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Primavera começa hoje com chuvas no Centro-Norte do país
A estação marca o início do plantio de grãos, principalmente soja, milho e feijão
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) divulgou na terça-feira (21) o “Prognóstico Climático da Primavera 2021″, com foco na semeadura de grãos e nas regiões das bacias hidrográficas. Durante a apresentação, transmitida no canal do Youtube do Inmet, produtores, investidores e seguradoras puderam ter mais informações da estação para o plantio em 2021.
Ao participar do evento, a ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Tereza Cristina, destacou que os dados meteorológicos são importante ferramenta para auxiliar na redução de danos nas lavouras. “Trata-se de ação voltada para atenuar os impactos das alterações climáticas, que causam escassez de insumos para produção, causando problemas financeiros para os nossos agricultores. Enquanto órgão federal preocupado com o bem-estar do povo brasileiro, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento reitera a importância da atenção dos produtores rurais às épocas corretas do plantio e cultura de grãos e hortaliças”.
O diretor do Inmet e representante permanente do Brasil junto à Organização Mundial de Meteorologia, Miguel Ivan de Oliveira, afirmou que a divulgação dos dados integra um novo modelo de comunicação, implantado em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). “Se o problema é saber que horas vai poder plantar ou colher, a gente vai entregar uma solução. E a gente está fazendo isso baseado numa construção de liderança”.
A parceria entre as instituições foi ressaltada pelo coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe, Gilvan Sampaio. “Isso significa um salto gigantesco da meteorologia nacional, porque permite avançarmos muito no desenvolvimento de novos produtos e nós sabemos que ninguém conhece melhor a meteorologia do nosso país do que os nossos meteorologistas e as pessoas que trabalham aqui. Então, ao trabalharmos com modelos que são desenvolvidos aqui no Brasil, que são aprimorados por pesquisadores e cientistas brasileiros, nós vamos, sem dúvida nenhuma, ter uma melhor representação de todos os biomas brasileiros, e isso significa ter um ganho efetivo na qualidade da previsão de tempo e de clima”.
Primavera 2021
A Primavera no Brasil começa nesta quarta-feira (22), às 16h21, e termina no dia 21 de dezembro, às 12h59. É um período de transição entre as estações seca e chuvosa na região central do Brasil, com o início da convergência de umidade vinda da Amazônia, que define a qualidade do período chuvoso sobre as regiões Centro-Oeste, Sudeste e parte do centro-sul da Região Norte.
Dados do IRI (Research Institute for Climate and Society), apresentados pela coordenadora-geral de Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet, Márcia Seabra, apontam para a probabilidade, acima de 70%, de ocorrência do La Niña na primavera de 2021. “O que a gente está prevendo é um fenômeno La Niña durante a primavera até o verão, mas deve ser de curta duração e ter intensidade fraca”, disse.
Caso ocorra o fenômeno, a tendência é que a incidência de chuvas seja abaixo da média na Região Sul do país e um pouco acima da média na parte Sudeste e Central do Brasil.
Chuvas e temperatura
O prognóstico de chuva e temperatura para a primavera, no trimestre de outubro, novembro e dezembro, indica precipitação acima e próxima da média no Centro-Norte do Brasil, com irregularidades das chuvas nos meses de outubro e dezembro.
Para a Região Sul do país e sul do Mato Grosso e de São Paulo, a previsão é de chuva abaixo da média, principalmente nos meses de outubro e novembro.
A temperatura deve ficar acima e dentro da faixa normal em grande parte do Brasil durante todo o trimestre, principalmente na região do Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
Os dados apontam, ainda, a tendência de temperatura ligeiramente abaixo da média em áreas da Região Sudeste e no leste da Bahia no mês de novembro e no estado do Amazonas em dezembro.
Agricultura
A chegada da primavera marca o início do plantio de grãos, principalmente soja, milho e feijão, nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul, com destaque para o Matopiba.
“Algumas áreas dessas regiões, de acordo com o zoneamento agrícola, já estão aptas a plantar a soja. Algumas começaram no dia 13 de setembro, outras no dia 16 e algumas começam a partir do dia 25, mas a gente viu que as chuvas ainda não estão normalizadas. De qualquer forma, essa janela de plantio, de acordo com o zoneamento agrícola, já está aberta em algumas áreas”, destacou a coordenadora-geral de Meteorologia Aplicada, Desenvolvimento e Pesquisa do Inmet.
Histórico da primavera no Brasil
Durante o evento, foi apresentada a variação climática da primavera no Brasil nos últimos 60 anos. De 1961 até 2020, observa-se uma diminuição média de 28 milímetros de chuva no país durante a estação. As duas regiões que mais influenciaram nesse resultado foram Centro-Oeste (-46,29 mm) e o Sudeste (-59,10 mm), onde se observaram maior diminuição de chuvas no período.
O levantamento aponta, ainda, que, em todas as regiões do país, existe tendência significativa de elevação da temperatura durante a primavera. No Norte, a tendência é de 1,5°C acima da média; no Nordeste de 1,28°C; no Centro-Oeste de 1,75°C; no Sudeste de 1,35°C; e na Região Sul de 1,39°C. No Brasil, a variação total foi de 1,41°C.
“O papel da meteorologia se mostra cada vez mais importante para todas as atividades econômicas do Brasil, porque o aquecimento, as mudanças, as variações já estão acontecendo no país e no mundo. Cada vez mais, a gente precisa entender o comportamento das variáveis meteorológicas para conseguir com que a sociedade e as atividades econômicas trabalhem com esses cenários e impactos”, afirmou Márcia Seabra.
Notícias
Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.