Conectado com

Peixes No interior de Maripá

Produtor paranaense investe na criação de tilápias para viabilizar pequena propriedade

Sítio Martinelli é um exemplo de integração entre piscicultura e agricultura. Em uma área de 22 hectares, sendo 2,24 hectares destinados a lâminas d’água, o sítio aloja cerca de 150 mil tilápias.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/

Localizado em Maripá, no interior do Paraná, o Sítio Martinelli é um exemplo de integração entre piscicultura e agricultura. Em uma área de 22 hectares, sendo 2,24 hectares destinados a lâminas d’água, o sítio aloja cerca de 150 mil tilápias. A produção é diversificada, incluindo soja, milho e tilápias, mas a piscicultura responde por 70% da renda da propriedade, enquanto os grãos representam 30%.

Enquanto trabalhava em instituições financeiras, Edegar Martinelli teve a oportunidade de adquirir a propriedade por um valor atrativo, arrendando 12 hectares para o cultivo de grãos. Em 2002 se associou à C.Vale, uma das maiores cooperativas do Brasil. Vinte anos depois, ao se aposentar, a C.Vale já havia expandido suas operações para o segmento de piscicultura. Durante seu tempo no banco, Martinelli ouviu de clientes piscicultores detalhes sobre o negócio, como a aplicação de tecnologia, os custos envolvidos e o potencial de rentabilidade, o que despertou seu interesse em diversificar as atividades na propriedade. “Vi que poderia aumentar o retorno sobre o capital investido, viabilizar um funcionário na propriedade e poder desenvolver outras atividades complementares, bem como diversificar o rendimento, não ficar dependente de uma única atividade, no caso, os grãos”, expõe.

Martinelli partiu, então, para a construção de 22.400 metros quadrados de tanques escavados e começou a alojar tilápias pelo sistema de integração da cooperativa em 2018. Nessa época, o irmão Nereu havia retornado de Luiz Eduardo Magalhães (BA), e passou a morar na propriedade para cuidar do manejo dos peixes.

Tilápias

Foto: Shutterstock

Os três tanques recebem, em média, 150 mil tilápias por ciclo de oito a nove meses. A C.Vale fornece os juvenis – peixes de até 30 gramas -, a ração, medicamentos, assistência técnica e faz a despesca. Em seis lotes, os Martinelli entregaram as tilápias com peso médio de um quilo.

A rentabilidade, em torno de 30%, está dentro do planejado e agrada a Edgar. Porém, ele faz questão de dizer que a parceria com a C.Vale tem outra vantagem: a segurança. Além de estar ao amparo da cooperativa nos aspectos técnicos, a garantia de receber pela produção deixa o integrado tranquilo. Isso porque muitos produtores de peixes levavam calotes de compradores independentes antes de a cooperativa entrar na atividade. “Em cinco dias úteis o dinheiro está na conta”, revela.

Energia elétrica

Os benefícios com a piscicultura fazem com que Edegar pense em ampliar a produção. Ele já conheceu a tecnologia da C.Vale para criação de tilápias em alta densidade, passando de seis para 30 peixes por metro quadrado. Esse sistema exige volumes de água bem menores que o da criação convencional. É uma alternativa que se encaixa bem na condição da propriedade, que enfrenta escassez de água por não ter acesso direto a rio.

No entanto, Martinelli esbarra em um problema estrutural: o fornecimento de energia elétrica. Na Linha Sete Rumos, interior de Maripá, onde fica a propriedade, a rede é trifásica e mesmo assim o nível de tensão varia bastante, afetando equipamentos como aeradores e alimentadores. Isso quando não ocorrem cortes no fornecimento, que exigem a entrada em funcionamento do gerador. Ele até instalou uma usina de placas solares para ajudar no fornecimento de energia, mas elas são insuficientes para a demanda necessária. “O risco que temos, atualmente, e o custo para minimizar esses riscos são elevados. Tenho receio de fazer novos investimentos com as condições atuais, que são de conhecimento amplo da companhia de energia e das autoridades”, afirma.

Os problemas, no entanto, não afetam a percepção do produtor sobre a viabilidade da criação de tilápias. “Eu recomendo como alternativa de renda. Você não fica concentrado numa única atividade, dependendo daquela receita. É um ganho em segurança para os seus negócios”, diz ele, bastante convicto.

