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Presidente da Aspe elenca desafios e oportunidades para o desenvolvimento da suinocultura em Pernambuco

Recém empossado, Valmir Luiz de Moraes enfatiza a necessidade de incentivos do setor público e da implementação de uma estrutura mais robusta para o desenvolvimento da cadeia suinícola.

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Fotos: Divulgação

Quinto maior produtor de suínos da região Nordeste do Brasil, Pernambuco possui um plantel de 181 mil matrizes e um rebanho superior a 923 mil animais, conforme informações da Pesquisa da Pecuária Municipal, divulgada em setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No entanto, o desenvolvimento da atividade esbarra na escassez de água, sanidade animal, baixo consumo, custos elevados de transporte para a aquisição de grãos, falta de políticas públicas e de investimento em infraestrutura e de tecnologia nas granjas.

Produtor e presidente da Associação dos Suinocultores de Pernambuco (Aspe), Valmir Luiz de Moraes: “Em Pernambuco, nos deparamos com uma variedade de realidades em nossa cadeia de produção de suínos”

Recém empossado como presidente da Associação dos Suinocultores de Pernambuco (Aspe), Valmir Luiz de Moraes enfatiza a necessidade de incentivos do setor público e da implementação de uma estrutura mais robusta para o desenvolvimento da cadeia suinícola. Ele afirma que há poucos ou nenhum fiscal agropecuário da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária de Pernambuco (Adagro) atuando na fiscalização da entrada de animais de outras regiões do país no estado pernambucano, situação que gera insegurança para a atividade, uma vez que pode comprometer a sanidade do rebanho e o preço de venda destes suínos é muito abaixo do praticado no mercado. “Nós temos um custo de produção mais alto que outras regiões do país, pois pagamos mais caro pelo milho e pela soja, e ainda temos que comprar a água, então além de muitas vezes não sabermos a origem destes animais ainda enfrentamos uma concorrência desleal”, aponta Moraes, que também é produtor na cidade de São Bento do Una, PE. Com uma propriedade de 70 hectares, possui uma granja com 110 matrizes suínas, podendo ampliar para até 200 fêmeas, e uma unidade produtora com galinhas caipiras de postura, nos sistema de gaiola e livre de gaiola, além da criação de gado.

Sistema de produção de Pernambuco

O estado de Pernambuco possui aproximadamente 70 granjas automatizadas, enquanto nos sistemas de subsistência, orgânico e livre existe uma enorme quantidade de unidades produtoras, tendo em vista que praticamente toda propriedade rural em Pernambuco tem uma criação de suínos, com crescimento acelerado nos municípios que integram a bacia leiteira no Agreste Meridional e no Sertão do Araripe. “Os produtores desta região produzem muito queijo como o coalho e diversificam a produção com a criação de suínos, destinando o soro do queijo para misturar na ração e assim melhorar a nutrição dos animais”, informa.

De acordo com o presidente da Aspe, os animais vivos são vendidos em sua grande maioria em feiras livres ou para abatedouros municipais e estaduais dentro do estado e em número menor são comercializados para Alagoas, Maranhão, Paraíba, Piauí e Rio Grande do Norte.

Consumo interno da carne suína em Pernambuco

Um dos grandes desafios, segundo Moraes, que precisam ser superados pelo setor para alavancar o crescimento da atividade é o aumento no consumo de carne suína. “Ainda existe aquela visão distorcida que a carne suína faz mal à saúde, mas aos poucos, com campanhas informativas, estamos conseguindo desmitificar alguns tabus que a população tem em relação a carne suína e o consumo interno está aumentando. Não temos dados do quanto é consumido per capita, mas notamos uma procura maior pela carne suína nos últimos anos, o que nos mostra que temos um potencial enorme de crescimento em Pernambuco”, evidencia.

Tecnologias nas granjas

Quando se trata da implementação de tecnologias nas granjas, Moraes observa que as melhorias são contínuas. Um número crescente de suinocultores está investindo em tecnologias e inovação para melhorar o desempenho e a produtividade das suas granjas. No entanto, a cadeia é composta em grande parte por pequenos produtores, os quais muitas vezes não tem recursos financeiros para mecanizar os seus galpões de produção. “Em Pernambuco, nos deparamos com uma variedade de realidades em nossa cadeia de produção de suínos. Ela engloba pequenos, médios e grandes produtores, muitos dos quais já adotam sistemas avançados de gestão, como os Sistemas S4 e S8, para aprimorar o controle de seus processos produtivos nas granjas. Além disso, esses produtores investem na contratação de zootecnistas, aplicam melhoramento genético, garantem uma nutrição de alta qualidade e implementam práticas rigorosas de manejo sanitário, mudanças essas que têm transformado a criação de suínos na região, melhorando a rentabilidade e a qualidade da carne oferecida no mercado interno”, exalta.

