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Presidente do Nucleovet fala dos planos para os simpósios em 2024

Os Simpósios são reconhecidos por serem líderes na transferência de conhecimentos, no aprimoramento da classe, no desenvolvimento de novas tecnologias e na troca de experiências nas áreas de avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite.

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Responsável pela organização de três dos principais eventos técnicos do Brasil e da América Latina, o Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet) reuniu mais de quatro mil pessoas durante os Simpósios realizados em 2023, proporcionando mais de 60 palestras com profissionais de destaque. Os Simpósios são reconhecidos por serem líderes na transferência de conhecimentos, no aprimoramento da classe, no desenvolvimento de novas tecnologias e na troca de experiências nas áreas de avicultura, suinocultura e bovinocultura de leite.

A partir de 2024 a entidade passa a ser presidida pelo médico-veterinário Tiago José Mores. À medida que o novo ano se inicia, o presidente delineou planos para priorizar a consolidação dos eventos do Nucleovet. Com foco em aprimorar a qualidade técnica e aumentar a participação em diversos segmentos da indústria, incluindo veterinários, produtores e outros profissionais na avicultura, suinocultura e bovinocultura. “Vejo grande potencial em relação às jornadas ou encontros técnicos, bem como uma maior aproximação com universidades e instituições de pesquisa, de forma a disseminar os resultados para que a indústria possa aplicar isso no campo e trazer benefícios para toda a cadeia de produção”, afirma Mores.

Tiago destaca a gestão anterior, dirigida por Lucas Piroca, que foi responsável por um aumento considerável no quadro de associados e pela consolidação das atividades da entidade. De acordo com ele, a expectativa é continuar com um trabalho de qualidade e que agrade a maioria. “Por um lado é uma responsabilidade ouvir sempre o maior número de pessoas possível. Por outro lado isso é gratificante porque mostra que a entidade está no caminho certo, está congregando e associando um número maior de médicos veterinários e zootecnistas. Isso acaba trazendo maior riqueza e diversidade de pensamentos para as nossas discussões e, inclusive, para o desenvolvimento dos nossos Simpósios, que são os nossos principais condutores dentro do Nucleovet”, expõe.

Avaliar projetos em andamento também estão nos planos dele, bem como atender às expectativas dos produtores e técnicos, já que os eventos do Nucleovet servem como plataformas cruciais para que profissionais e produtores obtenham insights, implementem conhecimentos em suas operações e contribuam para discussões que moldam a indústria. “O foco permanece na incorporação de tópicos relevantes para a realidade brasileira, além de visualizar as expectativas dos associados, dos profissionais que nos acompanham e da própria sociedade chapecoense, pois creio ser essencial entender como a entidade pode contribuir para o desenvolvimento técnico da cadeia produtiva regional”, declara.

O presidente também reforçou que participar dos eventos técnicos possibilita que produtores e técnicos possam, a partir dos debates e palestras, implementar conhecimentos e ideias em suas propriedades. “Com isso em mente, sempre instigamos as comissões científicas dos eventos a trazer assuntos aplicáveis ao campo, a nossa realidade brasileira. Dessa forma, buscamos observar e incluir os debates em torno da saúde única, a abordagem que leva em consideração saúde animal, humana e ambiental. Essa é uma discussão extremamente atual no mundo todo e buscaremos trabalhá-la em nossos três Simpósios”, adianta.

Desafios da Indústria em 2024

Com relação aos desafios em 2024, o presidente destacou a necessidade de uma melhor comunicação tanto para o mercado quanto para os consumidores sobre a posição do Brasil como um dos principais exportadores e produtores de carne de frango, suína e bovina. Ele enfatizou a importância de traduzir pesquisas e tecnologias em aplicações práticas nas fazendas, abordando preocupações com sustentabilidade enquanto mantêm a viabilidade econômica. “De nada adianta termos disponíveis várias pesquisas científicas com novas alternativas, com novos aditivos, com novas tecnologias se eu não tenho profissionais capazes de implementar essas tecnologias no campo, diretamente lá na fazenda, no produtor rural. Então, acredito que esse é um desafio de cada vez mais trazer essas tecnologias, fazer com que essas tecnologias saiam dos centros de pesquisa e sejam disseminadas para o Brasil e para o mundo inteiro”, argumenta.

