Notícias No Rio Grande do Sul
Produtor tem queda de 19% na produção de leite e de 32% na comercialização mensal
Levantamento realizado com produtores atendidos pela SIA mostra que mesmo com o valor do litro em alta, os custos não cobrem margem para lucro.
Um levantamento realizado pela equipe de consultores do Serviço de Inteligência em Agronegócios (SIA), com base em dados de 350 produtores atendidos no Rio Grande do Sul, mostra que a produção diária de leite nestas propriedades teve uma redução de 19%, ou seja, de 17 para 13 litros diários por vaca. O reflexo também foi sentido na média de comercialização mensal do produto, que teve queda de 32%, passando de 12,47 mil litros por mês para 8,47 mil litros por mês na comparação com o ano de 2021.
Segundo o engenheiro agrônomo Armindo Barth Neto, gerente Técnico da SIA, os aumentos dos preços das rações assim como os custos de produção de milho e pastagens nas propriedades subiram fortemente devido à alta dos preços dos insumos, como os fertilizantes, onde a elevação chegou a mais de 100% entre 2021 e 2022. Todo este cenário afetou os produtores principalmente com perda de competitividade, ou seja, menor margem de lucro pelo aumento dos custos de produção, e redução na receita total, já que a estiagem afetou a produção leiteira.
O especialista lembra que a indústria de laticínios vem tentando compensar essa baixa na produção aumentando o valor do litro do leite pago ao produtor. Nestes produtores atendidos pela SIA, o valor médio pago pelo litro do leite no segundo trimestre de 2022 foi de R$ 2,33, um aumento de 20% em relação ao mesmo período de 2021. No entanto, esse aumento foi insuficiente, comparando todo o aumento de custos de produção e a queda na produção total de leite no período. Desta forma, Barth Neto sinaliza que as condições desfavoráveis de produção e a queda no faturamento e na renda acabam por desestimular os produtores, que passam a não investir em tecnologia, refletindo na redução de produção e oferta de leite no mercado. “Muitos produtores espremidos pelas margens e pouca escala (pequenas propriedades), acabam abandonando a atividade”, afirma.
Conforme ressalta o gerente técnico da SIA, no acumulado do último ano os aumentos no custo de produção do leite chegaram a bater a casa dos 28%, valor expressivo se comparado à inflação geral que, ao longo do mesmo período, soma 11,89% de elevação (IPCA). “Essa alteração no valor pago pelo consumidor no litro do leite em 2022 é resultante da combinação de fatores que vão além da entressafra – que naturalmente resulta na elevação do preço de produtos lácteos – período compreendido entre outono e inverno”, ressalta.
Barth Neto coloca, ainda, que a escassez de chuvas no Rio Grande do Sul, registrada entre novembro de 2021 e março de 2022, prejudicou a produção de alimentos para as vacas leiteiras, como soja e milho, principais ingredientes das rações, e também a produção de milho silagem e pastagens, principais fontes de alimento volumoso para os animais. Segundo estimativa realizada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de milho no Estado teve uma redução de cerca de 32% em comparação ao ano anterior. No entanto, na média nacional, a produção aumentou aproximadamente 33%. Já para a soja, o volume total produzido foi 50% menor que na safra 2020/2021, enquanto na média nacional a queda foi de 11%.
O gerente técnico da SIA finaliza afirmando que tudo isso resulta em menos leite disponível no mercado. “Muitas indústrias têm reduzido as suas jornadas de trabalho ou paralisado setores dentro das fábricas. O pouco leite no mercado e a alta concorrência pelo produto, acabam aumentando o preço para o consumidor final. Uma crise como esta, não é boa para ninguém, todos os elos da cadeia são afetados, produtores, indústria e consumidores”, alerta.
Notícias
IPPA registra alta de 5,5% em outubro de 2024, porém acumula queda de 2,5% no ano
Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%).
O Índice de Preços ao Produtor de Grupos de Produtos Agropecuários (IPPA/CEPEA) subiu 5,5% em outubro, influenciado pelos avanços em todos os grupos de produtos: de 1,9% para o IPPA-Grãos; de fortes 10,7% para o IPPA-Pecuária; de expressivos 10,4% para o IPPA-Hortifrutícolas; e de 0,5% para o IPPA-Cana-Café.
No mesmo período, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresentou alta de 1,5%, demonstrando que, de setembro para outubro, os preços agropecuários mantiveram-se em elevação frente aos industriais da economia brasileira.
