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Presidente do Sistema OCB prevê agronegócio brasileiro para próxima década com atuação cada vez mais cooperativista

O cooperativismo tem uma meta clara, desenhada por planejamentos estratégicos robustos e que guiam as cooperativas em cenários de meses, anos e décadas, para que, considerando todos os ramos do movimento, em 2027, se alcance R$ 1 trilhão em movimentação financeira e 30 milhões de cooperados nos quadros sociais das cooperativas por todo o Brasil, dos quais. Essas metas não demonstram apenas a continuidade da representatividade do movimento cooperativista, mas também os caminhos que o cooperativismo vai ter que enfrentar para alcançar estes patamares

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Em um Brasil que se destaca como potência agroalimentar, as cooperativas agropecuárias assumem papel fundamental. Responsáveis por mais da metade da safra nacional de grãos e com faturamento superior a R$ 430 bilhões em 2022, o movimento cooperativista demonstra pujança e contribui de forma significativa para a competitividade do agronegócio brasileiro.

Presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas: “Com números expressivos, perspectivas promissoras e um sistema de apoio sólido, o futuro do cooperativismo é de crescimento, inovação e ainda mais sucesso” – Foto: Divulgação/Sistema OCB

Para tratar do panorama do cooperativismo agropecuário no país, desde seus números expressivos até os desafios e perspectivas para o futuro, o Jornal O Presente Rural entrevistou o presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), Márcio Lopes de Freitas. “O cooperativismo agropecuário brasileiro é sinônimo de eficiência, entrega e resultado”, afirma Freitas, enfatizando: “São mais de um milhão de produtores rurais, reunidos em cerca de 1.185 cooperativas espalhadas por todo o país, que geram empregos, renda e prosperidade”.

No entanto, apesar do sucesso, o cooperativismo agropecuário brasileiro enfrenta desafios como a manutenção da atividade no campo e a adaptação às mudanças climáticas. A fim de mitigar os efeitos das mudanças climáticas, as cooperativas investem em pesquisa, desenvolvimento de novas tecnologias e adoção de práticas sustentáveis. “O futuro do cooperativismo agropecuário brasileiro é promissor. Com a crescente demanda por alimentos no mundo, a expectativa é de que o setor continue crescendo nas próximas décadas. Para acompanhar esse ritmo, as cooperativas precisarão se fortalecer ainda mais, investindo em tecnologia, inovação e profissionalização da gestão”, ressalta Freitas.

O Presente Rural – Quais são os dados do cooperativismo agropecuário brasileiro?

Márcio Lopes de Freitas – O cooperativismo agropecuário brasileiro é sinônimo de eficiência, entrega e resultado, características marcantes que se materializam nos números sociais e econômicos destes negócios coletivos espalhados por todo o território nacional. Principalmente no que diz respeito a um movimento que contempla mais de um milhão de produtores rurais, distribuídos em cerca de 1.185 cooperativas por todo o país, gerando empregos, renda e prosperidade.

Em relação aos aspectos sociais, o movimento vem se expandindo, em especial sob o prisma do foco principal das cooperativas, as pessoas. Para se ter uma ideia, entre 2019 e 2022, os fluxos de cooperados do ramo agropecuário apresentou crescimento de cerca de 19 mil novos agricultores. A evolução dos quadros sociais das cooperativas, que tem destaque nas regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, mostram o potencial de expansão do movimento, assim como a utilização das cooperativas como um modelo de negócios que promove organização e inclusão dos agricultores nas cadeias produtivas.

Quanto os aspectos econômicos, as cooperativas agropecuárias também vão muito bem, totalizando mais de R$ 430 bilhões em ingressos em 2022, e um crescimento de 20% em relação à 2021.

Esse aumento de receitas foi alicerçado em trabalho duro e conjunto dos cooperados, cooperativas e seus colaboradores, de forma organizada e promovendo geração de novos empregos, que totalizaram cerca de 42,4 mil entre 2019 e 2022, número que representa 16,9% das cerca de 249.584 mil vagas ocupadas no movimento.

