Avicultura
Primeira variante estrangeira de bronquite infecciosa em frangos é confirmada no Brasil
Confirmação liga o alerta para o setor produtivo e para as agências sanitárias ampliarem as barreiras de biosseguridade na cadeia avícola.
Pesquisadores brasileiros identificaram e confirmaram a chegada de uma nova variante de bronquite infecciosa em frangos de corte no Brasil. A G1-23 é a primeira variante estrangeira do vírus que causa bronquite infecciosa que chega ao país. A confirmação liga o alerta para o setor produtivo e para as agências sanitárias ampliarem as barreiras de biosseguridade na cadeia avícola.
Os dados da pesquisa ainda não foram publicados, mas os resultados parciais de 22 amostras colhidas em granjas comerciais no Brasil mostraram que 80% das amostras colhidas estavam infectadas com a nova variante. Os testes foram desenvolvidos pela Embrapa, que apresentou os resultados durante o 14º Encontro Mercolab de Avicultura, realizado em Cascavel, PR, para um público formado por médicos-veterinários, estudantes e outros profissionais do setor.
Quem detalhou sobre a descoberta foi a médica veterinária, virologista e pesquisadora da Embrapa Suínos e Aves – Concórdia, SC, Iara Trevisol. “A partir da suspeita clínica de bronquite em frangos, colhemos 22 amostras, em diferentes regiões, em diferentes idades do lote, em condições crônicas e agudas. Dessas 22 duas amostras clínicas processadas até o momento, 20 deram positivo para a variante G1-23”, frisou em sua palestra. “Os resultados de alinhamento, análises filogenéticas e tabelas de similaridade com a sequência completa ou parcial do S1 demonstraram que as amostras estudadas sempre mantiveram-se agrupadas com as cepas virais pertencentes ao genótipo 1 e a linhagem 23 já identificadas em outros países”, reforçou a virologista.
Nas análises laboratoriais, explicou a pesquisadora Iara Trevisol, foram encontradas diversas lesões graves provocadas pela nova variante do vírus, como nos rins e na traqueia. As cepas virulentas causaram lesões de graus 2 e 3, em uma escala que vai de zero a 3. Além disso, para comprovar a patogenia da nova cepa, as alterações renal e respiratória foram reproduzidas in vivo no laboratório da Embrapa.
A boa notícia é que testes revelaram que uma combinação de vacinas existentes no mercado obteve até 90% de proteção contra a nova variante. No entanto, a pesquisadora reforça que os estudos ainda estão em andamento e que mais amostras precisam ser analisadas, o que demanda tempo, para que mais informações sobre a nova cepa sejam disponibilizadas para o setor avícola brasileiro.
Os resultados colhidos até o momento, segundo Trevisol, já foram enviados para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, para o Departamento de Saúde Animal e para a ABPA distribuir a seus associados.
Contra o tempo
Iara Trevisol, que integra o time de pesquisadores que conduziu a pesquisa, destacou que o estudo, ganhou prioridade a pedido de entidades ligadas à avicultura no país, só foi possível graças a uma parceria com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que custeou os trabalhos a campo.
O trabalho foi possível também graças às instalações experimentais adequadas para realizar testes da Embrapa, como protectotipagem, patotipagem. Iara destacou que as amostras que chegaram à Embrapa estavam refinadas, com vários pontos de exclusão que agilizaram o trabalho de processamento das amostras para isolar e replicar o vírus para fazer os testes in vivo em frangos de corte da Embrapa, que foram divididos em vários grupos. “Quando recebemos as amostras do Alberto (doutor Alberto back, diretor do Mercolab) já refinadas sabíamos que aqueles tecidos não tinham vacina de New Castle, Gumboro ou nada que pudesse interferir. Também sabíamos por um (exame) PCR dizendo que não eram cepas vacinais Massachusetts e não era BR-1, mas sim uma nova variante que Laboratórios particulares, das indústrias e universidades já haviam detectado através de testes moleculares e comprovaram a existência dessa variante no país .. Isso facilitou muito o início dos trabalhos. Foi dessa forma começamos a trabalhar com a variante nova”, explicou.
