Avicultura
Produtores de ovos investem em fábricas de rações próprias, mas riscos começam já na chegada da matéria-prima
Estimativas dão conta de que quase 80% do investimento financeiro para a produção é utilizado para o pagamento da ração que elas consomem. Desta maneira, produzir a própria ração pode ser uma aposta positiva para os avicultores.

Produzir com excelência, diminuindo os gastos e maximizando a produção e o lucro. Esse objetivo é constante na vida daqueles que escolheram o setor da avicultura de postura para trabalhar e empreender. Entretanto, essa tarefa não é tão simples, por isso os produtores estão cada vez mais atentos às novas possibilidades que surgem no mercado. Uma alternativa para diminuir os custos e ter qualidade refinada no processo produtivo de ovos é produzir a própria ração que as aves vão consumir. Estimativas dão conta de que quase 80% do investimento financeiro para a produção é utilizado para o pagamento da ração que elas consomem. Desta maneira, produzir a própria ração pode ser uma aposta positiva para os avicultores.

Gerente de processos industriais da Polinutri, Flávio Andrade de Queiroz Guimarães – Foto: Arquivo Pessoal
É claro que produzir ração pode ser uma tarefa bastante vantajosa economicamente, entretanto, é necessário que os produtores tenham atenção com relação às normas exigidas pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e aos aspectos técnicos que garantam a qualidade e a produtividade, como explica o gerente de processos industriais da Polinutri, Flávio Andrade de Queiroz Guimarães. “O Mapa traz as diretrizes para a produção e a Embrapa está sempre auxiliando com novas práticas de manejo. É preciso que os produtores fiquem atentos para produzir uma ração que vai suprir as necessidades nutricionais dos animais e que esteja dentro dos parâmetros exigidos pelos órgãos competentes”, expõe.
O engenheiro explica que atualmente muitos produtores de ovos estão investindo na produção própria de ração. “Meu trabalho é prestar consultoria em processos industriais aos produtores para que eles produzam a própria ração com a qualidade, produtividade e fidelidade à formulação prescrita pela área de nutrição”, enaltece.
Considerando que os fretes se tornaram componentes importantes na formação de custos das matérias-primas, é fundamental que os produtores procurem utilizar insumos disponíveis a preços mais competitivos na sua região de atuação a cada momento do ano para se manterem competitivos. É importante “elaboramos as fórmulas ideais para cada animal, em cada fase de seu ciclo de vida, considerando o custo e a matriz nutricional de cada ingrediente disponível. O balanceamento final das rações é complementado por um mix de ingredientes de menor inclusão (vitaminas, aminoácidos, minerais, energéticos, proteínas, etc.), que podem ser classificados como Premix, Núcleos ou Concentrados”, esclarece.
Pontos de atenção
Quando o objetivo é ter uma ração de qualidade, o engenheiro de produção enumera três pontos fundamentais. “Em primeiro lugar precisamos trabalhar com a parte nutricional, buscando uma formulação que atenda às necessidades nutricionais daquela espécie que a ração está sendo produzida. Em segundo é imprescindível que tenhamos uma matéria-prima de qualidade. O terceiro ponto é a importância do controle do processo de fabricação. A fábrica precisa ser capaz de produzir fielmente aquilo que foi especificado na formulação, quantas vezes for necessário, utilizando as matérias-primas disponíveis”, declara.
De acordo com o engenheiro de produção, o controle das matérias-primas é um dos aspectos mais importantes, desde a especificação na hora da compra – o Mapa prevê normativas específicas para esta finalidade. “A conferência da carga quanto ao peso recebido x comprado”, pesado em balança, dentro da própria propriedade, a conferência de umidade e a classificação dos grãos e o monitoramento de farinhas e farelos por laboratórios parceiros são fundamentais para não ocorrer possíveis desvios. Porque desvios de volume de cargas ou qualidade de ingredientes podem causar prejuízos financeiros e nutricionais insuportáveis à atividade de produção de proteína animal”, menciona.
Outro apontamento necessário é com relação aos principais contaminantes. “Em MPs podemos citar para os grãos, os insetos, fungos (e micotoxinas), impurezas, sementes. Para as farinhas e farelos, os principais contaminantes são as bactérias (salmonela). É preciso que as fábricas tenham planos de controle para evitar ao máximo a entrada e proliferação destes contaminantes”, adverte.
Essa demanda de produção está em alta e, por isso, no Congresso de Ovos da APA, realizado em meados de março, o engenheiro de produção, Flávio Andrade de Queiroz Guimarães, proferiu uma palestra na qual explanou sobre os pontos críticos nas fábricas de rações. De acordo com o palestrante, os apontamentos dele são conclusões de experiências na vivência de visitação de inúmeras fábricas pelo Brasil. “Em média, eu visito 50 fábricas por ano. Posso afirmar que alguns dos pontos mais críticos nas fábricas estão relacionados já com a matéria-prima utilizada. Os problemas podem iniciar na especificação incompleta de compra, passando pelo recebimento, quando não é realizado uma boa conferência da qualidade e peso. Há de considerar também a qualidade da pré-limpeza e da armazenagem. Todos estes processos são importantes e necessitam cuidados especiais.
Em seguida, no momento da fabricação, os processos de moagem, dosagem e mistura têm regras e detalhes importantes que devem ser observados para que a formulação prescrita pela área de nutrição seja fielmente reproduzida e entregue aos animais de forma balanceada, homogênea e a custo competitivo” pontua Flávio.
As contaminações cruzadas também são frequentes entre diferentes matérias-primas. “Elas ocorrem quando os equipamentos de transporte (roscas transportadoras, elevadores, redlers, tubulações, comportas, etc.) são os mesmos para várias matérias-primas, quando não são do tipo ‘auto-limpantes’ ou ainda por erros operacionais e falta de estanqueidade de comportas. Também existem casos de contaminações cruzadas de produtos finais por razões similares”, informa o profissional.
Ainda de acordo com Flavio, outros pontos que merecem atenção especial são o projeto e dimensionamento dos equipamentos que vão compor o processo fabril e a correta manutenção dos equipamentos e o controle dos parâmetros de processo. “Quando almejamos uma ração de qualidade todas estas etapas são importantes e merecem atenção especial por parte daqueles que estão manipulando e também supervisionando a produção”, evidencia.
Fábrica de excelência
Para produzir uma ração de qualidade é necessário também uma fábrica que busque a excelência. De acordo com Flávio, para que isso ocorra é essencial que a equipe seja bem treinada. “A fábrica de excelência precisa de trabalhadores muito bem treinados, que tenham responsabilidades bem definidas, que sejam cumpridores de normas e procedimentos e que possuam equipamentos com qualidade e eficiência compatíveis com o produto final que desejam”, explicita.
Flavio explica que o funcionamento do diagnóstico e o controle de eventuais problemas na produção de rações é sempre benéfico aos produtores. “Conseguimos identificar várias oportunidades de melhorias em termos de qualidade e produtividade eliminando riscos e maximizando resultados. Esse trabalho é sempre contínuo, pois sempre é possível e necessário melhorar os processos”, aponta
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Avicultura
Com 33 anos de atuação, Sindiavipar reforça protagonismo do Paraná na produção de frango
Trabalho conjunto com setor produtivo e instituições públicas sustenta avanços em biosseguridade, rastreabilidade e competitividade.

O Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar) celebra, nesta quarta-feira (19), 33 anos de atuação em defesa da avicultura paranaense. Desde sua fundação, em 1992, a entidade reúne e representa as principais indústrias do setor com objetivo de articular políticas, promover o desenvolvimento sustentável e fortalecer uma cadeia produtiva que alimenta milhões de pessoas dentro e fora do Brasil.

Foto: Shutterstock
Ao longo dessas mais de três décadas, o Sindiavipar consolidou seu papel como uma das entidades mais relevantes do país quando o assunto é sanidade avícola, biosseguridade e competitividade internacional. Com atuação estratégica junto ao poder público, entidades setoriais, instituições de pesquisa e organismos internacionais, o Sindiavipar contribui para que o Paraná seja reconhecido pela excelência na produção de carne de frango de qualidade, de maneira sustentável, com rastreabilidade, bem-estar-animal e rigor sanitário.
O Estado é referência para que as exportações brasileiras se destaquem no mercado global, e garantir abastecimento seguro a diversos mercados e desta forma contribui significativamente na segurança alimentar global. Esse desempenho se sustenta pelo excelente trabalho que as indústrias avícolas do estado executam quer seja através investimentos constantes ou com ações contínuas de prevenção, fiscalização, capacitação técnica e por uma avicultura integrada, inovadora, tecnológica, eficiente e moderna.

