Suínos Saúde Animal
Probiótico pode controlar diarreia de leitões na maternidade
A diarreia em leitões lactantes é uma das principais causas de mortalidade na fase e com efeito negativo na rentabilidade da atividade

Artigo escrito por Mara Costa, médica veterinária e gerente Serviço Técnico da Kemin, e Matheus Sardenberg, médico veterinário e gerente de Produção
O controle da diarreia em leitões na maternidade é um dos principais desafios na produção de suínos e uma das principais causas de mortalidade em leitões lactantes. O leitão nasce com o intestino estéril, a colonização vem da sua mãe e do ambiente. A matriz não tem influência sobre qual parte de sua microbiota ela irá passar para o leitão, por possuir um sistema imunológico desenvolvido, por isso, embora possa parecer saudável, ela pode transmitir patógenos a seus leitões. Considerando o sistema imunológico imaturo dos leitões, somente eles podem mostrar doença que foi transmitida pela mãe.
Como nem sempre é possível identificar o principal agente de forma ágil e os manejos de controle não são totalmente efetivos, o uso de antibióticos de forma preventiva se torna uma ferramenta para controle. Com a busca pelo uso dos antibióticos de forma mais efetiva e racional, outras opções de controle devem ser exploradas, e a busca pelo equilíbrio do microbioma do leitão se torna essencial.
O controle ideal se inicia com a matriz na fase de gestação, pois apenas uma matriz saudável e com um microbioma equilibrado pode fornecer uma microbiota positiva à sua leitegada. À medida que o leitão e seu sistema imunológico se desenvolvem, a microbiota se diversifica se estabelecendo até uma semana após o nascimento. A microbiota intestinal é um micro-ecossistema complexo, o intestino saudável depende do equlíbrio desta.
Os aditivos equilibradores de flora, são sem sua grande maioria, microrganismos formadores de colônias ou outras substâncias definidas quimicamente que têm um efeito positivo sobre a flora do trato digestório; podendo ser probióticos. Os probiótico são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefício à saúde do hospedeiro, melhorando seu equilíbrio microbiano intestinal. Entretanto, existe uma variedade de microorganismos que foram estudados como probióticos, o que leva a inúmeros produtos com essa classificação.O uso do probiótico se torna uma ferramenta valiosa para promover a saúde animal. Para ter produtos eficazes e seguros, é necessário ter clareza sobre o motivo do uso. Apenas um bom probiótico, com seu uso correto, tem-se a garantia da sua ação na saúde intestinal permitindo que o leitão tenha saúde e alcance seu máximo desempenho.
Case do uso do probiótico no controle de diarreia de leitões na maternidade
Uma granja de 2 mil matrizes tinha um histórico de desafio entérico e alta taxa de mortalidade por diarreia. Diariamente era realizado avaliação de leitegadas com diarreia nas baias de maternidade. A média de leitegadas com diarreia nesta fase era de 11,4% e 11,0% em 2016 e 2017, respectivamente. E, no mesmo período, a mortalidade por diarreia era 1,1% e 1,5%. Vários manejos foram realizados sem sucesso, além do gasto excessivo com antibióticos e mão-de-obra para sua execução. A forma de controle da diarreia no momento era o manejo com antibiótico preventivo em todos os leitões recém nascidos.
A granja iniciou o trabalho de busca por melhor saúde intestinal do plantel e viu o uso do probiótico nas matrizes uma solução para o controle de diarreia dos leitões e, assim, poder retirar o manejo preventivo com antibiótico nos leitões recém nascidos.
A avaliação iniciou em março de 2018 com a inclusão de um probiótico de cepa única de Bacillus subtilis nas rações de gestação e lactação, e retirada do antibiótico preventivo em leitões recém nascidos. Os dados avaliados foram incidência de leitegadas com diarreia e mortalidade por diarreia, seguindo a rotina e padrão de avaliação da granja (avaliação diaria dos leitões).
A avaliação foi finalizada em setembro de 2018 e os resultados foram avaliados para a decisão técnica e comercial. E a decisão foi a implementação do uso do probiótico nas rações de matrizes.
Resultados na granja comercial
Em 2016 e 2017, a média de leitegada com diarreia na maternidade na granja era de 11,4 e 11,0%, respectivamente. No Gráfico 1 as porcentagens de leitegadas com diarreia na maternidade antes, durante a avaliação e após a implementação do uso.

