Bovinos / Grãos / Máquinas Produção leiteira
“Produtor de 13 litros não paga a conta”, dispara consultor
Para o médico veterinário e consultor Mário Zoni, existem apenas dois sistemas em que é possível trabalhar: custo mínimo ou lucro máximo
Qual o perfil do bovinocultor de leite no Brasil? Em quais sistemas a produção desta proteína essencial está baseada? Para o médico veterinário e consultor Mário Zoni, existem apenas dois sistemas em que é possível trabalhar: custo mínimo ou lucro máximo. “Não há meio termo”, afirma. “Tem muita conversa fiada. Quem é bom de verdade faz o simples, sem inventar moda, mas muito bem feito”, argumenta. “Produtor de 13 litros não paga conta”, dispara Mário Zoni.
Dentro da complexidade da atividade leiteira, destaca Zoni, buscar um único modelo de negócio é um contra senso. “São tantas variáveis e tantas possibilidades que cada produtor acaba desenvolvendo um modelo único”. Porém, acredita ele, alguns pontos chaves destacam-se quando se pensa em como será a estrutura da produção leiteira no futuro próximo.
Zoni fez palestra sobre o tema, que integrou a programação técnica do Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite, em novembro, quando apresentou o painel sobre desafios para o crescimento sustentável da cadeia produtiva do leite. Na palestra, “Da porteira pra dentro”, Zoni focou os diferentes perfis de produtores.
Mudança de Perfil
Para ele, o futuro da propriedade porteira para dentro demanda uma mudança de perfil do produtor de leite. Zoni acredita na permanência de dois grupos aparentemente distintos de produtores e o progressivo desaparecimento de um terceiro grupo. O primeiro grupo Zoni classifica como “sobreviventes”. O segundo e mais importante grupo, do ponto de vista da cadeia, é o dos eficientes. Já o que ele julga “empregadores”, em sua opinião, devem desaparecer a curto ou a médio prazos.
O grupo dos sobreviventes, menciona, engloba os produtores com exploração familiar de baixa tecnologia, forte conceito de custo mínimo e, para os quais, a atividade é muito importante para a subsistência. “São produtores com sobrevida de médio prazo e que possuem um grande dilema imediato: evoluir o nível tecnológico com maior produtividade, o que lhes assegura sucessão e continuidade na atividade; ou permanecer como está e sair do negócio por morte ou falta de sucessor”, compara.
“Os eficientes são produtores com visão empresarial da atividade, que maximizam a produção por animal e, consequentemente, o resultado financeiro, visto que, na atividade leiteira, é a vaca e não a terra a unidade de produção”. Ainda conforme Zoni, os eficientes são produtores atentos às tecnologias para maior produção, com enorme preocupação sanitária com relação a zoonoses, que olham os resultados e os custos com muita precisão e frequência. “Para este grupo, a única grande ameaça ao seu modelo de negócio é uma queda catastrófica do consumo per capita de leite e derivados, o que é altamente improvável, ainda mais quando consideramos que temos um consumo de lácteos ainda baixo no país”, sugere.
Um grupo de produtores que deve desaparecer em pouco tempo são os que ele denomina empregadores. “É o produtor não familiar, que tem a exploração leiteira como fonte adicional de receita, mas com baixo ou nenhum envolvimento direto na atividade”, considera.
A busca pela eficiência
A forma de produzir também é essencial para o futuro da atividade, acredita Zoni. Assim, buscar a eficiência é cada vez mais essencial. “Apesar da resistência de alguns técnicos, é praticamente impossível pensar em produção eficiente de leite sem algum tipo de alojamento para os animais em produção ou transição”, aponta. Sistemas que proporcionam melhor e mais eficiente controle térmico para as vacas estarão cada vez mais presentes nas propriedades, acredita.
“A forma de operação desses sistemas, com estabulação total ou parcial, acesso a pastoreio rotacionado ou não, estará ligada ao sistema de produção e, principalmente, à disposição de forragens”. A vaca, lembra Zoni, tem uma zona de conforto entre 1ºC e 16ºC. “No campo, não tem como manejar isso, então começa o estresse. O objetivo é conforto, fazer a vaca ficar deitada e, como consequência, aumentar a produção. Quanto maior o conforto, mais leite a vaca dá”, justifica.
A busca pela eficiência também passa pelo controle zootécnico e financeiro do negócio. “Não importa se esse controle ocorre através de simples anotações e posterior análise dos dados em planilhas manuais ou no computador, até o monitoramento remoto via colares e pedômetros, ligados a ordenhas informatizadas ou robotizadas”, sustenta.
