizuno explicou que Influenza Aviária é a denominação genérica para descrever qualquer doença ou infecção de aves causada pelo vírus do tipo A. O termo “vírus da IA” refere-se ao vírus da IA habitualmente detectada em aves. Aves silvestres aquáticas são os reservatórios primordiais de todos os genes virais.
De acordo com ela, poucos surtos de elevada gravidade são reconhecidos desde o século XIX. A ocorrência é ampla na África, Ásia, Austrália, Europa e Américas do Norte e do Sul (Chile). Em 1997, a variedade H5N1 causou severa doença fatal em aves e em humanos em Hong Kong. Em 2003, foi disseminado por quase toda Ásia, Europa e Norte da África. O H5N1 vem se tornando endêmico em muitos países da Ásia e África. Vietnã, Tailândia e Egito foram os países que mais apresentaram focos nos últimos 13 anos.
Prejuízos
A Influenza Aviária tem grande importância econômica para os países produtores. Segundo a professora, os prejuízos dependem da estirpe viral, espécie de ave infectada e rapidez na adoção de medidas de erradicação. “Parte das perdas é pela alta morbidade e mortalidade, método de depopulação, destinação de carcaças de aves mortas, sanitização, quarentena, vigilância e indenização. As perdas indiretas incluem perdas de mercado exportador, redução do consumo de produtos avícolas (de cinco a dez vezes), prejuízos dos avicultores e falta de oferta de mercadorias.
Mais informações você encontra na edição de Aves de setembro/outubro de 2016 ou online.
Fonte: O Presente Rural

Avicultura
Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem
Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.
Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.
Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.
A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.
A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.
Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.
Avicultura
Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer
Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.
A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.
Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.
Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.
Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.
Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.
Avicultura
Avicultura encerra 2025 em alta e mantém perspectiva positiva para 2026
Setor avança com produção e consumo em crescimento, margens favoráveis e preços firmes para proteínas, apesar da atenção voltada aos custos da ração e à segunda safra de milho.

O setor avícola deve encerrar 2025 com desempenho positivo, sustentado pelo aumento da produção, pelo avanço do consumo interno e pela manutenção de margens favoráveis, mesmo diante de alguns desafios ao longo do ano. A avaliação é de que os resultados permanecem sólidos, apesar de pressões pontuais nos custos e de um ambiente externo mais cauteloso.
Para 2026, a perspectiva segue otimista. A expectativa é de continuidade da expansão do setor, apoiada em um cenário de preços firmes para as proteínas. Um dos principais pontos de atenção, no entanto, está relacionado à segunda safra de milho, cuja incerteza pode pressionar os custos de ração. Ainda assim, a existência de estoques adequados no curto prazo e a possibilidade de uma boa safra reforçam a visão positiva para o próximo ano.

No fechamento de 2025, o aumento da produção, aliado ao fato de que as exportações não devem avançar de forma significativa, tende a direcionar maior volume ao mercado interno. Esse movimento ocorre em um contexto marcado pelos impactos da gripe aviária ao longo do ano e por um desempenho mais fraco das exportações em novembro. Com isso, a projeção é de expansão consistente do consumo aparente.
Para os próximos meses, mesmo com a alta nos preços dos insumos para ração, especialmente do milho, o cenário para o cereal em 2026 é considerado favorável. A avaliação se baseia na disponibilidade atual de estoques e na expectativa de uma nova safra robusta, que continuará sendo acompanhada de perto pelo setor.
Nesse ambiente, a tendência é de que as margens da avicultura se mantenham em patamares positivos, dando suporte ao crescimento da produção e à retomada gradual das exportações no próximo ano.
Já em relação à formação de preços da carne de frango em 2026 e nos anos seguintes, o cenário da pecuária de corte deve atuar como fator de sustentação. A menor disponibilidade de gado e os preços mais firmes da carne bovina tendem a favorecer a proteína avícola. No curto prazo, porém, o setor deve considerar os efeitos da sazonalidade, com maior oferta de fêmeas e melhor disponibilidade de gado a pasto, o que pode influenciar o comportamento dos preços.
