Suínos Suinocultura
Preço do suíno no mercado doméstico e volumes exportados se aproximam de recordes históricos
Mercado doméstico aquecido e exportações de vento em popa mantém o preço do suíno em alta
Embora a última semana de julho tenha apresentado volumes relativamente baixos de exportação (13,6 mil toneladas), quando comparada com outras semanas deste ano, o mês encerrou com um volume muito próximo do recorde mensal que até então havia sido atingido no mês de maio, quando foram exportadas 90,7 mil toneladas de carne suína in natura (MDIC). Já em agosto no acumulado das três primeiras semanas, foram embarcadas 62.742 toneladas, ou seja, pouco mais de 4 mil toneladas por dia útil. Com mais seis dias úteis, mantidas as médias diárias, o esperado é que o mês feche um pouco abaixo de 90 mil toneladas, mantendo a média dos meses anteriores.
Tabela 1. Volumes exportados de carne suína brasileira in natura de janeiro a julho de 2020 e dados mensais de 2019 (em toneladas). Fonte MDIC
O aumento das exportações para o Vietnã, chama a atenção (tabela 2), especialmente no mês de julho quando foram embarcadas quase 7 mil toneladas de carne suína brasileira para este destino. Com cerca de 100 milhões de habitantes, o Vietnã é um importante produtor e consumidor de carne suína e, em função da entrada da Peste Suína Africana no ano passado, importou ao redor de 67 mil toneladas de carne de suína. Para este ano a estimativa é de mais de 100 mil toneladas importadas e, com a recente habilitação de novas plantas, o Brasil é um importante fornecedor para este destino. Porém, nossa dependência das exportações para China e Hong Kong está cada vez maior (tabela 2), fechando estes primeiros 7 meses do ano em quase 70% de todo o embarque, sendo que a China aumentou em quase 140% sua compra em relação ao mesmo período de 2019 (tabela 1).
Tabela 2. Relação dos seis principais destinos das exportações de carne suína brasileira in natura de janeiro a julho de 2020 e a comparação como mesmo período de 2019. A dependência maior de China e Hong Kong não se limita ao aumento do volume exportado para estes destinos, mas também a redução de quase 14% (em torno de 26 mil toneladas) que foram embarcadas a menos para todos os demais países na comparação com o mesmo período do ano passado. Fonte MDIC.
Além das exportações, as altas nas cotações do suíno vivo foram amplificadas (gráfico 1) pela baixa oferta de animais em peso ideal para abate e a reabertura parcial do comércio em importantes regiões consumidoras. Segundo o CEPEA, os valores médios do suíno atingiram patamares recordes reais da série do Cepea, iniciada em 2002. Em julho, no Oeste Catarinense, a elevação no mês foi de 22,7%; no Sudoeste Paranaense, a valorização mensal foi de 24,5%; em Ponte Nova (MG), a valorização mensal do suíno vivo foi de 20,7%. Ainda, segundo o CEPEA, no atacado da Grande São Paulo, a carcaça especial suína teve valorização de 19,3% de junho para julho, atingindo R$ 8,54/kg no último mês. Para a carcaça comum, a alta no preço foi de 18,6% no mesmo período, cotada a R$ 8,18/kg.
Recorde real (corrigido pelo IGP-DI) de preço pago pelo kg do suíno vivo até então registrado pelo CEPEA foi de R$ 7,78 em dezembro de 2004, na região de Ponte Nova (MG). Recentemente, no dia 13/08/2020, a Bolsa de BH (BSEMG) estabeleceu recorde histórico, fechando acordo em R$ 7,80.
Gráfico 1. Evolução preço do suíno vivo (R$/kg vivo), em cinco estados (MG, SP, PR, RS e SC), nos últimos 12 meses (até 14/08/2020). Fonte: CEPEA.
