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Produção de tilápia no Brasil cresce 80% em dez anos

Dados foram observados durante a execução do projeto “Impactos socioeconômicos da tilapicultura no Brasil” executado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e parceiros

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Entre 2005 e 2015, a produção do peixe mais cultivado no Brasil, a tilápia (Oreochromis niloticus), deu um salto de 80% com a modernização e a intensificação da produção tanto em tanques-rede em reservatórios como nos viveiros escavados. Esses dados foram observados durante a execução do projeto “Impactos socioeconômicos da tilapicultura no Brasil” executado pela Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) e parceiros, que visitou sete grandes polos de produção da espécie: Orós e Castanhão, no Ceará; Submédio e Baixo São Francisco, na divisa dos estados da Bahia, Pernambuco e Alagoas; Ilha Solteira, na divisa de São Paulo com Mato Grosso do Sul, regiões Norte e Oeste do Paraná e Baixo Vale do Itajaí, em Santa Catarina.

Clima favorável, a rusticidade da espécie aceitando diferentes sistemas de produção; alta demanda dos produtos; além do bom resultado em cultivos intensivos, todos esses fatores contribuíram para alavancar a produção da tilápia no País.

A regulamentação do uso das águas públicas para cultivos intensivos de peixes em tanques-rede impulsionou o cultivo da tilápia, sendo a espécie responsável por 90% das solicitações de áreas aquícolas no País. A médica-veterinária Renata Melon Barroso, da Embrapa Pesca e Aquicultura (TO), coordenadora do projeto, comenta: “A concessão do uso de águas de lagos e reservatórios de hidrelétricas permitiu que piscicultores iniciassem a produção sem precisar ter a posse dessas águas, acelerando o crescimento dessa indústria no País”.

O estudo detectou também o aumento da tecnificação da produção e do profissionalismo dos produtores em muitos Polos, o que contribuiu para um incremento substancial na produtividade. “O uso de equipamentos, associado a práticas de manejo com controle dos parâmetros de cultivo, permitiu o adensamento da produção também nos viveiros escavados, aumentando a produtividade que, em Polos que se baseiam no uso de viveiros de terra, como no Paraná e em Santa Catarina, saltou de 30 para 50 toneladas por hectare”, conta Renata Barroso.

De acordo com a especialista, a justificativa do aumento da produtividade seria o maior profissionalismo dos piscicultores que compreendem que, para serem competitivos e se manterem na atividade, é necessário ter controle do seu negócio, usar mecanismos de registros de custos, maior cuidado com o manejo e da qualidade das águas de cultivo. A rentabilidade da tilapicultura, que pode variar de 10 a 20% para o produtor, tem levado a um maior investimento com aquisição de equipamentos que melhoram a qualidade da água e automatizam o cultivo, assim como em rações premium. Nos polos mais tecnificados, os cientistas observaram o uso de aeradores, ventiladores que aumentam a quantidade de oxigênio na água, permitindo a criação de mais animais no mesmo espaço, alimentadores automáticos, classificadores e contadores, entre outros equipamentos.

Ótima aceitação em todas as regiões

Omar Sabbag, professor do campus de Ilha Solteira da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (Unesp), conta que a tilápia é responsável por mais de 30% da aquicultura brasileira. Para ele, no atual cenário, é grande a perspectiva de crescimento da espécie no mercado interno. “Há espaço para expansão especialmente na produção de filés e cortes especiais de peixes de carne branca”, acredita. “O melhoramento genético e a melhoria na sanidade do ambiente produtivo, como observado em algumas regiões (como o uso de vacinas), sugerem potencialidade de expansão no setor”.

O segredo do sucesso da tilápia no Brasil está no crescente aumento da aceitação da espécie no mercado consumidor, segundo analisa Renata Barroso. O trabalho detectou que, diferentemente de outras espécies identificadas apenas regionalmente, a tilápia é conhecida e aceita em todo o País e suas vantagens têm provocado o aumento de sua participação no mercado. Além disso, a tilápia é um dos peixes cultivados mais comercializados em todo o mundo. Por esse motivo, a especialista acredita que o aumento do cultivo no Brasil pode levar o País a ser um grande exportador dessa espécie no futuro próximo.

