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Produtores usam “brinquedos” para acalmar os suínos nas granjas

Elementos de enriquecimento ambiental como correntes na parede, peças de borracha e troncos de madeira estimulam comportamentos naturais como fuçar e brincar, ajudando a criar laços com o grupo. Prática ajuda a evitar o estresse e os comportamentos a ele associados como o de ranger os dentes e a agressividade. Brinquedos também contribuem para evitar perdas de produtividade geradas por comportamentos agressivos.

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Elementos de enriquecimento ambiental como correntes na parede estimulam comportamentos naturais - Fotos: Osmar Dalla Costa

Pesquisadores, indústrias, produtores e organizações não governamentais têm investido na introdução de “brinquedos” nas instalações em que os suínos são criados para reduzir os efeitos do confinamento intensivo. “Brinquedo é como são chamados elementos colocados nas baias com a intenção de permitir que esses animais expressem comportamentos naturais, iguais aos que eles teriam se estivessem soltos na natureza”, explica o pesquisador Osmar Dalla Costa, da Embrapa Suínos e Aves.

A produção global de carne suína aumentou quatro vezes nos últimos 50 anos e deve se manter em alta até 2050 devido ao crescimento da população mundial e do consumo per capita em algumas regiões do planeta, como a Ásia. No entanto, esse aumento produtivo depende da superação de alguns desafios. Um deles é a necessidade de aperfeiçoamento das boas práticas de produção voltadas ao bem-estar animal. Propiciar as melhores condições de vida possíveis aos suínos é uma exigência cada vez mais comum entre consumidores de todo o mundo. Além disso, significa reduzir perdas econômicas. Animais estressados, em geral, diminuem sua capacidade de transformar ração em carne e oferecem uma matéria-prima de pior qualidade.

Investir em elementos de enriquecimento ambiental nas instalações em que são criados os suínos é uma espécie de segunda onda do bem-estar animal na suinocultura brasileira. A primeira onda teve início em meados dos anos 2000 e focou na melhoria das condições básicas disponibilizadas aos animais do nascimento ao abate – espaço adequado, temperatura, qualidade do ar, limpeza, transporte e tratamento humanitários.

Qualquer modificação que aumente o conforto do ambiente (como a diminuição no número de animais por baia ou a instalação de ventiladores) pode ser vista como uma ação de enriquecimento ambiental. Entretanto, na maior parte das vezes, o termo se refere ao acréscimo de objetos pendurados em algum ponto das instalações (como uma corrente colocada na divisória de uma baia) ou soltos no ambiente (como um pedaço de madeira livre no chão) que permitam ou estimulem os suínos a desenvolver comportamentos naturais, como fuçar, brincar e desenvolver laços de grupo.

De acordo com o gerente executivo de Sustentabilidade Agropecuária na Seara Alimentos, Vamiré Luiz Sens Júnior, os “brinquedos” visam principalmente quebrar a monotonia, que podem provocar comportamentos anormais por parte dos suínos. Por exemplo, quando os animais experienciam estados de estresse e frustração, exibem com frequência atitudes sem função aparente, como mastigar com a boca vazia, ranger os dentes, morder barras de ferro ou lamber o chão. Os suínos que vivem em ambientes enfadonhos também demonstram mais propensão a interações sociais negativas. “Esse tipo de comportamento traduz-se, na prática, em episódios de agressividade dentro das baias. É daí que vêm problemas como a caudofagia, que ocorre quando um ou mais animais na baia sofrem mordeduras e consequentes lesões na cauda”, explica Dalla Costa.

Regulamentação das boas práticas
A introdução de “brinquedos” para os suínos também é respaldada por uma regulamentação recente. A instrução normativa número 13 (IN 13), publicada pelo Ministério da Agricultura em dezembro de 2020, estabeleceu as boas práticas de manejo e bem-estar animal nas granjas de suínos de criação comercial. A norma prevê no seu capítulo sexto que “os suínos devem ter acesso a um ambiente enriquecido, para estimular as atividades de investigação e manipulação e reduzir o comportamento anormal e agressivo”. O mesmo capítulo recomenda que devem ser disponibilizados materiais para manipulação, como palha, feno, cordas, correntes, madeira, maravalha, borracha e plástico. Também são citados como itens de enriquecimento ambiental na IN 13 a oferta de estímulos sonoros, visuais e olfativos que aumentem o bem-estar dos suínos.

