Notícias
Preços do trigo cedem no Brasil em função dos descontos do cereal russo
A consolidação da colheita no Hemisfério Norte somado ao cenário de preços baixos no Mar Negro, e sem desdobramentos da guerra, impediram uma elevação dos preços no mercado internacional. No mercado interno, as cotações apresentaram quedas significativas no último mês.

Os preços do trigo seguiram praticamente estáveis ao longo do mês de setembro. O bushel do cereal em Chicago, praticamente de lado, rompeu a barreira dos US$ 6/bu em poucos momentos. A consolidação da colheita no Hemisfério Norte somado ao cenário de preços baixos no Mar Negro, e sem desdobramentos da guerra, impediram uma elevação dos preços no mercado internacional.
No mercado interno, as cotações apresentaram quedas significativas no último mês. No Paraná, a colheita, que já alcançou 60% da área plantada, tem adicionado oferta nos mercados locais. Além disso, as exportações têm competido com outros grãos – soja e milho – nos portos, o que aumenta a disponibilidade do cereal no mercado doméstico.
Segundo o indicador Cepea no Paraná, as cotações caíram cerca de 8,9% no mês de setembro, com a saca encerrando o último dia do mês em R$50. Segundo a Safras & Mercado, os atuais patamares de preços praticados no estado paranaense convertidos para a paridade de exportação, colocam o trigo do estado como o mais barato do mundo quando comparado com os preços (FOB) dos principais exportadores.
A chuva começa a preocupar o trigo gaúcho. O início da colheita no Rio Grande do Sul, principal estado produtor, começou com níveis de umidade elevados e com perspectivas de continuidade das precipitações. Segundo a Emater-RS, 1% da área já foi colhida. Contudo, cerca de 18% das lavouras encontram-se em fase de maturação, momento crítico para contaminação de doenças fúngicas, e, caso haja proliferação, há o risco de inutilização para a indústria de panificação. E vale lembrar que 54% da lavoura já caminha do estágio de enchimento de grãos para maturação, e com possibilidade de chuvas para as próximas semanas, a oferta do cereal pode ser revisada para baixo.
Preços domésticos podem ter espaço de retomada
O balanço global do cereal é apertado e pode dar suporte para altas. No mercado doméstico, a atenção fica para o risco de perda de qualidade da safra diante das chuvas na
Região Sul. Segundo o USDA, a produção mundial da safra 2023/24 foi reduzida em 0,4% frente à estimativa 2022/23, somando 787 MMT (- 6 MMT YoY), sendo que, o que mais chamou atenção foi a redução dos estoques finais em 3,2%, impactados pelo consumo robusto e sem alteração, de 796 MMT. A relação estoque/consumo global apertou
ainda mais, saindo de 33,6% para 32,5%. Não se pode deixar de citar que o El Niño pode impactar importantes produtores como Índia, China e Austrália, em função de
uma possível redução do volume de chuvas. Em relação às cotações, a Rússia ainda tem impactado os preços globais em função do deságio nos portos, mas os riscos climáticos
ainda podem levar à redução de oferta e o comprador vai precisar aumentar preços para adquirir o cereal, contudo o cenário de preços pressionados do milho barra altas mais significativas.

Fonte: USDA
No Brasil, o clima pode frustrar a qualidade da safra gaúcha. Apesar da oferta ainda ser recorde, o mercado doméstico necessita de trigo de qualidade para panificação, e caso o clima prejudique nas próximas semanas, compradores precisarão aumentar as ofertas para trigo de melhor qualidade, aumentando o diferencial entre o trigo “ração” para trigo pão.
Também vale destacar que, o diferencial de preços no porto pode estimular as tradings a exportarem, fazendo com que o mercado tenha mais liquidez e a paridade de exportação influencie as negociações internas. Além disso, a Argentina retoma a produção em 16 MMT, mas distante dos 21 MMT das safras anteriores, ou seja, o comprador também poderá ter que pagar mais caro para importar o trigo e esse diferencial pode vir a impactar o mercado doméstico, principalmente de trigo e boa qualidade.