“A produção em cativeiro permite uniformidade do tamanho, essa padronização é muito apreciada pelo varejo”, comenta a especialista. Outra vantagem que a espécie apresenta sobre os peixes oriundos da pesca é a continuidade no fornecimento. A atividade pesqueira possui entressafra ou períodos de defeso em que os peixes não são capturados. Enquanto isso, os peixes cultivados, como a tilápia, possibilitam o fornecimento constante de peixe fresco o ano inteiro.

Associado a esses fatores está o preço competitivo que faz da tilápia concorrente poderoso entre os pescados. Após liderar o mercado de filés de peixe, a espécie agora entra em nicho antes exclusivo de peixes nativos: o consumo de peixes inteiros. Renata explica que, especialmente em cidades litorâneas e ribeirinhas, o consumo de peixe inteiro era exclusivamente de espécies locais. Nos últimos anos, porém, esse hábito está mudando.

“No Rio de Janeiro, por exemplo, há dez anos, tilápia era espécie restrita a cardápios de merenda escolar, de creches ou asilos. Hoje já é encontrada no menu de restaurantes cariocas para consumo do peixe inteiro,” conta ressaltando que o preconceito contra o consumo de peixes de água doce na cidade tornava essa cena impensável no início dos anos 2000. Além dos restaurantes cariocas, os cientistas observaram o mesmo tipo de consumo no Ceará e Espírito Santo. “Encontramos até a tradicional moqueca capixaba feita com tilápia”, revela Renata.

Adequada a grandes e pequenos produtores

A pesquisadora acredita que essa grande aceitação no mercado nacional faz da tilapicultura um excelente negócio para as regiões em que seu cultivo é permitido. Somado ao mercado aquecido, a atividade possui outro ponto forte: pode ser lucrativa tanto para grandes como pequenos produtores. “Encontramos grandes empresas altamente tecnificadas que produzem em larga escala e também pequenas propriedades em que a tilápia garante renda aos produtores”, conta Renata. Sob esse aspecto, a tilápia é altamente democrática. A médica-veterinária detalha que o uso de tecnologia aumenta a produtividade, mas a espécie não necessita de grandes tecnologias e mesmo em sistemas muito simples pode se desenvolver até o tamanho comercial (entre 600 gramas e um quilo) e garantir retorno aos pequenos piscicultores.

O estudo revelou que as características climáticas de cada região produtora associadas aos recursos empregados em cada lugar impõem diferenças no desempenho de cada polo. O frio do sul do Brasil, por exemplo, provoca um período de entressafra no inverno, época em que a produção é mais prolongada , o que não ocorre nos estados do Nordeste, por exemplo. Por sua vez, uma longa estiagem nos reservatórios cearenses tornou a água escassa naquele estado e provocou queda da produção, com consequente migração de alguns piscicultores ou abandono da atividade, por outros.

Bessa Júnior, criador de alevinos de tilápia no polo cearense de Castanhão, sentiu nos últimos anos os impactos da seca. Quando iniciou sua atividade há cerca de dez anos, comercializava em torno de um milhão de alevinos por mês somente para o Ceará. Atualmente, a produção caiu pela metade mesmo após ampliar sua distribuição para os estados do Piauí, Pernambuco e Bahia. A despeito das dificuldades, Bessa Júnior ainda aposta na tilapicultura e acredita que o negócio voltará a se expandir no Ceará. “Mesmo com a seca, a tilápia tem sido um bom negócio para o criador”, afirma o produtor. Os cientistas comprovaram que Bessa Júnior tem razão. A despeito da estiagem, o Ceará figura como terceiro maior produtor de tilápia do País.

O trabalho descobriu peculiaridades importantes de cada polo tilapiculor. O Polo de Ilha Solteira, na divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, possui o maior grau de intensificação da cultura. Isso é devido ao maior poder de investimento em tecnologia que envolve contadores automáticos de peixes, plataformas para levantar tanques-rede, sistemas de despesca semiautomáticos, classificadores de biometria, sopradores e até alimentadores automáticos movidos a energia solar.

Já na região do Submédio e Baixo São Francisco, foram encontradas as maiores taxas zootécnicas, que englobam dados de desempenho como ganho de peso e conversão alimentar. Os cientistas atribuem esses resultados a uma conjunção de fatores como abundância de luz e temperatura ambiente mais elevada que deixa a água mais quente e propícia para a criação o ano todo.

Fonte: Embrapa

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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