Suínos
Presente e futuro da disseminação genética no Brasil
Ao acelerar a entrega de genes superiores nos plantéis comerciais, a Genética Líquida se consolidou como ferramenta estratégica para a competitividade da suinocultura brasileira.

A competitividade na suinocultura depende, cada vez mais, da capacidade de acessar genes superiores. Introduzido há pouco mais de 10 anos no mercado brasileiro, o conceito de Genética Líquida vem cumprindo esse papel à risca.
Ao otimizar o uso de genes de machos reprodutores posicionados no topo da pirâmide genética – uma elite que representa apenas 3% do plantel global de suínos –, o modelo de comercialização de doses inseminantes não apenas eleva o padrão genético dos plantéis e os resultados produtivos nas granjas, como torna essa tecnologia acessível também a pequenos e médios produtores. Assim como a inseminação artificial transformou a produção de suínos há algumas décadas, a Genética Líquida se apresenta hoje como um recurso incremental na atualização genética na suinocultura.
Na entrevista a seguir, Sandro Cardoso de Moura, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Agroceres PIC, comenta a evolução da Genética Líquida no Brasil, detalha seus impactos nos resultados das granjas e projeta o futuro da disseminação de genes no setor suinícola. Confira a entrevista.
O Presente Rural – O modelo de negócios de comercialização de sêmen chegou ao Brasil em 2013. Em sua avaliação, quais fatores permitiram que a Genética Líquida se consolidasse como uma solução viável para o setor suinícola brasileiro?
Sandro Cardoso – Saltos tecnológicos são fundamentais para o avanço produtivo e econômico de qualquer atividade e com a suinocultura não é diferente. Desde que chegou ao Brasil, em 2013, a Genética Líquida rapidamente se firmou como uma tecnologia estratégica para tornar o setor mais competitivo, justamente por acelerar a transferência de genes superiores até os plantéis comerciais.
Trata-se de uma mudança de paradigma. O grande diferencial é permitir que o produtor atualize seu plantel com o que há de mais avançado em melhoramento genético: os genes de reprodutores localizados no topo da pirâmide genética global.
Na prática, os ganhos são significativos, para toda a cadeia produtiva. Há um incremento na produção de leitões com melhor desempenho em índices zootécnicos importantes, como taxa de crescimento, conversão alimentar, qualidade de carcaça e de carne. Além disso, essa atualização genética acontece de forma contínua, prática e segura, sem exigir do produtor a estrutura e os custos de uma Central de Inseminação Artificial. Ou seja, é uma maneira eficiente de levar Genética de Elite diretamente às granjas, com biossegurança, qualidade garantida e impacto direto na rentabilidade por animal produzido. Por tudo isso, a Genética Líquida conquistou espaço e se consolidou como uma solução viável e estratégica para a suinocultura brasileira.
O Presente Rural – Além dos ganhos genéticos e produtivos, que já são bem conhecidos, essa tecnologia também trouxe avanços importantes para a biossegurança das granjas. Quais os principais benefícios?

Sandro Cardoso de Moura, gerente de Desenvolvimento de Negócios da Agroceres PIC
Sandro Cardoso – Sim, além da atualização genética e do impacto direto na produtividade, a Genética Líquida também pode trazer ganhos importantes em biossegurança. Isso ocorre porque, ao eliminar a movimentação frequente de machos reprodutores entre granjas, reduz-se um dos principais riscos de disseminação de agentes patogênicos. No entanto, é importante destacar que esse benefício está diretamente relacionado ao nível de rigor sanitário das Unidades de Disseminação de Genes (UDG’s) envolvidas. Para que o processo seja, de fato, seguro, é fundamental que as unidades produtoras de doses inseminantes operem sob protocolos estritos de biossegurança, com controle rígido de origem dos animais, ambientes com filtragem microbiológica de ar, dupla quarentena, barreiras sanitárias eficazes e rastreabilidade dos processos. Quando esses cuidados são rigorosamente observados, o modelo oferece uma forma segura, controlada e padronizada de disseminar material genético de alto valor.
Além disso, em um país continental como o Brasil, contar com um parceiro que tenha capacidade logística desenvolvida e estrutura produtiva consolidada, que garanta fornecimento, é essencial. Esses fatores sustentam a entrega regular e com qualidade das doses inseminantes, assegurando previsibilidade operacional, segurança sanitária e tranquilidade no planejamento da produção. Na prática, são esses atributos que fazem com que a Genética Líquida funcione com eficiência e confiabilidade nas condições reais da suinocultura brasileira.
O Presente Rural – Você falou em ganhos produtivos observados nas granjas. Quais são os índices produtivos potencializados pelo uso da Genética Líquida?
Sandro Cardoso – Ela impacta diretamente os principais índices produtivos da suinocultura, porque acelera e potencializa a disseminação de genes superiores. Quando se trabalha com material genético de alto valor, posicionado no topo da pirâmide, os resultados aparecem em toda a cadeia de produção.
Nas granjas que adotam essa tecnologia de forma sistemática, já é possível observar melhorias em índices fundamentais. Um dos mais importantes é o número de nascidos totais por fêmea. Hoje, entre as granjas com melhor desempenho, temos médias de 18 leitões por parto, com alguns casos chegando a 22 nascidos totais nas top 10.
Além disso, vemos avanços significativos em conversão alimentar, com índices que giram em torno de 1.9 a 2.0 e em ganho de peso diário, que em algumas granjas alcança a marca de 1,1 kg a 1,2 kg por animal. São números que refletem o impacto direto da Genética Líquida na eficiência do rebanho, no uso de recursos e, claro, na rentabilidade da produção. No fim das contas, toda a cadeia se beneficia. O desempenho zootécnico melhora, os lotes ganham mais padronização e o produtor consegue extrair mais valor de cada animal.
O Presente Rural – Quais tendências devem nortear o futuro da reprodução e da genética na suinocultura brasileira nos próximos anos?
Sandro Cardoso – Vivemos um momento bastante especial na suinocultura. A velocidade com que as tecnologias estão evoluindo é inédita, e isso tem trazido avanços concretos em várias áreas, inclusive na forma como a genética de ponta é disseminada. A tendência é que o processo de reprodução se torne cada vez mais preciso, integrado e eficiente, com o apoio de ferramentas tecnológicas que já estão em desenvolvimento e ganhando escala.
Um exemplo claro são as tecnologias voltadas à detecção de cio com mais precisão, por meio do uso de câmeras e inteligência artificial nas granjas. Isso vai permitir inseminar as fêmeas no momento mais próximo possível da ovulação, reduzindo o número de doses necessárias por cobertura, o volume utilizado e até mesmo a concentração espermática, tudo isso sem comprometer, e muitas vezes até melhorando, os índices zootécnicos. Esse avanço técnico tem um impacto direto na eficiência do uso da Genética Líquida. Com menos doses, é possível potencializar ainda mais o uso de reprodutores de alto valor genético, ampliando o alcance desses genes superiores. Isso reduz o “gap” genético entre as granjas núcleo e as comerciais, tornando o acesso à elite genética ainda mais efetivo. Ou seja, o futuro caminha para um modelo de reprodução mais dinâmico, com melhor aproveitamento do material genético e, sobretudo, mais alinhado à busca por eficiência produtiva e sustentabilidade nas unidades de produção.0
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



