Avicultura Estresse, Síndrome de Burnout e suicídio
Professor mostra como evitar doenças emocionais inerentes à Medicina Veterinária
Para o profissional, médicos veterinários não estão livres de doenças como estresse, Síndrome de Burnout e até mesmo o suicídio
O professor Italmar Teodorico Navarro possui graduação em Medicina Veterinária, mestrado em Ciências de Alimentos e doutorado em Epidemiologia Experimental Aplicada às Zoonoses. Atualmente é professor associado da Universidade Estadual de Londrina, atuando principalmente em áreas como Toxoplasma gondii, toxoplasmose, zoonoses, protozoologia, saúde pública, controle da Toxoplasmose, Febre Amarela, Leishmaniose e sorologia. Parece tão técnico e acadêmico, mas por trás desse gabaritado profissional há uma de suas maiores virtudes: a simpatia pelas pessoas. Navarro gosta das pessoas.
Com essa característica tão importante – e rara – nos dias de hoje, o professor fez palestra no 19º Congresso Nacional e 1º Congresso Internacional Abraves (Associação de Veterinários Especialistas em Suínos), sobre a importância da qualidade de vida no desempenho e produtividade dos profissionais da suinocultura. Em 50 minutos, deu atenção às doenças emocionais hoje comuns nos ambientes de trabalho e mostrou caminhos para tentar ficar o mais longe delas possível.
“Médicos-veterinários são vistos como profissionais benevolentes, que cuidam de animais doentes e oferecem suporte aos clientes. Há o risco de não se perceber a necessidade que tais profissionais têm de suporte emocional”, sustentou, citando Kahn; Nutter, 2005; Mellanby, 2005. Os trabalhos indicam que estatísticas mostram que cirurgiões veterinários têm altos índices de suicídio, o que merece atenção da classe.
Navarro deu destaque para a Síndrome de Burnout, também conhecida como Síndrome do Esgotamento Profissional e que tem sido diagnosticada em veterinários com mais frequência nos últimos anos. De acordo com o Ministério da Saúde, trata-se de “um distúrbio emocional com sintomas de exaustão extrema, estresse e esgotamento físico resultante de situações de trabalho desgastante, que demandam muita competitividade ou responsabilidade”. “A principal causa da doença é justamente o excesso de trabalho. A Síndrome de Burnout também pode acontecer quando o profissional planeja ou é pautado para objetivos de trabalho muito difíceis, situações em que a pessoa possa achar, por algum motivo, não ter capacidades suficientes para os cumprir. Essa síndrome pode resultar em estado de depressão profunda”.
“A gente sabe que tem que cuidar do plantel porque se não os animais morrem. E a saúde do rebanho humano? Estamos cuidando”, provocou. Para ele, é preciso se ater à saúde mental dos profissionais e para isso é preciso ter “bom nível de vida, qualidade de vida e estilo de vida”.
Nível, qualidade e estilo de vida
“O nível de vida é o indicador que tem a ver com coisas como habitação, escolaridade, renda, saúde, etc. Já a qualidade de vida é o indicador comportamental, que traduz o quanto o indivíduo usufrui dos recursos que possui”, destacou, ampliando que a qualidade de vida tem relação direta ainda com “bem-estar físico, equilíbrio nas relações consigo mesmo, com familiares, com colegas de trabalho e com a sociedade”.
Já o estilo de vida, salientou, trata-se do comportamento do dia a dia, resultado de suas escolhas em questões envolvendo nível e qualidade de vida. “Não adianta fazer todas as avaliações médicas se seu estilo de vida é péssimo”, destacou.
“O ser humano está adoecendo, por incrível que pareça. São as doenças do século 21, por escolhas malfeitas. Já dizia Pablo Neruda: Você é livre para fazer suas escolhas, mas é prisioneiro das consequências”, mencionou Navarro, destacando que hoje os profissionais precisam reaprender “a conectar razão e emoção”. “Hoje é difícil conectar razão e emoção. Temos metas e mais metas. O equilíbrio está nas formas de relações, no mundo social, na família, no trabalho e na espiritual – não religiosa”, sustentou.
Doenças do século 21
Ansiedade, estresse e medo. São três sintomas cada vez mais presentes na suinocultura – e nas pessoas de modo geral. “Doenças emocionais, ambiente em desequilíbrio e doenças espirituais (não à toa apareceu tanta igreja). São três doenças do século 21: ansiedade, estresse e medo”, apontou. “O que você não resolve em sua mente, seu corpo transforma em doença. Isso reflete na saúde ocupacional, com estresse laboral, ou assedio no trabalho, síndrome da fadiga crônica, dores”, exemplificou. “Estudos mostram que veterinários têm o dobro da chance de suicídio que outros profissionais da saúde e mais de quatro vezes do que pessoas em geral. Tomem cuidado com a Síndrome de Burnout”, reforçou.
Estresse e eustresse
O estresse é um dos principais fatores que desencadeiam as doenças, segundo o palestrante. Navarro destaca que o estresse pode ser atribuído a “sucesso a qualquer preço, dificuldades financeiras, casamento e separação, mudanças, mortes de familiares, sentimentos desgastantes, como ódio, rancor, culpa, ciúmes, inveja e mágoa, carência afetiva, conflitos existenciais, vida familiar (pais e filhos), situação no trabalho, autobloqueio, vida sedentária, hábitos prejudiciais, como uso de tabaco, álcool e drogas, excesso de informações, dúvida, incertezas e preocupações”.
Para combater o estresse, Navarro indica atitudes positivas, como o bom relacionamento entre as pessoas. “Temos que combater o estresse com eustresse”. “O eustresse, ou “estresse bom”, de acordo com algumas teorias, “ajuda a pessoa a reagir de forma positiva às situações de mudança e desafio porque o organismo produz adrenalina, que dá ânimo e energia para tornar a pessoa criativa e produtiva”. Para o professor, o eustresse pode ser alcançado tendo “alimentação saudável, exercícios físicos e esporte, prática de arte, como música, artesanato, repouso, ser útil e sentir-se útil (faça caridade), oração e meditação, orgasmo, amizades saudáveis e por, último, socialização, ter bons relacionamentos nos faz felizes e saudáveis, com família, amigos e comunidade”, enfatizou o sábio palestrante.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de janeiro/fevereiro de 2020 ou online.
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.