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Primato adentra em novos mercados e prevê faturamento de R$ 6 bilhões até 2033 

Em uma entrevista franca e esclarecedora, o presidente Anderson Sabadin explica os planos dessa jovem cooperativa com sede no Oeste do Paraná.

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Foto: Divulgação/Primato

O presidente da Cooperativa Primato, Anderson Sabadin, concedeu uma entrevista exclusiva nos estúdios do jornal O Presente Rural, em Marechal Cândido Rondon, no Oeste do Paraná, no dia 10 de janeiro. Durante a entrevista o presidente enalteceu um dos principais objetivos da jovem cooperativa que é duplicar de tamanho a cada três anos. A conversa completa você pode ler abaixo ou acessar a entrevista em vídeo clicando aqui.

O Presente Rural – Ano novo, governo novo, projetos novos. O que esperar de 2023 na área econômica, na área do agronegócio?

Anderson Sabadin, presidente da Primato – Fotos: O Presente Rural

Anderson Sabadin – O desejo da primata é que nós consigamos evoluir a renda das pessoas. Isso envolve, além do produtor, do cooperado, também os colaboradores, não só da Primato. Acreditamos que o trabalhador, ganhando mais, ele passa a consumir mais alimentos e isso melhora a qualidade de vida, isso melhora e transforma a vida das famílias e das pessoas. Esse é o desejo da cooperativa Primato. Somos uma região que produz milho, soja, trigo e automaticamente isso se transforma em proteína animal por meio das indústrias, que agregam trabalho e renda. Precisamos de um clima favorável. Obviamente temos algumas variáveis que não controlamos e essas variáveis interferem diretamente no nosso negócio, como a questão de sanidade, dólar, juros, inflação, enfim, fatores econômicos. Temos que estar preparados na gestão à frente dessas empresas cooperativas, representando nossos cooperados.

O Presente Rural – Hoje 10 de janeiro e não choveu o esperado? Nessa safra já há prejuízo? Como que estão as lavouras?

Anderson Sabadin – Graças a Deus, agora na última semana uma chuva nos ajudou. São regiões pontuais, não tem chovido em todo o Oeste (do Paraná), mas informações do Deral (Departamento de Economia Rural), inclusive, mostram uma perda estimada em torno de 15 a 20%, principalmente aqui na região de Toledo.

Mas você tem soja a patamares ainda aquecidos. Você tem um contexto que, mesmo frente a uma safra recorde prevista na região Mato Grosso e em todo o país, a gente tem os preços ainda se mantendo, o que não seria normal em outro momento. O produtor de grãos vem usufruindo de bons preços e ele tem ganhos expressivos tanto no milho quanto na soja. A relação de troca é excelente, tanto em milho quanto soja. Frente a uma estimativa de safra cheia, a exemplo da soja, talvez quando começar a colher (o milho segunda safra) a gente tenha uma queda no preço. A decisão é do produtor, mas a gente percebe que muito produtor não tem feito contrato futuro. Ele está esperando.

O Presente Rural – A que fatores que o senhor atribui as safras cheias e preços elevados?

Anderson Sabadin – A China não importava milho nosso. Se nós olharmos os volumes de outubro, novembro e dezembro, a China importou volumes extraordinários de milho. Isso automaticamente fez com que o patamar de preço de milho se mantivesse e até voltasse a subir. A China é um grande produtor de milho, mas agora, para nossa surpresa, ela vem comprar milho aqui. Esse milho que sai daqui chega lá a R$ 130 e mesmo assim eles estão produzindo volumes bastante significativos (de carne suína). Voltaram a produzir volumes da época de antes da Peste Suína e isso faz com que tenha um consumo expressivo de milho.

Claro que a gente é a favor do livre mercado, mas a gente tem que prestar um pouco de atenção, porque a nossa região consome um volume expressivo de milho que vai buscar no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso. A gente tem grandes empresas sendo instaladas lá que estão fazendo esmagamento de milho, para produção de etanol. Esse milho daqui a pouco não vem mais pra nossa região, começa a ter saída pela região Norte, Pará. (Nesse cenário), a gente começa a ter um custo alto de milho e soja para transformar em proteína.

