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Princípios fisiológicos do trato gastrointestinal e sua relação com substituição de antibióticos promotores de crescimento
Ideal é adoção de programa envolvendo vários produtos para, em conjunto, contemplar benefícios semelhantes aos propiciados pelos antibióticos
Artigo escrito por Fernando Rutz, professor doutor do curso de Zootecnia da Universidade Federal de Pelotas (Ufpel)
O uso de antibióticos como promotores de crescimento (APC), embora tenham sido úteis e eficientes durante muitos anos, também serviram para ocultar muitos equívocos de manejo. Junto a esse cenário, a descoberta da reação cruzada entre antibióticos da linha humana e da linha animal, bem como o desenvolvimento de alergias em humanos promoveram o banimento do uso de APC em vários países europeus. O início de banimento começou já na década de 80 na Suécia, depois em 1990 na Dinamarca e no restante da Europa em 2006. Hoje é uma tendência mundial, restando aos demais países se adequarem à situação por meio da utilização de novas alternativas para melhorar o desenvolvimento das aves.
Programa
A substituição de antibióticos como promotores de crescimento por um único componente é tarefa difícil. Portanto, o ideal é a adoção de um programa envolvendo vários produtos para, em conjunto, contemplar benefícios semelhantes aos propiciados pelos antibióticos.
Dr. Steve Collett, da Universidade da Georgia, propôs um programa compreendendo a aceleração da evolução da microbiota intestinal em pintinhos, bem como a sua reabilitação após desafios ou alterações de manejo em uma granja.
O programa proposto consiste em três etapas: semear matrizes e pintinhos com microrganismos favoráveis, alimentar os referidos probióticos (microrganismos vivos) e eliminar os microrganismos não favoráveis ou patogênicos.
A etapa denominada de “semear” consiste em oferecer microrganismos vivos em quantidade suficiente a fim de propiciar efeito benéfico às matrizes e aos pintinhos. Alguns fatos devem ser ressaltados no caso da relação matriz-pintinho. Um ovo contaminado com uma quantidade ainda que pequena de excreta, não significa que não vá eclodir. Pelo contrário: poderá eclodir e contaminar vários ovos ao redor. Assim, é importante se precaver oferecendo probiótico para matrizes.
Já para os pintinhos, é recomendada a utilização inicial de probióticos dentro dos incubatórios, como os via spray, uma vez que esperar para incluir os microrganismos vivos na granja pode ser tarde demais.
Alguns fatos precisam ser salientados:
1) A microbiota é verticalmente transmitida. O intestino de embriões com 16 dias de idade já apresenta microbiota no intestino.
2) A contaminação da casca é de 103-105 cfu por ovo em condições limpas e de 107-108 cfu em condições impróprias.
3) No nascedouro – as placas indicam quão estéril antes do nascimento, e são numerosos demais para contar após o nascimento.
Próximos passos
Uma vez estabelecida a flora favorável, o próximo passo é alimentar a mesma, dar condições para a sua sobrevivência e, por outro lado, tentar impedir o desenvolvimento da microbiota desfavorável. Para isso, ácidos orgânicos são indicados para alterar a microbiota. Eles apresentam propriedades anti-bacterianas patogênicas. Por exemplo, a bactéria gram positiva denominada clostridium não tolera meio ácido, já a lactobacillus tolera o meio ácido. Uma das formas de inclusão dos ácidos orgânicos se dá por meio da adição em água ou nas dietas, podendo ser feita de forma continua ou estratégica: por exemplo, durante os primeiros 7 dias de vida dos pintinhos, durante períodos de estresse ou após a administração de antibióticos. Já as enzimas, especialmente proteases, visam auxiliar o organismo animal na digestão das proteínas e outros substratos, reduzindo a fração não digerida que chegaria a bactérias denominadas de clostridium, cuja principal localização é o intestino grosso. A ausência de substrato no intestino grosso desfavorece o desenvolvimento de clostridium e o aparecimento de enterite necrótica.
Já na etapa eliminar, vários agentes antimicrobianos podem ser usados. Dentre eles, os denominados óleos essenciais. Estes se caracterizam como uma mistura complexa dos metabólitos secundários das plantas: fenilpropenos e terpenos, obtidos por destilação. Dentre os vários mecanismos de ação dos óleos essenciais destacam-se a ação antibacteriana (mais gram-positiva do que gram-negativa), antiprotozoários, antimicóticos, antiviral, antihelmínticos, antioxidantes, inibidor de odor e controlador de amônia, etc.
De igual forma, são recomendados na etapa eliminar, o uso de compostos extraídos da parede da levedura, denominados frações ativas de mananos, que promovem a adsorção de bactérias patogênicas gram-negativas (E. coli e salmonella), promovendo a sua eliminação via excreta. Estas mesmas substâncias promovem a modulação do sistema imune, propiciando maior proteção ao hospedeiro. Investigações utilizando técnicas de nutrigenômica também observaram que o uso destas frações ativas de mananos estimula genes que se codificam para carreadores de nutrientes a nível intestinal. Esta ação indica o favorecimento na absorção de nutrientes, propiciando um melhor desempenho por parte do animal.
Além dos cuidados citados, é importante levar em conta a necessidade de aumentar a resiliência do animal, ou seja, colaborar para que ele mantenha o desempenho mesmo em condições adversas. Para isso, oferecer minerais na forma orgânica (selênio na forma de selênio-leveduras e quelatados de zinco, manganês e cobre na forma de proteinatos) e um excedente de vitaminas (E, A, D, C, entre outras) se caracterizam como excelentes alternativas para aumentar a imunidade e a resiliência do animal.
Aspectos outros, como poder oxidativo de algumas matérias-primas, erros de fábrica, granulometria e processamento dos ingredientes, qualidade de água (aspectos físicos, químicos e microbiológicos) devem ser levados em conta ao propor um programa de substituição aos antibióticos como promotores de crescimento.
Do ponto de vista de manejo, alguns aspectos devem ser contemplados, como cama, comedouros, bebedouros, temperatura, ventilação, cortinas, luz, biosseguridade, etc. Todos estes fatores circundam as aves e são passíveis, se mal manejados, de promover estresse. Em aves, o estresse promove a liberação de hormônios como a corticosterona, que é extremamente catabólico e imunossupressor, portanto, agindo adversamente no desempenho das aves.
Outras notícias você encontra na edição de Aves de agosto/setembro de 2019.
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.