No cenário internacional, o índice de preços calculado pelo FMI subiu 1,4% quando convertido para Reais, acompanhando a valorização da taxa de câmbio oficial divulgada pelo Bacen. Isso indica um comportamento relativamente estável dos preços internacionais dos alimentos.
No acumulado de 2024, o IPPA/CEPEA registra queda de 2,5%. Entre os grupos de alimentos, houve retrações no IPPA-Grãos (-8,3%) e no IPPA-Pecuária (-2,7%), enquanto o IPPA-Hortifrutícolas avançou 34,6% e o IPPA-Cana-Café cresceu 7%.
Em comparação, o IPA-OG-DI Produtos Industriais apresenta estabilidade no ano, enquanto os preços internacionais dos alimentos, convertidos para Reais, acumulam alta de 6,1%.
A despeito desses movimentos divergentes com relação ao IPPA/CEPEA, ressalta-se que, sob uma perspectiva de longo prazo, o que se observa é a convergência ao mesmo nível, após elevação acelerada dos preços domésticos nos últimos anos.
Notícias
ABCZ participa da TecnoAgro e destaca sustentabilidade no agro
Tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
Nesta semana, a Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ) marca presença na TecnoAgro 2024, evento realizado no Parque Fernando Costa, em Uberaba (MG). Com o tema “Agro Inteligente”, a iniciativa promovida pelo Grupo Integração e tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento do agronegócio e explorar o potencial econômico das cidades da região.
A abertura do evento aconteceu na manhã da última quinta-feira (21), reunindo autoridades e representantes dos setores ligados ao agro. A ABCZ esteve em destaque logo após a solenidade, quando o Superintendente Técnico, Luiz Antonio Josahkian, participou do painel “O Futuro da Pecuária”. O debate, mediado pela jornalista Adriana Sales, também contou com a presença da Prefeita de Uberaba, Elisa Araújo, e do Professor da ESALQ/USP, Sérgio de Zen.
A discussão abordou a responsabilidade do Brasil diante da crescente demanda global por proteína. “Temos o potencial para liderar o aumento da demanda por proteína animal. Contamos com terras disponíveis, mão de obra qualificada e políticas públicas que fortalecem continuamente o setor. O Brasil se destaca como um dos poucos países que ainda investe em qualificação profissional através de políticas públicas, com o apoio de órgãos como as Secretarias de Estado, o Senar e as extensões rurais Além disso, temos uma vocação natural para a produção de alimentos, com recursos essenciais, como a água, que é um insumo cada vez mais valorizado e disputado globalmente”, destacou Josahkian.
Complementando o debate, Sérgio de Zen enfatizou a necessidade de modelos produtivos mais sustentáveis. “É perfeitamente possível aumentar a demanda na redistribuição de renda e atender ao crescimento populacional sem recorrer ao desmatamento. Isso pode ser alcançado por meio do uso mais eficiente das tecnologias e dos sistemas de produção já disponíveis”, afirmou.
O evento, que segue até amanhã (22), reúne mais de 50 palestras voltadas para a sustentabilidade no agronegócio. Entre os destaques da programação técnica desta sexta-feira, o Zootecnista e Gerente do Departamento Internacional da ABCZ, Juan Lebron, participará da palestra “Recuperação de Pastagem, Genética, Nutrição e Saúde: Pilares da Sustentabilidade na Pecuária”, ao lado de especialistas como Guilherme Ferraudo e Thiago Parente.
Além das contribuições técnicas, a ABCZ participa com um estande apresentando produtos e serviços da maior entidade de pecuária zebuína do mundo.
Notícias
Altas no preço do boi seguem firmes, com escalas ainda menores que em outubro
Frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
O movimento de alta nos preços da pecuária segue intenso. Segundo pesquisadores do Cepea, semana após semana, frigoríficos renovam o fôlego para conceder novos reajustes positivos aos animais para abate e o mesmo acontece entre os pecuaristas nas negociações de reposição.
No final da cadeia produtiva, o consumidor também se mostra resiliente diante dos valores da carne nos maiores patamares dos últimos 3,5 anos.
No mesmo sentido, a demanda de importadores mundo afora tem se mantido firme.
Pesquisadores do Cepea observam ainda que as escalas de abate dos principais estados produtores, em novembro, estão ainda menores que em outubro.
No mercado financeiro (B3), também cresceu forte a liquidez dos contratos de boi para liquidação neste ano, pelo Indicador do boi elaborado pelo Cepea, o CEPEA/B3.