Conectado com

Suínos

Professor defende reorganização da cadeia aquícola

Médico veterinário e doutor em História das Ciências, Guilherme Augusto Vieira sugere uma indústria alinhada com a forma da avicultura industrial

Publicado em

em

O potencial é enorme, mas a produção de peixes no Brasil esbarra na falta de organização de sua indústria. É o que pensa o médico veterinário e doutor em História das Ciências, Guilherme Augusto Vieira, professor da Universidade de Salvador (Unifacs), BA. Para o estudioso, implantar um modelo semelhante ao que o país tem na avicultura e na suinocultura seria a maneira mais eficiente para a indústria expandir a produção, ganhar mercados e faturar mais.

De acordo com o professor, um relatório do Rabobank evidencia “a tendência e a exploração da produção e do consumo de tilápia” em larga escala no Brasil. Ainda conforme o estudo, diz o professor, o Brasil tem plenas condições de aumentar a produção de tilápias por conta de vários fatores, como soja, clima propício e mão de obra. O Rabobank estima que a América Latina deva produzir quase quatro vezes mais tilápia até 2025, chegando a dois milhões de toneladas.

“Complemento esta análise, acrescento o grande potencial produtivo das fazendas brasileiras com grandes extensões de terras aliadas à nova mentalidade do produtor em diversificar as atividades econômicas em suas empresas rurais”, pontua Vieira.

Entret6anto, na opini9ão do estudioso, produtores e agroindústrias precisam trabalhar em sistema de integração, conforme o modelo que ele julga de sucesso da suinocultura e da avicultura. “O pescado vai se desenvolver em unidades de produção controlada e em um sistema de integração da cadeia produtiva. Para a atividade avançar no quesito de integração de cadeia produtiva, deve seguir o exemplo das atividades avícolas e suinícolas, que apresentam um modelo vitorioso que propiciou um avanço tecnológico, mercadológico e sanitário das produções e possibilitou a produção de um produto de qualidade que, além de atender ao mercado interno, está presente, no caso do frango, em mais de 150 países”, avalia.

Para Vieira, para compreender melhor a teoria do agronegócio o produtor precisa ter um melhor conhecimento de sua visão sistêmica e sua relação com estudos de cadeia produtiva. “Ele representa um elo (produção agropecuária) dentro da cadeia, sendo completada pelas atividades industriais, comerciais e de serviços necessários para a concretização de todas as fases do processo, desde seu planejamento até o consumo final”, orienta. “Esta visão sistêmica permite que os atores – produtores, indústrias de insumos, agroindústrias e outros componentes – vejam a organização como um todo e como parte de um sistema maior, que é o seu ambiente interno”, avalia.

Integrado

De fornecedores ao varejo, Vieira defende a integração da cadeia. “Os fornecedores de insumos e serviços, medicamentos veterinários, máquinas e implementos representam o ponto de origem para qualquer produção e varejo agropecuário. Dentro da porteira, as atividades desenvolvidas nas unidades produtivas agropecuárias envolvem manejo, sistemas de produção agropecuária (intensivo, extensivo e semi-intensivo), tratos culturais, irrigação, colheita, inseminação artificial, etc. Já fora da porteira, estão atividades agroindustriais, armazenamento, transportes, logística, varejo agropecuário, embalagens, biocombustíveis, canais de distribuição (atacado e varejo), e mercado consumidor interno e externo. Independente do enfoque escolhido, uma cadeia produtiva representa uma sequência de atividades necessárias para a transformação de um insumo básico em um produto final destinado aos consumidores”, defende. “O estudo de cadeia produtiva permite visualizar a cadeia de forma integral, identificar possíveis gargalos, evidenciar possíveis debilidades e potencialidades”, pondera.

Para ele, “os números mostram um grande crescimento, entretanto observa-se uma produção atomizada pelo Brasil, onde não se observa uma agroindústria forte, um padrão produtivo e “marcas” de produtos”, Além disso, a sazonalidade atrapalha a cadeia. “Temos um grande consumo sazonal, com maior consumo do produto na semana santa”, avalia.

Como organizar a cadeia?

“A cadeia produtiva da avicultura de corte poderia servir de parâmetro para organização da cadeia do pescado. O frango possui uma agroindústria forte, que coordena toda a cadeia. Notamos uma quase perfeita consonância entre a produção primária e a agroindústria, principalmente nos aspectos ligados à produção integrada. Há uma relação contratual entre produtor e frigorífico em que são definidos parâmetros de produtividade, fornecimento de insumos, assistência técnica e relação de trabalho”, justifica.

Quanto aos canais de distribuição, cita o professor, “observa-se que há uma perfeita articulação entre os canais de distribuição e a agroindústria de frango”. “Por onde se anda no Brasil vê-se as grandes marcas de frango presentes em todos os supermercados e outros locais de vendas”, diz.

Para chegar até a mesa do consumidor, Vieira aposta em marketing. “Atualmente o brasileiro consome mais carne de frango do que a carne bovina, fruto de um trabalho de marketing e de convencimento da população sobre as vantagens de consumir o frango”, avalia.

Condições

Uma das preocupações de Vieira é com relação à infraestrutura, que, em sua opinião, precisa avançar, seja na indústria ou no varejo. “Não adianta estimular a produção de pescados se o produtor não tiver onde vender seu peixe para o abate, com todas as condições econômicas, sanitárias e de higiene. Para produzir deve-se ter conhecimento sobre a genética, sanidade, nutrição, instalações e assessoria para ter produtividade e atender a uma demanda. O Brasil deve estimular a implantação de frigoríficos apropriados, “sifados” (com inspeção municipal, estadual ou federal) para comprar a produção, seja através de parcerias, integração ou outros mecanismos, além de coordenar a cadeia produtiva, seja regional ou estadual”.

Quanto à comercialização, cita o pesquisador, observa-se no Brasil a venda de pescados em feiras livres, muitas vezes sem as mínimas condições de higiene e qualidade. “Dentro desta nova realidade que defendo, os canais de distribuição deverão se adequar aos novos produtos, que devem ter marca forte e embalagens diferenciadas para caminhar para a venda de praticidade”, orienta.

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de fevereiro/março de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Suínos

Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

Publicado em

em

Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.