Bovinos / Grãos / Máquinas
Produção de leite exige eficiência para garantir rentabilidade e sustentabilidade
Gestão estratégica e equilíbrio entre custos e produtividade são fundamentais para diluir o capital imobilizado.

Frente ao cenário de constantes desafios e mudanças enfrentados pela cadeia produtiva do leite, a busca por eficiência produtiva torna-se essencial para garantir sua sustentabilidade. Investimentos estratégicos são um ponto-chave, priorizando-se áreas do sistema que favoreçam incrementos produtivos e otimizem a amortização do capital imobilizado pela atividade.
A manutenção de um sistema produtivo exige investimentos para estruturar suas operações. O capital alocado em infraestrutura, cultivo de áreas perenes e animais, exerce influência sobre a margem líquida obtida, por meio dos custos com depreciação, devendo a atividade gerar caixa suficiente para garantir a reposição da infraestrutura. Portanto, o produtor de leite deve tomar a decisão de onde alocar seus recursos de forma a elevar seus retornos. É necessário que a atividade leiteira se mostre suficientemente rentável para justificar a imobilização financeira necessária para a atividade.

Foto: Arnaldo Alves
Para demonstrar o impacto da amortização do capital investido na atividade leiteira pela produtividade dos sistemas, foram estabelecidas correlações entre o capital imobilizado, a produtividade e a margem líquida (ML) obtida nos levantamentos realizados pelo Projeto Campo Futuro, uma parceria entre o sistema CNA/Senar e o Cepea. Os alvos da análise foram propriedades com sistemas de produção intensivos, amostradas entre 2020 e 2024, e seus resultados financeiros em fevereiro de 2025.
Propriedades leiteiras com menor captação por área apresentam uma margem líquida reduzida, uma vez que a receita bruta da atividade é diretamente proporcional ao volume de leite entregue, o que torna mais difícil equilibrar a relação entre receita e custos operacionais. Por outro lado, em teoria, propriedades com maior volume de captação tendem a ter uma rentabilidade mais elevada, justamente por esse cenário. No entanto, ao analisar a relação entre produtividade (litros de leite/hectare/ano) e ML nos sistemas avaliados (Gráfico 1), verifica-se que mesmo propriedades de alta produção não estão isentas de resultados negativos. Isso ocorre pelo maior nível de complexidade da gestão de recursos frente a sistemas menos produtivos, exigindo tecnificação para que o sistema não seja penalizado.
Propriedades de alta produção geralmente apresentam um alto nível de tecnologia aplicada. No entanto, ressalta-se a importância de equilibrar custos de produção e produtividade em si. A implementação de pacotes tecnológicos pode se dar por meio do uso de insumos, resultando em um incremento nos custos variáveis (como nutrição e sanidade, que impactam diretamente a produção), ou de investimentos na infraestrutura em si. A integração entre esses dois fatores potencializa a produtividade do sistema. Especialmente ao se falar de investimentos, a imobilização de capital precisa ser justificada por um maior retorno financeiro, fato que muitas vezes ocorre por meio de incrementos em sua produtividade (Gráfico 2).
A gestão estratégica em modelos de negócio de alta produtividade demonstra-se essencial para a conquista de metas de rentabilidade. É possível concluir com base nos Gráficos 1 e 2 que o equilíbrio entre produção e custos é determinante para que o produtor torne sua atividade mais rentável. Com isso, observa-se que a propriedade de Castro (PR) equilibra os fatores de estoque de capital e produção, maximizando assim, seu retorno frente ao investimento no sistema. O mesmo se aplica às propriedades de Chapecó (SC) e Patos de Minas (MG); no entanto, percebe-se que os retornos obtidos por esses últimos foram relativamente mais limitados.

