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Primato adentra em novos mercados e prevê faturamento de R$ 6 bilhões até 2033
Em uma entrevista franca e esclarecedora, o presidente Anderson Sabadin explica os planos dessa jovem cooperativa com sede no Oeste do Paraná.
O presidente da Cooperativa Primato, Anderson Sabadin, concedeu uma entrevista exclusiva nos estúdios do jornal O Presente Rural, em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, no dia 10 de janeiro. Durante a entrevista o presidente enalteceu um dos principais objetivos da jovem cooperativa que é duplicar de tamanho a cada três anos. A conversa completa você pode ler abaixo ou acessar a entrevista em vídeo clicando aqui.
O Presente Rural – Ano novo, governo novo, projetos novos. O que esperar de 2023 na área econômica, na área do agronegócio?
Anderson Sabadin – O desejo da primata é que nós consigamos evoluir a renda das pessoas. Isso envolve, além do produtor, do cooperado, também os colaboradores, não só da Primato. Acreditamos que o trabalhador, ganhando mais, ele passa a consumir mais alimentos e isso melhora a qualidade de vida, isso melhora e transforma a vida das famílias e das pessoas. Esse é o desejo da cooperativa Primato. Somos uma região que produz milho, soja, trigo e automaticamente isso se transforma em proteína animal por meio das indústrias, que agregam trabalho e renda. Precisamos de um clima favorável. Obviamente temos algumas variáveis que não controlamos e essas variáveis interferem diretamente no nosso negócio, como a questão de sanidade, dólar, juros, inflação, enfim, fatores econômicos. Temos que estar preparados na gestão à frente dessas empresas cooperativas, representando nossos cooperados.
O Presente Rural – Hoje 10 de janeiro e não choveu o esperado? Nessa safra já há prejuízo? Como que estão as lavouras?
Anderson Sabadin – Graças a Deus, agora na última semana uma chuva nos ajudou. São regiões pontuais, não tem chovido em todo o Oeste (do Paraná), mas informações do Deral (Departamento de Economia Rural), inclusive, mostram uma perda estimada em torno de 15 a 20%, principalmente aqui na região de Toledo.
Mas você tem soja a patamares ainda aquecidos. Você tem um contexto que, mesmo frente a uma safra recorde prevista na região Mato Grosso e em todo o país, a gente tem os preços ainda se mantendo, o que não seria normal em outro momento. O produtor de grãos vem usufruindo de bons preços e ele tem ganhos expressivos tanto no milho quanto na soja. A relação de troca é excelente, tanto em milho quanto soja. Frente a uma estimativa de safra cheia, a exemplo da soja, talvez quando começar a colher (o milho segunda safra) a gente tenha uma queda no preço. A decisão é do produtor, mas a gente percebe que muito produtor não tem feito contrato futuro. Ele está esperando.
O Presente Rural – A que fatores que o senhor atribui as safras cheias e preços elevados?
Anderson Sabadin – A China não importava milho nosso. Se nós olharmos os volumes de outubro, novembro e dezembro, a China importou volumes extraordinários de milho. Isso automaticamente fez com que o patamar de preço de milho se mantivesse e até voltasse a subir. A China é um grande produtor de milho, mas agora, para nossa surpresa, ela vem comprar milho aqui. Esse milho que sai daqui chega lá a R$ 130 e mesmo assim eles estão produzindo volumes bastante significativos (de carne suína). Voltaram a produzir volumes da época de antes da Peste Suína e isso faz com que tenha um consumo expressivo de milho.
Claro que a gente é a favor do livre mercado, mas a gente tem que prestar um pouco de atenção, porque a nossa região consome um volume expressivo de milho que vai buscar no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A gente tem grandes empresas sendo instaladas lá que estão fazendo esmagamento de milho, para produção de etanol. Esse milho daqui a pouco não vem mais pra nossa região, começa a ter saída pela região Norte, Pará. (Nesse cenário), a gente começa a ter um custo alto de milho e soja para transformar em proteína.
Várias cooperativas foram para o MS, para o MT, e a própria Primato tem uma unidade em Dourados. E por quê? Precisamos originar lá para trazer o grão pra cá. A grande dificuldade é que daqui a pouco não temos milho. Aí vem inclusive a importância do Paraguai enquanto fornecedor, enquanto canal. Já se discute uma saída pelo Pacífico para a exportação de grãos. Então, talvez no futuro nós vamos ter mais milho vindo aqui do Paraguai e talvez até da própria Argentina do que do MS do MT.
O Presente Rural – Presidente, fala um pouquinho da estrutura da Primato e os números.