Já o “descolamento” do preço de Minas Gerais observado em relação aos outros estados, iniciado na segunda quinzena de abril, atingiu seu ápice no mês de junho e continua em queda, voltando a patamares abaixo de 3% e mostrando que o restante do Brasil também ganha velocidade na recuperação dos valores pagos aos produtores (gráfico 2).
Gráfico 2. Preço pago pelo do suíno vivo (R$/kg) em Minas Gerais e São Paulo desde final de abril de 2020 e diferença percentual entre os dois estados. A linha preta mostra como o “descolamento” se manteve alto (ultrapassando 10%) em favor de MG durante os meses de maio e junho, porém, desde o início de julho vem se reaproximando do preço de São Paulo, com nítida reversão de tendência. Fonte: CEPEA.
Este crescimento vertiginoso de preços do suíno no mercado independente de todo Brasil gera o natural questionamento: será que a carne suína está muito cara para o consumidor? A resposta a esta pergunta não pode se basear somente nos números absolutos ou percentuais de aumento de preço, provocados na evidente escassez de suínos disponíveis para abastecer o mercado doméstico. Também é preciso acompanhar a evolução dos preços do boi gordo, pois a alta da carne bovina dá mais espaço para a competitividade da carne suína no varejo. Segundo o CEPEA, a parcial de agosto (até o dia 12), o Indicador CEPEA/B3 (São Paulo, à vista) registrou média de R$ 226,97 por @ de boi gordo (gráfico 3), o maior valor, em termos reais, considerando-se toda a série do Cepea, iniciada em 1994 (valores deflacionados pelo IGP-DI).
Segundo o Cepea, além da baixa oferta de animais prontos para abate, a aquecida demanda internacional, segue sustentando as cotações domésticas. O total exportado de carne bovina no acumulado deste ano (até julho) é de 16,4% a mais que o mesmo período do ano passado (MDIC). A China se destaca com o maior crescimento, com 451,8 mil toneladas exportadas entre janeiro e julho de 2020, contra 175 mil toneladas no mesmo período do ano passado (crescimento de 158,2%).
Gráfico 3. Evolução do preço da @ do boi gordo, no estado de São Paulo, nos últimos 2 anos (até 14/08/2020). Fonte: CEPEA.
Dados de abate do primeiro trimestre de 2020 demonstram a força da suinocultura brasileira
Os dados preliminares de abate de animais no segundo trimestre de 2020 publicados pelo IBGE no último dia 12, demonstram uma tendência que já vem se constatando há alguns anos. A produção de carne suína vem crescendo de forma contínua e consistente, em relação às carnes de frango e bovina (tabela 3).
Dados preliminares de abate fiscalizado (SIF, SIE, SISBI e SIM) do primeiro semestre no Brasil das três principais proteínas e comparativo com produção do primeiro e segundo semestres de 2019. A projeção para o ano de 2020 é baseada na repetição dos números do primeiro semestre no segundo. Dados do IBGE.
A produção de suínos no primeiro semestre de 2020, em relação ao mesmo período do ano passado teve crescimento tanto no número de animais abatidos (+5,46%), quanto no peso médio (+2,24%) o que determinou um crescimento no volume total produzido na ordem de 7,82%. Mantidas as médias do primeiro semestre até o final de 2020 teremos um incremento em relação ao ano passado ao redor de 5%, consolidando a carne suína como a proteína que mais cresce no país, o que também pode ser demonstrado nos números dos últimos anos na tabela 4, a seguir, quando a produção de carne suína subiu mais de 20% de 2015 a 2019.
Dados consolidados de abate fiscalizado (SIF, SIE, SISBI e SIM) de 2015 a 2019, mostrando crescimento significativo, contínuo e consistente da produção de suínos, percentualmente muito maior que das demais proteínas. Dados do IBGE.
Extrapolando estes números de produção, ainda preliminares do IBGE, e subtraindo os dados de exportação, é possível estimar a quantas anda o consumo interno per capita (gráfico 4). E, apesar da crise econômica e sanitária causada pela Covid-19, e da maior exportação que pressiona os preços de mercado interno para cima, o consumo do brasileiro continua relativamente alto, sendo que no primeiro semestre de 2020, estima-se um aumento no consumo per capita ano de mais de 380g (2,36%) em relação ao mesmo período do ano passado, considerando a mesma população.
