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Procedimentos para modernização do SIF são testados em frigoríficos de carne suína

Objetivo desse processo de mudança está diretamente ligado a manter a saúde pública e a qualidade da carne produzida no Brasil, detectando na linha de abate os possíveis perigos

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Frigoríficos de Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais iniciam neste ano ações para validar procedimentos de modernização do Sistema de Inspeção Federal (SIF). Esses pilotos fazem parte da etapa final de um projeto cujo foco é a atualização do SIF para uma identificação mais eficaz de riscos de contaminação da carne por microrganismos na suinocultura industrial. O trabalho é coordenado pela Embrapa Suínos e Aves (SC) e pelo Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa), do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), com a colaboração de especialistas de universidades.

Ao longo das últimas décadas, a suinocultura tecnificou-se e incorporou medidas sanitárias importantes, baseadas em higiene e biosseguridade. Isso acabou modificando o perfil de risco ao consumidor atribuído à carne suína. No passado, as lesões de cisticercose e a tuberculose, por exemplo, eram as mais frequentemente detectadas pela inspeção. Atualmente, essas lesões deixaram de ocorrer em função de melhorias no sistema de criação e dos controles sanitários.

“O maior risco agora é a contaminação da carne com microrganismos não detectados pela inspeção, que dependem de pesquisa laboratorial. Dessa forma, fica evidente a necessidade de modernização para ajustar o foco da ação de governo na prevenção de perigos que ameaçam a inocuidade dos alimentos”, explica a auditora fiscal do DIPOA Elenita Ruttscheidt Albuquerque, uma das coordenadoras do trabalho.

Ainda, segundo ela, o objetivo desse processo de mudança está diretamente ligado a manter a saúde pública e a qualidade da carne produzida no Brasil, detectando na linha de abate os possíveis perigos. “O monitoramento e a fiscalização por parte do governo, que ocorre por meio da atuação do SIF nas agroindústrias, deve levar em conta essa mudança de cenário dos perigos zoonóticos, adequando os procedimentos.”

Todo o trabalho está sendo executado utilizando os conceitos de análise de risco, preconizado pelos organismos internacionais para tomada de decisão governamental.  O escopo do projeto abrange estabelecimentos com SIF, que representam 86% do abate nacional de suínos, oriundos de sistema tecnificado, confinado e sob controle veterinário.

Identificação do cenário e dos perigos para o abate

A primeira fase do projeto se concentrou no levantamento dos dados do Brasil sobre o abate de Inspeção Federal. De acordo com a pesquisadora Jalusa Deon Kich, da Embrapa Suínos e Aves e líder do projeto, esse estudo analisou os dados de 100% dos abatedouros com SIF. “Reunimos os dados, analisamos e podemos dizer que conseguimos uma fotografia do abate do SIF.”  

A etapa que baseou a mudança dos procedimentos foi a priorização de perigos à saúde pública associados ao consumo de carne suína, que contou com a parceria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) para sua execução.  Esse estudo caracterizou 24 perigos biológicos e apenas a Salmonella foi classificada no nível alto; os demais perigos foram caracterizados como de risco baixo e muito baixo. “Esse perigo será alvo específico de um programa nacional de redução de patógenos, que entrará em vigor para todos os estabelecimentos com SIF por meio de instrução normativa”, ressalta Jalusa. 

Segundo as coordenadoras do projeto, alguns perigos não são detectados na linha de abate, e seu controle depende exclusivamente de ações nas granjas. “Nessas situações, as ações de mitigação dos riscos devem ser feitas pelo setor produtivo com o Serviço de Saúde Animal. A atuação deve ser lá, na propriedade, onde ocorre a produção”, explica a auditora do DIPOA Elenita. 