É imprescindível citar ainda que o cooperativismo agropecuário, representa mais de 50% da safra nacional de grãos, em especial na cafeicultura, fruticultura, fibras, hortaliças e bioenergia. Ele é, assim, parte vital da receita de sucesso do agronegócio, que, segundo dados do Cepea/Esalq-USP, cresceu cerca de R$ 1,6 trilhão na última década (2013-2023), assim como avançou em sua representatividade em relação ao PIB Nacional, que saiu de 18,69% em 2013 e chegou em 24,14% em 2023.

O Presente Rural – Como o senhor avalia o desempenho da produção agropecuária brasileira nos últimos anos e quais foram os principais fatores que contribuíram para esse crescimento?

Márcio Lopes de Freitas – A cadeia agropecuária como um todo é um sucesso no Brasil, gera renda, emprego, desenvolvimento regional e prosperidade nacional, sendo um dos atributos de potência da economia brasileira. Dito isso, o crescimento da produção agropecuária brasileira foi exponencial, tanto em volume das produções, tais como as de grãos que passaram de 300 milhões de toneladas produzidas, quanto se avaliarmos o extraordinário crescimento econômico dentro da porteira na participação do PIB do agronegócio. Essa participação de 2,6 pontos percentuais em quase duas décadas representa cerca de R$ 677 bilhões de aumento no PIB do setor.

Boa parte dessa evolução e sucesso se deve aos incrementos de eficiência relacionados aos índices de Produtividade Total dos Fatores (PTF), pautados no aumento da produtividade da mão de obra, redução ou baixo crescimento da área plantada, devido aos ganhos de produtividade da terra; e aumento do uso de capital, tendência que deve se manter na próxima década.
Para finalizar essa questão, não podemos deixar de comentar que as cooperativas agropecuárias funcionam como ferramenta para potencializar os fatores apontados como determinantes para o crescimento da agropecuária nacional nos últimos anos, principalmente pela promoção da pesquisa, assistência técnica, produtos e serviços que geram aumento de eficiência no uso dos fatores de produção do segmento.

O Presente Rural – Na sua opinião, quais os maiores desafios enfrentados pelos produtores agropecuários atualmente?

Márcio Lopes de Freitas – Nos dias atuais, o principal desafio dos produtores rurais é a manutenção da atividade no campo e a organização da cadeia produtiva, principalmente quando falamos da necessidade de remunerar o capital imobilizado em terras para produção agrícola e pecuária, frente a competição com outras atividades econômicas. E também quando falamos na organização para que a inclusão produtiva do agricultor ocorra de forma adequada e sustentável para que sua atuação possa ser perene e ocorrer de forma harmônica com todos os elos do agronegócio nacional, dentre eles fornecedores, compradores e prestadores de serviços.

O Presente Rural – Como as mudanças climáticas têm impactado a produção agropecuária no Brasil e quais medidas têm sido adotadas para mitigar esses efeitos? Como a OCB tem agido para auxiliar as cooperativas?

Márcio Lopes de Freitas – O clima é a variável número um quando se trata de agricultura e pecuária tropical e temperada. E foi por meio das normas climáticas que a agricultura e pecuária nacional se zonearam ao longo do país, frente às necessidades e aptidões hídricas e físicas dos ambientes de produção. Dito isso, processos de curto, médio e longo prazo, principalmente os oriundos de ação humana e que provocam alterações do clima, impactam diretamente os riscos de produção e rentabilidade, principalmente por tornarem regiões atualmente adequadas à produção agropecuária, inadequadas.

É preciso parabenizar a pesquisa agropecuária nacional que, antevendo as consequências das mudanças climáticas, tem trabalhado para criar boas práticas de produção, sistemas produtivos e cultivares adequados para ambientes e climas adversos e extremos.

No Sistema OCB somos apoiadores de iniciativas como essas e promovemos capacitações para os departamentos técnicos das cooperativas agropecuárias de todo o país junto com as unidades da Embrapa. São mais de 500 técnicos que atuam na disseminação das melhores práticas e inovações geradas pela pesquisa agropecuária brasileira, inclusive para boas práticas ambientais e adaptação às mudanças climáticas globais. Não podemos deixar de citar, também, o programa ESGCoop, iniciativa do Sistema OCB para diagnosticar, monitorar e apoiar o cooperativismo no que diz respeito à adequação as diretrizes ESG.