A C.Vale opera uma cadeia robusta de piscicultura, com 238 integrados, abatendo cerca de 190 mil tilápias por dia em sua planta industrial, que emprega 1.218 colaboradores. Em 2024, as exportações de tilápias da cooperativa representaram 32% de sua produção, consolidando a relevância do setor tanto no mercado interno quanto no externo.

Fonte: Assessoria C.Vale

Peixes

Curativo de pele de tilápia avança para produção comercial no Brasil

Tecnologia desenvolvida pela Universidade Federal do Ceará recebe licença para empresas fabricarem e testarem o biomaterial, que promete cicatrização rápida e acessível para queimaduras e feridas.

Publicado em

em

Foto: Viktor Braga/UFC

A pesquisa que colocou a pele de tilápia no centro de uma das iniciativas mais promissoras da medicina regenerativa no país entrou em uma nova etapa. Após anos de estudos, a Universidade Federal do Ceará (UFC) firmou, em 10 de novembro, a transferência de tecnologia que permitirá a produção comercial do curativo biológico desenvolvido por seus pesquisadores.

Foto: Viktor Braga/UFC

O acordo concede às empresas Biotec Solução Ambiental Indústria e Comércio Ltda. e Biotec Controle Ambiental Ltda. o direito de fabricar o biomaterial e conduzir testes adicionais, etapa considerada decisiva para que o produto chegue aos hospitais brasileiros. As duas companhias passam a ser responsáveis por transformar o conhecimento acadêmico em um item regular do mercado, submetido a protocolos de qualidade, segurança e avaliação regulatória.

A pesquisa da UFC, iniciada há cerca de uma década, demonstrou que a pele da tilápia, após um rigoroso processo de limpeza, esterilização e padronização, apresenta características compatíveis com as exigidas para o tratamento de feridas complexas. O material adere ao tecido lesionado, mantém o nível adequado de umidade e favorece a cicatrização. Os primeiros ensaios ocorreram com pacientes queimados, mas a equipe estendeu os estudos para outros tipos de lesão.

Foto: Divulgação

Os resultados chamaram atenção. Em testes clínicos, o desempenho do curativo foi equiparado ao de produtos de última geração à base de prata, referência no tratamento de queimaduras. O tempo médio de cicatrização ficou pouco acima de nove dias, e os relatos de dor dos pacientes foram semelhantes aos observados com o uso dos curativos convencionais.

Com a patente licenciada, as empresas terão de conduzir uma série de etapas antes de colocar o produto nas prateleiras: aperfeiçoar a formulação final, realizar estudos complementares, comprovar a segurança do biomaterial e submeter toda a documentação à Anvisa. A proposta inclui desenvolver um kit comercial e avaliar usos tanto na medicina humana quanto veterinária.

O projeto desperta interesse também por razões econômicas e ambientais. A tilápia é o peixe mais produzido no Brasil, e sua pele, até então um resíduo descartado, ganha valor como insumo de alta aplicação tecnológica. Ao reutilizar esse material, pesquisadores e empresas defendem que é possível reduzir custos e ampliar o acesso a tratamentos de ponta, sobretudo em regiões com menor oferta de recursos hospitalares.

Se os próximos passos forem concluídos com sucesso, a iniciativa pode inserir definitivamente no mercado uma solução terapêutica criada em laboratório brasileiro, com potencial para ampliar o arsenal médico no tratamento de queimaduras e feridas e consolidar o país como referência em inovação no uso de biomateriais.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Peixes

Aquicultura ganha destaque na COP30 como solução climática estratégica

Atividade foi apresentada pelo MPA como alternativa sustentável capaz de fortalecer sistemas alimentares de baixo carbono e aumentar a resiliência produtiva diante das mudanças climáticas.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Aaquicultura é uma solução climática estratégica, capaz de contribuir para adaptação, mitigação e transformação dos sistemas alimentares. Essa foi a mensagem do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) na COP30, em Belém, nos painéis dedicados à inovação, aos modelos produtivos sustentáveis, à bioeconomia azul e ao papel das algas na resposta global às mudanças do clima, capitaneados pela Secretaria Nacional de Aquicultura do MPA.

Durante as apresentações, a secretária nacional de Aquicultura, Fernanda de Paula, reforçou o potencial da atividade diante das mudanças climáticas. “A aquicultura, quando apoiada por tecnologia, ordenamento territorial e manejo responsável, oferece vantagens ambientais em comparação com outras cadeias de proteína animal, posicionando o Brasil como ator relevante na agenda internacional de sistemas alimentares de baixo carbono”, afirmou.