Resultados preliminares

De acordo com Jalusa, os resultados concluíram que o risco de infecções alimentares é muito baixo e que mudanças nos procedimentos de inspeção podem ser realizadas com segurança. “Os resultados obtidos indicaram que a maioria das rejeições da carcaça na fase de abate se deve à detecção de lesões e defeitos relacionados a falhas de qualidade na criação, transporte e abate.” Por isso, o exame ante mortem deve ser plenamente realizado pelo veterinário oficial, que deverá examinar 100% dos lotes. “Na avaliação post mortem, somente alguns exames realizados em vísceras e carcaças precisam ser mantidos e, entre esses, aqueles que são para corrigir defeitos de processo poderão ser detectados e tratados pelo médico veterinário da própria empresa”, esclarece.

A indicação da equipe do projeto é que o serviço oficial mantenha no post morten um exame na linha (linfonodos mesentéricos), o departamento de inspeção final e verificações amostrais dos procedimentos e decisões realizadas pela agroindústria. Também devem ser mantidas, no escopo do veterinário oficial, as atividades de verificação de processos de higiene e certificação de lotes. “As alterações que estão sendo propostas nos procedimentos estão baseadas em conhecimento científico internacional, confrontado com resultados gerados no Brasil. Esse trabalho seguiu uma etapa de validação, análise econômica e treinamentos em nível nacional”, destaca Jalusa.

Testes-piloto em frigoríficos

Com base nos resultados obtidos no projeto, as equipes da Embrapa e do DIPOA identificaram as principais mudanças a serem propostas ao SIF. Esses procedimentos contemplam o ante mortem e pos mortem no frigorífico. “Muitos dos procedimentos realizados deixam de ser necessários porque não oferecem perigos identificados pela análise de risco. A linha de abate ficará com mais foco e mais precisa”, comenta Elenita.

Para que os procedimentos possam ser institucionalizados pelo Mapa, a validação precisa ser feita por meio de testes-piloto.

O primeiro está sendo realizado na planta da empresa BRF, em Concórdia (SC), e começou em fevereiro. A partir de março, outros estados iniciam a fase de teste: Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. Todo o trabalho será monitorado pelos servidores oficiais e pesquisadores envolvidos no projeto, que já realizaram o treinamento com os envolvidos no processo, e tem a parceria e anuência da agroindústria. A fase de validação contempla também a análise econômica voltada ao serviço oficial e às agroindústrias, bem como do retorno de investimento em pesquisa. 

Além do trabalho de levantamento de dados e de coleta de amostras, a equipe realizou treinamentos com os veterinários do SIF e auditores fiscais, reuniões e workshops; revisou a legislação aplicável; e colocou o tema no centro de um evento internacional, que ocorreu pela primeira vez no Brasil, o SafePork.

Fonte: Embrapa Suínos e Aves

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Ministério da Agricultura realiza simulado de febre aftosa no Acre

Treinamento visa reforçar a cooperação e a capacidade de resposta em uma zona com status de livre de febre aftosa sem vacinação.

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OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa) realizou, entre os dias 12 e 18 de setembro, no município de Cruzeiro do Sul, no Acre, o exercício simulado de febre aftosa com mais de 180 servidores da área de saúde animal, além de servidores de forças de segurança e integrantes do Servicio Nacional de Sanidad Agropecuaria e Inocuidad Alimentaria (SENASAG), da Bolívia, e do Servicio Nacional de Sanidad Agraria (SENASA), do Peru. O exercício foi realizado em conjunto com o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (IDAF-AC).

Fotos: Divulgação/Mapa

Exercícios simulados permitem treinar e aferir a capacidade de ação e intervenção do serviço veterinário oficial num momento de crise e a realização desse treinamento é uma das ações previstas no Plano Estratégico do Programa Nacional de Vigilância para a Febre Aftosa (PE-PNEFA), visando a manutenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação e um corpo técnico preparado para atuar de forma imediata.

“O exercício simulado teve como objetivo preparar os servidores para a organização da cadeia de comando e o cumprimento dos protocolos que devem ser adotados em uma situação real de surgimento da doença, até a completa eliminação do foco e reestabelecimento da condição sanitária” explica o diretor do Departamento de Saúde Animal, Marcelo Mota.