Gráfico 1: Relação entre a produtividade (litros de leite/hectare/ano) e a margem líquida (R$/hectare) em fevereiro/2025 nos sistemas de produção de leite confinado. Fonte: Projeto Campo Futuro – Sistema CNA/Senar. Elaboração: Cepea – Esalq/Usp, Sistema CNA/Senar.

Gráfico 2: Relação entre o estoque de capital (R$/ litro de leite) e a margem líquida (R$/hectare) das propriedades
típicas amostradas pelo projeto Campo Futuro. Fonte: Projeto Campo Futuro – Sistema CNA/Senar.
Elaboração: Cepea – Esalq/Usp, Sistema CNA/Senar
Vale ressaltar que propriedades com os níveis de produção avaliados dependem de animais altamente produtivos, os quais, por sua vez, necessitam de um sistema capaz de maximizar seu potencial. Assim, é fundamental que os animais e o sistema avancem juntos para essa evolução, visando não apenas manter um sistema dessa natureza, mas também obter lucro com ele.
A propriedade típica de Castro demonstrou operar no limiar de seu potencial produtivo, ou seja, as estratégias adotadas são coerentes com o tamanho da propriedade e com os recursos disponíveis, o que possibilitou maximizar a eficiência e a rentabilidade sem sobrecarregar o sistema.
Os patamares inferiores de ML/hectare/ano observados em Chapecó e Patos de Minas podem estar vinculados ao processo de redimensionamento de rebanho, que pesou nos custos de tais sistemas. No caso de Chapecó, o produtor ainda estava em processo de multiplicação interna do rebanho para atingir 100% da ocupação de suas instalações, gerando investimentos proporcionalmente maiores em benfeitorias do que no rebanho produtivo (Gráfico 3). Enquanto Patos de Minas, o produtor optou por reter todas as fêmeas nascidas na propriedade para manter uma taxa de descarte média de 35,59% ao ano e, portanto, obteve um estoque de capital inflado em fêmeas que não estavam em idade produtiva (correspondendo a 42% do estoque de capital no item rebanho).

Gráfico 3: Ponderação dos itens que compõem o Estoque de Capital das propriedades típicas amostradas
pelo projeto Campo Futuro. Fonte: Projeto Campo Futuro – Sistema CNA/Senar.
Elaboração: Cepea – Esalq/Usp, Sistema CNA/Senar.
Ao relacionar a rentabilidade dos sistemas que apresentaram margem líquida com seus estoques médios de capital investido, observa-se que a estratégia empregada pela propriedade típica de Castro, permitiu que a mesma, recuperasse seu capital inicial investido a uma taxa mais competitiva que as demais, de 12,66%, contra os 3,99% de Chapecó (SC) e os 1,88% de Patos de Minas (MG) – desconsiderando-se, para esta análise, o valor da terra dos empreendimentos.

Foto: Aires Marga
Os corretos dimensionamentos do pátio de máquinas em relação à área da propriedade e seu uso anual são desafios observados em propriedades de maior potencial produtivo, visto que são equipamentos com um alto custo de depreciação. Da mesma forma, o planejamento adequado da infraestrutura da fazenda, especialmente de estruturas como o compost barn, é fundamental para evitar problemas de sub ou superlotação no alojamento dos animais, uma vez que os custos de construção e manutenção dessas instalações são significativos para o produtor. Nas propriedades de Castro e Patos de Minas, observa-se um dimensionamento próximo ao ideal para o alojamento de cada rebanho, aliado a um pátio de máquinas que atende às demandas operacionais. Esses fatores contribuíram positivamente para a saúde financeira dessas propriedades.
É importante destacar que estratégias referentes ao desempenho individual dos animais foram determinantes para que os sistemas em questão alcançassem níveis de produtividade satisfatórios e, assim, obtivessem melhor diluição do capital imobilizado.
Dessa forma, fica evidente a importância da visão de longo prazo e do planejamento estratégico, para que o produtor defina estratégias de alocação de recursos mais eficientes. Um sistema bem dimensionado permite uma melhor diluição de seus custos fixos, o que contribui para o aumento da rentabilidade e, consequentemente, a sustentabilidade financeira do sistema de produção.
Encarar a atividade como um negócio é vital para que o produtor se profissionalize, visando a sobrevivência e a progressão do seu empreendimento dentro do mercado. Dessa forma, produzir leite deve ser o foco da fazenda que explora a atividade como negócio, quando existe capacitação neste sentido, a administração consciente dos recursos pode viabilizar a atividade dentro de contextos/cenários adversos.