O Presente Rural – Qual o papel da tecnologia e da inovação no aumento da produtividade agropecuária? Cite alguns exemplos de tecnologias que têm sido adotadas pelos produtores e como as cooperativas e a própria OCB têm apoiado a adoção de novas tecnologias entre os seus associados.

Márcio Lopes de Freitas – Tecnologia e inovação são pilares centrais para o aumento de produtividade da agropecuária nacional. É por meio das inovações e tecnologias bem aplicadas que se aumenta eficiência e se utiliza melhor os recursos disponíveis para produção, assim como se criam novos mercados e disrupções setoriais que promovem desenvolvimento econômico e prosperidade local e ampla.

Nesse sentido, destaco as iniciativas das cooperativas, que além de possuírem um modelo de negócios inovador e atual por natureza, promovem e estão buscando fortalecer a cultura de inovação em seus quadros sociais. Cenário que se mostra presente nas feiras agropecuárias promovidas pelo cooperativismo agropecuário e que buscam trazer aos produtores rurais cooperados, as tecnologias e inovações mais recentes para serem utilizadas em seus negócios, promovendo resultados positivos no campo e na renda.

Dentre esses produtos e serviços apresentados e difundidos aos agricultores, que vão de drones até o ‘arroz e feijão’ da agricultura e pecuária, que é o bom uso do solo e das sementes, se destacam também as iniciativas de inovação e tecnologia que são geradas dentro das cooperativas e expostas para além delas, contribuindo desta forma para o segmento como um todo.

O Presente Rural – Quais iniciativas têm sido implementadas para garantir a sustentabilidade da produção agropecuária no Brasil?

Márcio Lopes de Freitas – Antes de tudo, é preciso ressaltar que é essência da agricultura e da pecuária brasileira é a boa utilização dos fatores de produção e dos recursos naturais disponíveis. Assim, o setor agropecuário brasileiro tem perseguido de maneira consistente a utilização de boas práticas agrícolas, o uso eficiente dos sistemas de produção e a sustentabilidade sob todos os prismas.

O que se tem visto são ações para sustentabilidade tanto no âmbito privado quanto no público. Em relação ao privado, a sustentabilidade tem sido sinônimo de rentabilidade, eficiência e renda no campo, aspectos que fizeram com que barreiras fossem rompidas para os produtores rurais, que buscam cada vez mais avançar em aspectos sustentáveis entendendo que essa mudança de processos e projetos internos gera no final das contas resultado.

Inseridas neste contexto estão as cooperativas, que não somente são referências no uso de certificações de sustentabilidade e comércio justo, mas também têm incentivado nos seus quadros sociais o avanço em práticas sustentáveis e uso eficiente dos recursos, por meio de uma rede técnica de mais de 9 mil profissionais que disseminam técnicas produtivas adequadas, sustentáveis e que promovem perenidade no campo.

O Presente Rural – Como as políticas públicas têm influenciado a produção agropecuária no Brasil? Há áreas em que o senhor acredita que o governo poderia atuar de forma mais efetiva?

Márcio Lopes de Freitas – As políticas públicas têm um papel fundamental para criação de um ambiente favorável para a agropecuária brasileira, pois é por meio delas que as condições tributárias, comerciais e produtivas entram em harmonia, permitindo que o setor privado possa ter segurança de seguir produzindo, investindo e gerando resultados para o Brasil. Nesse sentido, destaco a indispensável presença de uma política agrícola forte e atenta as demandas do setor, principalmente a partir de seus principais instrumentos, tais como o Plano Safra, Seguro Rural e a Política de Garantia de Preços Mínimos.