Conforme previsto no Plano de Contingência para Febre Aftosa, durante o treinamento foi instalado um Centro de Operações de Emergência Zoossanitária para que os participantes praticassem a organização e os procedimentos técnicos de biossegurança, vigilância e investigação clínica e epidemiológica, colheita e envio de amostras para diagnóstico laboratorial, eliminação de focos, limpeza e desinfecção de instalações e controle e inspeção do trânsito de veículos na região, assim como o uso de softwares para coleta e processamento de dados e gestão da informação.

As barreiras sanitárias contaram com a presença de equipes do Grupo Especial de Fronteira, da Polícia Militar, do Exército Brasileiro e da Polícia Rodoviária Federal nas principais vias terrestres e fluviais para fiscalização de trânsito na região.

Também foram exercitadas a logística de envio de amostras para análise laboratorial no Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Minas Gerais (LFDA/MG) e a atuação dos serviços de comunicação, assessoria de imprensa e assessoria jurídica frente a uma emergência zoossanitária.

Ainda, segundo o diretor, “o objetivo do treinamento foi a preparação para enfrentar uma eventual ocorrência de febre aftosa, mas as medidas servem para todas as doenças emergenciais, como a peste suína clássica, peste suína africana, influenza aviária, entre outras. Os protocolos sanitários são semelhantes, e o caráter de emergência é o mesmo. Os resultados foram muito bons, permitindo avaliar os procedimentos previstos e subsidiar uma nova versão do plano de contingência, incluindo as sugestões colhidas durante o simulado”.

O simulado também recebeu o apoio do Governo do Estado do Acre e do Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Acre (FUNDEPEC).

Fonte: Assessoria Mapa
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Impacto da estiagem na produção e nos preços dos alimentos

Alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

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Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

Os eventos climáticos extremos, como alterações nas temperaturas e mudanças nos padrões de precipitação, tendem a provocar alterações nos sistemas produtivos e colocar em risco o desenvolvimento de algumas culturas podendo, inclusive, no longo prazo, alterar seu zoneamento climático.

Cenários climáticos desfavoráveis podem, no mínimo, elevar os custos de produção, eis que mesmo as culturas que suportam melhor os diferentes tipos de estresse ambiental, podem perder qualidade ou ter a sua produtividade reduzida.

Assim, está claro que as mudanças climáticas podem impactar a disponibilidade da oferta dos alimentos e provocar aumento dos seus preços – os quais, por sua vez, dependem, também e ainda, de múltiplos fatores não apenas relacionados ao clima.

A produção de leite no Brasil tem sido afetada pelas mudanças climáticas de duas maneiras distintas: em algumas regiões, pela estiagem, noutras, pelo excesso de chuvas.

A estiagem prolongada no Brasil tem causado impactos na produção de leite, onde a escassez de água afeta diretamente a disponibilidade e qualidade da pastagem e o bem-estar dos rebanhos, ocasionando a queda na produção do produto.

Durante a estiagem, muitos produtores se veem obrigados a recorrer à suplementação, o que eleva os custos de produção. Em 2024, os preços um pouco mais controlados dos grãos em comparação a anos anteriores mitigam um pouco desse impacto ao produtor.

Entretanto, ainda assim, houve elevação dos custos de produção pela necessidade de suplementação do rebanho com o uso de tecnologias de manejo mais avançadas.

Para os pequenos e médios produtores, tal situação foi de mais difícil enfrentamento, ocasionando o abandono da atividade por parte de muitos produtores. Neste quadro, os agricultores familiares foram ainda os mais atingidos, por disporem de menos estrutura e recursos, culminando na concentração da produção em produtores de maior volume diário.

Além disso, com menos chuvas, a água disponível para o consumo animal e a irrigação das pastagens diminui, afetando a saúde e a produtividade dos rebanhos. Esse cenário intensifica o estresse térmico nos animais, reduzindo ainda mais a produção de leite. A falta de infraestrutura de irrigação adequada em muitas propriedades agrava a situação.