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Mudanças no ciclo pecuário exigem nova abordagem da indústria de suplementação, aponta Asbram
Especialistas destacam mercado aquecido, avanço da intensificação, menor venda de suplementos e projeção de forte recuperação a partir de 2026.

Compreender a intensidade de movimentos que vêm marcando o atual ciclo pecuário no Brasil. Para realizar os negócios de investimentos em tecnologias modernas de nutrição ao lado dos produtores de carne e leite do país. O desafio foi assumido em outubro passado, em Campo Grande (MS), durante nova reunião da Associação Brasileira das Indústrias de Suplementos Minerais (Asbram). O encontro contou com três palestras, um balanço do Simpósio realizado pela entidade em setembro passado, com presença de quase 500 participantes e avaliação positiva de 98%, e a atualização dos números do painel de comercialização de suplementos minerais nos nove meses de 2025.

Foto: Divulgação
A carne bovina brasileira segue resoluta. Mercado firme, frigoríficos com estratégia mais definida, exportações recordes mesmo com queda nas vendas aos Estados Unidos, mercado interno bom, com oferta da proteína. “Está saindo mais carne do sistema para o mercado. O futuro não vai ser diferente. Deve ter preço de boi subindo e bezerro também. Com tempo de alta na arroba também, e abates em alta’, analisou o médico-veterinário e consultor Hyberville Neto, ao tratar sobre as pextactativas para o fim deste ano e ao longo de 2026.
Ele também destacou o panorama do confinamento, que pode fechar cerca de 8 milhões de cabeças. Com estratégias bem aplicadas e arroba engordada interessante pelo preço atraente do milho. “O grão merece atenção. O mercado doméstico está ganhando espaço principalmente por causa do etanol, que já abocanha 23% do que é colhido. Porém, as vendas externas não param de ajudar. O Vietnã abriu o mercado para a gente. A população de lá só come 4,4 kg por habitante ao ano e é nada menos do que 100 milhões. E o Japão pode começar a comprar ainda neste ano”, salientou.
Como a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indica que o mercado interno vai usar 68% da produção no ano que vem, Neto

Foto: Juliana Sessai
projeta pico de preços em 2027 e 2028. “Até R$ 420 a arroba. Não é um absurdo se olharmos o histórico. Agora, as precauções devem permanecer as mesmas para a fazenda. A baixa e a alta não duram para sempre. Não esqueça do caixa. Quem tem decide se está na compra ou na venda. Olho na economia brasileira, no consumo doméstico, milho e câmbio. Para garantir preço mínimo”, sintetizou.
“A proteína animal vive realmente um bom momento, com abates maiores de vacas e novilhas, uma reação no abate de machos, mas com carcaças mais leves. O que exige uma reflexão detalhada sobre o que vem ocorrendo com as dietas dos animais. Agora, tenho uma visão mais conservadora sobre os preços futuros”, opinou o engenheiro agrônomo e Coordenador do Rally da Pecuária, Maurício Palma Nogueira.
Ele enfatizou que mais variáveis estão sendo incluídas no ciclo pecuário e é necessário compreender níveis tecnológicos mais altos na atividade. Para ele, todos os indicadores são de alta no ciclo, exceto o abate de fêmeas. Aceleração da atividade, área de pastagens caindo, pecuária crescendo de forma sólida, frigoríficos trabalhando bem em segurar preço, e vendas externas sem precedentes, que podem passar de quatro milhões de toneladas neste ano, 22% das exportações globais. “Temos todos os modelos. O conservacionista, 9 milhões de cabeças confinadas, terminação intensiva no pasto, semiconfinamento e pasto com mineralização. São 19,3 milhões de cabeças comendo mais de 1% de peso vivo em concentrados. É uma pecuária nova, estimulante, entretanto também traz pontos de atenção. A nossa cabeça fica confusa, mesmo. Aumentou o número do envio de animais para confinamentos terceirizados. Por isso os fornecedores precisam estar conectados ao longo do ano inteiro. Muitos criadores vendem rápido para entendendo oportunidades de maximizar resultados financeiros, assim como novilha indo ao abate é menos suplemento mineral vendido”, alertou.