Anderson Sabadin – É uma alegria falar da Primato. Você perguntou e eu já sorri. É uma cooperativa jovem, tem 25 anos, representamos 9.583 cooperados e 80% dos cooperados são pequenos produtores. Quando a Primato foi constituída, o foco dela era esse a nossa região (de Toledo). Hoje temos unidades no Oeste e Sudoeste do Paraná, no Oeste de Santa Catarina e vai até Dourados.
É uma cooperativa que iniciou com leite e suínos, em 1997. Vinte e nove produtores se reuniram e constituíram a Primato. A partir daí, ela montou uma loja agropecuária pequeninha, montamos a primeira fábrica de ração, montamos outras unidades. Hoje temos mais de 40 unidades de negócios, desde supermercado, restaurante, posto de combustíveis, recebimento de grãos, fábricas de ração.
Produzimos, em média, 30 mil toneladas de ração por mês. Produzimos mineral (para bovinos) em Dourados. Também atuamos lá na linha de gado de corte, que é um mercado que nos interessa bastante. Junto com isso, estamos agora recentemente felizes com a inauguração do Frigorífico da Firmeza em Assis Chateaubriandt. A Primato passa a entregar, a partir de março, agora 50 mil suínos por mês para a Central Frimesa. Isso é um volume bastante expressivo. Nos próximos três anos, quatro anos, a gente precisa dobrar de tamanho.
A Primato, no último exercício de 2022, faturou R$ 1,2 bilhão. Esse ano a previsão já é chegar em R$ 1,7 bilhão e em 2024 chega a R$ 2 bi. A nossa previsão é de dobrar de tamanho a cada três anos. A cooperativa também vem participando e fazendo um processo de capitalização. É fundamental a cooperativa ter geração de caixa. A Primato lançou um projeto em 2020 em que as sobras são capitalizadas até 2033 para fazer frente aos projetos que nós temos de aberturas de unidades de recebimento de cereais até a abertura de um frigorífico.
Nosso projeto até 2033 prevê chegar a R$ 6 bilhões de faturamento com R$ 150 milhões de sobras e patrimônio líquido de R$ 1,5 bilhão. E o principal: chegar aos 10 mil cooperados. Nós não queremos crescer em número de cooperados, queremos sim melhorar a qualidade do atendimento e do serviço. A gente quer entregar o melhor atendimento, queremos evoluir a prestação de serviço. Esse é um objetivo estratégico.
Temos que atingir um volume maior de suínos, temos uma expansão de avicultura. Hoje a Primato aloja 2,5 milhões de aves estático. Parece pouquinho, mas já é um volume expressivo. A cooperativa não tem frigorífico. Existe um parceiro, uma aliança estratégica que coloca a marca Primato no frango. O mesmo trabalho acontece na tilápia Primato. Tem tilápia, não tem frigorífico, mas tem uma aliança, a gente manda a tilápia e eles industrializam e colocam a marca Primato. O grande desafio nosso hoje comercial é vender o que produzimos. A gente tem que comercializar esse produto que vem do nosso campo, agregar renda ao produtor e ao colaborador.
O Presente Rural – Anderson, você falou de um planejamento estratégico de vários anos. E para 2023 existe algum projeto, alguma ação específica?
Anderson Sabadin – Claro, a Primato tem algumas novidades. A gente está fazendo um trabalho de implantação da genética Duroc dentro da cooperativa. É uma carne que já vem com marmoreio melhor. Isso, obviamente, chega à Central Frimesa e agrega valor em cortes diferenciados. A gente também reforça a questão do frango. A cooperativa procura ter uma conversão (alimentar) melhor, uma mortalidade baixa no frango, um trabalho que é feito pela equipe técnica da cooperativa. Também vai entrar em operação uma casa do produtor, onde ele vai ter insumos agrícolas, máquinas, equipamentos, tudo em um só lugar. Nossa nutrição animal é um grande diferencial na região. Hoje, a Primato ultrapassa grandes cooperativas da região Oeste do Paraná em volume de ração comercializada, porque nós temos um produto que na hora que é tratada a vaca entrega um volume maior de leite, na hora que é tratado suíno, entrega uma conversão melhor. Estamos entre as melhores conversões (alimentares) do grupo Frimesa, que tem grandes cooperativas associadas.
O Presente Rural – A Primato tem um projeto de integração do gado de corte. Explique para nós?
