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Produtor independente só enxerga falência em 2016

Prejuízo para produzir cada suíno chega na casa dos R$ 100. Por isso, “se nada mudar, se não houver uma solução, os suinocultores de Santa Catarina, especialmente os independentes, vão quebrar”, garante suinocultor

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Cerca de 85% dos suinocultores em Santa Catarina trabalham com o sistema de integração, o mais comum no país, de acordo com a ABCS (Associação Brasileira de Criadores de Suínos). Nesse modelo, o prejuízo tem sido absorvido pela agroindústria integradora, que é obrigada a fornecer ao produtor os insumos necessários, como a ração, independentemente dos custos a que estejam submetidos. O restante (15%) é produtor independente, que usa o modelo de ciclo completo, ganha mais em épocas de mercado favorável, mas está se vendo a beira da falência com o preço do milho na casa dos R$ 50. No início de abril, a Associação Catarinense de Criadores de Suínos alertou sobre a possível quebradeira do setor e provocou uma audiência pública na Assembleia Legislativa de Santa Catarina para tentar encontrar alternativas para espantar esse fantasma real, mas, de fato, não obteve resultados práticos.

Na parede do escritório, no município de Seara, no Oeste catarinense, as fotografias aéreas que mostram as granjas já não representam mais tanto orgulho quanto preocupação para o suinocultor Jacob Biondo. O recente passado de prosperidade deu lugar a um cenário de pessimismo que permite ao produtor de 67 anos ser categórico: “se nada mudar, se não houver uma solução, os suinocultores de Santa Catarina, especialmente os independentes, vão quebrar. Hoje (início de abril) estamos na UTI”.

Biondo é produtor independente. Faz todo o processo, desde a matriz à terminação, e negocia os animais com frigoríficos de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. A reportagem de O Presente Rural foi até Seara, a 40 quilômetros de Chapecó, para saber um pouco mais sobre a dificuldade que atualmente atinge o produtor independente de Santa Catarina. Não faltaram críticas ao governo federal e à falta de políticas públicas para manter a viabilidade da atividade no Estado.

“Nossa dificuldade está relacionada ao alto custo de produção, que está baseado no milho e também no farelo de soja. Nós não temos alternativas (economicamente viáveis) para buscar milho no mercado. Está muito caro. Estamos distantes regiões produtoras como o Mato Grosso do Sul, das regiões que são polo na produção de milho no Brasil”, destaca o produtor, que também é presidente do Núcleo Regional de Criadores de Suínos de Seara.

Para ele, a crise experimentada em 2016 pelos produtores catarinenses não tem precedentes e é de longe a maior da história. “Estou na suinocultura desde criança, mas tecnificado desde 1979. Já são 36 anos. Nesse tempo, passamos por muitas crises, mas nenhuma desse porte, desse tamanho. Dessa vez, a crise veio instantaneamente, de uma hora pra outra, por causa da alta no preço do milho”, avalia. “O preço do suíno em si não estaria muito fora da normalidade, mas está defasado pelo custo de produção”, reforça Biondo.

Para ele, a alta frenética do grão, principal insumo na ração animal, é resultado de ingerência e ineficiência da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que deveria regular os estoques para as cadeias de proteína animal não ficarem à mercê do mercado. “A Conab que deveria ter estoque regulador, mas não tem nada. Oferece uma quantidade muito pequena de milho, que, além de tudo, está muito longe do produtor, e ainda há muita exigência na hora de fazer o cadastro”, justifica.

R$ 100 de prejuízo para cada animal

A Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS) explica que os prejuízos devem se acentuar no Vale do Braço do Norte. “É uma das regiões onde se concentra a maioria dos produtores independentes de Santa Catarina. O alto custo de produção praticamente inviabiliza a atividade. Conforme o presidente da Regional, Adir Engel, os prejuízos chegam a R$ 100 por animal produzido. Segundo ele, a queda no preço pago, na casa dos R$ 3, e o aumento do custo para produzir um quilo de suíno vivo, na casa dos R$ 4, gera um prejuízo que varia de R$ 90 a R$ 100 por suíno. “São fatores que fazem o produtor falar em abandonar a atividade”, lamenta.

Preço Mínimo para o Milho

De acordo com o suinocultor, a atividade não tem o apoio necessário para manter-se perene no mercado, garantindo estabilidade ao produtor, e pode estar com os dias contados para alguns investidores catarinenses. “O produtor de suíno não é valorizado. Temos em Santa Catarina a melhor carne do Brasil, talvez do mundo. Se não olhar essa cadeia produtiva com mais atenção, temo que ela comece a desaparecer já no mês de maio”, alerta, emendando: “O independente, que traz o movimento para o comércio das cidades, está a beira da falência. Aqui no Oeste de Santa Catarina já estamos sentindo impacto nas cidades desde o mês de fevereiro”.

Participante ativo das discussões acerca do tema, como na audiência realizada no início de abril em Florianópolis, na Assembleia Legislativa, Biondo diz não enxergar boas expectativas para o futuro e que o debate é antigo e repetitivo. “Participamos de todas as promoções ações de reivindicações que precisamos, mas nada é feito. Tivemos na Assembleia Legislativa de Santa Catarina em 2012, com o mesmo problema (falta de milho). Quatro anos depois, voltamos a discutir a mesma coisa e, de novo, nada foi definido”.

Para o produtor, seria necessário que se criasse uma política de preços mínimos para estimular o plantio de milho em Santa Catarina, que pudesse, inclusive, ser estendida a outras unidades da federação. “Se o governo não tomar uma decisão rápida, vai ter muito animal passando fome. O governo deve criar um programa de incentivo à produção de milho. Como? Garantindo uma margem de lucro para o produtor de milho ganhar. O segundo passo seria ter uma ferrovia urgente, mas está no papel e não vai sair tão cedo pelo que vimos na audiência pública”, opina.

Santa Catarina conta com um programa de incentivo, mas, para Biondo, está aquém das necessidades. “O programa de incentivo do governo estadual não é suficiente. Tem que ter garantia de venda com lucro, mas não dessa forma, sufocando a suinocultura”, enfatiza. No programa do governo do Estado, o produtor recebe sementes e calcário implantar a lavoura do cereal.

Para ele, o problema atual pode até mesmo influenciar nas sucessões das propriedades rurais familiares. “Essa minha geração deve ser a última por conta da falta de atrativo no campo. Os filhos dos produtores vão ficar no campo desde que haja renda”, entende.

A inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM) é uma demanda antiga, que data ainda da década de 50, de acordo com a ABCS. Segundo a entidade de classe, ela traria mais segurança para os produtores nos momentos de crise como os vividos atualmente. Em 2013 foi possível a aprovação do projeto de lei que tinha o intuito de garantir a inclusão na PGPM. A tramitação ocorreu sem qualquer parecer contrário no Congresso Nacional e foi aprovada em agosto de 2013. Porém o projeto foi vetado pela presidente Dilma Rousseff em dezembro do mesmo ano. Na justificativa do veto, a presidente afirmou que “é desnecessária a previsão em lei para a abrangência da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos, uma vez que, de acordo com a legislação vigente, o setor já pode ser incluído por meio de ato infralegal”. Porém, essa inclusão ainda não ocorreu, mesmo após um estudo detalhado feito pela Conab, afirmando que era favorável à inclusão.

 

Mais informações você pode encontrar no edição impressa de Suínos e Peixes de maio/junho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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