A incidência média de diarreia nas leitegadas no período de janeiro até abril de 2018, antes da avaliação, estava em 10,4%. Durante o período de avaliação (maio até setembro de 2018) houve aumento da incidência, esse aumento era esperado, principalmente, pela retirada do manejo terapêutico nos leitões recém nascidos. Entretanto, considerando o período de gestação da matriz (média de 115 dias), a menor incidência de diarreia pode ser verificada a partir de setembro de 2018, pois são resultados de leitões de matrizes que consumiram o probiótico desde o início da gestação.
Ao comparar com o histórico da granja, Gráfico 2, pode se observar significante queda na incidência de diarreia após implemeno do uso do probiótico (março 2019), pois todas as fêmeas ao serem transferidas para a maternidade tinham consumindo o produto durante todo o período de lactação anterior e gestação atual.

Com o uso do probiótico nas rações de matrizes, a média de leitegada com diarreia passou de 11,8% (média ponderada de 2016 até início da avaliação) para 7,8% (média poderada após a avaliação até abril de 2020).
A granja apresentava 1,1% e 1,5% de mortalidade de leitões na maternidade por diarreia em 2016 e 2017, respectivamente. No Gráfico 3, as médias de mortalidade por diarreia na granja com a avaliação.

Durante o período de maio a setembro de 2018, a retirada do manejo preventivo se reflete no aumento da mortalidade por diarreia em comparação ao início do ano, porém semelhante a média no ano anterior (2017). Após setembro de 2018, quando as matrizes presentes na maternidade são as que consumiram probiótico durante todo o período de gestação, a incidência de mortalidade por diarreia cai. O uso do probiótico nas rações de matrizes fez a incidencia de mortalidade por diarreia, antes da avaliação, cair de 1,3% (média ponderada de 2016 até início da avaliação) para 0,7% (média poderada após a avaliação até abril de 2020).
O uso do probiótico promoveu melhor saúde intestinal e menor carga bacteriana patogênica nas matrizes. A contaminação nas instalações de maternidade, pelas matrizes, diminuiram, e a diarreia e a mortalidade por diarreia cairam em 50%, permitindo, a retirada do manejo preventivo com antibiótico em leitões após o nascimento nesta granja.
Conclusão
A diarreia em leitões lactantes é uma das principais causas de mortalidade na fase e com efeito negativo na rentabilidade da atividade. O uso do probiótico nesta avaliação diminuiu a incidência de leitegadas com diarreia de 11,8% para 7,8% e a mortalidade de leitões causadas por diarreia passou de 1,3% para 0,7%. O uso de probiótico na matriz é uma solução natural e eficiente para controle das diarreias de leitões na maternidade, pois além de reduzir a incidência de diarreia e mortalidade permitiu retirada do manejo preventivo com antibiótico em leitões recém-nascidos em matrizes após o segundo parto.
Entretanto, é difícil de fazer generalizações do uso de probióticos devido à variação nas cepas utilizadas, as doses aplicadas, a duração do tratamento, bem como as práticas de manejo como fase utilizada. Ao escolher a melhor opção deve se considerar origem (a preferida deve ser de um animal), estabilidade na ração (preferência pela forma esporulada para resistir ao armazenamento, à peletização e passagem pelo estômago), e, principalmente, ação comprovada. Pois apenas um bom probiótico, com seu uso correto, tem-se a garantia da sua ação na saúde intestinal permitindo que o leitão tenha saúde e alcance seu máximo desempenho.
Outras notícias você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2020 ou online.

Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.



