Avicultura Saúde Animal
Probiótico como solução microbiana ativa
Ferramenta de controle da enterite necrótica clínica e subclínica na avicultura
Artigo escrito pela doutora Patricia Aristimunha, médica-veterinária, especialista em Sanidade Avícola, mestre e doutora em Produção e Nutrição Animal e gerente de Serviços Técnicos para Avicultura da Kemin América do Sul
A enterite necrótica (EN) é uma enterotoxemia que afeta a produção de aves com uma perda estimada acima de 6 bilhões de dólares anualmente. Isso se deve à redução do crescimento e desempenho, assim como medicação inadequada das aves afetadas com EN. Os principais sinais clínicos desta doença são as lesões necróticas de diferentes graus no intestino delgado, principalmente no jejuno e íleo, e algumas vezes no duodeno. A redução da digestão e absorção dos alimentos, com maior conversão alimentar, levam ao dano da mucosa intestinal causado pela forma subclínica da doença.
O Clostridium é uma bactéria gram positiva, em forma de bastonete, anaeróbica e encapsulada que causa doenças de amplo espectro em humanos e animais, e que tem ampla distribuição, podendo ser isolado no intestino ou no ambiente, como no solo, água e ração. O Clostridium perfringens pode crescer em uma ampla gama de pH variando de 5,5 a 8,5, enquanto o crescimento ótimo da bactéria varia do pH 6 a 7. Frangos são mais suscetíveis à EN da 2ª à 6ª semana. Em poedeiras, quando no piso, surtos de EN são relatados entre as 12 e 24 semanas. A taxa de mortalidade associada a EN em frangos de corte é geralmente de 2 a 10% e, em alguns casos, chega a 50%.
Naturalmente, no intestino de animais de sangue quente, ocorre a presença de Clostridium perfringens, mas sua presença não é o único fator determinante para o desenvolvimento da doença. Vários fatores predisponentes desempenham papel vital na proliferação global desta bactéria, como diferentes níveis de nutrientes e ingredientes da dieta, presença de coccidioses, o status imune e estresse (além do estresse nutricional, qualquer fator que cause estresse em frangos de corte os predispôem à enterite necrótica).
As infecções por Clostridium perfringens em aves podem aparecer como uma infecção clínica aguda ou como uma infecção subclínica. A forma aguda da doença leva a um aumento da mortalidade do lote, podendo chegar as perdas elevadas de até 1% ao dia, atingindo taxas de mortalidade de até 50%. Os sinais clínicos incluem depressão, penas eriçadas, diarreia e lesões macroscópicas evidentes no intestino delgado. Um exemplo típico de necropsias no trato gastrointestinal, com lesões devido a uma infecção por Clostridium.
Alternativa
Na forma subclínica da doença, o dano à mucosa intestinal causado pelo Clostridium perfringens leva à diminuição da digestão e absorção de nutrientes, e, por consequência, a piora do desempenho zootécnico. A forma subclínica de enterite necrótica é a mais importante, pois ocorre predominantemente e tem impacto econômico mais significativo devido à redução da performance animal, piora na condição das fezes e aumento da umidade da cama.
A prevenção dos casos clínicos e subclínicos de enterite está associada ao controle dos fatores predisponentes, que contribuem para o desenvolvimento da doença e pelo uso de ferramentas de controle do Clostridium perfringens via ração e/ou água. Bacitracina, lincomicina e outros antibióticos promotores do crescimento são comumentes usados para tratar aves que sofrem de enterite necrótica. No entanto, devido ao isolamento de cepas de C. perfringens de frangos e perus resistentes aos antibióticos, vem-se buscando alternativas ao uso destes promotores. Atualmente, aditivos para ração que contêm probióticos são uma das melhores maneiras de prevenir a enterite. Probióticos contendo microrganismos benéficos quando administrados às aves, melhoram a condição da microbiota intestinal. O ideal é que os probióticos modulem a microbiota intestinal por exclusão competitiva de bactérias patogênicas, que produzam antimicrobianos naturais, e que atuem positivamente na respostas do sistema imunológico.
Em estudos conduzidos por pesquisadores, na tentativa de desenvolver cepas probióticas para inibir C. perfringens, foi isolado o B. subtilis PB6 do trato gastrointestinal de aves saudáveis. A cepa PB6 é capaz de produzir bacteriocinas efetivas contra bactérias gram-negativas e bactérias gram-positivas que são potencialmente patogênicas para humanos e animais. A natureza protéica do fator antimicrobiano e a retenção da atividade inibitória após o tratamento térmico (70 à 121 °C por 15 min) são características desejáveis encontradas no estudo, que tornam um candidato probiótico atraente com potencial aplicação para a prevenção de enterite necrótica em aves. Em termos de espectro antimicrobiano, o fator anticlostridial foi inibitório para várias cepas de C. perfringens relacionadas à enterite necrótica, Clostridium difficile, Streptococcus pneumoniae, Campylobacter jejuni e Campylobacter coli.
Em inúmeros estudos internacionais em animais, o Bacillus subtilis PB6 provou ser um suplemento eficaz para a saúde das aves, suprimindo o Clostridium. Ao mesmo tempo que o Bacillus subtilis PB6 suprime o Clostridium perfringens, também promove o aumento das bactérias benéficas, como o Lactobacillus spp. e Bifidobacterium spp promovendo um equilíbrio saudável do microbioma. Como resultado, o Bacillus subtilis PB6 mantém um equilíbrio microbiano benéfico no intestino enquanto otimiza o desempenho dos animais.
Resultados
Bacillus subtilis PB6 possui diferentes apresentações para uso via dieta ou via água de bebida (solúvel). Outros estudiosos conduziram um teste para avaliar a ação do Bacillus subtilis PB6 solúvel (via água de bebida) no controle da enterite causada por Clostridium. Os resultados demonstraram que os lotes tratados tiveram um aumento de 2% no índice de viabilidade criatória e uma melhoria de 3 pontos na conversão alimentar.
Os probióticos contendo Bacillus subtilis PB6 têm sido amplamente utilizados, por consistirem em uma cepa natural que produz substância antimicrobiana com ampla atividade contra várias cepas de espécies de Campylobacter e Clostridium, podendo, assim, ser utilizado como uma alternativa para antibióticos no controle da enterite.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de junho/julho de 2019.
Avicultura
Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
Avicultura
Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
Avicultura
Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.