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Avicultura

Produção de aves sem promotores de crescimento ganha adeptos

A nova proposta é um foco maior na ave que nos produtos, mas conhecendo-os mais à fundo e utilizando suas maiores vantagens

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Artigo técnico por Giankleber Diniz, médico veterinário, mestrado em Saúde Animal e diretor de Negócios da Tectron

A produção de carne sem aditivos antibióticos e livres de resíduos é, sem dúvida, o direcionamento que o consumidor atual dita como sua exigência. Isso não se trata mais de futuro, mas sim de presente na produção brasileira. Tanto da Europa, que já vem alguns anos à frente na produção com os chamados “alternativos a antibióticos”, como nos Estados Unidos, onde já temos datas para a retirada dos antibióticos da produção avícola, essa nova modalidade de produção é crescente.

Com base nesses acontecimentos mundiais e exigências de boa parte dos mercados importadores de nossa carne, há algumas tecnologias que têm colaborado com essa produção ao redor do mundo. Necessitamos buscar minimizar alguns efeitos advindos da retirada dos promotores de crescimento de um alimento, como perda de integridade intestinal, crescimento de patógenos indesejáveis no trato gastrointestinal que afetam a produção (ex.: clostridium sp), diminuição de ganho de peso, aumento da conversão alimentar, aumento na incidência de salmonelas e patógenos transmitidos por alimento.

Dentre as diversas tecnologias disponíveis no mercado, algumas merecem considerações especiais: ácidos orgânicos, probióticos, prébióticos, óleos essenciais, extrato de plantas ou especiarias, metabólitos nutricionais, misturas entre as classes e controladores de estresse (além de produtos que aumentam a digestibilidade dos nutrientes para minimizar o efeito de fatores não digestíveis e anti-nutricionais, favorecendo a integridade do trato gastrointestinal, como o uso de enzimas).

Todas as tecnologias apresentam suas vantagens e desvantagens. Trazendo a experiência de estar dando suporte ao controle da integridade intestinal dos animais na América Latina nos últimos 24 anos, vemos que buscamos utilizar esses conceitos sem preocuparmo-nos com a ave e suas necessidades, de acordo aos desafios que enfrenta e seu período de desenvolvimento. Utilizando essa proposta, mesmo com o uso de promotores de crescimento, pode-se obter a máxima resposta de cada tecnologia. A nova proposta é um foco maior na ave que nos produtos, mas conhecendo-os mais à fundo e utilizando suas maiores vantagens (“que pagam a conta”).

Os parâmetros avaliados para estabelecer esse novo programa levam em conta os pontos mais fortes de cada tecnologia, as necessidades e desafios das aves (ou suínos) de acordo a sua idade, os desafios da empresa em questão.

Exemplos de Parâmetros

Os pontos mais fortes de cada tecnologia: cada tecnologia apresenta vantagens sobre um controle ou efeito principal. Abaixo alguns exemplos:

Ácidos, probióticos, metabólitos nutricionais – controle de salmonelas

Óleos essenciais – suporta ácidos; performance; uniformidade

Óleos com extratos de plantas ou especiarias – performance

Metabólitos nutricionais – aumento de imunidade

Controladores de estresse – minimizar efeitos do sistema de criação

Proteases – diminuição de proteínas não digestíveis (substrato de bactérias)

As necessidades das aves (ou suínos) de acordo a sua idade: em cada fase do desenvolvimento dos animais eles apresentam uma necessidade específica. Exemplos dessas necessidades abaixo em frangos de corte e suínos (mas ocorre da mesma maneira em perus, reprodutoras e poedeiras):

Frangos de Corte

Pré-inicial

– Desenvolvimento dos órgãos do sistema digestivo

– Desafios iniciais de salmonelas

– Uniformidade que se perpetuará até o fim do lote

– Desenvolvimento imunitário

Inicial

– Crescimento exponencial de clostridium sp

– Manutenção de desempenho inicial

– Fase crítica no controle da coccidiose

– Desenvolvimento da imunidade à campo

Crescimento

– Mudança nutricional brusca

– Necessidade de alto desempenho

– Foco em conversão alimentar

– Manter integridade intestinal

Abate

– Manter integridade intestinal sem antibióticos

– Segurar aumento da conversão alimentar – digestibilidade

– Minimizar excreção de salmonelas

– Diminuição do estresse – efeitos em qualidade da carne

Suínos

Reprodutoras

– Ingestão adequada de nutrientes

– Manutenção de saúde intestinal devido a leitegada

– Minimização de estresse – produção de leite e ingestão

– Manutenção de condição corporal adequada

Creche

– Minimizar o agrupamento dos animais – estresse

– Ingestão de alimento na primeira etapa da creche

– Controle de diarreias

– Expressão máxima do ganho de peso e uniformidade

– Formação imunitária

Crescimento

– Desafios de patologias respiratórias e entéricas

– Buscar melhor conversão alimentar

– Aumento dos ácidos graxos voláteis – GPD

– Minimizar o agrupamento dos animais – estresse.