Anderson Sabadin – A Primato tem um projeto de integração de gado, onde a cooperativa concede o bezerro, manda a ração e o produtor presta o serviço e é bonificado pelo resultado que ele tem com esse bezerro. Esse projeto é piloto, com quatro mil animais. Foi desafiador porque a gente começou o projeto no momento em que o bezerro estava caro. Foi lá ainda o final de 2020. Quando você compra um bezerro caro é difícil diluir os custos. A gente passou por isso, mas nesse momento o bezerro está barato e talvez ali na frente a gente vai ter resultados também expressivos. São projetos que a cooperativa vem trabalhando, olhando o nosso produtor, que às vezes está com uma estrutura parada e, com determinação muito profissional, usar para produzir um bovino de engorda, com uma responsabilidade grande no sentido de manejar esse animal, tratar mais vezes e entregar um animal em menos tempo.
O Presente Rural – A Primato tem a produção de proteína animal como foco bem específico nisso, inclusive com a carne bovina. O senhor falou de frigorífico. Qual a expectativa para a Primato ter os próprios frigoríficos ou as parcerias que são feitas hoje cumprem o que espera a cooperativa?
Anderson Sabadin – A primeira coisa que a gente vê são as alianças. Elas são estratégicas. A gente vê assim a região, que tem boas estruturas para nos atender, inclusive pelas cooperativas, sem ter necessidade de nós termos, pelo capital investido e pelo custo financeiro, que hoje é altíssimo. A gente montou os projetos e é importante que, com muita humildade, eu estou falando porque a cooperativa Primato é jovem. Agora, o papel nos permite refletir, pensar e analisar. Temos dois projetos, um ao lado da fábrica aqui na rodovia BR-163, em Toledo. É um projeto que prevê a possibilidade de até dois frigoríficos naquele local, um de bovinos e outro de aves. Também olhamos estrategicamente para Cascavel, que hoje é um polo, tem a ferrovia. Então temos uma área também que a gente vem estudando para ser montadas plantas frigoríficas. Esse projeto ele começou a ser estudado há dois anos. Ele já foi desenhado em cima das duas áreas para plantas para abate de bovinos e de frango, tanto em Toledo quanto em Cascavel. As duas áreas estão identificadas. A gente tem que estudar agora, pensando lá na frente. Nesse momento a gente está pensando assim: começamos novos projetos, novas unidades, mas é fundamental a gente capitalizar a cooperativa. Cooperativa forte vai fazer com que o produtor evolua nas atividades e ganhe dinheiro.
O Presente Rural – A Primato começou há poucos anos com os grãos. Fale a respeito.
Anderson Sabadin – A Primato entrou na área agrícola faz quatro anos. No início, como eu falei, era leite, suínos. Veio a ração, as lojas agropecuárias, o varejo e a agricultura. A previsão para este ano é receber 5 milhões de sacas de grãos. A gente já caminha nesse projeto também. A atividade agrícola tem se desenvolvido muito bem. A Primato não vende grãos, só compra. Então a gente ainda tem um caminho a percorrer para atuar mais forte com soja, com milho, mais unidades de recebimento de cereais, unidades essas que vão receber e que amanhã vão transformar essa proteína vegetal em carne ou leite, que é um destaque da Primato, com cerca de 40 milhões de litros de leite produzidos. A cooperativa já teve muito mais produtor de leite. Hoje diminuiu o número de produtores, mas aumentamos o volume produzido e com mais qualidade, que é esse o grande desafio nosso.
O Presente Rural – Acredito que essa é uma realidade do leite, reduzir o número de produtores e aumentar a quantidade produzida.
Anderson Sabadin – Pegando teu gancho, eu vejo que é uma realidade nossa, dos negócios. Ou a cooperativa Primato cresce ou ela desaparece. Isso é muito claro. O grande desafio nosso é crescer com sustentabilidade. Precisamos ser eficientes, ter escala, pegando teu gancho. Se nós não tivermos escala e sermos eficientes, a cooperativa vai desaparecer. O produtor é o mesmo caso. Ele tem que produzir mais leite para diluir o custo. Antigamente uma granja com 50 matrizes suínas era uma granja grande, uma grande é de 1,5 mil matrizes. Nos Estados Unidos, uma granja de 3 mil matrizes é pequena. Qual é o nosso número amanhã? Será o número adequado à viabilidade do projeto.
O Presente Rural – Sua trajetória na cooperativa tem 23 anos, dois agora como presidente. É também uma preocupação do senhor manter a cooperativa muito próxima do cooperado? Como você define a sua marca enquanto presidente nesses dois anos de gestão?