Práticas europeias adaptadas ao Brasil
É comum ouvir que os suínos são animais bem mais inteligentes do que parecem. Na verdade, os suínos são a quarta espécie mais inteligente do planeta (ficam atrás apenas dos humanos, chimpanzés e golfinhos). Além disso, eles são sociáveis, sensíveis e gostam de estar sempre em movimento ou brincando quando acordados. Essas características ajudam a entender porque esses animais têm problemas para viver dentro de ambientes enfadonhos e porque respondem bem a elementos que despertam a sua natural curiosidade. “É por isso que vale a pena estudar e investir no enriquecimento ambiental adaptado às condições brasileiras, especialmente no que diz respeito a encontrar os brinquedos mais eficazes para evitar a manifestação de comportamentos indesejados por parte dos animais”, enfatiza Dalla Costa.

As referências sobre a introdução de “brinquedos” para enriquecimento ambiental na suinocultura brasileira vêm, principalmente, de duas fontes. A primeira são os conceitos desenvolvidos e aplicados pela Comunidade Europeia, que acabam formando um entendimento mais ou menos homogêneo em todo o mundo sobre como devem ser as ações de enriquecimento ambiental. Essa fonte mais teórica recomenda que elementos de enriquecimento ambiental devem ser seguros (sem representar risco à saúde dos animais), investigáveis (passíveis de serem escavados com o focinho), manipuláveis (devem mudar de lugar, aspecto e estrutura), mastigáveis (podem ser mordidos) e comestíveis (de preferência, que possam ser comidos ou cheirados, com odor e sabor agradáveis).

Ainda segundo os conceitos da Comunidade Europeia, o “brinquedo” deve manter um interesse que se renova, ficar o mais próximo possível do piso, ser fornecido em quantidade que permita fácil acesso a todos os animais e ser apresentado limpo (suínos perdem logo o interesse em materiais sujos com fezes, por exemplo). Os europeus sugerem também categorias relacionadas às características listadas acima. Elementos “ótimos” atendem a todos os requisitos. Ou seja, são seguros, manipuláveis, comestíveis e mantêm o interesse ao longo do tempo. Elementos “subótimos” contemplam a maioria das características desejáveis. Por fim, os elementos de “interesse marginal” distraem os suínos, só que não satisfazem muitos dos requisitos essenciais.

A segunda fonte que orienta a introdução de brinquedos são estudos feitos por pesquisadores brasileiros (da Embrapa Suínos e Aves, universidades, empresas privadas, consultorias) e experimentos práticos aplicados por agroindústrias e produtores. Essa segunda fonte se complementa com a primeira e concede à suinocultura brasileira condições de adaptar, ao contexto local, o que o mundo entende por enriquecimento ambiental para suínos. Além disso, desenvolve a capacidade de ditar o ritmo da mudança, fazendo com que as melhorias voltadas ao bem-estar dos animais também levem em consideração dimensões econômicas, sociais, ambientais e culturais da suinocultura nacional.

Um elemento para cada fase
Com base, então, nos conceitos e práticas mais reconhecidos no Brasil, é possível perceber que os “brinquedos” usados aqui para suínos são divididos em três tipos. Para matrizes suínas alojadas em grupos, há poucas indicações sobre o fornecimento de elementos que realmente tenham efeito positivo sobre o bem-estar. A maior certeza gira em torno da oferta de palha como substrato para matrizes gestantes. A palha já demonstrou ser capaz de proporcionar conforto físico durante o descanso e conforto térmico sob baixas temperaturas, além de reduzir comportamentos estereotipados. Estudos também comprovaram que a palha utilizada como cama na habitação em grupo pode diminuir lesões nas patas e aumentar a longevidade da matriz.