Terminação

– Minimização de estresse – efeitos na qualidade da carne

– Conversão alimentar baixa

– Diminuir excreção de salmonelas

– Expressar melhor ganho frente à imunocastração

Os desafios da empresa em questão: cada empresa tem seus desafios específicos e necessita uma avaliação especial. É o que estamos fazendo nesses anos com o melhor aproveitamento econômico das tecnologias. Abaixo alguns exemplos desses desafios:

Aves

– Desafio específico de salmonella heidelberg

– Foco em mercados específicos (ex.: peito para Inglaterra; exportação Suíça, cortes especiais ao Japão)

– Uso de determinadas vacinas que necessitam replicação ambiental

– Uso de matérias-primas chamadas alternativas

– Criação em dark house

– Desafios de doenças imunosupressoras

– Incidência de condenações

– Incidência de PSE (Pale Soft Exudative Meat)

Suínos

– Linhagem fêmea com dificuldades de ingestão de ração

– Leitegadas desuniformes

– Perda exagerada de peso na maternidade

– Desafios entéricos na creche

– Pouco desempenho de creche

– Perdas devido ao agrupamento de animais no crescimento

– Desafios respiratórios na entrada do crescimento

– Problemas entéricos no crescimento

– Alta conversão alimentar

– Alta incidência de condenações de abatedouro

– Incidência de PSE

– Alta incidência de salmonelas.

O primeiro passo para o uso desse conceito de uso está na formação de uma equipe de avaliação da empresa, das tecnologias disponíveis e a alocação de cada tecnologia à fase ideal de vida do animal. No caso de empresas migrando a produção sem o uso de promotores, o cuidado é redobrado e as avaliações necessitam maior cuidado. Testes internos, às vezes feitos em experimentos de piso (Floor Pens – boxes), onde os desafios são bem diferentes do campo em suas diferentes nuances, podem trazer visões errôneas do resultado esperado. Existe muita literatura científica para meta-análises e previas avaliações das tecnologias disponíveis.

Podemos dizer que, com esse novo conceito, chamar essas tecnologias de “alternativas ao uso dos antibióticos” torna-se um grande erro ou, no mínimo, falta de aproveitamento de altas tecnologias à disposição da produção de proteína animal.

Produtos de alta tecnologia estão à disposição para buscar efeitos que mesmo os antibióticos não trazem, como os ácidos orgânicos micro encapsulados, probióticos de alta concentração, metabólitos nutricionais capazes de aumentar significativamente a imunidade dos animais e comprovados por diversas pesquisas científicas, controladores de estresse que modificam visualmente o comportamento dos animais ou mesmo enzimas com alta relação de custo-benefício e eficácia comprovada ou ainda misturas de óleos essenciais a extratos de plantas ou especiarias com efeitos sobre o desempenho e conversão alimentar.

 

Mais informações você encontra na edição impressa de Aves de junho/julho de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Avicultura

Brasil abre mercado em Moçambique para exportação de material genético avícola

Acordo sanitário autoriza envio de ovos férteis e pintos de um dia, fortalece a presença do agronegócio brasileiro na África e amplia para 521 as oportunidades comerciais desde 2023.

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O governo brasileiro concluiu negociação sanitária com Moçambique, que resultou na autorização de exportações brasileiras de material genético avícola (ovos férteis e pintos de um dia) àquele país.

Além de contribuir para a melhoria de qualidade do plantel moçambicano, esta abertura de mercado promove a diversificação das parcerias do Brasil e a expansão do agronegócio brasileiro na África, ao oferecer oportunidades futuras para os produtores nacionais, em vista do grande potencial do continente africano em termos de crescimento econômico e demográfico.

Com cerca de 33 milhões de habitantes, Moçambique importou mais de US$ 24 milhões em produtos agropecuários do Brasil entre janeiro e novembro de 2025, com destaque para proteína animal.

Com este anúncio, o agronegócio brasileiro alcança 521 novas oportunidades de comércio, em 81 destinos, desde o início de 2023.

Tais resultados são fruto do trabalho conjunto entre o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e o Ministério das Relações Exteriores (MRE).

Fonte: Assessoria Mapa
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Indústria avícola amplia presença na diretoria da Associação Brasileira de Reciclagem

Nova composição da ABRA reforça a integração entre cadeias produtivas e destaca o papel estratégico da reciclagem animal na sustentabilidade do agronegócio brasileiro.