Anderson Sabadin – Eu quero crer que tenho a oportunidade de estar presidente, mas ela sempre teve planejamento. Então, isso vem da época dos três presidentes anteriores. A gente segue um planejamento. O planejamento existia, a gente revisou e apresentou um projeto para 2033. Fizemos reuniões de campo extraordinários e aprovamos esse projeto. E o produtor confiou nele, então essa é a nossa responsabilidade. Por isso que o cabelo fica branco, para conseguir cumprir aquilo que nós falamos (risos). A gente vem reduzindo despesa para se tornar mais eficiente. E esse é o grande desafio, enxugar a máquina, fazendo mais e agregando mais, tendo uma solução ao produtor, gerando dinheiro para ele. A gente tem que facilitar a vida do produtor, mas eu vejo que tem que gerar renda. Tudo que nós estamos fazendo deve gerar renda. Você perguntou da marca: é a confiança. Eu vejo que o produtor precisa confiar na cooperativa. Eu sou muito humilde em falar assim: a cooperativa nossa é jovem. Tudo que nós lançamos são pequenas sementes.
O Presente Rural – Tem uma nova atividade da Primato, agora como instituição financeira. Por que decidiram por esse caminho?
Anderson Sabadin – Faz dois meses que nós abrimos a Primato Cred. Abrimos uma cooperativa de crédito. A Primato agora também é uma instituição financeira. Com muita humildade, com muito aprendizado, olhando quem faz bem feito, usar de referência, copiar. Claro, muito humilde, muito simples, com boas práticas para atender o nosso cooperado, porque hora ele chega na cooperativa. Ele precisa de um crédito e ele tem que ir até o banco. E nós sabemos hoje, inclusive, que os bancos encurtaram as linhas para o produtor. Um único banco não consegue fazer uma operação muito grande. Então a Primato quer ser mais uma opção. Ela não vai ser a única, mas ela vai ser mais uma. É um projeto novo.
O Presente Rural – Onde a sustentabilidade entra nos projetos da Primato?
Anderson Sabadin – A Primato vem bem focada no ESG. Fechamos uma parceria agora para entregar a sustentabilidade do nosso negócio. Temos uma granja onde a gente está montando biodigestores, que ficam prontos entre seis a oito meses. A gente vai abastecer com biometano oito caminhões da frota Primato em um projeto piloto, além de produzir biofertilizante. Inclusive a gente conversou com o BNDS para a venda do crédito de carbono. O BNDS já fala que (o agronegócio) vai ser uma avenida para venda e comercialização de crédito de carbono. E a Primato tem interesse e acreditamos que isso vai virar renda. Não estamos falando de uma aposta aleatória. A gente vem trabalhando para isso virar renda e eu acredito que isso não está longe. Temos uma estrutura cooperativa olhando a governança, deixando muito claro essa questão de governança.
O Presente Rural – O que o agronegócio pode esperar do novo governo federal?
Anderson Sabadin – Eu, Sabadin, tenho um posicionamento político. A cooperativa deve ser apartidária, está no estatuto. Acredito que nós temos que ter valores. Se nós olharmos alguns fatos que aconteceram com o Brasil, nos entristece. Não tem como não olhar para trás e não perceber a história.
Nós temos produtores que acreditam nos mais variados partidos. Não venho falar de partido, eu falo de valores, de valores que têm vínculo conosco, com a região, com a família, que defendem o agro, e isso que é primário.
Nós temos um governo atual que foi eleito, que é um governo popular. Então, se nós pensarmos olhando o agro, saber de como é que está a esperança da Primato? Excelente. A gente vive um momento excelente. Eu acredito que a população em si vai comer melhor, até porque (a eleição) tem um efeito psicológico. O governo que foi eleito vai facilitar isso. Até se brinca a questão da picanha. Se ele vai fazer ou não, não sei, mas tem um efeito psicológico nas pessoas. Nós que produzimos, produzimos pra vender. Então alguém tem que comer. Claro que o governo que sai deixa o momento estruturado, financeiramente, um país com inflação controlada. Grandes economias não estão com controle total da inflação. O governo atual vai assumir em um momento que o nosso país não tem como não ir bem, não tem como. Eu não vejo o agro perder. A gente tem que ter um cuidado para que não tenhamos, eu diria, consequências de atos como aconteceram no final de semana (invasão nos três poderes). A favor e contra, foi errado. Talvez alguém vai falar, mas tinha gente do outro lado, junto ou não. Isso a gente não discute, mas é errado. Imaginem entrar na sua casa e sair quebrando as coisas. Está errado.
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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo
Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024
No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.
Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.
“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.
Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.
“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.
Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.
As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.
Mudanças estabelecidas
Prazos
Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.
O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.
Desburocratização da declaração
A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.
A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado
Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.
Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.
A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.
Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.
A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.
Ameaças sanitárias e os impactos para a economia
No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.
A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul
Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.
O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.
A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.
Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.
Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.
“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.
O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.
Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.
Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.
Veja aqui o vídeo do presidente.