Foto: Divulgação
Alinhamento de estratégias do setor
A avaliação percorreu imediatamente todo o público presente à reunião. “Temos que analisar bem nossa estratégia no mercado, o profundo entendimento das necessidades do pecuarista em cada modelo de produção, para que eles tenham resultados melhores e nossas empresas cresçam e ajudem a pecuária brasileira. Melhorar o nível tecnológico é mandatório em qualquer modelo! O que muda é o que se apresenta como tecnologia em cada um. Sistemas mais ou menos intensivos em termos de dieta e de tempo, geram necessidades e análises diferentes que o atual fornecedor de nutrição deve entender se quiser ser reconhecido como relevante para o produtor”, indicou o vice-presidente da Asbram, Rodrigo Miguel.
“A Associação precisa ficar antenada com essas várias mudanças. Vivi isso na Agricultura nos últimos quarenta anos. A gente conhece o final dessa história. Um trabalho bem realizado dá resultado. Tanto que, hoje, comemos carne bovina igual a qualquer outra do mundo”, concordou a vice-presidente executiva da entidade, Elizabeth Chagas.
A nova abordagem ganhou corpo por causa dos números mais recentes das vendas de suplementos minerais. 230 mil toneladas em

Foto: Gisele Rosso
setembro, 10,29% abaixo na comparação com o mesmo mês de 2024. O retrato de 2025 é de 1,871 milhão de toneladas, 3,9% a menos do que o mesmo período do ano passado. “O volume está sendo menor no segundo semestre até porque a base de comparação, segundo semestre de 2024, está desfavorável. A perspectiva para o ano todo é alcançar 2,4 milhões de toneladas. O que vai sinalizar uma contração de 6,9%. Com 68,1 milhões de cabeças suplementadas na média. 4,2% abaixo do ano passado”, sintetizou Felippe Serigati, professor da Fundação Getúlio Vargas e coordenador do Painel de Comercialização da Asbram.
Outros pontos podem estar interferindo nessa questão. O efeito DDG (co-produto da produção de etanol de milho), mudanças na nutrição de vacas e novilhas, rebanho menor e mais leve. “O cliente está capitalizado, mas pode estar suplementando menos animais. Ou aumentou o abate de todas as categorias. E sem bezerro para vender. Não vamos esquecer que os juros altos podem estar mantendo o dinheiro do produtor mais no banco. Mas posso garantir que vai haver recuperação, e forte, em 2026 e 2027. Um rebanho menor e mais leve. Passamos por um vale, mas a recuperação pode ser forte e as empresas de suplementação viverem um novo aumento expressivo. Preparem-se para vender”, tranquilizou Nogueira.
“A ASBRAM vai seguir com nossas estatísticas e nossos debates para que ajudemos a cadeia produtiva de carne e leite a avançar cada vez mais. O painel é referência nacional do mercado de ruminantes do Brasil. É mais do que mineralização. É a fotografia da alimentação de ruminantes no Brasil. Tecnologia exige processos modernos. Para pequenos ou grandes produtores. Capturamos isso no painel”, emendou Elizabeth. “Exatamente. Vamos continuar contribuindo com as informações do painel para vendermos mais ração e aditivos. Pode ser um novo momento da nutrição animal no Brasil. Suplementos, ração, proteicos. Com uma nova visão sobre as fábricas próprias dos confinamentos, novos números. A Associação se posiciona nesse universo”, acrescentou Rodrigo Miguel.