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A Associação Brasileira de Reciclagem (ABRA) definiu, na última sexta-feira (12), a nova composição de seu Conselho Diretivo e Fiscal, com mandato até 2028. A assembleia geral marcou a renovação parcial da liderança da entidade e sinalizou uma maior aproximação entre a indústria de reciclagem animal e setores estratégicos do agronegócio, como a avicultura.

Entre os nomes eleitos para as vice-presidências está Hugo Bongiorno, cuja chegada à diretoria amplia a participação do segmento avícola nas decisões da associação. O movimento ocorre em um momento em que a reciclagem animal ganha relevância dentro das discussões sobre economia circular, destinação adequada de subprodutos e redução de impactos ambientais ao longo das cadeias produtivas.

Dados do Anuário da ABRA de 2024 mostram a dimensão econômica do setor. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição entre os maiores exportadores mundiais de gorduras de animais terrestres e a quarta colocação no ranking de exportações de farinhas de origem animal. Os números reforçam a importância da atividade não apenas do ponto de vista ambiental, mas também como geradora de valor, renda e divisas para o país.

A presença de representantes de diferentes cadeias produtivas na diretoria da entidade reflete a complexidade do setor e a necessidade de articulação entre indústrias de proteína animal, recicladores e órgãos reguladores. “Como único representante da avicultura brasileira e paranaense na diretoria, a proposta é levar para a ABRA a força do nosso setor. Por isso, fico feliz por contribuir para este trabalho”, afirmou Bongiorno, que atua como diretor da Unifrango e da Avenorte Guibon Foods.

A nova gestão será liderada por Pedro Daniel Bittar, reconduzido à presidência da ABRA. Também integram o Conselho Diretivo os vice-presidentes José Carlos Silva de Carvalho Júnior, Dimas Ribeiro Martins Júnior, Murilo Santana, Fabio Garcia Spironelli e Hugo Bongiorno. Já o Conselho Fiscal será composto por Rodrigo Hermes de Araújo, Wagner Fernandes Coura e Alisson Barros Navarro, com Vicenzo Fuga, Rodrigo Francisco e Roger Matias Pires como suplentes.

Com a nova configuração, a ABRA busca fortalecer o diálogo institucional, aprimorar práticas de reciclagem animal e ampliar a contribuição do setor para uma agropecuária mais eficiente e ambientalmente responsável.

Fonte: O Presente Rural com Unifrango
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Avicultura

Avicultura supera ano crítico e pode entrar em 2026 com bases sólidas para crescer

Após enfrentar pressões sanitárias, custos elevados e restrições comerciais em 2025, o setor mostra resiliência, retoma exportações e reforça a confiança do mercado global.

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O ano de 2025 entra para a história recente da avicultura brasileira como um dos anos mais desafiadores. O setor enfrentou pressão sanitária global, instabilidade geopolítica, custos de produção elevados e restrições comerciais temporárias em mercados-chave. Mesmo assim, a cadeia mostrou capacidade de adaptação, coordenação institucional e resiliência produtiva.

A ação conjunta do Governo Federal, por meio do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) e de entidades estaduais foi decisiva para conter danos e recuperar a confiança externa. Missões técnicas, diplomacia sanitária ativa e transparência nos controles sustentaram a reabertura gradual de importantes destinos ao longo do segundo semestre, reposicionando o Brasil como fornecedor confiável de proteína animal.

Os sinais de retomada já aparecem nos números do comércio exterior. Dados preliminares indicam que as exportações de carne de frango em dezembro devem superar 500 mil toneladas, o que levará o acumulado do ano a mais de 5 milhões de toneladas. Esse avanço ocorre em paralelo a uma gestão mais cautelosa da oferta: o alojamento de 559 milhões de pintos em novembro ficou abaixo das projeções iniciais, próximas de 600 milhões. O ajuste ajudou a equilibrar oferta e demanda e a dar previsibilidade ao mercado.

Para 2026, o cenário é positivo. A agenda econômica global tende a impulsionar o consumo de proteínas, com a retomada de mercados emergentes e regiões em recuperação. Nesse contexto, o Brasil – e, em especial, o Paraná, líder nacional – está bem-posicionado para atender ao mercado interno e aos principais compradores internacionais.

Investimentos contínuos para promover o bem-estar animal, biosseguridade e sustentabilidade reforçam essa perspectiva. A modernização de sistemas produtivos, o fortalecimento de protocolos sanitários e a adoção de práticas alinhadas às exigências ESG elevam o padrão da produção e ampliam a competitividade. Mais do que reagir, a avicultura brasileira se prepara para liderar, oferecendo proteína de alta qualidade, segura e produzida de forma responsável.

Depois de um ano de provas e aprendizados, o setor está ainda mais robusto e inicia 2026 com fundamentos sólidos, confiança renovada e expectativa de crescimento sustentável, reafirmando seu papel estratégico na segurança alimentar global.

Fonte: Assessoria Sindiavipar
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