Acredito que todos esses instrumentos precisam ser reforçados, não somente por sua relevância para a garantia da atividade agropecuária para pequenos, médios e grandes produtores, mas também para balizar e mostrar a presença do estado ao lado do setor produtivo em momentos de adversidade. Um cenário assim dá segurança para que o cooperativismo e seus cooperados continuem sua atividade de produzirem alimentos.

Enquanto representantes do cooperativismo brasileiro, o foco mais recente de atuação do Sistema OCB é voltado para o Plano Safra 2024/25, em que solicitamos, com base no documento Propostas do Sistema Cooperativista ao Plano Safra 2024/25, cerca de R$ 558 bilhões em recursos, com taxas reduzidas, limites ampliados, além da manutenção da arquitetura do crédito rural e reforço aos mecanismos de gestão de riscos agropecuários, tais como Seguro Rural, Proagro, Pep e Pepro.

O Presente Rural – Qual é o papel das cooperativas na produção agropecuária brasileira e como elas contribuem para a competitividade do setor?

Márcio Lopes de Freitas – O cooperativismo e a agropecuária brasileira estão entrelaçados. E as cooperativas agropecuárias são vanguarda na organização e inclusão de pequenos, médios e grandes produtores na cadeia produtiva de alimentos, fibras, biocombustíveis e energia. Além disso, esses negócios coletivos originam mais de 50% da safra nacional de grãos e representam, em relação à produção brasileira, 75% do trigo, 55% do café, 53% do milho, 52% da soja, 50% dos suínos, 48% do algodão, 46% do leite e 43% do feijão, segundo dados do Censo Agropecuário realizado pelo IBGE. Também contribuem de maneira significativa nas safras da fruticultura, horticultura, proteínas animais, fibras e setor sucroenergético.

A atuação desta estrutura societária única, não se limita ao espaço delimitado dentro da porteira. As cooperativas também estão presentes na distribuição de insumos, na assistência técnica, na conservação e guarda de alimentos, na agregação de valor, por meio das agroindústrias e no poder de comercialização do mercado. E toda essa presença e representatividade se resume em competitividade para os cooperados e para o agronegócio como um todo.

O Presente Rural – Como o Sistema OCB tem trabalhado para fortalecer as cooperativas e apoiar os produtores rurais?

Márcio Lopes de Freitas – O Sistema OCB existe para o cooperativismo e atua para o movimento em suas três casas: OCB, Sescoop e CNCoop. Essa atuação é voltada para representação institucional e comunicação (OCB), monitoramento, diagnóstico, capacitação e apoio ao desenvolvimento do cooperativismo (Sescoop) e representação sindical (CNCoop).

Especificamente para o ramo agropecuário, além de temas transversais para o movimento como um todo, como a Reforma Tributária, por exemplo, são prioridade da representação institucional: crédito rural, defesa agropecuária, questões ambientais, inserção internacional, garantia de renda ao produtor, conectividade rural, fortalecimento da agricultura familiar e representação sindical. Destaco ainda as diversas ações de diagnóstico, monitoramento, capacitação e suporte aos negócios cooperativistas de todo o Brasil realizadas pelo Sescoop.

O Presente Rural – Quais são as expectativas do Sistema OCB para a produção agropecuária brasileira nos próximos anos visto que o clima tem impactado

cada vez mais o setor?

Márcio Lopes de Freitas – O exercício de antever cenários futuros é sempre um grande desafio, porém ação essencial para que os negócios das cooperativas e as estratégias estejam bem definidas nos horizontes de curto, médio e longo prazo. Desta forma, o que se tem de projeções oficiais do governo e de centro de pesquisas nacionais e internacionais é de um agronegócio brasileiro crescente para a próxima década, com tendência de aumento da demanda pelos produtos agropecuários globais, intensificação do uso dos fatores de produção, necessidade de investimentos e atuação cada vez mais cooperativista.

No que diz respeito especificamente as questões climáticas, elas continuarão sendo variável determinante para o setor, e nesse sentido o segmento converge para se adaptar e amenizar seus impactos para avançar em ambientes produtivos adversos, como era o Cerrado décadas atrás e que, com tecnologia, pesquisa e muito esforço, se tornou o celeiro de grãos do país.

