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Preços do leite continuam em queda no varejo e ao produtor
De janeiro a outubro de 2023, o déficit na balança comercial de lácteos foi de US$ 838 milhões, correspondentes ao volume de 1.699 milhões de litros de leite equivalente.

Confira o boletim da Embrapa CiLeite do mês de novembro, que traz uma análise abrangente do cenário atual do mercado de leite, destacando nuances e tendências que impactam tanto produtores quanto consumidores.
No atacado os preços ficaram estáveis. Para o consumidor e para o produtor, no entanto, houve nova queda. A relação de troca leite/mistura continuou a piorar para o produtor e os preços internacionais continuam em elevação, ainda que em patamares historicamente baixos.
O preço do leite ao produtor sofreu a sexta queda mensal consecutiva neste ano, 8,9% em setembro. A maior disponibilidade com a safra e grande volume de importação explicam este comportamento. O preço médio nacional ficou em R$ 2,05 por litro, com queda de 28,0% nos últimos 12 meses.
A relação de troca leite/mistura do mês de setembro de 2023 piorou em relação ao mês anterior e também a setembro de 2022. Foram necessários 39,7 litros de leite para aquisição de 60 kg de mistura, contra 38,1 litros observados em setembro de 2022.
No varejo, o preço da cesta de lácteos caiu 2,8% em outubro/2023. Em 12 meses registrou queda de 6,8%, contrastando com a inflação brasileira, medida pelo IPCA, que registrou alta de 4,8%. Nenhum grupo de produtos registrou alta e a maior queda mensal foi do leite UHT (-5,5%).
As importações brasileiras de leite alcançaram o equivalente a 188,5 milhões de litros em outubro/23, volume bastante elevado, com expressiva alta de 25,9% no mês.
As exportações registram alta de 59,9% na comparação com outubro do ano passado e no mês subiram 25,1% com relação ao mês anterior. O volume embarcado no último mês foi de 7,7 milhões de litros-equivalentes.
De janeiro a outubro de 2023, o déficit na balança comercial de lácteos foi de US$ 838 milhões, correspondentes ao volume de 1.699 milhões de litros de leite equivalente.
O preço internacional do leite em pó integral sofreu leve queda de -0,8%, sendo cotado no início de novembro a US$ 2.971/tonelada. Neste mesmo mês, o leite em pó desnatado subiu 4,4%, comercializado a US$ 2.724/ tonelada.

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Tecnologias de avaliação genética agregam valor aos bovinos
Uma das tecnologias mais eficientes que se pode utilizar para acelerar o progresso genético do rebanho é um programa de acasalamentos dirigidos.

O cenário atual da pecuária não permite erros no planejamento estratégico. Estamos trabalhando com uma margem menor de lucro e grandes variações no principal produto comercializado, a arroba, que tem prejudicado o mercado. Diante disso, o criador está em busca de ferramentas e tecnologias que o ajudem a tomar decisões objetivas e precisas, que permitam maximizar seus lucros. E o melhoramento genético é uma dessas ferramentas.
O principal produto dentro de um programa de melhoramento genético é a avaliação genética dos animais, que é apresentada ao público em forma de uma ferramenta chamada DEP (Diferença Esperada na Progênie). A DEP prediz a habilidade de transmissão genética de um animal avaliado como progenitor, ou seja, nada mais é do que a diferença esperada na progênie de um animal em relação à média da população para cada característica avaliada.
Existem DEPs para características de crescimento, habilidade maternal, reprodução, fertilidade, qualidade de carne e carcaça, eficiência alimentar e avaliação morfológica, conforme cada programa de melhoramento genético. Além das DEPs, os programas de melhoramento também desenvolvem índices de seleção para facilitar a identificação de animais superiores, os quais agregam várias características de interesse econômico em um só valor.
Os índices disponíveis no mercado podem ser empíricos ou bioeconômicos, sendo que este último leva em consideração vários ponderadores na pecuária atual, como valor da arroba, insumos, câmbio, produtividade, entre outros. No entanto, as avaliações genéticas (DEPs) por si só não promovem o progresso genético e o consequente aumento da produtividade. O melhoramento genético só ocorrerá quando os resultados gerados na avaliação genética forem aplicados na seleção do rebanho.
Exemplo prático
A DEP deve ser interpretada de maneira comparativa dentro de uma base de dados e nunca em valores absolutos. Um exemplo prático é a comparação de um touro A com DEP de peso a desmama (P210) de 17 kg e um touro B com 5,8 kg de peso a desmama. A diferença de 11,2 kg entre eles significa que é esperado que as progênies do touro A produzam, em média, 11,2 kg a mais de peso na desmama que as progênies do touro B, sob as mesmas condições de criação. Essa diferença traz um lucro de R$ 109,10 por bezerro desmamado somente por ter selecionado um touro superior como reprodutor (touro A) para essa característica, considerando valor de R$ 9,74/kg de bezerro desmamado em 23/10/2023 (Scot Consultoria).
Outras ferramentas
Outras ferramentas e tecnologias que podem auxiliar o criador na busca do progresso genético de seus animais são os gráficos de evolução genética, que ajudam a comparar o desempenho do rebanho de várias fazendas, safra a safra, para todas as características avaliadas. Uma outra tecnologia muito importante na seleção e multiplicação de animais jovens, e consequente incremento no ganho genético, é a genômica, que aumenta a acurácia das informações, trazendo maior confiabilidade para o criador na tomada de decisões.
Uma ferramenta adicional para agregar valor aos animais é o CEIP (Certificado Especial de Identificação e Produção), que certifica os melhores animais de cada safra nos rebanhos P.O. e comercial.
Além das tecnologias já mencionadas, uma das mais eficientes que se pode utilizar para acelerar o progresso genético do rebanho é um programa de acasalamentos dirigidos, através do qual é possível obter a projeção genética das progênies considerando a maximização das DEPs, o que garante a variabilidade genética e o controle da consanguinidade.