Foto: Gustavo Porpino

Já nas regiões afetadas pelo excesso de chuvas, os efeitos foram mais agudos, em algumas situações levando à perda total ou parcial do rebanho durante enchentes, a elevadas perdas de solo e de fertilidade ou ainda, no mínimo, à necessidade de recomposição das pastagens.

Preços

De modo geral, não há previsão de aumento nos preços de produtos como milho, arroz e trigo em decorrência da estiagem. Destaca-se, ainda, que os preços do trigo e do milho estão em baixa. Sobre leite, carne, arroz, feijão, frango e ovos, o impacto nos preços deve ser mais duradouro durante o período de estiagem, especialmente no Centro-Oeste, Sudeste e Nordeste, onde as condições climáticas são mais severas.

Os preços podem começar a apresentar algum alívio somente após a retomada de chuvas regulares e de melhorias na umidade do solo, o que pode demorar alguns meses dependendo da estação e da região.

Em relação a esses produtos, estima-se que os consumidores percebam esse aumento de preços provavelmente nos próximos meses, ante a intensificação da estiagem e o consequente reflexo nos preços ao consumidor final.

Fonte: Assessoria Superintendência de Gestão da Oferta da Conab
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Oferta do leite não cresce conforme o esperado, e preços voltam a subir

O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro.

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Foto: Semagro

O preço do leite ao produtor voltou a subir devido à oferta, que não cresceu como era esperado. A pesquisa do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostra que, em agosto, a “Média Brasil” fechou a R$ 2,7607/litro, 1,4% acima da do mês anterior e 17,7% maior que a registrada em agosto/23, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IPCA de agosto). Apesar de o preço do leite pago ao produtor acumular avanço real de 32% desde o início de 2024, a média de janeiro a agosto deste ano (de R$ 2,53/litro) é 8,4% inferior à do mesmo período de 2023.

Até o início de agosto, os fundamentos de mercado apontavam reduções no preço do leite ao produtor neste terceiro trimestre. Por um lado, a produção de leite parecia estimulada pelo aumento da margem do produtor neste ano e, por outro, a demanda seguia condicionada aos preços baixos nas gôndolas. Fora isso, as importações, ainda em volumes elevados, pressionavam as cotações ao longo de toda a cadeia produtiva. Porém, a produção não cresceu como era esperado pelos agentes do setor.

Os dados mais recentes da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE, divulgados em meados de agosto, mostram que a captação de leite cru pelas indústrias de laticínios no âmbito nacional caiu 6,2% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Comparando com o mesmo período do ano passado, o incremento foi de apenas 0,8%.

De julho para agosto, o Índice de Captação Leiteira (ICAP-L) do Cepea avançou 5% na “Média Brasil”, mas o crescimento em Minas Gerais foi de 2,8% e, em Goiás, de apenas 1,5%. Apesar do aumento da margem do produtor nos últimos meses e de certa estabilidade nos custos de produção, o estímulo à atividade foi menor do que o esperado pelos agentes do setor. E o clima extremo não ajudou a atividade.

O excesso de chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul em maio fizeram com que a oferta crescesse pouco entre julho e agosto. A entressafra no Sudeste e no Centro-Oeste se intensificou com o calor a partir de agosto. E as queimadas em setembro fizeram esse cenário se agravar em termos nacionais. Além de comprometer o bem-estar animal, os incêndios têm prejudicado a produção de forragens para alimentação animal – o que eleva o custo de produção e limita a oferta.

Outro fator que reforçou a menor disponibilidade de lácteos entre agosto e setembro foi a diminuição das importações. Dados da Secex compilados pelo Cepea mostram que, em agosto, houve queda de 25,2% nas importações de lácteos, totalizando 187,8 milhões de litros em equivalente leite.

Como a oferta não se recuperou conforme o previsto, os estoques de lácteos nas indústrias não foram repostos como esperado. O consumo, por sua vez, tem se mantido firme; e os estoques nos laticínios caíram gradativamente em agosto, até atingirem níveis abaixo do normal em setembro. Esse contexto deve sustentar e intensificar o movimento de alta nas cotações entre setembro e outubro.

Fonte: Assessoria Cepea
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