De acordo com ela, na sequência a ABPA também solicitou dados sobre a nova variante. “Passado algum tempo, a ABPA também nos procurou, fizemos um contrato de parceria. Através desse contrato, temos recursos para ir a campo, fizemos mais coletas e estamos bancando os estudos com essas amostras. Infelizmente nos últimos anos não recebemos muitos recursos para pesquisas. Esse contrato está bancando essas pesquisas”, disse a pesquisadora da Embrapa.
A pesquisadora lembrou da ansiedade da cadeia produtiva em saber mais sobre a variante. “O pessoal fica angustiado porque demora muito para a gente dar resultados, é assim, não tem como fazer de outro jeito, mas demora muito, Só para isolar o vírus leva quase um mês”, destacou.
Depois das amostras sabidamente conhecidas infectadas por G1-23, as amostram são diluídas e incubadas em ovos férteis. Depois, o vírus foi extraído e colocado nas aves da pesquisa, para que sejam estudadas a sua patogenia e outras características. “As amostras de patogenia importante e grave são usadas para estudos de proteção vacinal, que é o mais importante nesses casos que a gente está enfrentando. (Temos que) saber se as vacinas que a gente tem a campo protegem ou não”, destacou a médica-veterinária.
A pesquisadora da Embrapa lembrou que mais estudos estão em andamento e que novas pesquisas devem ser conduzidas nos próximos meses para saber sobre essa variante, que já é conhecida em outros países, é altamente contagiosa, já com ampla circulação na avicultura brasileira. “O vírus realmente está muito difundido e circulando a todo vapor”, destacou, falando que ele já é grande parte entre as variantes de bronquite infecciosa. “A variante G1-23 está presente no país e é a primeira cepa ‘estrangeira’ notificada com estudos consistentes de detecção, isolamento, patogenia e protectotipagem”.
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Relatório traz avanços e retrocessos de empresas latino-americanas sobre políticas de galinhas livres de gaiolas
Iniciativa da ONG Mercy For Animals, a 4ª edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais identifica compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes companhias, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de aves na cadeia de ovos.
O bem-estar de galinhas poedeiras é gravemente comprometido pelo confinamento em gaiolas. Geralmente criadas em espaços minúsculos, entre 430 e 450 cm², essas aves são privadas de comportamentos naturais essenciais, como construir ninhos, procurar alimento e tomar banhos de areia, o que resulta em um intenso sofrimento.
Estudos, como o Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA) da ONG internacional Mercy For Animals (MFA), comprovam que esse tipo de confinamento provoca dores físicas e psicológicas às galinhas, causando problemas de saúde como distúrbios metabólicos, ósseos e articulares, e o enfraquecimento do sistema imunológico das aves, entre outros problemas.
Para a MFA, a adoção de sistemas de produção sem gaiolas, além de promover o bem-estar animal, contribui para a segurança alimentar, reduzindo os riscos de contaminação e a propagação de doenças, principalmente em regiões como a América Latina, o que inclui o Brasil.
Focada nesse processo, a Mercy For Animals acaba de lançar a quarta edição do Monitor de Iniciativas Corporativas pelos Animais (MICA 2024), um instrumento essencial para analisar e avaliar o progresso das empresas latino-americanas em relação ao comprometimento com políticas de bem-estar animal em suas cadeias produtivas.
O relatório considera o compromisso – ou a ausência dele – de 58 grandes empresas, com o fim de uma das piores práticas de produção animal: o confinamento de galinhas em gaiolas em suas cadeias de fornecimento de ovos.
Destaques
A pesquisa se concentrou na análise de relatórios públicos de companhias de diversos setores com operações em territórios latino-americanos, da indústria alimentícia e varejo aos serviços de alimentação e hospitalidade. Elas foram selecionadas conforme o tamanho e influência em suas respectivas regiões de atuação, bem como a capacidade de se adaptarem à crescente demanda dos consumidores por práticas mais sustentáveis, que reduzam o sofrimento animal em grande escala.
O MICA 2024 aponta que as empresas Barilla, BRF, Costco e JBS, com atuação no Brasil, se mantiveram na dianteira por reportarem, publicamente, o alcance de uma cadeia de fornecimento latino-americana 100% livre de gaiolas. Outras – como Accor, Arcos Dourados e GPA – registraram um progresso moderado (36% a 65% dos ovos em suas operações vêm de aves não confinadas) ou algum progresso, a exemplo da Kraft-Heinz, Sodexo e Unilever, em que 11% a 35% dos ovos provêm de aves livres.