Várias cooperativas foram para o MS, para o MT, e a própria Primato tem uma unidade em Dourados. E por quê? Precisamos originar lá para trazer o grão pra cá. A grande dificuldade é que daqui a pouco não temos milho. Aí vem inclusive a importância do Paraguai enquanto fornecedor, enquanto canal. Já se discute uma saída pelo Pacífico para a exportação de grãos. Então, talvez no futuro nós vamos ter mais milho vindo aqui do Paraguai e talvez até da própria Argentina do que do MS do MT.

Da esquerda para a direita, jornalista Giuliano De Luca, jornalista Ana Paula Wilmsen e o presidente da Primato, Anderson Sabadin

O Presente Rural – Presidente, fala um pouquinho da estrutura da Primato e os números.

Anderson Sabadin – É uma alegria falar da Primato. Você perguntou e eu já sorri. É uma cooperativa jovem, tem 25 anos, representamos 9.583 cooperados e 80% dos cooperados são pequenos produtores. Quando a Primato foi constituída, o foco dela era esse a nossa região (de Toledo). Hoje temos unidades no Oeste e Sudoeste do Paraná, no Oeste de Santa Catarina e vai até Dourados.

É uma cooperativa que iniciou com leite e suínos, em 1997. Vinte e nove produtores se reuniram e constituíram a Primato. A partir daí, ela montou uma loja agropecuária pequeninha, montamos a primeira fábrica de ração, montamos outras unidades. Hoje temos mais de 40 unidades de negócios, desde supermercado, restaurante, posto de combustíveis, recebimento de grãos, fábricas de ração.

Produzimos, em média, 30 mil toneladas de ração por mês. Produzimos mineral (para bovinos) em Dourados. Também atuamos lá na linha de gado de corte, que é um mercado que nos interessa bastante. Junto com isso, estamos agora recentemente felizes com a inauguração do Frigorífico da Firmeza em Assis Chateaubriandt. A Primato passa a entregar, a partir de março, agora 50 mil suínos por mês para a Central Frimesa. Isso é um volume bastante expressivo. Nos próximos três anos, quatro anos, a gente precisa dobrar de tamanho.

A Primato, no último exercício de 2022, faturou R$ 1,2 bilhão. Esse ano a previsão já é chegar em R$ 1,7 bilhão e em 2024 chega a R$ 2 bi. A nossa previsão é de dobrar de tamanho a cada três anos. A cooperativa também vem participando e fazendo um processo de capitalização. É fundamental a cooperativa ter geração de caixa. A Primato lançou um projeto em 2020 em que as sobras são capitalizadas até 2033 para fazer frente aos projetos que nós temos de aberturas de unidades de recebimento de cereais até a abertura de um frigorífico.

Nosso projeto até 2033 prevê chegar a R$ 6 bilhões de faturamento com R$ 150 milhões de sobras e patrimônio líquido de R$ 1,5 bilhão. E o principal: chegar aos 10 mil cooperados. Nós não queremos crescer em número de cooperados, queremos sim melhorar a qualidade do atendimento e do serviço. A gente quer entregar o melhor atendimento, queremos evoluir a prestação de serviço. Esse é um objetivo estratégico.

Temos que atingir um volume maior de suínos, temos uma expansão de avicultura. Hoje a Primato aloja 2,5 milhões de aves estático. Parece pouquinho, mas já é um volume expressivo. A cooperativa não tem frigorífico. Existe um parceiro, uma aliança estratégica que coloca a marca Primato no frango. O mesmo trabalho acontece na tilápia Primato. Tem tilápia, não tem frigorífico, mas tem uma aliança, a gente manda a tilápia e eles industrializam e colocam a marca Primato. O grande desafio nosso hoje comercial é vender o que produzimos. A gente tem que comercializar esse produto que vem do nosso campo, agregar renda ao produtor e ao colaborador.

O Presente Rural – Anderson, você falou de um planejamento estratégico de vários anos. E para 2023 existe algum projeto, alguma ação específica?

Anderson Sabadin – Claro, a Primato tem algumas novidades. A gente está fazendo um trabalho de implantação da genética Duroc dentro da cooperativa. É uma carne que já vem com marmoreio melhor. Isso, obviamente, chega à Central Frimesa e agrega valor em cortes diferenciados. A gente também reforça a questão do frango. A cooperativa procura ter uma conversão (alimentar) melhor, uma mortalidade baixa no frango, um trabalho que é feito pela equipe técnica da cooperativa. Também vai entrar em operação uma casa do produtor, onde ele vai ter insumos agrícolas, máquinas, equipamentos, tudo em um só lugar. Nossa nutrição animal é um grande diferencial na região. Hoje, a Primato ultrapassa grandes cooperativas da região Oeste do Paraná em volume de ração comercializada, porque nós temos um produto que na hora que é tratada a vaca entrega um volume maior de leite, na hora que é tratado suíno, entrega uma conversão melhor. Estamos entre as melhores conversões (alimentares) do grupo Frimesa, que tem grandes cooperativas associadas.

O Presente Rural – A Primato tem um projeto de integração do gado de corte. Explique para nós?

Anderson Sabadin – A Primato tem um projeto de integração de gado, onde a cooperativa concede o bezerro, manda a ração e o produtor presta o serviço e é bonificado pelo resultado que ele tem com esse bezerro. Esse projeto é piloto, com quatro mil animais. Foi desafiador porque a gente começou o projeto no momento em que o bezerro estava caro. Foi lá ainda o final de 2020. Quando você compra um bezerro caro é difícil diluir os custos. A gente passou por isso, mas nesse momento o bezerro está barato e talvez ali na frente a gente vai ter resultados também expressivos. São projetos que a cooperativa vem trabalhando, olhando o nosso produtor, que às vezes está com uma estrutura parada e, com determinação muito profissional, usar para produzir um bovino de engorda, com uma responsabilidade grande no sentido de manejar esse animal, tratar mais vezes e entregar um animal em menos tempo.

O Presente Rural – A Primato tem a produção de proteína animal como foco bem específico nisso, inclusive com a carne bovina. O senhor falou de frigorífico. Qual a expectativa para a Primato ter os próprios frigoríficos ou as parcerias que são feitas hoje cumprem o que espera a cooperativa?

Anderson Sabadin – A primeira coisa que a gente vê são as alianças. Elas são estratégicas. A gente vê assim a região, que tem boas estruturas para nos atender, inclusive pelas cooperativas, sem ter necessidade de nós termos, pelo capital investido e pelo custo financeiro, que hoje é altíssimo. A gente montou os projetos e é importante que, com muita humildade, eu estou falando porque a cooperativa Primato é jovem. Agora, o papel nos permite refletir, pensar e analisar. Temos dois projetos, um ao lado da fábrica aqui na rodovia BR-163, em Toledo. É um projeto que prevê a possibilidade de até dois frigoríficos naquele local, um de bovinos e outro de aves. Também olhamos estrategicamente para Cascavel, que hoje é um polo, tem a ferrovia. Então temos uma área também que a gente vem estudando para ser montadas plantas frigoríficas. Esse projeto ele começou a ser estudado há dois anos. Ele já foi desenhado em cima das duas áreas para plantas para abate de bovinos e de frango, tanto em Toledo quanto em Cascavel. As duas áreas estão identificadas. A gente tem que estudar agora, pensando lá na frente. Nesse momento a gente está pensando assim: começamos novos projetos, novas unidades, mas é fundamental a gente capitalizar a cooperativa. Cooperativa forte vai fazer com que o produtor evolua nas atividades e ganhe dinheiro.

O Presente Rural – A Primato começou há poucos anos com os grãos. Fale a respeito.

Anderson Sabadin – A Primato entrou na área agrícola faz quatro anos. No início, como eu falei, era leite, suínos. Veio a ração, as lojas agropecuárias, o varejo e a agricultura. A previsão para este ano é receber 5 milhões de sacas de grãos. A gente já caminha nesse projeto também. A atividade agrícola tem se desenvolvido muito bem. A Primato não vende grãos, só compra. Então a gente ainda tem um caminho a percorrer para atuar mais forte com soja, com milho, mais unidades de recebimento de cereais, unidades essas que vão receber e que amanhã vão transformar essa proteína vegetal em carne ou leite, que é um destaque da Primato, com cerca de 40 milhões de litros de leite produzidos. A cooperativa já teve muito mais produtor de leite. Hoje diminuiu o número de produtores, mas aumentamos o volume produzido e com mais qualidade, que é esse o grande desafio nosso.

O Presente Rural – Acredito que essa é uma realidade do leite, reduzir o número de produtores e aumentar a quantidade produzida.

Anderson Sabadin – Pegando teu gancho, eu vejo que é uma realidade nossa, dos negócios. Ou a cooperativa Primato cresce ou ela desaparece. Isso é muito claro. O grande desafio nosso é crescer com sustentabilidade. Precisamos ser eficientes, ter escala, pegando teu gancho. Se nós não tivermos escala e sermos eficientes, a cooperativa vai desaparecer. O produtor é o mesmo caso. Ele tem que produzir mais leite para diluir o custo. Antigamente uma granja com 50 matrizes suínas era uma granja grande, uma grande é de 1,5 mil matrizes. Nos Estados Unidos, uma granja de 3 mil matrizes é pequena. Qual é o nosso número amanhã? Será o número adequado à viabilidade do projeto.

O Presente Rural – Sua trajetória na cooperativa tem 23 anos, dois agora como presidente. É também uma preocupação do senhor manter a cooperativa muito próxima do cooperado? Como você define a sua marca enquanto presidente nesses dois anos de gestão?

Anderson Sabadin – Eu quero crer que tenho a oportunidade de estar presidente, mas ela sempre teve planejamento. Então, isso vem da época dos três presidentes anteriores. A gente segue um planejamento. O planejamento existia, a gente revisou e apresentou um projeto para 2033. Fizemos reuniões de campo extraordinários e aprovamos esse projeto. E o produtor confiou nele, então essa é a nossa responsabilidade. Por isso que o cabelo fica branco, para conseguir cumprir aquilo que nós falamos (risos). A gente vem reduzindo despesa para se tornar mais eficiente. E esse é o grande desafio, enxugar a máquina, fazendo mais e agregando mais, tendo uma solução ao produtor, gerando dinheiro para ele. A gente tem que facilitar a vida do produtor, mas eu vejo que tem que gerar renda. Tudo que nós estamos fazendo deve gerar renda. Você perguntou da marca: é a confiança. Eu vejo que o produtor precisa confiar na cooperativa. Eu sou muito humilde em falar assim: a cooperativa nossa é jovem. Tudo que nós lançamos são pequenas sementes.

O Presente Rural – Tem uma nova atividade da Primato, agora como instituição financeira. Por que decidiram por esse caminho?

Anderson Sabadin – Faz dois meses que nós abrimos a Primato Cred. Abrimos uma cooperativa de crédito. A Primato agora também é uma instituição financeira. Com muita humildade, com muito aprendizado, olhando quem faz bem feito, usar de referência, copiar. Claro, muito humilde, muito simples, com boas práticas para atender o nosso cooperado, porque hora ele chega na cooperativa. Ele precisa de um crédito e ele tem que ir até o banco. E nós sabemos hoje, inclusive, que os bancos encurtaram as linhas para o produtor. Um único banco não consegue fazer uma operação muito grande. Então a Primato quer ser mais uma opção. Ela não vai ser a única, mas ela vai ser mais uma. É um projeto novo.

O Presente Rural – Onde a sustentabilidade entra nos projetos da Primato?

Anderson Sabadin – A Primato vem bem focada no ESG. Fechamos uma parceria agora para entregar a sustentabilidade do nosso negócio. Temos uma granja onde a gente está montando biodigestores, que ficam prontos entre seis a oito meses. A gente vai abastecer com biometano oito caminhões da frota Primato em um projeto piloto, além de produzir biofertilizante. Inclusive a gente conversou com o BNDS para a venda do crédito de carbono. O BNDS já fala que (o agronegócio) vai ser uma avenida para venda e comercialização de crédito de carbono. E a Primato tem interesse e acreditamos que isso vai virar renda. Não estamos falando de uma aposta aleatória. A gente vem trabalhando para isso virar renda e eu acredito que isso não está longe. Temos uma estrutura cooperativa olhando a governança, deixando muito claro essa questão de governança.

O Presente Rural – O que o agronegócio pode esperar do novo governo federal?

Anderson Sabadin – Eu, Sabadin, tenho um posicionamento político. A cooperativa deve ser apartidária, está no estatuto. Acredito que nós temos que ter valores. Se nós olharmos alguns fatos que aconteceram com o Brasil, nos entristece. Não tem como não olhar para trás e não perceber a história.
Nós temos produtores que acreditam nos mais variados partidos. Não venho falar de partido, eu falo de valores, de valores que têm vínculo conosco, com a região, com a família, que defendem o agro, e isso que é primário.

Nós temos um governo atual que foi eleito, que é um governo popular. Então, se nós pensarmos olhando o agro, saber de como é que está a esperança da Primato? Excelente. A gente vive um momento excelente. Eu acredito que a população em si vai comer melhor, até porque (a eleição) tem um efeito psicológico. O governo que foi eleito vai facilitar isso. Até se brinca a questão da picanha. Se ele vai fazer ou não, não sei, mas tem um efeito psicológico nas pessoas. Nós que produzimos, produzimos pra vender. Então alguém tem que comer. Claro que o governo que sai deixa o momento estruturado, financeiramente, um país com inflação controlada. Grandes economias não estão com controle total da inflação. O governo atual vai assumir em um momento que o nosso país não tem como não ir bem, não tem como. Eu não vejo o agro perder. A gente tem que ter um cuidado para que não tenhamos, eu diria, consequências de atos como aconteceram no final de semana (invasão nos três poderes). A favor e contra, foi errado. Talvez alguém vai falar, mas tinha gente do outro lado, junto ou não. Isso a gente não discute, mas é errado. Imaginem entrar na sua casa e sair quebrando as coisas. Está errado.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Tarifaço dos EUA continua a afetar 22% das exportações brasileiras

Apesar da retirada de 238 produtos da lista de sobretaxas, produtos agrícolas e industriais ainda enfrentam barreiras, mantendo parte das vendas brasileiras aos EUA sob tarifas adicionais.

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O presidente em exercício e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, afirmou nesta sexta-feira (21) que 22% das exportações brasileiras para os Estados Unidos permanecem sujeitas às sobretaxas impostas pelo governo norte-americano. A declaração foi dada no Palácio do Planalto, um dia após a Casa Branca retirar 238 produtos da lista do chamado tarifaço.

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Segundo Alckmin, a nova decisão representa o maior avanço até agora nas negociações bilaterais. Ele destacou que, no início da imposição das tarifas, 36% das vendas brasileiras ao mercado norte-americano estavam submetidas a alíquotas adicionais. “Gradualmente, tivemos decisões que ampliaram as isenções. Com a retirada dos 238 produtos, reduzimos para 22% a fatia da exportação sujeita ao tarifaço”, ponderou.

A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, revoga a tarifa extra de 40% para uma lista de itens majoritariamente agrícolas, como café, carne bovina, banana, tomate, açaí, castanha de caju e chá. A isenção tem efeito retroativo a 13 de novembro e permitirá o reembolso de produtos já exportados.

Impacto nas exportações
Dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) indicam que, tomando como base os US$ 40,4 bilhões exportados pelo Brasil aos EUA em 2024:

  • US$ 8,9 bilhões seguem sujeitos à tarifa adicional de 40% (ou 10% mais 40%, dependendo do produto);
  • US$ 6,2 bilhões continuam enfrentando a tarifa extra de 10%;
  • US$ 14,3 bilhões estão livres de sobretaxas;
  • US$ 10,9 bilhões permanecem sob as tarifas horizontais da Seção 232, aplicadas a setores como siderurgia e alumínio.

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De acordo com a secretária de Comércio Exterior do MDIC, Tatiana Prazeres, a parcela das exportações brasileiras totalmente livre de tarifas adicionais aumentou 42% desde o início da crise.

Ela ponderou, no entanto, que o setor industrial continua sendo o mais afetado e exige maior atenção por parte do governo. “Para a indústria, a busca de mercados alternativos é mais complexa do que para commodities”, afirmou.

Aeronaves da Embraer, por exemplo, seguem sujeitas à tarifa de 10%.

Negociações seguem
Alckmin afirmou que a decisão dos EUA foi influenciada pelo diálogo recente entre Trump e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante encontro na Malásia, em outubro. O governo brasileiro enviou aos EUA, em 4 de novembro, uma proposta de acordo comercial, cujo teor não foi detalhado.

O presidente em exercício reiterou que o país busca avançar nas tratativas para retirar novos produtos da lista de itens tarifados. Ele mencionou que temas tarifários e não tarifários seguem na pauta de discussão, incluindo áreas como terras raras, big techs, energia renovável e o Regime Especial de Tributação para Serviços de Data Center (Redata).

Alckmin também confirmou que Lula apresentou a Trump, além do pedido de redução tarifária, questionamentos sobre a aplicação da Lei

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Magnitsky, que resultou em sanções contra autoridades brasileiras.

Segundo o presidente em exercício, ainda não há reunião prevista entre os presidentes, embora Lula tenha convidado o mandatário norte-americano para visitar o Brasil.

Setores mais sensíveis
Apesar do alívio para diversos itens agrícolas, o governo avalia que os produtos industriais permanecem como o principal foco de preocupação. Parte desses segmentos, especialmente bens de maior valor agregado ou fabricados sob encomenda, têm mais dificuldade para redirecionar exportações para outros mercados.

Alckmin afirmou que seguirá empenhado em buscar novas exceções. “Continuamos otimistas. O trabalho não terminou, mas avança com menos barreiras”, declarou.

Fonte: Agência Brasil
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COP30 evidencia protagonismo do cooperativismo nas soluções para clima e energia

Painéis na Green Zone e Agri Zone mostraram como cooperativas já entregam resultados em redução de emissões, bioenergia, logística sustentável e soberania alimentar, reforçando o modelo como peça-chave da transição climática justa no país.

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Foto: Divulgação/OCB

A participação do cooperativismo brasileiro na COP30, na última quarta-feira (19), evidenciou a força do modelo e sua capacidade de integrar inovação, inclusão e sustentabilidade para responder aos maiores desafios climáticos, alimentares e energéticos do país. Painéis na Green Zone e na Agri Zone reuniram dirigentes de cooperativas, pesquisadores, técnicos e produtores para apresentar experiências concretas que mostram como a ação coletiva já transforma territórios.

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Em todos os debates, a mensagem central foi unânime: o cooperativismo não espera, entrega resultados mensuráveis na redução de emissões, no uso eficiente de recursos naturais e na geração de renda e oportunidades, posicionando-se como peça-chave para uma transição climática justa, inclusiva e territorializada.

Energia limpa, economia circular e logística sustentável  

No Pavilhão do Coop, o painel Transição Energética Justa: Cooperar para Transformar, mediado por João Penna, coordenador de Relações Internacionais do Sistema OCB, reuniu três experiências que demonstram como o cooperativismo tem sido decisivo para acelerar a transição energética no Brasil e mitigar passivos ambientais de forma eficiente.

Alexandre Gatti Lages, superintendente do Sistema Ocemg, chamou atenção para o avanço das energias renováveis dentro do movimento. Ele lembrou que, segundo dados do Anuário do Cooperativismo Brasileiro, cerca de 20% das cooperativas brasileiras já produzem sua própria energia e Minas Gerais possui potencial ainda maior. Por isso, a Ocemg criou, em 2020, o Projeto Minascoop Energia, estruturado nos pilares ESG. “O Minascoop nasceu com esse propósito de fazer um trabalho diferente, doando energia para entidades que precisam”, afirmou.

A iniciativa reduz custos energéticos (Econômico), promove geração fotovoltaica limpa (Ambiental) e estimula a doação de parte da

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energia produzida a instituições filantrópicas (Social). “Hoje, já são 52 cooperativas participantes, com 138 usinas instaladas em 88 municípios, que juntas produzem 14 MW”, complementou.

Juliano Millnitz, diretor-executivo da Primato, cooperativa paranaense que atende mais de 11 mil cooperados e é a maior produtora de suínos do Brasil, apresentou o case Suíno Verde: Energia Limpa do Campo ao Transporte. O programa vem sendo observado por pesquisadores e autoridades por transformarum enorme passivo ambiental em combustível limpo.

A cooperativa produz, diariamente, 9,5 milhões de litros de dejetos suínos e implantou um sistema que centraliza 630 mil litros/dia para produzir biometano. No processo, o material sólido é convertido em fertilizante, enquanto o líquido gera biogás e biometano. A planta é autossuficiente em energia e o foco agora é a mobilidade sustentável. “Hoje já operamos seis caminhões totalmente movidos a biometano e a meta é que toda a cadeia de suínos seja transportada com combustível limpo, o que representará uma economia de 447 toneladas de óleo diesel por ano, equivalente a R$ 920 mil anuais”, explicou Nunes.

O terceiro case foi apresentado por Evaldo Matos, diretor da Coopmetro, que abordou um dos maiores desafios brasileiros: a dependência da matriz rodoviária, responsável por 70% do transporte nacional. A cooperativa lidera o Programa de Renovação de Frota (Pave), que democratiza o acesso de pequenos transportadores a caminhões novos, conectando cooperados, cooperativas de crédito e fabricantes.

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Os impactos ambientais são expressivos: 14% menos CO₂, 75% menos óxidos de nitrogênio e 12% mais autonomia. No campo social, o programa alcança 13,5 mil beneficiados, fortalece renda e promove inclusão, com aumento de 15% na presença feminina. “O Pave é uma contribuição concreta para uma logística mais verde, mais saudável”, afirmou Matos, destacando ainda que a operação registra zero inadimplência com os bancos parceiros.

A representante do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), Melissa Pesconi, elogiou a abordagem das cooperativas, reforçando que seus resultados são exemplos para grandes empresas. Ela apresentou as coalizões setoriais de descarbonização lideradas pelo CEBDS: iniciativas multissetoriais que reúnem setor privado, governos e sociedade civil para desenvolver e implementar planos de redução das emissões de gases de efeito estufa (GEE) em diversos setores da economia.

Melissa destacou que “a visão técnica dos dados precisa dialogar com a prática transformadora, e as cooperativas já mostram que a transição energética deve ser guiada também por critérios sociais, econômicos e políticos”.

Amazônia reforça protagonismo comunitário 

Também na Green Zone, o painel Identidade e Inclusão para a Soberania Alimentar na Agricultura Amazônica, mediado por Beatriz

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Barros Braga, secretária de Desenvolvimento Rural do Amapá, trouxe uma discussão profunda sobre como diferentes Amazônias, com culturas, ecossistemas e modos de produzir próprios, constroem caminhos para garantir segurança alimentar em meio às desigualdades estruturais.

Com mais de duas décadas de atuação, a Cooperacre levou ao painel a visão dos extrativistas. O assessor Alberto “Dande” de Oliveira Tavares descreveu a trajetória de verticalização da cooperativa, que investe em agroindústrias de castanha, borracha, frutas e óleos. “A Amazônia não é vista apenas como fornecedora de matérias-primas. A Cooperacre investiu na verticalização, garantindo renda, autonomia e permanência das famílias”, disse.

Ele reforçou a importância do reconhecimento do serviço ambiental prestado pelos extrativistas: “Essas famílias entregam muito além de alimentos. Entregam equilíbrio climático, água de qualidade, biodiversidade. O pagamento por serviços ambientais precisa chegar até elas”, complementou

Já o agricultor e gerente comercial da Camta, Emerson Tsunoda, relatou o processo de reinvenção da cooperativa, que deixou a dependência da monocultura da pimenta e adotou sistemas agroflorestais integrados (cacau, açaí, pimenta e outras culturas). A mudança ampliou mercados, diversificou renda e elevou a resiliência produtiva. Ele celebrou também que bancos passaram a financiar apenas produtores estruturados em SAFs. “Quem consome nossos produtos consome também uma história de união e reinvenção”, resumiu.

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Bioenergia e desenvolvimento regional  

Na Agri Zone, o painel Desenvolvimento Regional e Transição Energética, promovido pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA), reuniu especialistas do setor de bioenergia para discutir como a interiorização da indústria e a diversificação das matérias-primas podem impulsionar cidades e regiões inteiras.

O cooperativismo foi representado pela analista de Sustentabilidade do Sistema OCB, Laís Nara Castro. Ela apresentou dados atualizados do setor e reforçou que o movimento já é parte essencial da transição energética nacional. “Hoje, mais de 910 cooperativas já geram sua própria energia, seja para consumo interno ou para abastecer processos produtivos. Somando tudo, temos mais de 4,9 mil empreendimentos de geração distribuída espalhados pelo Brasil. É energia limpa, descentralizada e que chega na ponta, no pequeno e no médio produtor”, descreveu.

Fonte: Assessoria OCB
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Novas obras devem tornar mais dinâmicas as visitas ao Show Rural

Coopavel investe em ampliações, novas obras e melhorias operacionais para receber 600 empresas e até 22 mil veículos na edição de 2026, reforçando o evento como vitrine global de inovação no agronegócio.

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Foto: Divulgação/Coopavel

Poucas vezes em 38 anos de Show Rural, a Coopavel e parceiros investiram tanto em novas obras e em melhorias simultâneas no parque que abriga um dos três maiores eventos técnicos do agronegócio mundial. São inúmeros projetos em execução ao mesmo tempo, tudo para melhorar ainda mais a dinâmica e o aproveitamento das visitas de quem se desloca a Cascavel, no Oeste do Paraná, para ter acesso às inovações desenvolvidas pelas empresas do setor para que o agricultor produza mais, com menos custos e observando a lógica da sustentabilidade.

Foto: Divulgação/Coopavel

Foto: Divulgação/Coopavel

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“O que estamos fazendo, mas em uma escala maior que em outros anos, busca atender às expectativas de um produtor rural cada vez mais exigente e conectado a mudanças que, ao longo dos anos, transformaram a realidade agropecuária brasileira e mundial. O Show Rural é um evento de vanguarda, focado na inovação e na superação e os resultados do que estamos fazendo poderão ser vistos de 9 a 13 de fevereiro de 2026, durante a 38ª edição do evento”, menciona Dilvo Grolli, presidente da Coopavel, cooperativa que organiza a mostra de tecnologia.

Obras

Estão em ampliação os espaços físicos da administração do parque e do Espaço Impulso (parceria com o Itaipu Parquetec), hub do agro inaugurado há quase quatro anos e que se tornou um ambiente multiplicador de novos conhecimentos para as mais diferentes atividades rurais. Esses prédios terão as suas áreas dobradas, o mesmo acontecendo com o galpão destinado à agricultura familiar.

Foto: Divulgação/Coopavel

A Itaipu investe cerca de R$ 1,7 milhão em uma nova estrutura, anexa à antiga, que vai permitir, a partir do ano que vem, mais que dobrar o número de agroindústrias familiares presentes no Show Rural. As duas primeiras estão com mais de 60% do cronograma de obras pronto, e o novo pavilhão está praticamente concluído.

A área pavimentada com asfalto foi ampliada em 2,5 quilômetros e, nesse trecho, a largura da via é de cinco metros. Em vias anteriormente pavimentadas, a largura está em ampliação de três para cinco metros. Novos trechos de ruas vão receber cobertura. Onze dos 15 quilômetros de vias que conectam todo o parque estarão protegidos da chuva e do sol na edição de fevereiro. Os 28 conjuntos de banheiros, masculinos e femininos, foram todos reformados, trabalho que envolveu da troca de portas até do piso.

A área do antigo estacionamento de expositores foi toda gramada e, considerando trechos próximos, permitirá aumentar em 15 mil metros quadrados o espaço destinado a expositores. “Teremos 600 empresas, como em edições anteriores, mas algumas que pediam agora terão espaços maiores para apresentar as suas novidades aos visitantes”, conforme o coordenador geral Rogério Rizzardi.

22 mil veículos

O empresário Assis Gurgacz cedeu uma área vizinha ao parque para a ampliação do novo estacionamento. Para a 38ª edição, a capacidade

Foto: Divulgação/Coopavel

de recepção vai subir de 17 mil para 22 mil veículos. Em fevereiro passado, o estacionamento tinha capacidade para 400 ônibus, e em 2026 poderão ser recebidos e devidamente abrigados 700.

Uma nova passarela vai ligar o estacionamento ao novo portão principal do parque. A maior parte do trecho é elevada, passando sobre o antigo estacionamento. Além disso, outras duas lanchonetes serão implantadas no parque, bem como ampliado o número de estações no restaurante para que mais pessoas possam se servir simultaneamente. No Show Rural Coopavel, o acesso ao parque e o uso de vagas de estacionamento são gratuitos.

Fonte: Assessoria Coopavel
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