Foto: Shutterstock
Nos últimos anos, o Sindiavipar ampliou sua agenda estratégica para temas como inovação, sustentabilidade, educação sanitária e diálogo com a sociedade. A realização do Alimenta 2025, congresso multiproteína que reuniu autoridades, especialistas e os principais players da cadeia de proteína animal, reforçou a importância do debate sobre biosseguridade, bem-estar-animal, tecnologias, sustentabilidade, competitividade e mercados globais, posicionando o Paraná no centro das discussões sobre o futuro da produção de alimentos no país.
Os 33 anos do Sindiavipar representam a trajetória de um setor que cresceu com responsabilidade, pautado pela confiança e pelo compromisso de entregar alimentos de qualidade. Uma história construída pela união entre empresas, colaboradores, produtores, lideranças e parceiros que acreditam no potencial da avicultura paranaense.
O Sindiavipar segue atuando para garantir um setor forte, inovador e preparado para os desafios de um mundo que exige segurança, eficiência e sustentabilidade na produção de alimentos.
Avicultura
União Europeia reabre pre-listing e libera avanço das exportações de aves e ovos do Brasil
Com o restabelecimento do sistema de habilitação por indicação, frigoríficos que atenderem às exigências sanitárias poderão exportar de forma mais ágil, retomando um mercado fechado desde 2018.

A União Europeia confirmou ao governo brasileiro, por meio de carta oficial, o retorno do sistema de habilitação por indicação da autoridade sanitária nacional, o chamado pre-listing, para estabelecimentos exportadores de carne de aves e ovos do Brasil. “Uma grande notícia é a retomada do pré-listing para a União Europeia. Esse mercado espetacular, remunerador para o frango e para os ovos brasileiros estava fechado desde 2018. Portanto, sete anos com o Brasil fora”, destacou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.

Foto: Freepik
Com a decisão, os estabelecimentos que atenderem aos requisitos sanitários exigidos pela União Europeia poderão ser indicados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e, uma vez comunicados ao bloco europeu, ficam aptos a exportar. No modelo de pre-listing, o Mapa atesta e encaminha a lista de plantas que cumprem as normas da UE, sem necessidade de avaliação caso a caso pelas autoridades europeias, o que torna o processo de habilitação mais ágil e previsível. “Trabalhamos três anos na reabertura e, finalmente, oficialmente, o mercado está reaberto. Todas as agroindústrias brasileiras que produzem ovos e frangos e que cumprirem os pré-requisitos sanitários podem vender para a Comunidade Europeia”, completou.
A confirmação oficial do mecanismo é resultado de uma agenda de trabalho contínua com a Comissão Europeia ao longo do ano. Em 2 de outubro, missão do Mapa a Bruxelas, liderada pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luís Rua, levou à União Europeia um conjunto de pedidos prioritários, entre eles o restabelecimento do pre-listing para proteína animal, o avanço nas tratativas para o retorno dos pescados e o reconhecimento da regionalização de enfermidades.
Na sequência, em 23 de outubro, reunião de alto nível em São Paulo entre o secretário Luís Rua e o comissário europeu para Agricultura, Christophe Hansen, consolidou entendimentos na pauta sanitária bilateral e registrou o retorno do sistema de pre-listing para estabelecimentos brasileiros habilitados a exportar carne de aves, o que agora se concretiza com o recebimento da carta oficial e permite o início dos procedimentos de habilitação por parte do Mapa. O encontro também encaminhou o avanço para pre-listing para ovos e o agendamento da auditoria europeia do sistema de pescados.

Foto: Ari Dias
Na ocasião, as partes acordaram ainda a retomada de um mecanismo permanente de alto nível para tratar de temas sanitários e regulatórios, com nova reunião prevista para o primeiro trimestre de 2026. O objetivo é assegurar previsibilidade, transparência e continuidade ao diálogo, reduzindo entraves técnicos e favorecendo o fluxo de comércio de produtos agropecuários entre o Brasil e a União Europeia.
Com o pre-listing restabelecido para carne de aves e ovos, o Brasil reforça o papel de seus serviços oficiais de inspeção como referência na garantia da segurança dos alimentos e no atendimento às exigências do mercado europeu, ao mesmo tempo em que avança em uma agenda de facilitação de comércio baseada em critérios técnicos e cooperação regulatória.
Avicultura
Exportações gaúchas de aves avançam e reforçam confiança do mercado global
Desempenho positivo em outubro, expansão da receita e sinais de estabilidade sanitária fortalecem o posicionamento do estado no mercado externo.