Acesso a água

A disponibilidade de água desempenha um papel crucial na suinocultura em Pernambuco, variando de abundante na Zona da Mata, crítica no Agreste e acessível através de poços artesianos no Sertão. “O preço da água fornecida pela Compesa (Companhia Pernambucana de Saneamento) é de cerca de R$ 10,00 o metro cúbico, onerando o custo a produção dos suinocultores”, menciona.

Essa diversidade de cenários requer estratégias adaptadas para garantir o sucesso da suinocultura em todo o estado. “No Agreste os produtores enfrentam dificuldades em encontrar fontes de água, muitas vezes tendo que buscar água em locais distantes e transportá-la pelas rodovias. Isso acaba encarecendo os custos de produção. É interessante notar que, mesmo com essa escassez de água, São Bento do Una se destaca como o maior produtor de ovos do Nordeste e o quarto maior do Brasil, bem como possui um rebanho superior a 141 mil suínos”, enaltece, ampliando: “Não temos água, mas temos o melhor clima do Nordeste para o desenvolvimento da pecuária”.

Produção própria de ração

Na região Nordeste, o estado de Pernambuco tem a segunda maior estimativa de crescimento da produção, saltando de 220,2 mil para 293,1 mil toneladas, um acréscimo de 33,1% em relação à safra anterior, conforme previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). A produtividade é a segunda maior na região, com um aumento de 458 kg por hectare para 744 kg por hectare, crescimento de 62,4% entre as safras. O destaque fica com a terceira safra do milho, que tem colheita entre agosto e novembro. A previsão é de aumento na produtividade de 156,1% entre as safras, saindo de 574 kg por hectare em 2021/2022 para 1.470 kg por hectare em 2022/2023. Contudo essa produção não é suficiente para abastecer a cadeia produtiva, que precisa recorrer ao milho do Piauí, Maranhão, Sergipe e região. “Esse grão vem por rodovia e o frete rodoviário hoje está muito caro, aumentando de forma expressiva o custo de produção, deixando apertada as margens de ganho do produtor”, pontua.

Moraes conta que é característica do produtor pernambucano produzir a própria ração dos animais. “Praticamente todos os produtores compram os insumos, como milho, soja, minerais, vitaminas, dentre outros, para produzir a ração para sua granja, reduzindo desta forma os custos com sua produção”, frisa.

Maior frigorífico do Nordeste

A instalação de uma unidade industrial da Masterboi em Canhotinho, PE, trouxe uma nova oportunidade para o desenvolvimento da suinocultura pernambucana. “São abatidos por dia em torno de 300 animais, com estimativa de chegar a 960 suínos/dia, o que falta agora é nós, enquanto associação, organizarmos o setor para atender aos critérios de qualidade para abate na Masterboi, dentre eles genética de qualidade, rendimento de carcaça dos animais, com uma espessura de gordura baixa, trabalhar com rações balanceadas e sanidade. A partir do momento que o produtor atender esses critérios vamos passar a ter um produto de melhor qualidade, que possa ser inserido em todo o estado e na merenda escolar”, salienta Moraes, ampliando: “Vamos buscar ampliar o consumo da carne suína dentro de Pernambuco e como a Masterboi já exporta para 41 países a carne de boi, podemos pegar esse nicho de mercado para eles exportarem a carne suína de Pernambuco, mas para isso precisa haver uma mudança de postura dos produtores para melhorar o status sanitário da cadeia e conquistar a certificação de área livre de Peste Suína Clássica”.

Oportunidade de crescimento

O presidente da Aspe vislumbra com otimismo o desenvolvimento da suinocultura em Pernambuco, mas, para que o produto pernambucano ganhe mais mercado é preciso investir em sanidade, genética e tecnologias nas granjas. “Precisamos buscar mecanismos que possam ajudar os produtores do estado a controlar e prevenir a Peste Suína Clássica, hoje um grande desafio ao crescimento da suinocultura no Nordeste, para que possamos conquistar a certificação de área livre e assim conseguir explorar outros mercados, que hoje ainda não nos veem com bons olhos. É necessário que todos deem as mãos e busquem juntos soluções para superar esses desafios que impedem um desenvolvimento maior da suinocultura”, ressalta.

Para ficar atualizado e por dentro de tudo que está acontecendo no setor suinícola acesse gratuitamente a edição digital de Suínos. Boa leitura!

Fonte: O Presente Rural

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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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