Bovinos / Grãos / Máquinas
Cadeia leiteira passa por transformação acelerada e perde mais da metade dos produtores em oito anos
Enquanto a produção se mantém estável, concentração, tecnologia e mudança no perfil produtivo redefinem a paisagem do leite no Brasil.

A produção de leite no Brasil passa por um dos maiores ciclos de transformação estrutural de sua história, marcado pela concentração das propriedades, a saída acelerada de pequenos produtores e o fortalecimento de grandes fazendas altamente tecnificadas. Dados do Censo Agropecuário de 2017 e levantamentos recentes indicam que o número de produtores que comercializam leite caiu de mais de 600 mil para algo entre 200 e 240 mil em menos de dez anos — uma redução superior a 60%.
Apesar da redução expressiva no número de produtores, a produção nacional se mantém praticamente estável, com crescimento em algumas regiões. Um exemplo claro é Santa Catarina, onde o número de produtores recuou de 70 mil em 2015 para 23,6 mil em 2023, enquanto a produção aumentou de 3,05 bilhões para 3,2 bilhões de litros no mesmo período.

Foto: Ari Dias
Segundo pesquisa da MilkPoint Ventures realizada em 2024 com cerca de um terço do leite inspecionado no país, apenas 1% dos produtores, aqueles que produzem mais de 5 mil litros por dia, são responsáveis por mais de 26% do volume total. Quando consideradas propriedades que produzem acima de 2 mil litros por dia, essa participação sobe para 42,5%.
Urbanização, sucessão e exclusão silenciosa
Parte da concentração da produção leiteira está ligada a tendências demográficas. Em 2022, apenas 12,6% da população brasileira vivia em áreas rurais, segundo dados do IBGE. A migração para as cidades esvazia o campo e dificulta a sucessão nas propriedades familiares, especialmente as menores, que muitas vezes não oferecem retorno financeiro compatível com as oportunidades urbanas.
Esse cenário pressiona o pequeno produtor, que enfrenta desafios crescentes para se manter competitivo, como a necessidade de investir em tecnologia, mão de obra qualificada, acesso à internet, gestão técnica e capital.
Fatores que impulsionam a consolidação
As causas da concentração da produção de leite no Brasil são semelhantes às observadas em outros países de mercado desenvolvido. A diferença está no porte das propriedades: um produtor que sai da atividade nos Estados Unidos pode ainda ser competitivo no Brasil, devido às especificidades locais.
Em 2022, a população urbana brasileira atingiu 87,4% dos 203,1 milhões de habitantes, um aumento significativo desde 2010, quando a taxa era de 84,4%. Esse movimento impacta diretamente a sucessão nas fazendas familiares, já que muitos herdeiros optam por buscar oportunidades na cidade, atraídos pela maior renda e pela vida urbana.
Esse fenômeno é um dos fatores que explicam a crescente adoção de automação nas propriedades rurais, especialmente entre os pequenos produtores, que enfrentam maior dificuldade para manter a competitividade.
Acesso à tecnologia e gestão
Atualmente, o produtor de leite dispõe de um conjunto avançado de ferramentas, incluindo estratégias genéticas, sistemas de monitoramento com inteligência artificial, ordenha robotizada e softwares de gestão. Muitas dessas tecnologias demandam conexão à internet, conhecimento especializado e apoio técnico.