Notícias
Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
Notícias
Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.
Notícias
Brasil lança plataforma sobre saúde dos solos e reforça liderança em agricultura sustentável
Ferramenta da Embrapa reúne mais de 56 mil análises e mostra que dois terços das áreas avaliadas no País apresentam solos saudáveis ou em recuperação.

Foi lançada na última segunda-feira (17), na Agrizone, a Casa da Agricultura Sustentável da Embrapa durante a COP 30, em Belém (PA), a Plataforma Saúde do Solo BR – Solos resilientes para sistemas agrícolas sustentáveis. A cerimônia ocorreu no Auditório 1 e marcou a apresentação oficial da tecnologia criada pela Embrapa, que reúne pela primeira vez informações sobre a saúde dos solos brasileiros em um ambiente digital e de acesso público.
Na abertura, a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, destacou o simbolismo de apresentar a novidade dentro da Agrizone, espaço que abriga soluções de baixo carbono. “A Agrizone é o começo de uma nova jornada. Estamos mostrando para o mundo inteiro, de forma concreta, que temos tecnologia para desenvolver uma agricultura cada vez mais resiliente às mudanças climáticas”, afirmou.
Para ela, o lançamento reforça o protagonismo do Brasil como líder global em inovação sustentável para a agricultura e os sistemas alimentares.
A Plataforma disponibiliza dados de saúde do solo por estado e município e já reúne cerca de 56 mil amostras, provenientes de 1.502 municípios de todas as regiões do País. O sistema foi construído a partir da geoespacialização dos dados gerados pela BioAS – Bioanálise de Solos, explicou a pesquisadora da Embrapa Cerrados, Ieda Mendes. A ferramenta permite filtros por estado, município, ano, culturas e texturas de solo, além de comparações entre diferentes cultivos. Também gera mapas e gráficos baseados nas funções da bioanálise, como ciclagem, armazenamento e suprimento de nutrientes.
Solos mais saudáveis e produtivos
Os primeiros mapas revelam que predominam no Brasil solos saudáveis ou em processo de recuperação. “Somando solos saudáveis e solos em recuperação, vemos que 66% das áreas analisadas apresentam condições muito boas de saúde. Apenas 4% das amostras representam solos doentes”, afirmou Ieda.
Mato Grosso lidera o número de amostras (10.905), seguido por Minas Gerais (9.680), Paraná (7.607) e Goiás (6.519). O município com maior participação é Alto Taquari (MT), com 1.837 amostras.
A pesquisadora também destacou a forte relação entre saúde do solo e produtividade. No Mato Grosso, a integração dos dados da BioAS com índices do IBGE mostrou que o aumento na proporção de solos doentes está diretamente associado à queda na produção de soja. “Cada 1% de aumento em solos doentes representa uma perda média de 3,1 kg de soja por hectare”.
Em contraste, análises exclusivamente químicas não apresentaram correlação com a produtividade atual, o que indica que o limite produtivo da agricultura brasileira está cada vez mais ligado à qualidade biológica dos solos.
Ieda ressaltou ainda a participação dos produtores na construção da ferramenta. “Temos contribuições que vão do Acre ao extremo sul do Rio Grande do Sul. Ter um trabalho publicado em revistas técnicas é muito bom, mas ver uma tecnologia sendo adotada em todo o Brasil é maravilhoso”, afirmou.
A expectativa é transformar a plataforma, no futuro, em um observatório nacional da saúde dos solos, capaz de gerar relatórios detalhados por município e conectar pesquisadores, laboratórios e agricultores.
A Plataforma Saúde do Solo BR foi desenvolvida com base nos dados da BioAS, tecnologia lançada em 2020 e criada pela Embrapa Cerrados em parceria com a Embrapa Agrobiologia. O método integra indicadores biológicos (atividade enzimática), físicos (textura) e químicos (fertilidade e matéria orgânica).
O banco de dados atual resulta de uma colaboração com 33 laboratórios comerciais de análise de solo, integrantes da Rede Embrapa e usuários da tecnologia.