Luciene Mignani fala sobre inovação em painel na AgriZone

Luciene Mignani fala sobre inovação em painel na AgriZone: “A aquicultura, quando apoiada por tecnologia, ordenamento territorial e manejo responsável, oferece vantagens ambientais em comparação com outras cadeias de proteína animal

Os debates também destacaram a necessidade de políticas integradas que combinem ciência, inovação e adaptação climática. Para Luciene Mignan, diretora de Desenvolvimento e Inovação do MPA, essa articulação é essencial. “Estamos lidando com variáveis climáticas que já estão em curso. A aquicultura precisa estar preparada para responder a esse novo contexto, com inovação, ordenamento e políticas que tragam segurança tanto para o produtor quanto para o território”, disse.

A relação entre modelagem climática, tomada de decisão e resiliência produtiva foi reforçada por Felipe Bodens, coordenador-geral de Aquicultura em Águas da União. “A mudança do clima impõe desafios imediatos. Nosso esforço é mostrar que a aquicultura tem condições de responder com rapidez, incorporando dados, previsões e soluções que tornem a produção mais resiliente e sustentável”, afirmou.

Entre os setores produtivos que melhor ilustram esse potencial está a algicultura. As cadeias de algas e macroalgas sintetizam, de forma concreta, os benefícios ambientais e produtivos da atividade: são sistemas naturalmente eficientes em sequestro de carbono, demandam baixo uso de insumos, contribuem para a adaptação costeira e geram aplicações em bioinsumos, nutrição, biotecnologia e inovação. Por isso, a algicultura foi apresentada na COP30 como um dos exemplos mais completos de como a aquicultura pode oferecer soluções sustentáveis e escaláveis para a crise climática.

Felipe Bodens em painel na Agrizone“A algicultura traduz de forma muito clara aquilo que defendemos aqui na COP30: sistemas produtivos que capturam carbono, regeneram ambientes e, ao mesmo tempo, geram alimento, energia e inovação. É uma fronteira tecnológica que demonstra como a aquicultura pode ser parte ativa da solução climática”, concluiu a secretária Fernanda de Paula.

Fonte: Assessoria MPA
Continue Lendo

Peixes

Carta de Belém une entidades e leva aquicultura ao centro das discussões na COP 30

Setor aquícola conquista espaço histórico na agenda principal da COP.

Publicado em

em

A Carta de Belém foi oficialmente entregue, na terça-feira (18), ao presidente da COP30, embaixador André Corrêa do Lago, secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores, na cidade de Belém, no Pará. Na última segunda-feira (17), a Carta de Belém foi apresentada aos participantes da COP30, no Pavilhão Oceano, Blue Zone.

Foto: Sergio Moraes/COP

Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda oficial e tantas atividades relacionadas constam da programação. E pela primeira vez, a produção de pescado está sendo debatida como uma das mais importantes soluções para a redução das emissões de gases de efeito estufa na produção de alimentos. O sistema alimentar é responsável por cerca de um terço das emissões globais de gases de efeito estufa, e grande parte destas emissões vem da produção de proteínas terrestres, que consomem muita água, energia e utilizam extensas áreas de terra.

A Carta de Belém apresenta a produção de pescado como solução climática, por ser uma atividade de baixo carbono, baixo consumo d’água, excelente conversão alimentar no caso da aquicultura (menor consumo alimento para um kg de proteína), e na Amazônia, onde está localizada a maior reserva de água doce do mundo e a proteção da floresta é uma condicionante para o equilíbrio do clima a nível mundial,  se produz pescado preservando-a. A Amazônia pode transformar-se em um grande polo mundial de produção de pescado, gerando milhares de postos de trabalho, emprego e renda. Ou seja, a produção de pescado é uma atividade estratégica para a Amazônia e para o Planeta.

A Carta de Belém também apresenta uma série de propostas para o desenvolvimento da produção de pescado no Brasil: a sua Inclusão nas Políticas Públicas e no Fundo Clima como atividade de baixo carbono, investimentos em inovação, assistência técnica, infraestrutura, cooperativismo, agregação de valor, acesso ao mercado, entre outras, objetivando o desenvolvimento sustentável e inclusivo da cadeia produtiva da pesca e da aquicultura.