De acordo com a MFA, apesar de assumirem um compromisso público, algumas empresas não relataram, oficialmente, nenhum progresso – como a Best Western e BFFC. Entre as empresas que ainda não assumiram um compromisso público estão a Assaí e a Latam Airlines.
“As empresas que ocupam os primeiros lugares do ranking demonstram um forte compromisso e um progresso significativo na eliminação do confinamento em gaiolas. À medida que as regulamentações se tornam mais rigorosas, essas empresas estarão mais bem preparadas para cumprir as leis e evitar penalidades”, analisa Vanessa Garbini, vice-presidente de Relações Institucionais e Governamentais da Mercy For Animals.
Por outro lado, continua a executiva, “as empresas que não demonstraram compromisso com o bem-estar animal e não assumiram um posicionamento público sobre a eliminação dos sistemas de gaiolas, colocam em risco sua reputação e enfraquecem a confiança dos consumidores”.
“É fundamental que essas empresas compreendam a urgência de aderir ao movimento global sem gaiolas para reduzir o sofrimento animal”, alerta Vanessa Garbini.
Metodologia
A metodologia do MICA inclui o contato proativo com as empresas para oferecer apoio e transparência no processo de avaliação, a partir de uma análise baseada em informações públicas disponíveis, incluindo relatórios anuais e de sustentabilidade.
Os critérios de avaliação foram ajustados à medida que o mundo se aproxima do prazo de “2025 sem gaiolas”, estabelecido por muitas empresas na América Latina e em todo o planeta. “A transição para sistemas livres de gaiolas não é apenas uma questão ética, mas um movimento estratégico para os negócios. Com a crescente preocupação com o bem-estar animal, empresas que adotam práticas sem gaiolas ganham vantagem competitiva e a confiança do consumidor. A América Latina tem a oportunidade de liderar essa transformação e construir um futuro mais justo e sustentável”, avalia Vanessa Garbini.
Para conferir o relatório completo do MICA, acesse aqui.
Para saber mais sobre a importância de promover a eliminação dos sistemas de gaiolas, assista ao vídeo no Instagram, que detalha como funciona essa prática.
Assine também a petição e ajude a acabar com as gaiolas, clicando aqui.
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Sustentabilidade em foco na Conbrasfran 2024
Evento acontece de 25 a 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
A importância de uma produção mais sustentável foi a lição mais importante que este ano deixou aponta o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos. “A natureza nos lembrou que é soberana e da necessidade de nos reciclarmos cada vez mais do que fizemos no passado. Eu digo a humanidade como um todo. As práticas sustentáveis que tanto se fala e que vamos discutir na Conbrasfran, essas práticas que estamos implementando agora é para amenizar o que vem pela frente, já que estamos enfrentando agora as consequências do que foi feito no passado”.
Então, para ele, a lição é a necessidade de insistirmos no tema da sustentabilidade ambiental e social, insistir na educação, na orientação e na disciplina ambiental com o objetivo de mitigar os efeitos climáticos no futuro. “Os efeitos podem ser vistos no mundo todo. Aumento dos dias de calor extremo, chuvas recordes no Brasil, na Espanha e outros países, além das queimadas em várias regiões do mundo também”.
A Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha, vai reunir empresários, indústrias, produtores e lideranças de todo o país para discutir todas as áreas estratégicas. “Vamos falar sobre sanidade avícola, um simpósio tradicional da Asgav será absorvido pela programação da Conbrasfran 2024. Vamos debater qualidade industrial, que trata questões de inspeção, controle, autocontrole e processo produtivo, entre outros temas. Teremos também um seminário sobre segurança do trabalho com uma abordagem do ambiente laboral dos colaboradores e da proteção deles em um quadro em que surgem novos desafios na medida em que aumentamos a produção”, pontuou.
Um dos destaques do evento será o 1º Seminário de Sustentabilidade Ambiental e Adequação Global. “Também teremos discussões sobre a área comercial, que impulsiona a nossa economia e é responsável por levar o nosso produto até a mesa do consumidor brasileiro e de mais de 150 países”, salientou Santos. Ele destaca ainda os debates sobre questões jurídicas e tributárias. “São temas que permeiam o nosso dia a dia e estamos diante de uma reforma tributária, que também será abordada”, afirmou mencionando o Agrologs, que vai falar sobre logística, outro desafio para a cadeia produtiva. “O Brasil precisa avançar em ferrovias, hidrovias é uma necessidade para garantir sustentáculos de competitividade”. “É um evento que vai trazer temas estratégicos”, encerrou.
