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Primeira Smart Farm do Brasil apresenta resultados em Dia de Campo
Iniciativa visa criar um ambiente de vitrine tecnológica de soluções inovadoras para produtores rurais, que exemplifique as atividades de inovação aberta. Primeira safra está sendo finalizada com incremento na qualidade da soja.

Os resultados da primeira safra de soja da Smart Farm cultivada em parceria pelo Cocriagro e Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná – Iapar-Emater (IDR-Paraná) foram apresentados em Dia de Campo na quinta-feira (16). Trata-se do primeiro experimento de campo no Brasil que congrega tecnologias de startups, empresas, cooperativas e instituto de pesquisa.
O objetivo da Smart Farm é criar um ambiente de vitrine tecnológica de soluções inovadoras para produtores rurais, que exemplifique as atividades de inovação aberta geridas pelo hub e os resultados de campo. “Os integrantes da Smart Farm participaram de todo o processo de planejamento, plantio e acompanhamento dessa safra de soja, que agora mostra os primeiros resultados positivos dessa integração”, explica o head de relações institucionais do Cocriagro, George Hiraiwa.
Entre os resultados alcançados em parcelas experimentais das startups está o incremento de 13% na altura das plantas na aplicação da Agroper. “De uma forma geral, as plantas estão maiores e mais vigorosas, com maior pegamento e aumento do número de vagens, o que deve resultar em um incremento de produção durante a colheita, programada para começar em março”, ressalta Hiraiwa.
Dia de Campo
O evento contou com a participação de produtores, pesquisadores, extensionistas, consultores e público em geral. A diretora de pesquisa do IDR-Paraná, Vania Moda Cirino, ressalta que todas as ferramentas desenvolvidas e apresentadas na Smart Farm geram um aumento de eficiência, rentabilidade e sustentabilidade dos sistemas produtivos de importância social e econômica para o Paraná. “Muitas dessas startups já estão na fase final do desenvolvimento das tecnologias que irão contribuir para o uso racional de insumos e para a tomada de decisões que irão auxiliar os produtores para uma produção sustentável de fato”, expõe.
A Fitovision trouxe dois softwares e um aplicativo para a Smart Farm, com o objetivo de facilitar a gestão de dados agrícolas. Para a representante da startup, Sheila Valencio, os resultados são muito satisfatórios para o produtor. “Conseguimos economia de tempo e mão de obra, uma rastreabilidade melhor e um rápido acesso à informação, permitindo uma tomada de decisão mais rápida. Minimizou também o erro de digitação, porque tudo foi coletado pelo aplicativo, facilitando assim uma conclusão mais assertiva do que estava sendo analisado nos experimentos”.
O produtor rural Guy Tsumanuma ressaltou que o uso da tecnologia, atualmente, no agro, é algo irreversível e a validação de produtos e sistemas desenvolvidos pelas startups é fundamental para uma eficiência de resultados. “Foi a tecnologia que nos trouxe até aqui. Tão importante quanto o uso da tecnologia é a validação por parte dos institutos e também de outras empresas como cooperativas, de vendas e startups que estão realmente preocupadas em trazer o benefício ao agricultor”.
O diretor de Inovação da Sociedade Rural do Paraná (SRP), Renan Salvador, destacou que o hub do Cocriago está instalado dentro do Parque Ney Braga e a Smart Farm é uma grande vitrine tecnológica. “Depois desta primeira edição vamos dar continuidade a este trabalho. A SRP junto com o Cocriago e o IDR-Paraná tem o objetivo de se aproximar cada vez mais do produtor para encontrar novas formas de fazer e gerar sustentabilidade, redução de custos e, principalmente, uma segurança alimentar para a população”, afirmou.
Projetos de pesquisa e inovação
O IDR-Paraná também apresentou tecnologias desenvolvidas em seus projetos de pesquisa e inovação, tais como a cultivar de soja convencional IPR Petrovita (utilizada na Smart Farm), apta para alimentação humana e cultivo orgânico, e as cultivares de milho variedade IPR 216 e IPR 164, que apresentam baixo custo e alta produtividade.
Além das cultivares, foram apresentadas tecnologias para o Manejo Integrado de Pragas (MIP) de grãos, estações agrometeorológicas compactas, bionsumos – microalgas e controle biológico, sistema autônomo para irrigação, e os aplicativos “IDR Clima”, “ClimAtlas-19”, “GID Pragas da Soja”, “IPR 212” e “IPR 216”.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.