Outro apontamento feito por ele é com relação a preocupação com a sustentabilidade, enaltecendo o quanto a cadeia vem crescendo e se desenvolvendo neste aspecto. “É só vermos os dados de produtividade, principalmente de conversão, quando a gente fala no setor da avicultura e suinocultura, o quanto evoluímos nos últimos anos. E isso tem um impacto muito alto, extremamente positivo, do ponto de vista de sustentabilidade, porque nós estamos produzindo muito mais proteína de qualidade, com menos recursos, com menos energia”, enfatiza.

 Prévia do 24º Simpósio Brasil Sul de Avicultura

Embora o programa detalhado para o próximo simpósio ainda esteja em andamento, o presidente mencionou que a Comissão Científica está ativamente moldando a agenda do 24º SBSA. O foco é fornecer um programa diversificado e de alta qualidade com a contribuição de profissionais ativamente envolvidos no setor. “A Comissão Científica, formada por associados, é responsável por esse belo trabalho de escolha de temas e organização. Eles estão na prática, no campo, trabalhando em órgãos de defesa sanitária, em agroindústrias. Então, ninguém melhor do que esses profissionais para selecionarem quais são os desafios do setor, as necessidades de conhecimento e de discussão que precisamos trazer para um evento desse porte como o SBSA”, declara.

Parceria com o Presente Rural

O jornal O Presente Rural é parceiro há mais de 10 anos do Nucleovet e jornal oficial dos Simpósios e busca divulgar os assuntos de destaque e relevância que permeiam os encontros. Reconhecendo a duradoura parceria com o Presente Rural, o presidente elogiou a história, credibilidade e alcance nacional da publicação. “O Nucleovet entende como muito importante essa parceria. O Presente Rural é uma mídia que está consolidada há muito tempo e desempenha um papel primordial na divulgação do mercado de produção animal. Enquanto entidade realizadora de eventos, precisamos de parceiros que tenham uma grande história, um respaldo e confiabilidade na informação. E é isso que o Presente Rural representa. Por isso incentivamos essa parceria que perdura há mais de 10 anos e que pretendemos continuar por muito mais tempo. Precisamos que as nossas ações sejam divulgadas para o maior número de pessoas envolvidos na Medicina Veterinária e Zootécnica. Como estamos localizados em Chapecó, no interior catarinense, é muito importante ter um parceiro com essa grande relevância e distribuição nacional. Em nome da diretoria, agradeço ao jornal O Presente Rural e digo que é um prazer tê-los conosco, sempre fazendo um excelente trabalho não só na divulgação das ações do Nucleovet, mas para toda a comunidade da proteína animal”.

SBSBL

Com relação ao SBSBL realizado em 2023, o presidente disse que foi um evento que superou as expectativas, com um recorde de participação de mais de 1.000 inscrições. “Em 2023 implementamos com sucesso o Simpósio Catarinense de Pecuária de Leite à Base de Pasto, um importante evento paralelo fruto de parceria com a Epagri que se estenderá em 2024. Obtivemos um feedback excelente dos participantes e isso se deve a excepcional Comissão Científica que traz as demandas do campo e atende as necessidades do setor técnico”, afirma.

Encontro pet

O ano de 2023 também foi marcado pelo início dos trabalhos do Nucleovet no setor pet. Foram realizados dois encontros com amplitude regional, um em cada semestre do ano. “Para 2024 também planejamos realizar dois encontros, pretendemos agregar mais associados para participar da elaboração da grade científica e definirmos os temas de maior relevância e atualidade da área pet. Esse é um desafio para 2024 de chamar os profissionais da região de Chapecó para que auxiliem o Nucleovet a disseminar conhecimento e se consolidar em mais uma área técnica”, projeta.

Datas de 2024

O Simpósio Brasil Sul de Avicultura (SBSA) ocorrerá no período de 09 a 11 de abril, o Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS) entre os dias 13 e 15 de agosto e o Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL) nos dias 05, 06 e 07 de novembro.

Fonte: O Presente Rural

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Com apoio do Estado, produtores discutem melhorias na qualidade do queijo artesanal

Evento em Itapejara d´Oeste reúne produtores de leite e queijo, com objetivo de colocar o leite paranaense e subprodutos da cadeia no mercado mundial.

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Fotos: SEAB

A busca pela excelência de qualidade do queijo paranaense, desde a produção do leite até o consumidor final, foi discutida nesta quinta-feira (21) em Itapejara d’Oeste, no Sudoeste do Estado, durante o Inova Queijo. O evento reúne produtores e queijeiros da agricultura familiar da região Sudoeste e conta com apoio do Governo do Estado.