Foto: Fernando Dias
No entanto, o acesso a esse ferramental ainda é restrito a produtores maiores ou a aqueles que contam com suporte de cooperativas e laticínios que investem em inclusão tecnológica. A evolução tecnológica tende a excluir produtores menores que não têm condições de investir adequadamente.
Mudança no sistema produtivo
A preferência pela produção em confinamento, especialmente no sistema compost barn, cresce rapidamente. Pesquisa da MilkPoint Ventures mostra que 20% do leite inspecionado já vem de sistemas confinados, demonstrando uma transformação significativa no modo de produção.
Enquanto a produção a pasto permitia adaptação a preços baixos, reduzindo suplementação, o confinamento demanda altos investimentos — em torno de US$ 10 mil por animal alojado — e requer genética avançada, conforto animal e alto desempenho. Isso implica substituir o risco técnico pelo risco de mercado, já que os custos variáveis são mais altos e a produção fica mais sensível à variação de preços de commodities.
Por outro lado, o confinamento oferece maior previsibilidade técnica, facilita o crescimento em escala e viabiliza receita e lucratividade que competem com outras atividades agropecuárias. Embora o sistema a pasto ainda apresente casos de sucesso e prêmios internacionais, ele não é mais o preferido do mercado brasileiro.
Preços diferenciados e rentabilidade
O mercado brasileiro, ainda com poucos grandes produtores e déficit anual de produção entre 3% e 6%, opera com preços diferenciados conforme o volume produzido, uma característica pouco comum internacionalmente. Isso cria uma vantagem extra para os maiores produtores, que recebem ganhos de receita significativos com o aumento da escala.
Em 2023, mesmo diante de desafios, produtores com mais de 4 mil litros por dia apresentaram rentabilidade média bastante atrativa, o que acelera o processo de consolidação.
Consequências, investimentos e oportunidades

Foto: Shutterstock
A consolidação no setor está claramente em curso. Desde 2001, os 100 maiores produtores cresceram a uma taxa anualizada de 7,6%, enquanto a produção total do país cresceu menos de 0,5% ao ano. A produção média desses grandes produtores saltou de 6.544 litros por dia em 2001 para quase 29 mil litros em 2023.
Eles estão localizados em regiões competitivas, como Campos Gerais do Paraná, Triângulo Mineiro, Sudoeste de Minas Gerais e Sul de Goiás, onde a produção de leite compete com culturas agrícolas de alto valor.
Apesar de movimentar quase R$ 80 bilhões por ano na produção primária, o setor leiteiro ainda atrai pouco capital privado. Grandes grupos agroindustriais são raros e a entrada no mercado de capitais é incipiente, refletindo desconhecimento e assimetria de informações. O leite ainda é visto como uma atividade problemática, de baixa produtividade e dependente de políticas públicas, ao contrário de outros setores do agronegócio.
O processo de consolidação deve continuar, mas é necessário ampliar a divulgação da nova realidade para investidores, produtores e sociedade. Há espaço para diferentes perfis produtivos e caminhos para que produtores familiares cresçam — afinal, muitos dos grandes produtores de hoje começaram como pequenos.
Garantir o desenvolvimento dos produtores menores, que representam 95% do total e mais de 70% da produção, é tão importante quanto acompanhar a transformação no topo da cadeia produtiva.

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Brasil avança em norma que libera exportação de subprodutos de bovinos e bubalinos
Proposta moderniza regras sanitárias e permite que empresas do Sisbi-Poa destinem materiais sem demanda interna a plantas com inspeção federal para exportação.

O Brasil deu um passo importante para ampliar o aproveitamento de subprodutos de bovinos e bubalinos destinados ao mercado internacional. O Projeto de Lei 4314/2016, de autoria do ex-deputado Jerônimo Goergen (RS), moderniza regras sanitárias e autoriza que empresas integrantes do Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Sisbi-Poa) destinem ao exterior materiais que não têm demanda alimentar no mercado interno, desde que o envio seja feito por estabelecimentos com fiscalização federal.
A proposta, aprovada na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJC) da Câmara, na terça-feira (18), recebeu ajustes de redação e correções técnicas apresentadas pelo relator, deputado Cabo Gilberto Silva (PL-PB).
Ele destacou que versões anteriores do texto acumulavam vícios materiais e erros de referência à Lei 1.283/1950, que regula a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal no país, o que comprometia a clareza normativa e poderia gerar insegurança jurídica.
Adequação técnica e segurança jurídica