Foto: Divulgação
E a economia vai interferir nesse processo. “Estamos desacelerando, mas seguimos crescendo. Emprego aquecido, serviços e consumo das famílias à toda, média salarial em alta. O Produto Interno Bruto tem avançado em todas as projeções. Mesmo com os juros nas alturas e a inadimplência crescendo. Sendo que a inflação não se mexe. Certamente, por causa dos gastos do governo federal crescendo sem parar. Mas todo esse caldeirão sustenta a venda de carne bovina no supermercado nos próximos meses”, opinou Felippe.
“Pensando nos próximos meses, o ajuste de rebanho, tecnologia e como vamos melhorar. Vamos escalar na nutrição dos negócios. É o trabalho básico da Asbram. Discutir o mercado, a economia brasileira e mundial, lançar materiais de apoio às indústrias e aos pecuaristas, como o Guia Prático de Gado de Corte e Leite, seguir com as campanhas mensais, falando da riqueza da suplementação de qualidade, as publicações na internet, entender o nosso negócio e alimentar de informação o exército de mais de 14 mil profissionais que possuímos para disseminar a boa nutrição dos rebanhos do Brasil”, enfatizou Fernando Penteado Cardoso.
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Crise no leite escancara desigualdade tecnológica no campo
Audiência na Câmara destacou que a democratização da genética avançada pode elevar a produtividade, reduzir custos e fortalecer a renda das famílias rurais.

A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados realizou, na última semana, audiência pública para discutir a importância do melhoramento genético do gado leiteiro voltado aos pequenos produtores. O debate foi solicitado pelo deputado Rafael Simões (União-MG), que defende a ampliação do acesso a tecnologias avançadas de reprodução no campo.
Segundo o parlamentar, o melhoramento genético é um dos principais instrumentos para elevar a eficiência e a competitividade da produção de leite no país, especialmente entre agricultores familiares. “Animais com maior potencial genético produzem mais leite, garantem melhor qualidade do produto e apresentam maior resistência a doenças, além de melhor adaptação às condições de manejo. Esses fatores impactam diretamente na redução de custos e no aumento da renda das famílias rurais”, afirmou.

Deputado Rafael Simões: Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades”
Rafael Simões defendeu a criação de um programa específico voltado ao melhoramento genético para pequenos produtores. “Com apoio técnico, linhas de crédito direcionadas e subsídios, é possível democratizar o uso da transferência de embriões, aproximando os agricultores familiares das mesmas ferramentas utilizadas por grandes propriedades. Isso fortalece a cadeia produtiva do leite, valoriza a agricultura familiar e contribui para a sustentabilidade da atividade”, destacou.
O secretário de Agricultura Familiar e Abastecimento do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), Vanderley Ziger, informou que o governo estruturou um programa nacional de melhoramento genético, instituído pela Portaria nº 28, de junho de 2025, e trabalha agora para sua efetiva implementação. “Temos a necessidade de fazer com que o programa lançado se torne concreto, e isso passa por uma grande campanha nacional que estimule, fortaleça e esclareça essa agenda. Se houver mobilização, acredito que o produtor compreenderá melhor o potencial e os benefícios da transferência de embriões”, explicou.
O diretor de Pecuária Leiteira da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), Rodrigo Simões, reforçou a importância de ampliar o acesso à genética avançada. “A atividade leiteira enfrenta desafios naturais: climáticos, de preço de insumos e pela entrada de leite importado. Se conseguirmos garantir que os pequenos produtores tenham acesso à genética de ponta, esse desafio se torna muito menor, pois uma vaca ruim come o mesmo que uma vaca boa”, afirmou.