“Nossos queijos estão entre os melhores do Brasil e até do mundo, com premiações que enchem de alegria e orgulho todos nós que estamos nesta caminhada”, disse Leunira Viganó Tesser, chefe do Núcleo Regional da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento em Pato Branco.

“O Paraná é grande na produção de leite, abrigando em seu território a segunda maior bacia do País e caminhamos para ser também um dos principais produtores de queijo e derivados tanto em ambiente industrial quanto artesanal”, afirmou.

Segundo ela, o Estado tem contribuído com programas de apoio à produção leiteira e à transformação em agroindústrias, como o Banco do Agricultor Paranaense, com equalização integral de juros para financiamentos à agricultura familiar. E também ajuda na comercialização, com a regulamentação do programa Susaf, que possibilita ampliar o mercado estadual para agroindústrias familiares que demonstrarem excelência no cuidado higiênico-sanitário.

“Temos que ter em vista o mercado mundial. Ninguém vai dizer que isso é fácil. Mas todos vão concordar que é um caminho a traçar, de preferência olhando sempre em frente, que não tenha volta”, disse Leunira.

Segundo dados da Aprosud, o Sudoeste conta com 20 agroindústrias vinculadas à associação, que comercializam por mês mais de 17 toneladas do produto. Além disso, a notoriedade do Queijo Colonial do Sudoeste também está atrelada a existência de produtores em todos os 42 municípios da região.

A gerente-regional do Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná), Rosane Dal Piva Bragato, destacou que o setor não é apenas fonte de emprego e renda para a região Sudoeste. “É também um símbolo da nossa identidade e tradição”, afirmou. “O trabalho em parceria e a troca de conhecimentos são fundamentais para fortalecer o setor e para abrir novas oportunidades de mercado”.

Além da prefeitura de Itapejara d’Oeste, que sediou o evento deste ano, e dos órgãos estaduais, o Inova Queijo tem em 2024 o apoio da Associação de Produtores de Queijos Artesanais do Sudoeste (Aprosud), Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Sebrae/PR, Vinopar e Cresol.

Indicação geográfica

Em 2023, o queijo colonial do Sudoeste do Paraná teve pedido de reconhecimento para Indicação Geográfica (IG) protocolado no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). Com tradição e notoriedade devido a produção do Queijo Colonial, a expectativa é que o Sudoeste do Paraná em breve obtenha o reconhecimento na forma de registro com Indicação de Procedência (IP)

Fonte: AEN-PR
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Topgen promove a segunda edição da Semana da Carne Suína no Paraná

Campanha simbolizou uma celebração de sabor, aprendizado e valorização local.

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Foto: Shutterstock

De 3 a 10 de novembro, os municípios de Arapoti e Jaguariaíva, no Paraná, se tornaram o centro das atenções para os amantes da carne suína. A Topgen, uma empresa de genética suína, com o apoio do Sicredi, promoveu a segunda edição da Semana da Carne Suína, uma campanha que celebrou a versatilidade e o sabor da proteína suína, mobilizando comércios locais e estimulando o consumo na região que é conhecida por sua forte suinocultura.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A programação contou com momentos inesquecíveis, como o workshop exclusivo com o Chef Daniel Furtado, realizado na Fazenda Araporanga, onde açougueiros e cozinheiros da região mergulharam nas técnicas e cortes especiais da carne suína, aprendendo a explorar sua versatilidade e criando inspirações para novos pratos. Outro destaque foi o concurso de melhor prato à base de carne suína, que movimentou 15 restaurantes locais. Os consumidores participaram ativamente, avaliando as delícias e votando no prato favorito. O grande vencedor foi a PJ Hamburgueria, com um sanduíche tão incrível que os clientes já pediram para incluí-lo no cardápio fixo!

A premiação incluiu uma cesta especial com embutidos artesanais do Sul do Brasil e a oportunidade de participar do curso com o Chef Daniel Furtado, além disso, todos participantes receberam um livro de receitas clássicas com carne suína editado pela Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), e impresso pela Topgen com o apoio do Sicredi e também um certificado de participação.

Foto: Hb audiovisual

Segundo Beate Von Staa, diretora da Topgen, a inspiração para esta mobilização veio da campanha realizada pela empresa Mig-Plus em 2022, no início da crise da suinocultura. “Naquele ano, fizemos algo simples, mas desta vez conseguimos envolver toda a comunidade. Foi gratificante ver a mobilização e os comentários positivos da população”, destacou”, finalizou.