O Presente Rural – Quais tendências o senhor acredita que irão moldar o futuro do cooperativismo agropecuário no Brasil?

Márcio Lopes de Freitas – O cooperativismo tem uma meta clara, desenhada por planejamentos estratégicos robustos e que guiam as cooperativas em cenários de meses, anos e décadas, para que, considerando todos os ramos do movimento, em 2027, se alcance R$ 1 trilhão em movimentação financeira e 30 milhões de cooperados nos quadros sociais das cooperativas por todo o Brasil, dos quais.

Essas metas não demonstram apenas a continuidade da representatividade do movimento cooperativista, mas também os caminhos que o cooperativismo vai ter que enfrentar para alcançar estes patamares, tais como o fortalecimento da intercooperação e das relações com o mercado, assim como avanços em aspectos de gestão e governança, para serem ainda mais profissionais e responsivas às necessidades globais. Também não podemos esquecer de citar da valorização das pessoas, que são o foco do movimento e a diferença para que as cooperativas reforcem seu papel de instrumento para tornar o mundo melhor e mais próspero.

O acesso é gratuito e a edição Especial de Cooperativismo pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Feicorte: São Paulo impulsiona mudanças no manejo pecuário com opção de marcação sem fogo

Estado promove alternativa pioneira para o bem-estar animal e a sustentabilidade na pecuária. Assunto foi tema de painel durante a Feicorte 2024

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No painel “Uma nova marca do agro de São Paulo”, realizado na Feira Internacional da Cadeia Produtiva da Carne – Feicorte, em Presidente Prudente (SP), que segue até o dia 23 de novembro, a especialista em bem-estar animal, Carmen Perez, ressaltou a importância de evitar a marcação a fogo em bovinos.

Segundo ela, a questão está diretamente ligada ao bem-estar animal, especialmente no que diz respeito ao local onde é realizada a marcação da brucelose, que ocorre na face do animal, uma região com maior concentração de terminações nervosas, um ponto mais sensível. Essa ação representa um grande desafio, pois, embora seja uma exigência legal nacional, os impactos para os animais precisam ser cuidadosamente avaliados.

“O estado de São Paulo tem se destacado de forma pioneira ao oferecer aos produtores rurais a opção de decidir se desejam ou não realizar a marcação a fogo. Isso é um grande avanço”, destacou Carmen. Ela também mencionou que os animais possuem uma excelente memória, lembrando-se tanto dos manejos bem executados quanto dos malfeitos, o que pode afetar sua condição e bem-estar a longo prazo.

Além disso, a imagem da pecuária é um ponto crucial, especialmente considerando o poder da comunicação atualmente. “Organizações de proteção animal frequentemente utilizam práticas como a marcação a fogo, castração sem anestesia e mochação para criticar a cadeia produtiva. Essas questões podem impactar negativamente a percepção do setor”, alertou. Para enfrentar esses desafios, Carmen enfatizou a importância de melhorar os manejos e de considerar os riscos de acidentes nas fazendas, que muitas vezes são subestimados quando as práticas de manejo não são adequadas.

“Nos próximos anos, imagino um setor mais consciente, em que as pessoas reconheçam que os animais são seres sencientes. As equipes serão cada vez mais participativas, e a capacitação constante será essencial”, afirmou. Ela finalizou dizendo que, para promover o bem-estar animal, é fundamental investir em treinamento contínuo das equipes. “Vejo a pecuária brasileira se tornando disruptiva, com o potencial de se tornar um modelo mundial de boas práticas”, concluiu.

Fica estabelecido o botton amarelo para a identificação dos animais vacinados com a vacina B19 e o botton azul passa a identificar as fêmeas vacinadas com a vacina RB 51. Anteriormente, a identificação era feita com marcação à fogo indicando o ano corrente ou a marca em “V”, a depender da vacina utilizada.

As medidas foram publicadas no Diário Oficial do Estado, por meio da Resolução SAA nº 78/24 e das Portarias 33/24 e 34/24.