Zoni também destaca a importância da ambiência. “Envolve muito mais que conforto, mas engloba a instalação, relação dos funcionários com os animais, relacionamento entre animais de cada lote, controle sanitário e parasitário”, elenca.
Outras notícias você encontra na edição de Bovinos, Grãos e Máquinas de março/abril de 2019.
Bovinos / Grãos / Máquinas
Derivados lácteos sobem em outubro, mas mercado prevê quedas no trimestre
OCB aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24.
Preço sobe em setembro, mas deve cair no terceiro trimestre
A pesquisa do Cepea mostra que, em setembro, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,8657/litro, 3,3% acima da do mês anterior e 33,8% maior que a registrada em setembro/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de setembro). O movimento de alta, contudo, parece ter terminado. Pesquisas ainda em andamento do Cepea indicam que, em outubro, a Média Brasil pode recuar cerca de 2%.
Derivados registram pequenas valorizações em outubro
Pesquisa realizada pelo Cepea em parceria com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) aponta que, em outubro, os preços médios do leite UHT e do queijo muçarela negociados entre indústrias e canais de distribuição em São Paulo registraram ligeiras altas de 0,66% e de 0,59% frente a setembro/24, chegando a R$ 4,74/l e a R$ 33,26/kg, respectivamente. No caso do leite em pó (400g), a valorização foi de 4,32%, com média de R$ 31,49/kg. Na comparação com o mesmo período de 2023, os aumentos nos valores foram de 18,15% para o UHT, de 21,95% para a muçarela e de 12,31% para o leite em pó na mesma ordem, em termos reais (os dados foram deflacionados pelo IPCA de out/24).
Exportações recuam expressivos 66%, enquanto importações seguem em alta
Em outubro, as importações brasileiras de lácteos cresceram 11,6% em relação ao mês anterior; frente ao mesmo período do ano passado (outubro/23), o aumento foi de 7,43%. As exportações, por sua vez, caíram expressivos 65,91% no comparativo mensal e 46,6% no anual.
Custos com nutrição animal sobem em outubro
O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira subiu 2,03% em outubro na “média Brasil” (BA, GO, MG, SC, SP, PR e RS), puxado sobretudo pelo aumento dos custos com nutrição animal. Com o resultado, o COE, que vinha registrando estabilidade na parcial do ano, passou a acumular alta de 1,97%.
Bovinos / Grãos / Máquinas Protecionismo econômico
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito
CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias.
A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), entidade representativa, sem fins lucrativos, emite nota oficial para rebater declarações do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard. Nas suas recentes declarações o CEO afirma que a rede vai deixar de comercializar carnes oriundas do Mercosul pois os produtos sul-americanos não cumprem as exigências e normas sanitárias .
Veja abaixo, na integra, o que diz a nota:
O produtor rural brasileiro está cansado de ser tratado com desrespeito aqui dentro e mundo afora.
O protecionismo econômico de muitos países se traveste de protecionismo ambiental criando barreiras fantasmas para tentar reduzir nossa capacidade produtiva e cada vez mais os preços de nossos produtos.
Todos sabem que é difícil competir com o produtor rural brasileiro em eficiência. Também sabem da necessidade cada vez maior de adquirirem nossos produtos pois além de alimentar sua população ainda conseguem controlar preços da produção local.
A solução encontrada por esses países principalmente a UE e nitidamente a França, foi criar a “Lei Antidesmatamento” para nos impor regras que estão acima do nosso Código Florestal. Ora se temos uma lei, que é a mais rigorosa do mundo e a cumprimos à risca qual o motivo de tanto teatro? A resposta é que a incapacidade de produzir alimentos em quantidade suficiente e a também incapacidade de lidar com seus produtores faz com que joguem o problema para nós.
Outra questão: Por que simplesmente não param de comprar da gente já que somos tão destrutivos assim? Porque precisam muito dos nossos produtos mas querem de graça. Querem que a gente negocie de joelhos com eles. Sempre em desvantagem. Isso é uma afronta também à soberania nacional.
O senador Zequinha Marinho do Podemos do Pará, membro da FPA, tem um projeto de lei (PL 2088/2023) de reciprocidade ambiental que torna obrigatório o cumprimento de padrões ambientais compatíveis aos do Brasil por países que comercializem bens e produtos no mercado brasileiro.
Esse PL tem todo nosso apoio porque é justo e recíproco, que em resumo significa “da mesma maneira”. Os recentes casos da Danone e do Carrefour, empresas coincidentemente de origem francesa são sintomáticos e confirmam essa tendência das grandes empresas de jogar para a plateia em seus países- sede enquanto enviam cartas inócuas de desculpas para suas filiais principalmente ao Brasil.
A Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Estado com maior rebanho bovino do País e um dos que mais exporta, repudia toda essa forma de negociação desleal e está disposta a defender a ideia da suspensão do fornecimento de animais para o abate de frigoríficos que vendam para essas empresas.
Chega de hipocrisia no mercado, principalmente pela França, um país que sempre foi nosso parceiro comercial, vendendo desde queijos, carros e até aviões para o Brasil e nos trata como moleques.
Nós como consumidores de muitos produtos franceses devemos começar a repensar nossos hábitos de consumo e escolher melhor nossos parceiros.
Com toda nossa indignação.
Oswaldo Pereira Ribeiro Junior
Presidente da Acrimat
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Queijo paranaense produzido na região Oeste está entre os nove melhores do mundo
Fabricado em parque tecnológico do Oeste do estado, Passionata foi o único brasileiro no ranking e também ganhou título de melhor queijo latino americano no World Cheese Awards.
Um queijo fino produzido no Oeste do Paraná ficou entre os nove melhores do mundo (super ouro) e recebeu o título de melhor da América Latina no concurso World Cheese Awards, realizado em Portugal. Ele concorreu com 4.784 tipos de queijos de 47 países. O Passionata é produzido no Biopark, em Toledo. Também produzidos no parque tecnológico, o Láurea ficou com a prata e o Entardecer d´Oeste com o bronze.
As três especialidades de queijo apresentadas no World Cheese Awards foram desenvolvidas no laboratório de queijos finos e serão fabricadas e comercializadas pela queijaria Flor da Terra. O projeto de queijos finos do Biopark é realizado em parceria com o Biopark Educação, existe há cinco anos e foi criado com a intenção de melhorar o valor agregado do leite para pequenos e médios produtores.
“A transferência da tecnologia é totalmente gratuita e essa premiação mostra como podemos produzir queijos finos com muita qualidade aqui em Toledo”, disse uma das fundadoras do Biopark, Carmen Donaduzzi.
“Os queijos finos que trouxemos para essa competição se destacam pelas cores vibrantes, sabores marcantes e aparências únicas, além das inovações no processo produtivo, que conferem um diferencial sensorial incrível”, destacou o pesquisador do Laboratório de Queijos Finos do Biopark, Kennidy Bortoli. “A competição toda foi muito emocionante, saber que estamos entre os nove melhores queijos do mundo, melhor da América Latina, mostra que estamos no caminho certo”.
O Paraná produz 12 milhões de litros por dia, a maioria vem de pequenos e médios produtores. Atualmente 22 pequenos e médios produtores de leite fazem parte do projeto no Oeste do Estado, produzindo 26 especialidades de queijo fino. Além disso, no decorrer de 2024, 98 pessoas já participaram dos cursos organizados pelo Biopark Educação.
Neste ano, foram introduzidas cinco novas especialidades para os produtores vinculados ao projeto de queijos finos: tipo Bel Paese, Cheddar Inglês, Emmental, Abondance e Jack Joss.
“O projeto é gratuito, e o único custo para o produtor é a adaptação ou construção do espaço de produção, quando necessário”, explicou Kennidy. “Toda a assessoria é oferecida pelo Biopark e pelo Biopark Educação, em parceria com o Sebrae, IDR-PR e Sistema Faep/Senar, que apoiam com capacitação e desenvolvimento. A orientação cobre desde a avaliação da qualidade do leite até embalagem, divulgação e comercialização do produto”.
A qualidade do leite é analisada no laboratório do parque e, conforme as características encontradas no leite, são sugeridas de três a quatro tecnologias de fabricação de queijos que foram previamente desenvolvidas no laboratório com leite com características semelhantes. O produtor então escolhe a que mais se identifica para iniciar a produção.
Concursos estaduais
Para valorizar a produção de queijos, vão iniciar em breve as inscrições para a segunda edição do Prêmio Queijos do Paraná, que conta com apoio do Governo do Paraná. As inscrições serão abertas em 1º de dezembro de 2024, e a premiação acontece em 30 de maio de 2025. A expectativa é de que haja mais de 600 produtos inscritos, superando a edição anterior, que teve 450 participantes. O regulamento pode ser acessado aqui. O objetivo é divulgar e valorizar os derivados lácteos produzidos no Estado.
O Governo do Paraná também apoia o Conecta Queijos, evento voltado a produtores da região Oeste. Ele é organizado em parceria pelo o IDR-Paran