Além de valorizar a carne suína, a iniciativa buscou incentivar o consumo local de uma proteína saudável e saborosa, mostrando aos consumidores que ela vai muito além do trivial. Assista ao vídeo da campanha e descubra mais sobre essa experiência que uniu gastronomia, aprendizado e valorização da cultura local. A ABCS parabeniza a todos os participantes e ao público que tornou a segunda Semana da Carne Suína um sucesso absoluto!

Fonte: Assessoria ABCS
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Avanços e desafios da agricultura regenerativa tropical

Evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor.

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Fotos: Divulgação/Arquivo Pessoal

O mundo desafia a agricultura a dar segurança alimentar para uma demografia ainda em crescimento, contribuir com emissões negativas para as mudanças climáticas e ainda contribuir com produção com densidade nutricional e qualidade. A agricultura brasileira pode contribuir com essa agenda de forma relevante. Atualmente, o Brasil está entre os 5 maiores produtores de alimentos e é o primeiro colocado na exportação de vários produtos agrícolas.

Fotos: Divulgação/Arquivo OPR

É considerado o mais importante produtor de grãos nos trópicos. Estima-se que a produção agropecuária no Brasil já alimenta mais de 1 bilhão de pessoas no mundo e que as projeções da OCDE-FAO indicam uma ampliação considerável da importância do Brasil no comércio agroalimentar global até 2032. Vários são os motivos que levam a essas importantes conquistas.

Podemos citar a contribuição da agricultura industrial através da “revolução verde”, por exemplo. No entanto, muitas vezes a produção de alimentos vegetais e animais, fibras e energia também estão ancoradas em custos ocultos ao meio ambiente: a biodiversidade do sistema, a qualidade do solo agrícola, a saúde das pessoas nas cidades, a saúde dos consumidores finais, o bem-estar animal e das pessoas que trabalham diretamente no campo.

Além disso, é conhecido que esse sistema de produção convencional necessita de condições ambientais estáveis para garantir boas produtividades. Ou seja, o sistema convencional é extremamente suscetível às adversidades climáticas, as quais estão se tornando cada vez mais frequentes em diferentes regiões do Brasil. As externalidades negativas do sistema convencional de produção, somadas às suas limitações adaptativas aos extremos climáticos, requerem uma transição regenerativa e novos fundamentos de produção.

Dentro deste contexto de conscientização da sociedade por alimentos com ausência de resíduo químico, com características organolépticas superiores e com maior densidade nutricional, das necessidades de mitigar os efeitos de mudança climática, de garantir a manutenção dos recursos para as gerações futuras, de atender as demandas presentes e de preservar a biodiversidade do sistema produtivo, alguns produtores têm implementado práticas agrícolas bem conhecidas pela Ciência.

A novidade é que essas soluções estão sendo adotadas em escala. Essas práticas e técnicas de manejo regenerativo (Fig. 1) são capazes de reduzir significativamente a dependência de insumos importados, a poluição do ambiente, enquanto são capazes de aumentar a eficiência e a resiliência dos sistemas produtivos, permitindo a manutenção de boas produtividades mesmo em períodos prolongados (superior a 60 dias, no caso de grãos) sem chuvas.

A evolução das práticas regenerativas permite a melhoria no ambiente de produção com uma melhoria da qualidade do solo como principal capital do agricultor. Estes também começam a prestar serviços ambientais para toda a sociedade, principalmente para as cidades, fornecendo água e alimento de qualidade, bem como mitigando os efeitos climáticos através do abatimento do carbono utilizando insumos de baixa emissão, com os manejos que privilegiam o aumento de carbono orgânico no solo, e ainda permitem o sequestro de carbono de forma permanente através do intemperismo aprimorado de minerais silicáticos, que são utilizados como condicionadores de solo, bioativação do sistema, melhoria da qualidade do solo e fontes de nutrientes.

Ao promover e valorizar a biodiversidade através da integração das áreas produtivas com as áreas naturais remanescentes, estes produtores garantem o refúgio de inimigos naturais das pragas e obtêm importantes serviços ecossistêmicos. Além de tudo, por utilizarem insumos e serviços dos seus contextos locais e regionais, compartilham a prosperidade com a sociedade, criando riqueza e oportunidades para a comunidade ao seu redor, atendendo assim aos requisitos ESG (Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa – Environmental, Social and Governance, em inglês) em plenitude.