No caso de leitões lactentes e na creche, os brinquedos cumprem um papel imediato e outro futuro. De imediato, leitões que interagem com brinquedos (como palha dentro de um balde pendurado ou cordas de ráfia espalhadas pelas instalações) apresentam maiores níveis de comportamento lúdico e redução no comportamento agressivo. Além disso, no período pós-desmame, há evidências de que leitões mantidos em um ambiente enriquecido apresentarão melhor desempenho cognitivo do que suínos que não passaram por essa experiência. Para suínos nas fases de crescimento e terminação, brinquedos como correntes metálicas penduradas em alguns pontos da baia ou pedaços de madeira ajudam a reduzir a agressividade. Outro benefício observado é o fato de que suínos que possuem experiência prévia com elementos de enriquecimento ambiental se mostram menos reativos ao manejo pré-abate.

Independentemente do tipo de suíno ou “brinquedo”, um dos grandes desafios na aplicação do enriquecimento ambiental é fazer com que o elemento introduzido nas instalações não deixe de atrair a atenção dos suínos ao longo do tempo. Fazer uma rotação entre brinquedos, alterar a aparência ou propriedades dos elementos e fornecer recompensas ingeríveis em um esquema variável de reforço são medidas que ajudarão a manter um nível de resposta dos animais e a diminuir a taxa de habituação. Brinquedos fixos e suspensos mostram-se mais interessantes com o passar dos meses, ao passo que objetos colocados livres no chão perdem seu potencial de atratividade rapidamente ao se tornarem sujos.

Materiais vão de correntes a bolas
Segundo um estudo publicado no capítulo 12 do livro “Suinocultura: uma saúde e um bem-estar”, publicado em 2020 pelo Ministério da Agricultura, os principais elementos usados como “brinquedos” no Brasil são correntes metálicas (69,3%), galões de plásticos (44,5%) e pedaços de madeira (26,1%). Também são usados pneus (17,7%), terra (12,5%), tubos de PVC (11,6%), grama/capim (9,2%), música (6,9%), pedras (6,6%), cordas de plástico (4,1%) e mangueiras de plástico (3,6%). Foram citados ainda outros materiais em escala bem menor, como garrafas plásticas, tapetes, botas de borracha, galhos, sacos de ráfia e sal.

O uso preponderante de correntes metálicas confirma algo que já era feito há muito tempo, de forma empírica, por suinocultores no País. Apesar de grande parte dos pesquisadores ainda não ver no uso desse brinquedo vantagens importantes para a melhoria do bem-estar animal, dados recentes sugerem que as correntes metálicas, quando empregadas corretamente, podem proporcionar resultados positivos.

Quanto custa instalar “brinquedos”?
Quase todos os interessados em bem-estar animal, quando pensam em introduzir “brinquedos” para suínos, tentam primeiro dimensionar quanto custarão as mudanças. Afinal de contas, ações de enriquecimento ambiental representam custo extra ou oportunidade de ganho? O pesquisador ressalta que as ações de enriquecimento ambiental (especialmente a introdução de brinquedos) funcionam preferencialmente em ambientes que estão sofrendo perdas por problemas gerados pelo confinamento intensivo. Um estudo de 2016 feito na União Europeia mostrou que os custos associados a mordidas de cauda e orelhas atingiram 18,96 euros por animal agredido, o que equivale atualmente a, aproximadamente, 95 reais. Essa perda compromete em até 43% o lucro por animal afetado.

Além disso, o ganho de peso diário em suínos em crescimento com mordida de cauda pode ser reduzido entre 1% a 3%. Esses dados significam que cada animal afetado por problemas de confinamento intensivo representa uma oportunidade de redução de perdas econômicas. Por outro lado, medidas de enriquecimento ambiental, sem dúvida, não saem de graça. Por exemplo, o programa “Heart Pig”, que aplica várias medidas de bem-estar animal na Dinamarca, apresenta custos de produção 7,9% maiores que os da produção convencional naquele país. Porém, experiências no Brasil ensinam que a introdução de brinquedos nas instalações não representa o maior investimento das propriedades que passaram a investir em enriquecimento ambiental. Na verdade, o que mais custa é o investimento em tempo de trabalho para gerenciar o esforço extra representado pela manutenção dos elementos de enriquecimento, o monitoramento mais próximo do comportamento dos suínos e o treinamento da equipe em boas práticas de produção com foco no bem-estar animal.