Gráfico 4. Evolução trimestral da produção, exportação (ton) e consumo per capita doméstico (kg) de carne suína, de 2019 a 2020. Sobre dados do IBGE e MDIC. Considerada população fixa de 211 milhões de habitantes.
Produção nacional recorde de milho e risco de desabastecimento de farelo de soja
Com a supervalorização da soja e do milho, o custo de produção tem se mantido em alta, mas em função da recuperação significativa do preço do suíno nos últimos meses, a relação de troca entre o valor do suíno e os principais insumos (milho e farelo de soja), voltou a subir (gráfico 5), o que determina margem de lucro na atividade. A grande preocupação é a tendência de alta dos insumos até a entrada da safra verão 2020/21 e, principalmente o risco de desabastecimento, em especial, do farelo de soja.
Gráfico 5. Relação de troca (kg suíno/kg de milho e kg suíno/kg do farelo de soja) de julho/19 a julho/20, mostrando reação positiva nos últimos dois meses. Fonte: CEPEA
Milho
A CONAB divulgou o 11º levantamento da safra 2019/20, projetando a segunda safra de milho, já na reta final da colheita, para um total de 74,92 milhões de toneladas, um aumento de 1,4 milhões de ton. em relação ao levantamento anterior. Se concretizado este número, a safra total de milho (2019/20) chegará no valor recorde de 102,1 milhões de toneladas.As exportações acumuladas de janeiro a julho ainda estão 51% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado. Ainda segundo a CONAB, para atingir a estimativa de 34,5 milhões de toneladas a serem exportadas para este ano-safra, o Brasil deve embarcar uma média mensal de 4,8 milhões de toneladas até janeiro de 2021. Neste ritmo, os estoques finais estão estimados em 10,3 milhões de toneladas. Porém, só na primeira semana de agosto foram embarcados 2,04 milhões de toneladas (MDIC). É preciso ficar atento aos volumes exportados nos próximos meses, mas, a princípio, não deve faltar milho. Agricultores, relativamente capitalizados, mostram-se bastante parcimoniosos na venda do grão, o que tem mantido o valor do milho em alta mesmo durante o auge da colheita da segunda safra (gráfico 6).
Gráfico 6. Evolução preço do milho (R$/saca de 60 kg), nos últimos 60 dias (até 12/08/2020). Fonte: CEPEA.
Soja
A soja continua batendo recordes sucessivos de preço no mercado doméstico (gráfico 7) e embarques. A estimativa das exportações brasileiras de soja em grãos continua muito aquecida devido aos fortes volumes de comercialização antecipada da safra 2019/20 e dólar elevado. As exportações acumuladas de janeiro a julho de 2020 se aproximaram de 71 milhões de toneladas (MDIC), enquanto, no mesmo período de 2019, esse valor era de 51,17 milhões de toneladas. Segundo a CONAB, a estimativa é que o Brasil exporte aproximadamente 82 milhões de toneladas de soja em grãos em 2020, e a demanda interna esperada (esmagamento e outros usos) é de 47,6 milhões de toneladas, totalizando 129,6 milhões de toneladas. Como o estoque de passagem de 2019 para 2020 foi muito baixo e a produção em 2020 foi de 121 milhões de toneladas haverá um déficit de soja de mais de 8 milhões de toneladas. Alguns analistas acreditam que, dependendo do câmbio e da demanda chinesa, as exportações da oleaginosa podem chegar próximo a 88 milhões de toneladas, o que agravaria o risco de desabastecimento do mercado interno. Mais recentemente, no dia 13 de agosto, a Agência Nacional de Petróleo (ANP), determinou a redução temporária do percentual de mistura obrigatória do biodiesel ao óleo diesel dos atuais 12% para 10% no bimestre de setembro e outubro de 2020. Este é um fator que deve reduzir a demanda por esmagamento no país, diminuindo ainda mais a oferta de farelo de soja. O quadro indica alto risco de desabastecimento de soja e seus derivados e é um fator de real preocupação para o setor até a entrada da próxima safra, em janeiro de 2021.