Alexsandro Patrício Silva Santos – Foto: Divulgação/ANPC
Existem ganhos genéticos por correlações das características, porém a seleção direta para a característica de interesse da fazenda é a melhor maneira de obter resultados rápidos. A cada safra, a evolução genética do rebanho nacional é evidente, por consequência do uso das avaliações genéticas/genômica, que aceleram o ganho genético do rebanho com alta confiabilidade das informações, e da FIV, na reprodução dos animais jovens.
É preciso mensurar
Sem mensurar, não é possível gerar ponderadores para as fazendas, e sem valores, não é possível selecionar de maneira eficiente. Por isso, as tecnologias e ferramentas em genética são fundamentais para qualquer seleção de gado P.O. ou comercial e consequente aumento da produtividade e lucratividade dos rebanhos.
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Especialistas abordam impacto das micotoxinas e colostragem de bezerras

O médico-veterinário Carlos Augusto Mallmann apresentou os impactos das micotoxinas na produção de leite, durante o 12º Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL). As micotoxinas são metabólitos secundários sintetizados por fungos, tóxicos para animais e seres humanos. Na cadeia produtiva do leite, podem acometer o sistema de defesa dos animais, bem como outros sistemas, causando perdas econômicas consideráveis para o produtor.
O palestrante trouxe ponderações sobre a ocorrência das micotoxinas, seus efeitos na cadeia de produção de leite e medidas mitigadoras. De acordo com Mallmann, o Brasil é pioneiro em reconhecer o problema e buscar soluções para as micotoxinas, com estudos e uma legislação avançada sobre o assunto. Ainda assim, há vários desafios no controle.
Algumas das principais micotoxinas são aflatoxinas (AFs), fumonisinas (FBs), ocratoxinas (OTs), desoxinivalenol (DON), zearalenona (ZEN) e a Toxina T-2. Já entre os métodos mais utilizados para detectar essas substâncias, o pesquisador citou técnicas como a Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC) e o ensaio de imunoabsorção enzimática (Elisa). “Geralmente o diagnóstico é feito quando o prejuízo já está avançado. E é difícil detectar sinais clínicos”, salientou.

Médico veterinário Carlos Augusto Mallmann – Foto: Divulgação/MB Comunicação
Mallmann ressaltou que as micotoxinas afetam diretamente a produtividade e, por consequência, o desempenho econômico da propriedade. “É um risco e precisamos alertar o produtor. Há soluções como aditivos, que são produtos de fácil acesso para incluir na ração. “Temos que nos preocupar com os bezerros, por terem capacidade de metabolização inferior, mas, ao mesmo tempo, protegermos as vacas adultas no período de lactação, para evitar a contaminação do leite e os danos à indústria”.
Colostragem
A segunda palestra do painel, com a médica veterinária Sandra Gesteira, tratou da colostragem em bezerras. A administração adequada de colostro nas primeiras horas de vida vai garantir que as bezerras recebam uma importante fonte de anticorpos, por conta da absorção intestinal de imunoglobulinas, que contribuirão para proteger esses animais contra doenças e reduzir índices de mortalidade.