Fig. 1: A Agricultura Regenerativa Tropical é um novo modelo de produção agrícola e pecuária que busca a melhoria contínua da saúde do ecossistema produtivo e do uso eficiente de recursos finitos. Baseia-se em uma agricultura de processos, onde diferentes manejos, técnicas e práticas são integradas para obter uma gestão holística do ecossistema.

Desta forma, entende-se como Agricultura Regenerativa Tropical (ART) um conjunto de ações e boas práticas que atuam na recuperação do ecossistema produtivo de forma a deixar um saldo de impactos positivo nas características físicas e químicas do solo, na micro e na macrodiversidade do solo, na resiliência da produção, na redução de resíduos nos produtos, no sequestro de carbono e na melhoria da sociedade local e regional. Esses produtores de alimentos, fibras e energia atuam conscientemente na adoção de manejos e suas práticas que visam promover positivamente o ambiente de produção utilizando recursos e tecnologias acessíveis da forma mais eficiente possível dentro de uma agricultura de processos, em que desafios bióticos e abióticos são equacionados através de manejos realizados em caráter preventivo. Por todas essas características, a ART tem uma forte conexão com o consumidor final, o qual prioriza a regeneração e cura dos agroecossistemas, visando impactos positivos ao ambiente, à cadeia e à sociedade. Com essa missão, os produtores visam criar novas formas de relacionamento com as cadeias de fornecedores de insumos, serviços e equipamentos, bem como de fidelidade com as cadeias de valor e com os consumidores, diferenciando sua produção, seja pela forma de produzir como pela qualidade intrínseca do produto final.

Entre as práticas utilizadas na ATR podemos destacar:

  • Manejo integrado da fertilidade do solo através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais, corretivos e circularidade da matéria orgânica com o processamento adequado de insumos orgânicos, visando a eliminação de patógenos e germinação de plantas daninhas;
  • Rotação de culturas e sistema de plantio direto sobre a palha, visando aumentar a diversificação de plantas no sistema enquanto mantém, sempre que possível, o solo coberto e revolvido o mínimo possível;
  • Uso de comunidades microbianas funcionais e de microrganismos específicos que atendam às necessidades da cultura;
  • Redução e, quando possível, a eliminação de insumos que agridem a vida no solo, nas plantas e das pessoas;
  • Recuperação de pastagens degradadas;
  • Integração lavoura-pecuária-floresta;
  • Gestão integrada da paisagem.

A implementação destas práticas depende de o agricultor sair da zona de conforto e experimentar novos processos visando a redução de custos, com uso de soluções locais e regionais. Cabe ao agricultor, pecuarista, e/ou consultor identificar a lista de prioridades a serem equacionadas e determinar a melhor forma de atuar nos processos para implementar a transição. Por exemplo, muitas doenças e a presença de pragas podem ser equacionadas com uma nutrição adequada e balanceada. Como não existe uma tabela de determinação do requerimento e balanço nutricional da cultura para cada tipo de solo, o mais adequado é construir a fertilidade do solo de forma estruturante e deixar que a planta determine qual nutriente está sendo necessário em determinada fase fisiológica.

Essa fertilidade do solo pode ser construída ao longo dos anos com o manejo integrado da fertilidade do solo, o qual visa aumentar a eficiência do uso de fertilizantes solúveis através do uso de remineralizadores, fertilizantes minerais naturais e compostos orgânicos. No início da implementação deste manejo, correções pontuais através da adubação foliar podem ser necessárias ao longo do ciclo da cultura. O monitoramento semanal da lavoura se faz necessário para atender as demandas nutricionais e de correção para a supressão de pragas e doenças.

Com bom senso e políticas públicas, a adoção das práticas regenerativas devem continuar crescendo rumo à sustentabilidade da nossa agricultura. Na perspectiva de país, a ampliação da regeneração agrícola tem muitas justificativas para se transformar numa iniciativa estratégica, implementada de forma permanente e legitimada na Política Nacional Agrícola. Pois, podemos reduzir de forma significativa nossa dependência internacional de insumos fundamentais; podemos aumentar a renda dos agricultores e ativar as economias locais com a circulação de recursos da aquisição de insumos e serviços; podemos promover uma redução significativa nas contaminações e no oferecimento de produtos de melhor qualidade; podemos desempenhar uma agricultura de carbono negativo e, finalmente, podemos atender às demandas e compromissos das cadeias de valor por produtos regenerativos.

Fonte: Por Pablo Hardoim e Eduardo de Souza Martins, membros do Grupo Associado de Agricultura Sustentável
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