Gráfico 7. Evolução do preço da soja no Paraná (R$/saca de 60 kg), nos últimos 6 meses (até 13/08/2020). Fonte: CEPEA.
Mensagem final aos suinocultores
Para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, os dados preliminares são motivo de orgulho para os suinocultores, “pois demonstram que a atividade pecuária é a que mais cresce nos últimos anos, mesmo diante de sucessivas crises.” Segundo ele, isto ratifica a resiliência e competência dos produtores e é também resultado de um trabalho de muitos anos da ABCS e suas filiadas junto ao varejo e o consumidor pois, embora o mercado de exportação tenha crescido significativamente no último ano, o mercado interno continua sendo o destino de mais de 80% da produção brasileira. “As boas margens financeiras registradas nas últimas semanas, determinam a retomada da agenda de modernização de nossas granjas, adequando-as às crescentes exigências do mercado consumidor. O foco na compra estratégica e antecipada de insumos é outro ponto que deve merecer cada vez mais atenção do setor daqui para frente, em um caminho sem volta”, conclui.
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Importância do diagnóstico para controle de diarreia em leitões de maternidade
Ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais.
Artigo escrito por Lucas Avelino Rezende, consultor de Serviços Técnicos de suínos na Agroceres Multimix
Uma das causas mais frequentes de morte de leitões na maternidade, sem dúvidas, é a diarreia neonatal, que pode ser causada por diversos fatores, incluindo infecções bacterianas, virais ou parasitárias, bem como problemas nutricionais ou ambientais.
Por ser multifatorial, a simples presença de patógenos entéricos nem sempre é suficiente para produzir doença clínica. Diante disso, é importante saber que é necessário haver uma interação hospedeiro-ambiente-patógeno. Diferenças em práticas específicas de manejo e ambiente, bem como características do animal e do rebanho, podem influenciar muito o risco de ocorrência da doença.
Alguns fatores podem contribuir para o aumento na ocorrência da diarreia pré-desmame, como: leitões de baixo peso ao nascer, baixa temperatura ambiental levando ao estresse pelo frio, higiene ruim da gaiola de parição, ingestão de leite e colostro insuficientes e o número insuficiente de tetos para a prole.
As principais causas infecciosas de diarreia em leitões na maternidade no Brasil são as Clostridioses, Colibacilose, Rotaviroses e Coccidiose. Em alguns casos, a coinfecção de dois ou mais agentes podem estar presentes e agravar o caso de diarreia.
A sobrevivência de leitões é influenciada por vários fatores, incluindo ordem de nascimento, peso ao nascer, ingestão de colostro e níveis séricos de imunoglobulina G (IgG). Esses fatores interagem de maneiras complexas para determinar a suscetibilidade do leitão a doenças e a saúde geral.
Um importante ponto para entender a dinâmica do surgimento de diarreias na maternidade é a avaliação da ingestão de colostro pelos leitões, uma vez que é essencial para a imunidade passiva dos leitões recém-nascidos, já que não há transferência de imunoglobulinas e outros componentes da imunidade materna para os leitões via transplacentária.
De modo geral, granjas com baixo peso ao nascimento ou uma grande variabilidade do tamanho dos leitões nascidos são aquelas mais desafiadas com diarreias na maternidade, porque leitões com menor peso ao nascer podem ter dificuldade em consumir colostro suficiente, resultando em níveis mais baixos de IgG e maior suscetibilidade a infecções.