Sandra Gesteira palestra sobre a colostragem em bezerras – Foto: Divulgação/MB Comunicação
Segundo Sandra, os aspectos que mais afetam a qualidade do colostro são a dieta, influências das estações, duração do período seco, quadros de mastite antes de a vaca parir, ordenha, ordem de parto, raça, bem como características individuais. Quanto à raça, por exemplo, a concentração menor de imunoglobulinas no gado holandês e no gado pardo suíço trará mais desafios para uma boa colostragem. Já em relação ao período seco, é importante respeitar essa fase para preparar a vaca para a próxima lactação. “Precisamos manejar vacas no pós- parto para que tenham conforto e a qualidade do colostro não seja afetada”, pontuou.
É fundamental, ainda, ter atenção para a ordem do parto. “Assim que o animal entra em trabalho de parto terá um pico de prolactina, fundamental para que haja proteína no leite. Assim que a prolactina age, não passará mais imunoglobulinas pelos alvéolos. Por isso, quanto mais tempo demoramos para obter colostro após o parto, mais esse colostro vai sendo diluído e perderá qualidade”.
Outra forma de melhorar o colostro é vacinar as vacas no pré-parto, conforme estudo apresentado pela palestrante. “Além de controlar especificamente a diarreia infecciosa em bezerros, observamos que a vacina melhora a qualidade do colostro, ao aumentar as concentrações de IgM colostral”.
Para garantir que não falte colostro de qualidade na propriedade, uma alternativa essencial destacada pela especialista é a criação de bancos de colostro. “É um desafio conseguirmos sempre um bom colostro na fazenda, e os bancos são uma garantia para que não falte este componente tão importante”.
Além do seu papel essencial no desenvolvimento dos bezerros, pesquisas demonstram o potencial da comercialização do colostro para uso humano. “É uma substância que pode ser usada em nutracêuticos, para melhorar a qualidade intestinal, em alimentos funcionais, para reduzir infecções gastrointestinais e respiratórias, para melhorar a performance de atletas, fortificar o leite consumido por crianças e pela indústria de cosméticos”.
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Custo da pecuária leiteira cai, mas receita recua com ainda mais força
Os recuos, em boa parte do ano, nos valores de comercialização de importantes insumos, como rações, adubos, corretivos, e diesel, favoreceram a retração dos custos produtivos.

O Custo Operacional Efetivo (COE) da pecuária leiteira apresenta retração acumulada de 5,4% de janeiro a outubro de 2023 – considerando- -se a “Média Brasil”, que é formada pelas bacias leiteiras de Bahia, Goiás, Minas Gerais, Santa Catarina, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Os recuos, em boa parte do ano, nos valores de comercialização de importantes insumos, como rações, adubos, corretivos, e diesel, favoreceram a retração dos custos produtivos. Porém, com as sucessivas retrações no preço do leite pago ao produtor no período (queda real 21,4% desde janeiro, também na média nacional), a receita e, consequentemente, as margens foram se estreitando.
O Cepea estima que, de janeiro a outubro de 2023, a receita total das fazendas modais recuou 19% na “Média Brasil” e a margem bruta (receita – COE), expressivos 55%. A distância entre as desvalorizações dos grãos e as observadas nos produtos de dieta comercializados em revendas e em casas agropecuárias explica, pelo menos em parte, esse movimento.
Enquanto o preço do milho – principal componente energético – apresentou forte recuo de 31% nos primeiros 10 meses do ano (Indicador Esalq/BM&FBovespa, base Campinas – SP), no mesmo período, o grupo de insumos formado pelos concentrados teve queda de apenas 10% na “Média Brasil”.
A transmissão de preços ao produtor, a margem das revendas, o frete e os custos de fabricação desses insumos podem justificar essa diferença. Em outubro, especificamente, acompanhando a valorização ocorrida para o milho, os insumos dessa categoria voltaram a subir na maioria dos estados acompanhados, resultando em uma leve alta na “Média Brasil”.
Quanto ao grupo de adubos e corretivos, quedas foram registradas especialmente em alguns formulados, enquanto que adubos à base de ureia e fósforo apresentaram elevação nas cotações – impulsionadas pela valorização externa. Retrações no preço do diesel em grande parte das regiões acompanhadas resultaram em queda nos custos com as operações mecânicas de reforma e manutenção realizadas na propriedade no mês.
Relação de troca
Em setembro, o produtor de leite precisou de 26,6 litros de leite para a aquisição de uma saca de 60 kg de milho, 12,3% a mais do que em agosto. A desvalorização do leite no período e a alta no preço do milho influenciaram essa piora na relação de troca do pecuarista leiteiro. A relação de troca se aproximou da média dos últimos 12 meses, de 27,9 litros/saca.

Fonte: Cepea-Esalq/USP.