Os interessados podem se inscrever através do site do evento. E a programação completa da Conbrasfran 2024 também está disponível clicando aqui.
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Conbrasfran 2024 ressalta superação e resiliência da avicultura gaúcha em meio a desafios históricos
Evento será realizado entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha.
Se desafio é uma palavra que faz parte do dia a dia da avicultura, este ano levou o seu significado a um novo patamar, especialmente falando do Rio Grande do Sul. O estado enfrentou enchentes e depois um caso isolado de Doença de Newcastle. “Tudo isso nos abalou sim. Redirecionamos toda a atenção e os nossos esforços para ser o elo de ligação do setor com o poder público, com a imprensa e a atender as demandas dos setores. A organização do evento já estava em curso quando tivemos 45 dias de interdição do prédio onde fica a nossa sede, localizado à beira do rio Guaíba. Tivemos enchente. Para se ter uma ideia, a água chegou até 1,80 metro do 1º andar e não pudemos entrar por conta da falta de luz, de água e outra série de dificuldades”, ressaltou o presidente executivo da Organização Avícola do Rio Grande do Sul, José Eduardo dos Santos.
Ainda assim, estes entraves não foram suficientes para desistir da realização da Conferência Brasil Sul da Indústria e Produção de Carne de Frango (Conbrasfran 2024), que vai ser realizada entre os dias 25 e 27 de novembro, em Gramado, na serra gaúcha. “Não houve um único questionamento sequer por parte de associados e dirigentes, o que demonstra que o setor está convencido da importância deste encontro e das discussões que ele vai trazer. Serão vários temas, técnicos, conjunturais, temas estratégicos, de planejamento e de superação de desafios, entre outros. E tudo isso fez com que o setor mantivesse acesa a chama para realizar este evento”, destacou Santos.
De acordo com ele, diante dos desafios, as atividades da organização da Conbrasfran 2024 foram acumuladas com o trabalho da linha de frente para atender as demandas cruciais que chegaram, além da interação com órgãos oficiais, imprensa e parceiros estratégicos, como a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). “E mesmo assim, continuamos com a manutenção e organização do evento. E isso nos sobrecarregou sim. Temos uma equipe enxuta, mas que trabalhou bravamente, com máximo empenho, naqueles dias”.
Santos destaca que os esforços levaram a realização de um evento muito especial, que teve a colaboração de grande parte empresários e técnicos do setor. “São muitos os empresários que acreditam nesses movimentos e nos dão carta branca para seguir em frente, que sabem que apesar das dificuldades, continuamos um estado atrativo, com indústrias e produtores de pequeno, médio e grande portes que continuam produzindo por acreditar no empreendedorismo, na pujança na mão-de-obra, na gestão”, disse o executivo lembrando que apesar dos desafios, o estado conseguiu valorizar a produção, manter empresas e ainda está recebendo novos empreendimentos.
Superação
A superação das dificuldades trazidas pelo ano exigiu muito trabalho, organização e confiança. “Precisamos valorizar a confiança daqueles que são nossos associados e dirigentes. A confiança que recebi deles e da minha equipe como dirigente executivo foi importante. Também vale mencionar as estratégias e ações que colocamos em prática para atender todas as demandas que nos chegaram. Sempre buscamos a melhor forma de atender e ajudar os associados”.
E foi também de maneira virtual que estes desafios foram enfrentados. “Interagimos muitas vezes através de plataforma virtual com os serviços oficiais , seguimos em conjunto e dentro das diretrizes da ABPA e tivemos o apoio incondicional da nossa Federação. Com uma soma de esforços, com a confiança de dirigentes que depositam confiança em nosso trabalho, conseguimos ir para a linha de frente e atender as diferentes demandas do setor e da imprensa”, contou Santos que agiu com firmeza em seus posicionamentos e conseguiu liderar o setor na retomada até chegarmos neste momento.
Os interessados podem se inscrever e conferir a programação completa da Conbrasfran 2024 clicando aqui. Outras informaçõe podem ser obtidas pelo e-mail conbrasfran@asgav.com.br, através do telefone (51) 3228-8844, do WhatsApp (51) 98600-9684 ou pelo Instagram do encontro.