Mudanças estabelecidas

Prazos

Agora, fica estabelecido que o calendário para a vacinação será dividido em dois períodos, sendo o primeiro do dia 1º de janeiro a 30 de junho do ano corrente, enquanto o segundo período tem início no dia 1º de julho e vai até o dia 31 de dezembro.

O produtor que não vacinar seu rebanho dentro do prazo estabelecido, terá a movimentação dos bovídeos da propriedade suspensa até que a regularização seja feita junto às unidades da Defesa Agropecuária.

Desburocratização da declaração

A declaração de vacinação pelo proprietário ou responsável pelos animais não é mais necessária. A partir de agora, o médico-veterinário responsável pela imunização, ao cadastrar o atestado de vacinação no sistema informatizado de gestão de defesa animal e vegetal (GEDAVE) em um prazo máximo de quatro dias a contar da data da vacinação e dentro do período correspondente à vacinação, validará a imunização dos animais.

A exceção acontecerá quando houver casos de divergências entre o número de animais vacinados e o saldo do rebanho declarado pelo produtor no sistema GEDAVE.

Fonte: Assessoria Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo
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Treinamento em emergência sanitária busca proteger produção suína do estado

Ação preventiva do IMA acontecerá entre os dias 26 e 28 de novembro em Patos de Minas, um dos polos da suinocultura mineira.

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Com o objetivo de proteger a produção de suínos do estado contra possíveis ameaças sanitárias, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA) realizará, de 26 a 28 deste mês, em Patos de Minas, o Treinamento em Atendimento a Suspeitas de Síndrome Hemorrágica em Suínos. A iniciativa capacitará mais de 50 médicos veterinários do serviço veterinário oficial para identificar e responder prontamente a casos de doenças como a Peste Suína Clássica (PSC) e a Peste Suína Africana (PSA). A disseminação global da PSA tem preocupado autoridades devido ao impacto devastador na produção e na economia, como evidenciado na China que teve início em 2018 e se estendeu até 2023, quando o país perdeu milhões de suínos para a doença. Em 2021, surtos recentes no Haiti e na República Dominicana aumentaram o alerta no continente americano.

A escolha de Patos de Minas como sede para o treinamento presencial reforça sua importância como polo suinícola em Minas Gerais, com cerca de 280 mil animais produzidos, equivalente a 16,3% do plantel estadual, segundo dados de 2023 da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa). A Coordenadoria Regional do IMA, em Patos de Minas, que atende cerca de 17 municípios na região, tem mais de 650 propriedades cadastradas para a criação de suínos, cuja sanidade é essencial para evitar prejuízos econômicos que afetariam tanto o mercado interno quanto as exportações mineiras.

Para contemplar a complexidade do tema, o treinamento foi estruturado em dois módulos: remoto e presencial. Na fase on-line, realizada nos dias 11 e 18 de novembro, especialistas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), da Universidade de Castilla-La Mancha, da Espanha e de empresas parceiras abordaram aspectos clínicos e epidemiológicos das doenças hemorrágicas em suínos. Já na fase presencial, em Patos de Minas, os participantes terão acesso a oficinas práticas de biossegurança, desinfecção, estudos de casos, discussões sobre cenários epidemiológicos, coleta de amostras e visitas a campo, além de simulações de ações de emergência sanitária, onde aplicarão o conhecimento adquirido.

A iniciativa do IMA conta com o apoio de cooperativas, empresas do setor suinícola, instituições de ensino, sindicato rural e a Prefeitura Municipal de Patos de Minas, além do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A defesa agropecuária em Minas Gerais depende de ações como essa, fundamentais para evitar a entrada de patógenos e manter a competitividade da produção local. Esse treinamento é parte das ações para manutenção do status de Minas Gerais como livre de febre aftosa sem vacinação.

Ameaças sanitárias e os impactos para a economia

No Brasil, a Peste Suína Clássica está sob controle nas zonas livres da doença. No entanto, nas áreas não reconhecidas como livres, a enfermidade ainda está presente, representando um risco significativo para a suinocultura brasileira. Esta enfermidade pode levar a alta mortalidade entre os animais, além de causar abortos em fêmeas gestantes. Por ser uma enfermidade sem tratamento, a prevenção constante e a vigilância da doença são fundamentais.