Deputado José Medeiros: “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir”
O deputado José Medeiros (PL-MT) também demonstrou preocupação com a crise no setor leiteiro e defendeu ações urgentes do Congresso. “Há tempos tocamos nesse problema, que é recorrente. Precisamos agir, ou o nosso produtor de leite não vai resistir. Acredito que o secretário Vanderley sai desta audiência com ideias importantes para fortalecer o programa. Estamos, inclusive, coletando assinaturas para instalar a CPI do Leite”, frisou.
Rafael Simões concluiu afirmando que continuará acompanhando o tema de perto e que pretende se reunir com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, para tratar do assunto.
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Congresso Internacional de Girolando premia trabalhos científicos e atrai público de sete países
Evento em Uberlândia (MG) reuniu 650 participantes e abordou inteligência artificial, genética avançada e sustentabilidade na produção leiteira.

Com a participação de 650 pessoas de sete países, o 3º Congresso Internacional de Girolando apresentou as inovações da pecuária leiteira mundial e as tendências de mercado para o próximo ano. O evento, realizado de 12 a 14 de novembro, em Uberlândia (MG), contou com participantes do Brasil, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Honduras, Panamá e de Sudão.

Fotos: Divulgação/Girolando
A inteligência artificial foi um dos temas apresentados. Segundo o pesquisador da Universidade de Wisconsin, Guilherme Rosa, estudos feitos na instituição norte-americana estão permitindo utilizar a IA para melhorar a eficiência produtiva das fazendas leiteiras, utilizando, por exemplo, imagens para identificar animais com problemas ou para selecionar aqueles de maior desempenho. Já o uso da robótica está contribuindo para otimizar a ordenha das vacas, além de solucionar problemas com mão de obra.
O Congresso ainda destacou a evolução genética dos rebanhos da raça Girolando, que nos últimos 20 anos aumentou em 100% sua produção de leite enquanto as emissões de metano caíram 40%. “Hoje, não precisa esperar o animal nascer para iniciar a seleção. É possível fazer isso ainda na fase de embriões”, diz o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Marcos Vinicius Barbosa da Silva, que abordou o impacto da genômica na raça Girolando.
As inovações incorporadas por fazendas selecionadoras da raça foram apresentadas no evento. Uma delas é a Santa Luzia, em Passos/MG, uma das maiores produtoras de leite do Brasil, primeira fazenda a ser certificada para biosseguridade no país e que tem um trabalho pioneiro em bem-estar animal. O gestor da Santa Luzia e criador de Girolando Maurício Silveira Coelho ministrou palestra sobre boas práticas de manejo para garantir a sustentabilidade. “O bem-estar animal é um conceito indissociável do futuro da produção leiteira”, assegura o criador.

O evento, que também abordou o mercado global do leite, sucessão familiar, eficiência alimentar, gestão das propriedades, premiou os melhores trabalhos científicos sobre a raça Girolando. Concorreram mais de 40 pesquisas. O primeiro lugar ficou com Vitor Augusto Nunes, que avaliou efeitos da intensidade do ciclo reprodutivo em protocolos de IATF. O segundo colocado foi Fabrício Pilonetto, que pesquisou sobre a relação do genoma e o sistema mamário das vacas Girolando. Já o terceiro colocado foi Joseph Kaled Grajales-Cedeño, com trabalho sobre reatividade e seus efeitos na produção e qualidade do leite em vacas primíparas Girolando. As premiações foram nos valores de R$5 mil, R$3 mil e R$2mil, respectivamente.
O 3º Congresso Internacional de Girolando foi organizado pela Associação Brasileira dos Criadores de Girolando, em parceria com o Sebrae, Fundo de Investimento do Programa de Melhoramento Genético de Girolando e Associação Brasileira dos Produtores de Leite (Abraleite).