Deputado Cabo Gilberto Silva: “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas” – Foto: Divulgação/FPA
Cabo Gilberto apontou que substitutivos anteriores citavam equivocadamente o artigo 11 da Lei 1.283/1950, quando a referência correta deveria ser o artigo 12, que trata diretamente das condições de inspeção sanitária. Para o relator, manter o erro poderia abrir brechas interpretativas. “A remissão incorreta não decorre da vontade do legislador, mas de um erro material, passível de correção. Preservar a referência ao artigo 12 garante coerência e evita contradições interpretativas”, afirmou.
Ele também corrigiu dispositivos que, segundo sua avaliação, extrapolavam a competência do Parlamento ao abordarem temas típicos de regulamentação pelo Poder Executivo. “Alguns trechos invadiam competências próprias do Poder Executivo. Ajustamos essas inconsistências para preservar a constitucionalidade e a técnica legislativa”, explicou.
Exportação via estabelecimentos com inspeção federal
Com essas correções, o texto final deixa claro que estabelecimentos estaduais ou municipais integrados ao Sisbi-Poa poderão destinar subprodutos sem demanda local a plantas industriais com inspeção federal, habilitadas pelo Ministério da Agricultura para exportação.
A medida atende mercados externos que utilizam esses materiais em diversas aplicações industriais e contribui para ampliar o aproveitamento de resíduos do abate, fortalecer a cadeia produtiva e garantir conformidade sanitária nas operações internacionais.
Avanço regulatório
Para o deputado Cabo Gilberto, a atualização moderniza a legislação e posiciona o Brasil para aproveitar melhor oportunidades no comércio global. “A atualização aperfeiçoa a legislação, reforça o papel do Sisbi-Poa e contribui para que o país aproveite oportunidades no mercado internacional sem comprometer a fiscalização sanitária”, destacou o relator.
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Aliança Láctea debate crise do leite e traça estratégias para fortalecer o setor no Sul e Sudeste
Encontro em Florianópolis reuniu lideranças de vários estados para discutir competitividade, exportações, antidumping e ações conjuntas para reverter a crise da cadeia produtiva.

Os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor foram destaques na reunião da Aliança Láctea Sul Brasileira (ALSB), realizada na terça-feira (18), na sede do Sistema Faesc/Senar, em Florianópolis. O evento, realizado de forma híbrida, reuniu lideranças das federações de agricultura, representantes da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, bem como de governos estaduais e entidades dos três Estados do Sul, do Centro Oeste e de São Paulo, para discutir temas estratégicos para o futuro da cadeia produtiva do leite.
A abertura do evento reforçou a importância da atuação conjunta para a construção de políticas públicas que assegurem competitividade, sustentabilidade e crescimento para o segmento. Durante sua explanação, o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de SC (Faesc), José Zeferino Pedrozo, expressou a satisfação em sediar o encontro e expôs a preocupação com essa grave crise que afeta diretamente a economia rural e a sobrevivência de mais de milhares de famílias produtoras.

Registro das lideranças que participaram da reunião de forma presencial – Foto: Enzo Santiago
O dirigente lembrou da audiência pública, recém-realizada pela Alesc, para discutir a atual situação da cadeia produtiva. “A Assembleia Legislativa, por iniciativa do deputado estadual Altair Silva, promoveu essa audiência pública que oportunizou discussões relevantes sobre o tema. Representamos a Federação da Agricultura do nosso estado e, para nossa surpresa, a mobilização foi tão significativa que contou com mais de 700 pessoas. O evento resultou na criação de uma comissão que trabalhará estrategicamente junto ao governo federal e ao governo catarinense nas sugestões indicadas”.
Pedrozo também ressaltou que em janeiro deste ano levou à CNA, a preocupação com a queda constante no preço pago aos produtores. “A CNA imediatamente solicitou a aplicação de um antidumping provisório, pedindo a verificação dos preços do leite em pó importado da Argentina e do Uruguai”, afirmou.
As atividades seguiram com explanação do presidente da ALSB, Rodrigo Ramos Rizzo, que destacou a importância estratégica da reunião e mediou os debates. Entre os destaques da programação esteve a apresentação do Modelo de Negócios para exportação de lácteos, que focou nas oportunidades para ampliar a presença brasileira no mercado internacional e tornar a cadeia mais competitiva. A explanação foi conduzida pelo consultor Airton Spies e o objetivo é entregar a proposta ao CODESUL e ao BRDE.
“O documento foi elaborado pelo Grupo de Trabalho da Aliança está finalizado. Agora, estamos formatando para entregar de uma maneira formal ao CODESUL no mês de dezembro, com as adequações que cada uma das entidades julgar necessário”, afirmou Rodrigo Rizzo.
Outro item da pauta foi a apresentação do “Termo de Prorrogação” da ALSB, conduzida por Orlando Pessuti, representando o CODESUL. A Secretaria da Agricultura do Estado de São Paulo, representada por José Carlos de Faria Cardoso Junior, ampliou o diálogo da ALSB com outros Estados interessados em participar e fortalecer a Aliança Láctea Sul Brasileira.
Também ganhou ênfase a apresentação do presidente da Cooperativa Central Gaúcha (CCGL), Caio Viana, e sua equipe que relataram o case sobre o status sanitário do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e da Tuberculose Animal (PNCEBT) da cooperativa. O encontro abordou, ainda, a definição da direção da ALSB para o período 2026–2027, que ficará sob responsabilidade da Faep, e abriu espaço para contribuições gerais dos participantes, que ampliaram o diálogo para fortalecer a cadeia produtiva.
Encontro produtivo para o futuro do setor
Rodrigo Rizzo fez uma avaliação positiva da reunião, destacando que foi produtiva ao trazer diversos itens de pauta que refletem o cenário atual do setor. Segundo ele, um dos temas de impacto foi a questão da brucelose e da tuberculose, apontada como uma melhoria ainda necessária para aprimorar todo o processo e fortalecer o acesso ao mercado internacional.
Na visão de Rizzo, a união das entidades tem sido fundamental, especialmente para enfrentar a ação antidumping movida pela CNA, relacionada ao leite em pó importado, principalmente do Uruguai e da Argentina, que tem prejudicado o setor. “Esse produto tem entrado no país e afetado tanto as indústrias, que perdem competitividade, quanto os produtores, que enfrentam a queda nos preços”, destacou.

Reunião discutiu os desafios do atual cenário da cadeia produtiva do leite e as estratégias para fortalecer o setor – Foto: Silvania Cuochinski/MB Comunicação
O presidente da Aliança Láctea frisou, ainda, que é importante seguir atento ao monitoramento que que vem sendo realizado em relação à ação antidumping movido pela CNA. “Também discutimos sobre as exportações e competitividade. Somos competitivos em praticamente todos os aspectos. Temos alta qualidade e excelência na produção do nosso leite. O único ponto que ainda precisamos melhorar é o preço. O Brasil ainda não é competitivo nesse quesito. Isso depende de tempo e de um trabalho interno que precisa ser realizado.”, ressaltou.
O presidente Pedrozo também avaliou positivamente o encontro. Em sua mensagem final, reforçou o papel da Aliança Láctea Sul-Brasileira como um fórum essencial para a articulação institucional, debate técnico e construção de estratégias conjuntas capazes de contribuir para a superação da crise enfrentada pelo setor e para impulsionar o desenvolvimento da cadeia láctea. “Agradeço a participação de todos e espero que esse encontro represente mais um passo para a busca por soluções que fortaleçam o setor, promovendo o crescimento não apenas nos Estados envolvidos, mas em todo o Brasil. “
Representação
Também participaram e contribuíram com suas que contribuíram com análises e encaminhamentos essenciais para o fortalecimento da cadeia láctea, as seguintes autoridades e representantes de entidades: o presidente do Sindileite/SC e Conseleite/SC, Selvino Giesel; o secretário adjunto da Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Admir Edi Dalla Cort; o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias; o presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Ronei Volpi; o presidente do Sindileite/PR, Elias José Zydek; o presidente do Sindilat/RS, Guilherme Portela; o presidente da Famasul, Marcelo Bertoni; representantes da Farsul e da Faep; o secretário da Agricultura e Abastecimento do Paraná, Marcio Fernando Nunes; o secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação de Mato Grosso do Sul, Jaime Elias Verruck; o presidente do SILEMS, Abraão Giuseppe Beluzi; representantes da secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação do Rio Grande do Sul, da Secretaria de Articulação Nacional, representantes do Sindilat, do Sebrae/RS; Conseleite/RS; do Codesul/PR, da Epagri, da Cidasc; entre outros.
Bovinos / Grãos / Máquinas Pecuária no Pampa
Produtores da Campanha conhecem tecnologias para bovinos e gestão do clima
Tarde de Campo em Hulha Negra apresentou ferramentas de rastreabilidade, controle de pragas, nutrição animal e agrometeorologia aplicada ao campo.

