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Produtores mineiros se preparam para participar da ExpoQueijo Brasil 2023
Evento reunirá representantes de todas as 15 regiões produtoras em agosto, na cidade de Araxá.

O produtor rural Nélio Roberto Amâncio de Ávila decidiu há três anos construir uma queijaria em sua fazenda, no município de Ibiá, na região do Alto Paranaíba. Ele pretende manter uma tradição que começou na Ilha do Pico, em Portugal, onde familiares já produziam queijo, antes de virem para o Brasil. “Minha família sempre fez queijo. Fomos criados eu e meus seis irmãos dentro da queijeira. Meu pai vendia sua própria produção e a de parentes no estado de São Paulo. Minha mãe ajudava na fabricação dos queijos diariamente e tinha freguesia semanal em cidades vizinhas”, conta.
A receita de família não mudou, mas o jeito de produzir teve que se adequar às novas exigências. Para concluir todas as etapas do processo, Nélio contou com a assistência técnica da Emater-MG e agora sonha em conquistar o Selo Arte, que é concedido pelo Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) e permite a venda de produtos alimentícios artesanais para outros estados. “Minha meta é que o selo saia antes da ExpoQueijo para que eu possa participar e ganhar pelo menos dois prêmios. Gosto muito de fazer queijo, é como uma terapia. Perceber que os consumidores degustam o queijo e elogiam, isto não tem preço, é objetivo alcançado”, diz.
Assim como Nélio Roberto, centenas de produtores mineiros estão se preparando para a competição internacional, que será realizada em Araxá entre os dias 24 e 27 de agosto. Muitos deles contam com o apoio de órgãos vinculados à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento do Governo de Minas Gerais. O trabalho desenvolvido pela Emater-MG com os produtores de queijos abrange aspectos estruturais (adequações de currais, sala de ordenha, queijarias); cuidados sanitários com o rebanho (vacinações, exames, medicações); aplicação e implementação de boas práticas agropecuárias e de boas práticas de fabricação; cuidados com a saúde do produtor e também com a água utilizada na produção.
Fatores como bem-estar animal, segurança do trabalhador/produtor e preservação e sustentabilidade do meio ambiente também são levados em conta e, segundo a extensionista agropecuária, Silvia de Lima Passos, fazem toda a diferença para quem deseja um destaque na ExpoQueijo. “Para que um produtor de queijos artesanais participe da Expoqueijo ele deverá ter sua produção regularizada junto a um órgão competente, podendo ser municipal, estadual ou federal. Isso é uma premissa da organização do evento. Dessa forma, organização e planejamento são essenciais, uma vez que a regularização e preparação dos queijos envolve uma série de ações”, ressalta.
Valorização
O queijo artesanal desempenha um papel histórico e crucial como fonte de renda e sustento para famílias mineiras. Além de sua importância econômica, ele representa uma rica herança cultural, tradições familiares e identidade regional. Cada produtor de queijo artesanal imprime sua dedicação e amor em cada peça, tornando-a uma expressão autêntica e especial.
Atualmente, Minas Gerais soma 15 regiões produtoras de queijos artesanais formalmente reconhecidos. Representantes de todo o estado estarão expondo ou concorrendo na ExpoQueijo Brasil – 2023. De acordo com o diretor-presidente da Emater-MG, Otávio Maia, a maior participação dos produtores mineiros no evento contribui para a projeção do Queijo Minas Artesanal. “Participar de um evento de magnitude tão significativa é uma forma de garantir visibilidade e reconhecimento do trabalho do produtor de queijo. A Emater-MG ao longo de décadas sempre trabalhou para melhorar a qualidade do Queijo Minas Artesanal em todas as regiões produtoras do estado, tendo como premissa, a preservação do modo de fazer passado de geração para geração”, destacou.
O produtor rural Alexandre Honorato participou das duas edições do evento. Foi medalha de ouro com um queijo meia cura em 2022 e medalha de prata com um queijo branco e bronze com um queijo resinado amarelo na primeira edição do evento. “Vamos participar agora pela terceira vez levando o nosso melhor. A ExpoQueijo é um evento grandioso que destaca os produtores. Isso é muito valioso para o produtor. Mesmo que ele não ganhe, ele tem a oportunidade de entrar em um concurso de altíssima qualidade e isso já é uma conquista. Impossível sair da exposição sem adquirir conhecimento. A oportunidade de trocar experiências, de conhecer mais do universo do queijo, através de palestras, cursos, já enriquece o trabalho”, destaca.
Inscrições
As inscrições para o concurso internacional da ExpoQueijo Brasil 2023 – Araxá International Cheese Awards serão realizadas no período de 01/07 a 28/07, por meio de uma ficha de inscrição, que estará disponível no site www.expoqueijobrasil.com.br . Neste ano a competição tem a curadoria do Instituto de Laticínios Cândido Tostes (Epamig ILCT), vinculado à Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig). “O concurso contemplará em torno de 50 categorias de queijos de leite de vaca, cabra, ovelha, búfala, bem como a mistura de espécies. Serão avaliados queijos fabricados no Brasil e de diversos países. Neste ano, a ExpoQueijo Brasil vai envolver 2 mil produtores e impactar cerca de 300 mil pessoas”, adianta a organizadora do evento”, Maricell Hussein.
Além do Concurso Internacional, uma Feira Internacional de Negócios, com cem estandes, valoriza o consumo de produtos da agricultura familiar. O Fórum Internacional de Produtos da Agricultura Familiar desenvolve uma agenda de palestras, conferências e mesas de debate sobre inovações, métodos e práticas para melhorar a qualidade e agregar valor comercial ao queijo artesanal regularizado, entre outros produtos da gastronomia rural. A vila gastronômica e cultural promove uma experiência sensorial na degustação de queijos artesanais harmonizados com outras iguarias da culinária regional. Uma celebração dos sabores e da cultura, com música ao vivo, mostras e exposições.
ExpoQueijo Brasil
Principal evento do segmento no país, a ExpoQueijo Brasil 2023 – Araxá International Cheese Awards tem reconhecimento e participação dos principais países produtores, atraindo a atenção da comunidade internacional, de especialistas e da imprensa. O encontro conta com uma grande estrutura montada no pátio principal e nos luxuosos salões do Grande Hotel e Termas de Araxá, patrimônio cultural e histórico de Minas Gerais.
Neste ano, a ExpoQueijo será realizada entre os dias 24 e 27 de agosto com impacto nas áreas de turismo, varejo, agropecuária, logística, indústria alimentícia e de suprimentos e relações internacionais.
O evento é realizado pela Bonare Eventos, em parceria com associações de produtores de queijos e apoio de todas as instituições de fomento do agronegócio, com destaque para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, por meio da Superintendência Federal de Agricultura MG, para o Governo de Minas, por meio da Seapa e de suas vinculadas, a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig), Instituto de Laticínios Cândido Tostes (ILCT) e o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), ainda o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Sistema Ocemg e Prefeitura de Araxá.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.




