Bovinos / Grãos / Máquinas Boas práticas
Produtor de leite destaca importância de um bom planejamento para se manter na atividade
Aliar tecnologia à gestão da fazenda e à melhora do rebanho é algo indispensável para os pecuaristas que desejam obter bons resultados.
A pecuária leiteira viveu um dos momentos mais desafiadores em 2021, considerado um dos piores anos para o setor. Altos custos de produção, recuo dos preços pagos aos produtores, eventos climáticos adversos e demanda enfraquecida por lácteos em consequência da perda de poder de compra da população provocada pela alta da inflação foram alguns dos fatores que impactaram significativamente a bovinocultura de leite e exigiram uma gestão eficiente para se manter na atividade.
De janeiro a novembro do ano passado, o preço da proteína paga ao produtor foi de R$ 2,25/litro, 18,1% acima da média do mesmo período de 2020, em termos reais, conforme dados deflacionados em novembro pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) compilados através do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No entanto, a alta dos custos de produção superou o aumento dos preços aos produtores ao longo do ano. Entre os insumos, o milho apresentou alta de 48,8% na média do Indicador ESALQ/BM&FBovespa, fazendo com que o pecuarista precisasse, em média, 42,6 litros de leite para adquirir uma saca de 60 quilos de milho em 2021, contra 33,9 litros no ano anterior, queda de 25,7% no poder de compra.
O pecuarista Marcelo Sanches possui um rebanho de 56 vacas leiteiras da raça Girolando 3/4 e 7/8, que produzem diariamente 1,4 mil litros de leite, com uma média de 25 quilos de leite por animal, na Fazenda Paiol, em Pará de Minas (MG), a 80 quilômetros de Belo Horizonte. Impactado pela seca, geada e desvalorização cambial, o milho e a soja impulsionaram o aumento de gastos na propriedade. “Nós tivemos um problema muito sério com relação ao custo do milho, do farelo de soja e demais insumos para a produção de silagem, que estiveram com preços muito elevados. Não foi um ano fácil de investir, foi um ano bastante custoso”, menciona Sanches.
Segundo o produtor, a elevação do custo de produção foi acentuada no último trimestre, castigando ainda mais o setor com a queda do preço do leite em R$ 0,30 na região Centro-Oeste. “O aumento dos custos disparou no último trimestre, então foi muito desafiador, porque ao mesmo tempo que o preço do leite caiu consideravelmente, o adubo, a semente e os fertilizantes dobraram de preço. Neste último trimestre trabalhamos praticamente no vermelho”, expôs o produtor mineiro.
Boas práticas
Produtor nota 10 CCPR do programa Boas Práticas na Fazenda, promovido pela Cooperativa Central dos Produtores Rurais, desde que a iniciativa foi implantada há quatro anos, Sanches diz que mesmo em meio as dificuldades no setor continuou investindo pesado em gestão sustentável. No quadro dos colaboradores estão três médicos-veterinários: um é responsável pela parte reprodutiva, outro pela qualidade do leite produzido e um terceiro faz o planejamento e arraçoamento dos animais. “Faço um investimento pesado em gestão sustentável, minha turma é bastante engajada, prezamos muito pela qualidade do leite, até por isso que temos um custo maior, mas eu não abro mão disso. Tudo que foi implementado desde o programa piloto CCPR Nota 10 virou rotina na fazenda”, ressalta.
Há três meses a Fazenda Paiol foi auditada novamente e manteve a certificação. O programa avalia gestão sustentável, produto de qualidade e preservação ambiental. “Tenho uma preocupação muito grande com o bem-estar animal e justamente por dar boas condições aos animais que tenho colhido excelentes resultados e aumentado cada vez mais a qualidade do leite produzido. Temos também uma responsabilidade ambiental pesada, porque não queremos poluir, queremos preservar as nascentes”, salienta, ampliando: “Investimos em equipamento de irrigação para que todo dejeto da sala de ordenha e da pista de alimentação, que cai no tanque de decantação onde tem um agitador, seja bombeado para a área de lavoura para não ter nenhum risco de contaminação no lençol freático”, pontua.
Desde menino
Filho único, Sanches herdou a gestão da propriedade quando tinha 15 anos. Sem muito conhecimento na atividade, buscou em cursos aperfeiçoamento para entender os processos de produção e hoje figura entre os melhores pecuaristas de leite da região Centro-Oeste do país. “Quando meu pai comprou a propriedade em 1981 começamos com gado de leite e eu sempre gostei, é uma paixão que cultivo desde pequeno. Quando meu pai passou a fazenda para mim fui entender os processos, busquei estudar e melhorar cada vez mais a atividade dentro da propriedade. Além do leite, também já trabalhamos com suinocultura e gado de corte, mais o que eu gosto muito é de bovinocultura de leite, por isso que dei continuidade a atividade”, detalha.
Investimento em genética
Aliar tecnologia à gestão da fazenda e à melhora do rebanho é algo indispensável para os pecuaristas que desejam obter bons resultados. Neste sentido, Sanches tem na propriedade 30 novilhas de corte para inseminação artificial por meio da técnica de fertilização in vitro (FIV) e há oito anos toda a reprodução das fêmeas é realizada por meio deste método, negócio que transpôs as fronteiras da sua propriedade.
“Não temos nenhum macho na fazenda, todos os animais são fêmeas, e os de corte são para implantação de embrião. Trabalhamos com sêmen de ponta, com os melhores animais e empresas do mercado e de dois anos para cá investimos pesado em FIV para venda de material genético, porque a procura tem sido bastante grande e tenho obtido bons resultados”, destaca.
Projeto de expansão
Com 56 animais em lactação, Sanches diz que os resultados estão sendo tão positivos que já dispõe de um projeto de ampliação para dobrar a quantidade de vacas de leite na propriedade neste ano. “Inicialmente o projeto era estabilizar em 50 animais até ano passado, mas os resultados obtidos foram tão bons que vamos ampliar as instalações para receber até 100 animais”, diz, animado com o novo projeto.
Após a implantação deste novo galpão em 2022, a expectativa é ampliar a produção de leite entre 2,500 a 3 mil litros de leite por dia, dobrando a produção atual. No entanto, apenas com adequações nas instalações da fazenda – construindo um novo galpão ao lado da sala de ordenha -, a média diária de produção de leite por animal aumentou de 19 quilos para 25 por dia.
“Na verdade, meu gado estava sendo planejado para fazer compost barn, só que não comprei a ideia por conta do custo de construção e como o preço do leite não estava favorável, fiquei receoso, então elaborei essa pista de alimentação que ficou um quinto do valor do compost barn, e estou tendo resultados satisfatórios”, afirma.
Expectativa para 2022
De acordo com o bovinocultor de leite, as perspectivas para esse ano não são muito animadoras, ainda exigirá muita resiliência e planejamento para se manter na atividade. “Dois mil e vinte e dois ainda não será um ano tranquilo, aliás, nunca tivemos um ano tranquilo, mais eu espero que seja um ano com custos mais baixos. Continuará sendo um ano desafiador, assim como foi 2021, mais acredito que será promissor”, almeja.
Entre as alternativas com vistas a redução dos custos de produção, Sanches diz que ampliou a área de plantio de silagem produzido na fazenda. “Não compramos silagem porque senão os custos seriam ainda mais altos, nós mesmos produzimos na fazenda e este custo que teríamos com a compra de silagem investimos em outras melhorias”, evidencia.
Mais informações sobre o cenário nacional de grãos você pode conferir na edição digital do Anuário do Agronegócio Brasileiro.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
Bovinos / Grãos / Máquinas
Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran