Suínos Saúde Animal
Prevalência de lesões pulmonares ao abate nos principais Estados produtores de suínos do Brasil
É necessário implementar medidas de controle e prevenção mais eficientes para que as perdas sejam minimizadas no processo como um todo

Artigo escrito por William Costa, médico veterinário e gerente técnico nacional da Ceva Saúde Animal e Cíntia Maria Sartori, médica veterinária e coordenadora técnica regional da Ceva Saúde Animal
As pneumonias são uma das principais causas de condenação ao abate, além de indicar perdas econômicas durante todo o processo de produção (creche e terminação). Entre 50 e 70% dos pulmões de suínos em idade de abate apresentam algum tipo de lesão macroscópica sugestiva de pneumonia. Embora nem sempre o agente etiológico dessas pneumonias seja identificado, acredita-se que sejam causadas pelo M. hyopneumoniae ou por esta bactéria associada a outros agentes infecciosos que podem agravar o quadro clínico respiratório nas granjas e as lesões encontradas ao abate.
A pleuropneumonia suína costuma estar relacionada com a presença do agente Actinobacillus pleuropneumoniae (APP). Quanto maior a prevalência de pleurisia dorsocaudal, mais chances de o APP estar envolvido no processo. Estudos científicos indicam que a cada 1% no aumento do nível de pleurite num grupo de suínos, são perdidas em média 70 gramas por carcaça, considerando perdas em ganho de peso diário e de toalete no frigorífico.
As perdas econômicas das ações combinadas de agentes causadores de broncopneumonias e pleurites/pleurisias são elevadas e implicam principalmente em perdas no ganho de peso diário e na utilização dos alimentos (maior conversão alimentar), aumento na mortalidade, maiores gastos com medicamentos e vacinas, e perdas no abate por condenações relacionadas com pneumonias, pleurites e/ou abscessos. Estima-se que estas perdas econômicas atinjam a cifra de R$ 216 milhões anuais na cadeia suinícola brasileira.
Avaliações nos Estados Produtores
A monitoria sanitária de abate é uma ótima ferramenta para rastrear os problemas respiratórios encontrados no campo. Para que os dados gerados no frigorífico sejam utilizados de maneira correta, o ideal é que as monitorias sejam realizadas com um número representativo de amostras e que vários lotes sejam avaliados ao longo do tempo. Desta maneira, é possível obter um histórico da granja que aliado aos resultados de campo, possibilita uma adequada avaliação das doenças respiratórias.
Durante o ano de 2018, foi realizado um amplo trabalho de avaliações de pulmões e anexos ao abate, utilizando o aplicativo CLP – Ceva Lung Program com a finalidade de avaliar a prevalência de lesões pneumônicas nos principais estados produtores de suínos do país.
Este aplicativo utiliza como base a escala de Madec para avaliação de broncopneumonia e a metodologia italiana SPES para avaliar as pleurisias. Ambos os sistemas estabelecem uma forma de pontuação de acordo com a extensão das lesões, além de que, são conhecidos mundialmente e amplamente utilizados nas monitorias de abate.
Estudo
Foram avaliados 58.889 pulmões de lotes comerciais de suínos no Brasil. Os estados em estudo foram: Rio Grande do Sul (1.539 pulmões), Santa Catarina (13.540 pulmões), Paraná (11.896 pulmões), São Paulo (2.862 pulmões), Espírito Santo (2.324 pulmões), Minas Gerais (23.469 pulmões), Goiás (895 pulmões), Mato Grosso (1.384 pulmões) e Mato Grosso do Sul (980 pulmões). O estado que mais denotou lesões de broncopneumonia foi Goiás, onde 70,8 % dos pulmões analisados apresentaram este padrão de lesão. Enquanto a região do Mato Grosso apresentou o menor percentual entre os estados avaliados – 43,28%. O percentual médio da superfície afetada dos pulmões pneumônicos variou entre 4,45 e 9,6% entre os estados.
Considerando as lesões de pleurisias, o Mato Grosso apresentou maior índice para pleuropneumonia e São Paulo e Espírito Santo os menores com 0,5 e 0,2 respectivamente. Sendo o grau máximo, SPES 4, o de maior prevalência em todos os estados em questão.
Considerações Finais
Os resultados desta pesquisa demostram que os problemas respiratórios continuam sendo um dos maiores desafios encontrados na suinocultura atual, devido a sua alta prevalência em todos os estados brasileiros analisados. É necessário implementar medidas de controle e prevenção mais eficientes para que as perdas sejam minimizadas no processo como um todo. A utilização de uma boa ferramenta para acompanhamento de abate, aliada com indicadores zootécnicos e acompanhamento dos sinais clínicos à campo, são extremamente importantes para auxílio na tomada de decisões.
Outras notícias você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de 2019 ou online.

Suínos
Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre
Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.
No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.
Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.
Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.
Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.
Suínos
Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro
Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.
Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.
Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton
De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.
A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.
Impacto social e ambiental
Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.
A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.
O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.
Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.
O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.
Futuro sustentável
Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”
Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”
O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.
Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.
Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.