Produtores da região da Campanha gaúcha tiveram a oportunidade de conhecer, na terça-feira (18), tecnologias aplicadas à pecuária de corte durante a Tarde de Campo organizada pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), por meio do Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA). O evento ocorreu no Centro Estadual de Diagnóstico e Pesquisa em Sistemas Integrados e Meteorologia Aplicada (Cesimet).
O foco da atividade foram pesquisas e ferramentas práticas para manejo de bovinos, nutrição, controle de carrapatos, identificação biométrica e agrometeorologia, voltadas especialmente para produtores da região.
Segundo Gabriel Fiori, médico-veterinário do Cesimet e coordenador do evento, o objetivo é integrar pesquisa aplicada e necessidade do produtor. “Estamos apresentando uma seleção de experimentos e resultados-chave desenvolvidos pela Secretaria, após um longo período de interrupção desse tipo de atividade. Este momento simboliza a revitalização do Centro. As tecnologias e ferramentas demonstradas são direcionadas especialmente aos produtores da Campanha”, afirmou.

Fiori reforçou o papel estratégico do Cesimet para a região. “A força da pesquisa aplicada e da inovação está no coração do Pampa. Mais do que um centro de pesquisa, somos um espaço que integra produtores e poder público. Não é apenas um evento técnico, mas um ambiente de troca e construção de conhecimento conectado às tendências atuais”, completou.
Márcio Amaral, diretor-geral da Seapi, destacou a importância de conciliar produtividade e sustentabilidade. “O desafio é trabalhar em uma atividade que precisa aumentar a produtividade sem descuidar da questão ambiental. A pecuária está retomando força na região, e integrar lavoura e pecuária é o caminho ideal”, disse.
Agrometeorologia e planejamento do produtor
Flávio Varone, coordenador do Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos (Simagro-RS), apresentou dados em tempo real de 102 estações meteorológicas no Estado. O sistema permite ao produtor acessar informações sobre irrigação, umidade do solo e temperatura, tanto pelo site quanto pelo aplicativo gratuito. “Hoje contamos com previsão do tempo e dados agroclimáticos integrados. O produtor gaúcho tem, na tela do celular, informações essenciais para planejar suas atividades”, explicou Varone.
Geovanna Klassen Gielow, estudante de Agronomia da Urcamp, avaliou o aprendizado. “A palestra sobre clima agrometeorológico foi essencial para ver na prática a aplicação do que aprendemos na sala de aula”, comentou.
Rastreabilidade e sanidade animal
O controle de carrapatos foi apresentado pelo pesquisador José Reck Junior, do IPVDF/Seapi. O Rio Grande do Sul mantém testes gratuitos há 40 anos para avaliar a eficácia de carrapaticidas, um diferencial do Estado. “As condições climáticas da região favorecem a proliferação do carrapato durante grande parte do ano, e a resistência aos produtos usados no campo é um desafio constante”, disse.
A identificação biométrica de bovinos foi demonstrada pelo CEO da QR Cattle, Flávio Mallmann. A tecnologia permite rastrear cada animal, registrar sua localização georreferenciada e o tempo de permanência em cada propriedade. “Quando o animal se desloca, o sistema registra automaticamente essa mudança. A plataforma deve estar disponível ao público a partir de janeiro de 2026”, afirmou.
Além disso, o evento abordou nutrição e reprodução de bovinos, reforçando a integração entre pesquisa aplicada e necessidade produtiva da região.