A Carta de Belém foi elaborada durante a realização do Internacional Fish Congres & Fish Expo Amazônia – IFC Amazônia, em Belém, em

Foto: Divulgação

abril deste ano, (o evento contou com 6.800 participantes)  e foi  subscrita por 23 entidades e organizações do setor de pesca e aquicultura, entre outras, como a Federação da Indústria do Estado de São Paulo – FIESP e a Confederação Nacional da Agricultura –  CNA e se constituiu em referência para uma ação propositiva na COP 30. A ação conjunta com o Ministério da Pesca e com a FAO, resultaram na inclusão desta temática na programação da COP.

Posição estratégica do setor

A participação do agro e da aquicultura ganhou destaque inédito na COP 30, realizada no Brasil, conforme destacou a CEO do IFC Amazônia, Eliana Panty. Segundo ela, diferentemente de outras edições da cúpula, em que esses temas permaneciam à margem das discussões, desta vez o agro e, especialmente, a aquicultura tiveram protagonismo expressivo. “Em edições anteriores da cúpula, esses assuntos ficavam de fora e, dessa vez, o agro e a aquicultura tiveram protagonismo importante com salas de reuniões, com o Pavilhão Oceano, com vários debates sobre a produção aquícola”, afirmou.

Panty ressaltou ainda a relevância do ato final da comitiva: “E, agora, entregar essa pauta através da Carta de Belém nas mãos do presidente André Lago é uma grande oportunidade de repercutir o interesse e a preocupação, os objetivos, repercutir o real desejo do setor.”

Presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin: “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal” – Foto: Divulgação

Para o presidente do IFC Amazônia e ex-ministro da Pesca, Altemir Gregolin, a Carta de Belém representa um marco de união e posicionamento estratégico do setor. Ele enfatiza que o documento, subscrito por 23 entidades, consolida a defesa da tese de que a produção de pescado é de baixo carbono, possui baixas emissões de gases de efeito estufa, demanda pouco consumo de água e é estratégica tanto para a Amazônia quanto para o planeta. “Na Amazônia também se pode produzir pescado preservando a floresta”, reforçou.

Gregolin explicou que a Carta de Belém foi essencial para iniciar um movimento conjunto com a FAO e com o Ministério da Pesca para inserir a produção de alimentos aquáticos como tema da agenda principal da COP 30. “Pela primeira vez na história das COPs, a produção de alimentos aquáticos entrou na agenda principal. Temos aqui mais de 30 painéis em torno desta temática”, destacou. Ele também relatou que o documento foi apresentado no Pavilhão Oceano, na Blue Zone, e entregue ao presidente da COP, André Lago. “Ele reconheceu a importância dessa temática, conhece dados e informações de baixas emissões, portanto foi extremamente receptivo. E nós queremos agradecer as entidades nacionais que subscreveram a carta, dando aquele peso político que toda manifestação tem que ter”, concluiu.

Entidades Subscritoras da Carta de Belém

A Carta de Belém conta com o apoio e a subscrição das seguintes entidades nacionais do setor aquícola e pesqueiro: IFC Amazônia; IFC Brasil; ABIPESCA – Associação Brasileira das Indústrias de Pescado; PEIXE BR – Associação Brasileira da Piscicultura; ABRAPES – Associação Brasileira de Fomento ao Pescado; ABCC – Associação Brasileira de Criadores de Camarão; PESCA BR – Associação Nacional de Armadores e Proprietários de Embarcações Pesqueiras; CONEPE – Conselho Nacional da Pesca e Aquicultura; CNA – Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil; FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo; Rede de Pesquisa Sustentabilidade na Aquicultura; ABLA – Associação Brasileira de Lojas de Aquariofilia; CBPE – Confederação Brasileira de Pesca Esportiva; ACRIPAR – Associação de Criadores de Peixes do Estado de Rondônia; FAEPA – Federação da Agricultura do Estado do Pará; SINDIPI – Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região; SINPESCA – Sindicato das Indústrias de Pesca, da Aquicultura e das Empresas Armadoras e Produtoras, Proprietárias de Embarcações de Pesca do Estado do Pará; PEIXE SP – Associação de Piscicultores em Águas Paulistas e da União; PEIXE MG – Associação dos Aquicultores e Empresas Especializadas do Estado de Minas Gerais; PEIXE PR – Associação Paranaense de Aquicultura; ACAQ – Associação Catarinense de Aquicultura; CEPEA – Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada; CNPA – Confederação Nacional de Pescadores e Aquicultores.

 

Fonte: Assessoria IFC Brasil e IFC Amazônia
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.