O setor agroindustrial avícola do Rio Grande do Sul mantém um ritmo consistente de recuperação nas exportações de carne de frango, tanto processada quanto in natura. Em outubro, o estado registrou alta de 8,8% no volume embarcado em relação ao mesmo mês do ano passado. Foram 60,9 mil toneladas exportadas, um acréscimo de 4,9 mil toneladas frente às 56 mil toneladas enviadas em outubro de 2023.
A receita também avançou: o mês fechou com US$ 108,9 milhões, crescimento de 5% na comparação anual.
No acumulado de janeiro a outubro, entretanto, o desempenho ainda reflete os impactos do início do ano. Os volumes totais apresentam retração de 1%, enquanto a receita caiu 1,8% frente ao mesmo período de 2024, conforme quadro abaixo:

O rápido retorno das exportações de carne de aves do Rio Grande do Sul para mercados relevantes, confirma que, tanto o estado quanto o restante do país permanecem livres das doenças que geram restrições internacionais.
Inclusive, o reconhecimento por parte da Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA) e muitos outros mercados demonstram a importância do reconhecimento da avicultura do Rio Grande do Sul por parte da China, ainda pendente. “Estamos avançando de forma consistente e, em breve, estaremos plenamente aptos a retomar nossas exportações na totalidade de mercados. Nossas indústrias, altamente capacitadas e equipadas, estão preparadas para atender às demandas de todos os mercados, considerando suas especificidades quanto a volumes e tipos de produtos avícolas”, afirmou José Eduardo dos Santos, Presidente Executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul (Asgav/Sipargs).
Indústria e produção de ovos
O setor da indústria e produção de ovos ainda registra recuo nos volumes exportados de -5,9% nos dez meses de 2025 em relação ao mesmo período de 2024, ou seja, -317 toneladas. Porém, na receita acumulada o crescimento foi de 39,2%, atingindo um total de US$ 19 milhões de dólares de janeiro a outubro deste ano.
A receita aumentou 49,5% em outubro comparada a outubro de 2024, atingindo neste mês a cifra de US$ 2.9 milhões de dólares de faturamento. “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”, pontua Santos.

Exportações brasileiras
As exportações brasileiras de carne de frango registraram em outubro o segundo melhor resultado mensal da história do setor, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Ao todo, foram exportadas 501,3 mil toneladas de carne no mês, saldo que superou em 8,2% o volume embarcado no mesmo período do ano passado, com 463,5 mil toneladas.

Presidente Eeecutivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos: “A indústria e produção de ovos do Rio Grande do Sul está cada vez mais presente no mercado externo, o atendimento contínuo aos mais diversos mercados e o compromisso com qualidade, evidenciam nosso potencial de produção e exportação”
Com isso, as exportações de carne de frango no ano (volume acumulado entre janeiro e outubro) chegaram a 4,378 milhões de toneladas, saldo apenas 0,1% menor em relação ao total registrado no mesmo período do ano passado, com 4,380 milhões de toneladas.
A receita das exportações de outubro chegaram a US$ 865,4 milhões, volume 4,3% menor em relação ao décimo mês de 2024, com US$ 904,4 milhões. No ano (janeiro a outubro), o total chega a US$ 8,031 bilhões, resultado 1,8% menor em relação ao ano anterior, com US$ 8,177 bilhões.
Já as exportações brasileiras de ovos (considerando todos os produtos, entre in natura e processados) totalizaram 2.366 toneladas em outubro, informa a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). O número supera em 13,6% o total exportado no mesmo período do ano passado, com 2.083 toneladas.
Em receita, houve incremento de 43,4%, com US$ 6,051 milhões em outubro deste ano, contra US$ 4,219 milhões no mesmo período do ano passado. No ano, a alta acumulada chega a 151,2%, com 36.745 toneladas entre janeiro e outubro deste ano contra 14.626 toneladas no mesmo período do ano passado. Em receita, houve incremento de 180,2%, com US$ 86,883 milhões nos dez primeiros meses deste ano, contra US$ 31,012 milhões no mesmo período do ano passado.