A situação é ainda mais crítica no caso da Peste Suína Africana, para a qual não há vacina eficiente e cuja propagação levaria a prejuízos imensos ao setor suinícola nacional, com risco de desabastecimento no mercado interno e aumento dos preços para o consumidor final. Os animais infectados apresentam sintomas como febre alta, perda de apetite, e manchas na pele.

Fonte: Assessoria Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais
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Faesp quer retratação do Carrefour sobre a decisão do grupo em não comprar carne de países do Mercosul

Uma das principais marcas de varejo, por meio do CEO do Carrefour França, anunciou que suspenderá vendas de carne do Mercosul: decisão gera críticas e debate sobre sustentabilidade.

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Foto: oliver de la haye

O Carrefour França anunciou que suspenderá a venda de carne proveniente de países do Mercosul, incluindo o Brasil, alegando preocupações com sustentabilidade, desmatamento e respeito aos padrões ambientais europeus. A afirmação é do CEO do Carrefour na França, Alexandre Bompard, nas redes sociais do empresário, mas destinada ao presidente do sindicato nacional dos agricultores franceses, Arnaud Rousseau.

A decisão gerou repercussão negativa no Brasil, especialmente no setor agropecuário, que considera a medida protecionista e prejudicial à imagem da carne brasileira, amplamente exportada e reconhecida pela qualidade.

Essa decisão reflete tensões maiores entre a União Europeia e o Mercosul, com debates sobre padrões de produção e sustentabilidade como pontos centrais. Para a Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de São Paulo (Faesp), essa decisão é prejudicial ao comércio entre França e Brasil, com impactos negativos também aos consumidores do Carrefour.

Os argumentos da pauta ambiental alegada pelo Carrefour e pelos produtores de carne na França não se sustentam, uma vez que a produção da pecuária brasileira está entre as mais sustentáveis do planeta. Esta posição, vinda de uma importante marca de varejo, é um indício de que os investimentos do grupo Carrefour no Brasil devem ser vistos com ressalva, segundo o presidente da Faesp, Tirso Meirelles.

“A declaração do CEO do Carrefour França, Alexandre Bompard, demonstra não apenas uma atitude protecionista dos produtores franceses, mas um total desconhecimento da sustentabilidade do setor pecuário brasileiro. A Faesp se solidariza com os produtores e espera que esse fato isolado seja rechaçado e não influencie as exportações do país. Vale lembrar que a carne bovina é um dos principais itens de comercialização do Brasil”, disse Tirso Meirelles.

Foto: Shutterstock

O coordenador da Comissão Técnica de Bovinocultura de Corte da Faesp, Cyro Ferreira Penna Junior, reforça esta tese. “A carne brasileira é a mais sustentável e competitiva do planeta, que atende aos padrões mais elevados de qualidade e exigências do consumidor final. Tais retaliações contra o nosso produto aparentam ser uma ação comercial orquestrada de produtores e empresas da União Europeia que não conseguem competir conosco no ‘fair play’”, diz Cyro.

Para o presidente da Faesp, cabe ao Carrefour reavaliar sua posição e, eventualmente, se retratar publicamente, uma vez que esta decisão, tomada unilateralmente e sem critérios técnicos, revela uma falta de compromisso do grupo com o Brasil, um importante mercado consumidor.

Várias outras instituições se posicionaram contra a decisão do Carrefour, e o Ministério da Agricultura (Mapa). “No que diz respeito ao Brasil, o rigoroso sistema de Defesa Agropecuária do Mapa garante ao país o posto de maior exportador de carne bovina e de aves do mundo”, diz o Mapa em comunicado. “Vale reiterar que o Brasil possui uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo e atua com transparência no setor […] O Mapa não aceitará tentativas vãs de manchar ou desmerecer a reconhecida qualidade e segurança dos produtos brasileiros e dos compromissos ambientais brasileiros”, continua a nota.

Veja aqui o vídeo do presidente.

Fonte: Assessoria Faesp
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