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Produto com tecnologia brasileira pode reverter dependência externa por adubos fosfatados
Resultados de experimentos na cultura do milho conduzidos em regiões brasileiras mostram aumentos médios de produção de grãos de cerca de 10%
Uma parceria público-privada entre a Embrapa e a empresa Bioma oferece pela primeira vez ao mercado brasileiro um inoculante totalmente desenvolvido a partir de tecnologia nacional. O produto denominado BiomaPhos alia sustentabilidade e produtividade porque é biológico – produzido a partir de duas bactérias identificadas pela Embrapa, sendo uma no solo e a outra no milho – e capaz de aumentar a absorção de fósforo pelas plantas, o que pode mudar o quadro de alta dependência brasileira do mercado internacional de fertilizantes.
À Embrapa coube a parte de pesquisa, com a detecção das bactérias que apresentam aptidão para solubilizar ou tornar disponível o elemento fosfato. Esse mineral é indispensável para o crescimento e a produção vegetal, já que interfere nos processos de fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia. Concluída essa etapa, a empresa Bioma estabeleceu os índices de produção em larga escala e a formulação do produto, que permitiram melhor sobrevivência do inoculante na prateleira e nas condições de campo.
“As cepas das bactérias Bacillus subtilis (CNPMS B2084) e Bacillus megaterium (CNPMS B119) conseguem fazer com que maior quantidade de fósforo seja absorvida pelas raízes, recebendo em troca compostos fundamentais para o crescimento bacteriano, como fontes de carbono, em especial açúcares e ácidos orgânicos”, explica Christiane Paiva, pesquisadora da área de Microbiologia do Solo da Embrapa Milho e Sorgo, responsável pela pesquisa que culminou com o lançamento do produto comercial.
A pesquisa, que teve início em 2002 com a identificação e o isolamento dos microrganismos pelos pesquisadores Ivanildo Marriel e Vera Alves, resultou na publicação de um artigo na revista científica “Soil Biology and Biochemistry”, uma das de maior impacto internacional na área de microbiologia do solo. Publicado em 2009, o artigo continua sendo um dos recordistas em citações.
Já o desenvolvimento do inoculante se deu a partir de 2011, com a entrada da pesquisadora Eliane Gomes na equipe responsável pela pesquisa. A parceria com a empresa Bioma foi firmada em 2016, chegando ao lançamento do produto comercial em 2019.
Aumentos médios de produtividade chegam a 10%
Resultados de experimentos na cultura do milho conduzidos em regiões brasileiras mostram aumentos médios de produção de grãos de cerca de 10%, o que pode corresponder a um ganho médio de até dez sacas por hectare. “Esses experimentos avaliaram a inoculação combinada com a adubação reduzida de superfosfato triplo, o que pode diminuir o gasto para o produtor com fertilizantes sintéticos”, destaca a pesquisadora Christiane Paiva. Outro diferencial do uso do inoculante é uma redução significativa no índice de emissão de CO2 na atmosfera. “Com isso, os resultados demonstram que é possível empregar uma tecnologia limpa e de baixo custo na cultura do milho, contribuindo para a sustentabilidade na agricultura, sem perdas para o meio ambiente”, reforça.
Diferenciais
Os inoculantes produzidos com esses microrganismos apresentam menor custo, não causam danos ambientais e ainda podem ser usados para suplementar os fertilizantes. “Além disso, a adição de inoculantes no solo pode acelerar a ciclagem de nutrientes, aumentar a liberação do fósforo presente na matéria orgânica e enriquecer o solo biologicamente. Além disso, esses inoculantes apresentam outros mecanismos de promoção de crescimento para as plantas”, complementa Paiva. Estudos conduzidos pela Embrapa revelam que há um estoque bilionário de fósforo nos solos, que se encontra inerte e que não pode ser aproveitado pelas plantas.
“Em alguns solos de plantio direto, cerca de 88% do fósforo encontra-se em forma orgânica, indisponível para ser absorvido pelas raízes, e precisa ser mineralizado para esse fim. As bactérias solubilizadoras de fosfatos conseguem disponibilizar o elemento para a planta, atuando de forma agronômica nesse grande estoque presente na natureza”, interpreta a pesquisadora. “No caso do milho, por ser uma planta de ciclo curto e altamente exigente em nutrientes, o uso complementar do inoculante à adubação vem ganhando espaço. É realidade conseguirmos maiores ganhos de produção e de produtividade com o uso do produto”, reforça.
Outra vantagem é a estabilidade do inoculante por causa da sua capacidade de formação de esporos das bactérias selecionadas, permitindo sua adaptação a condições extremas, como temperaturas, pH ou exposição a pesticidas.
Produtores aprovam
O engenheiro agrônomo Luís Eduardo Curioletti, diretor da estação experimental da empresa Agrum – Agrotecnologias Integradas, sediada no sul do País, relata um incremento de 28% na produtividade do milho com o uso do BiomaPhos. Ele utilizou uma dose de 100 ml do inoculante aplicada em 600 mil sementes, somada a 50% da recomendação de fósforo solúvel na cultura, em comparação com a área testemunha. A empresa avaliou a eficiência do inoculante em área experimental que possui sete anos de histórico de cultivo de soja, milho e feijão. Ela é uma das instituições responsáveis pela validação do produto.
“O uso do BiomaPhos modificou significativamente a produtividade do milho a partir da dose mencionada, se considerarmos a área testemunha. Observamos aumento do diâmetro do colmo e da altura de plantas, maior índice foliar e consequentemente maior massa de parte aérea, além do aumento da concentração de fósforo nos tecidos vegetais. O produto também retardou o aparecimento dos sintomas de estresse por déficit hídrico e diminuiu os sintomas visuais de déficit por fósforo”, descreve o agrônomo. “Na minha opinião, o grande potencial do BiomaPhos está na melhoria do aproveitamento do fósforo e, consequentemente, no aumento dos níveis potenciais de produtividade”, conclui.
O produtor rural André Ricardo Denardin, do município paranaense de Braganey, obteve um acréscimo de oito sacas por hectare na cultura da soja com o uso do BiomaPhos. Ele utilizou o produto na última safra em dez hectares de soja, de um total de uma área cultivada de 360 hectares. “Essa área apresenta nível de média para alta fertilidade, na qual foi realizada a aplicação de calcário na fase de pré-plantio e carbonato de cálcio junto com o adubo na linha de plantio”, explica o produtor. Segundo ele, o kit de inoculação em sulco de plantio foi instalado na semeadora. “Além do aumento de produtividade, a análise de solo comprovou maior quantidade dos índices de fósforo disponível para a planta e maior desenvolvimento radicular”, aponta.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.