Empresas e produtores buscam protocolo

As experiências práticas com o uso de “brinquedos” para melhorar o bem-estar dos suínos em granjas comerciais têm focado, principalmente, na validação de protocolos de enriquecimento ambiental. As práticas que estão sendo testadas neste momento possuem um pé na prevenção e outro na solução de estereotipias. Ou seja, por um lado, a ideia é oferecer aos suínos, de acordo com cada fase de produção, elementos que diminuam os desafios do confinamento intensivo (monotonia, estresse, frustração, impossibilidade de expressar comportamentos naturais) e, por outro, estabelecer ações corretivas quando problemas como a caudofagia se instalam no rebanho.

Apesar de nenhum dos protocolos testados apresentar até agora resultados definitivos, a sensação é de que os primeiros passos na adoção de um enriquecimento ambiental mais efetivo na suinocultura brasileira seguem para a direção correta. “Temos visto problemas menores nas baias com o uso de correntes. Quando bem manejadas, elas ajudam a manter os suínos mais calmos”, garante Valdecir Folador, produtor de suínos da região de Barão do Cotegipe, no Rio Grande do Sul, e presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (ACSURS). Segundo ele, os “brinquedos” fazem parte de um contexto mais amplo de investimentos no bem-estar animal. “Não é somente colocar algo na baia e deixar lá. Tem todo o ambiente, a ração e uma série de outras coisas que evoluíram muito.”

A BRF, uma das maiores agroindústrias do País, divulgou em seu jornal BRF Rural, que “a prática de enriquecimento vem demonstrando redução nas condutas negativas, tipo cansaço, briga e inércia”. A empresa já assumiu o compromisso público de implantar o seu protocolo de enriquecimento ambiental (que inclui os “brinquedos”) em todas as granjas dos produtores associados até 2025. O que a BRF e outras empresas têm aprendido é que os protocolos de enriquecimento ambiental precisam também estar atentos à dinâmica da produção de suínos. Não basta apenas definir qual elemento colocar dentro das instalações, qual custo ele agrega e que tipo de manejo exige. É necessário descrever também como ele será apresentado (altura, forma, material), como será distribuído (suspenso, perto de comedouros, quantidade) e como será mantido (manutenção, substituição).

Outra questão importante é o treinamento de quem vai aplicar o protocolo. O produtor ou colaborador deve possuir alguns conhecimentos sobre o comportamento específico da espécie. Suínos são onívoros e passam muito tempo explorando o ambiente à procura de alimento quando estão soltos na natureza. Eles também são curiosos e apresentam um vasto reportório comportamental, que vai desde cheirar e lamber até fuçar e mastigar objetos. Quem vive o dia a dia da granja deve ser treinado sobre como, diariamente, diferenciar o que é normal e o que não é no comportamento dos suínos confinados. “O produtor ou colaborador deve entender também que a presença dele dentro das instalações, observando e interpretando o que vê, é fundamental para que os protocolos de enriquecimento ambiental funcionem”, alerta Dalla Costa.

Fonte: Assessoria Embrapa Suínos e Aves

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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade

Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.

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Fotos: Divulgação/Agroceres Multimix

Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix

Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.

Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.

As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.

A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.

Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.

De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.

O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.

Diagnóstico

Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.

A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:

  • Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
  • Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
  • Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
  • Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.

A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.

Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.

A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.

A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.

A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.

Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.

As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural com Lucas Avelino Rezende
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Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade

Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.

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Foto: Shutterstock

Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.

Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis ​​esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.

Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.

Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.

O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.

Comunicação e conscientização

Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.

O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.

Compromisso do setor

Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,

Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.

A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Tenha uma boa leitura!

Fonte: O Presente Rural
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Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela

Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.

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Foto: Divulgação/Sistema Faep

Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.

Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.

“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.

Exportações

Foto: Claudio Neves

Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.

Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.

Perspectivas

Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.

Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.

Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.

Segurança do trabalho

Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.

Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.

Fonte: Assessoria Sistema Faep
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