O diagnóstico clínico da causa da diarreia em leitões pode ser subjetivo e propenso a erros. Fatores como estresse, condições ambientais e outros problemas de saúde subjacentes podem ser muito semelhantes aos sintomas da diarreia. Para isso, devemos desenvolver critérios de diagnóstico mais objetivos para diarreia em leitões, como: monitorar os leitões desde o nascimento, permitindo a detecção precoce da doença, incorporar testes laboratoriais (por exemplo, consistência fecal, pH e níveis de eletrólitos), realizar necropsias e exames complementares a detecção viral ou bacteriana, como histopatologia e imuno-histoquímica.
Diagnóstico
Um diagnóstico preciso ajuda a determinar a etiologia da diarreia, que pode variar desde infecções bacterianas, virais ou parasitárias, até problemas metabólicos ou nutricionais. Um dos pilares para isso é a coleta adequada de amostras. Ela permite a identificação dos agentes etiológicos, avaliação da resposta imune e a monitorização da eficácia das terapias.
A escolha do tipo de amostra dependerá do agente etiológico suspeito e dos objetivos do exame. As amostras mais comuns incluem:
- Fezes: A coleta de fezes é o método mais simples e acessível. É importante coletar amostras frescas e representativas de diferentes animais do lote. Para suspeitas virais é importante coletar sempre de animais na fase aguda da doença, quando a eliminação viral é maior. Para casos de suspeita parasitária é importante associar o diagnostico com histopatologia, uma vez que a eliminação do Cystoisospora é intermitente.
- Sangue: A análise do sangue permite avaliar a resposta imune, a presença de anticorpos e detectar alterações bioquímicas.
- Conteúdo intestinal: A coleta do conteúdo intestinal é indicada para a identificação de patógenos que colonizam o intestino delgado ou grosso.
- Tecidos: A coleta de tecidos para histopatologia é parte fundamental e complementar as análises de cultivo bacteriano e detecção viral nas fazes ou conteúdo intestinal.
A coleta de amostras deve ser realizada de forma cuidadosa para evitar a contaminação e garantir a qualidade do material. Os recipientes utilizados para a coleta das amostras devem estar limpos e esterilizados para evitar a contaminação por outros microrganismos. De modo geral, é importante que as amostras sejam bem refrigeradas e nunca congeladas, uma vez que o processo de congelamento pode inviabilizar o cultivo bacteriano.
Após a coleta das amostras, diversos métodos podem ser utilizados para o diagnóstico, dentre eles cultura que possibilita a identificação e o isolamento de bactérias, PCR que detecta a presença de DNA ou RNA de vírus, bactérias com alta especificidade, sorologia para pesquisa de anticorpos contra os agentes infecciosos, indicando uma infecção prévia ou atual e a histopatologia que permite a avaliação de lesões histológicas e a identificação de agentes infecciosos em tecidos.
A histopatologia desempenha um papel crucial no diagnóstico preciso de doenças intestinais em leitões. Através da análise microscópica de tecidos, é possível identificar lesões características de diversas doenças, auxiliando na diferenciação entre condições infecciosas, inflamatórias, neoplásicas e degenerativas.
A escolha do método de coleta de amostra e do exame laboratorial dependerá do agente etiológico suspeito, da fase da doença e dos recursos disponíveis. A correta coleta e o transporte das amostras são essenciais para garantir a qualidade dos resultados.
A interpretação correta dos resultados dos exames laboratoriais é crucial para o diagnóstico preciso e o tratamento adequado da diarreia em leitões. Ela envolve a análise dos dados obtidos, a correlação com os sinais clínicos e a consideração de outros fatores, como a idade dos animais, as condições de manejo e a história epidemiológica do plantel.
Em resumo, o diagnóstico é uma ferramenta essencial no combate à diarreia em leitões de maternidade, uma vez que permite ações direcionadas e eficazes para controlar e prevenir a doença, garantindo a saúde e o bem-estar dos animais.
As referências bibliográficas estão com o autor. Contato: marketing.nutricao@agroceres.com.
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Suínos
Especialista evidencia importância de os profissionais da cadeia suinícola entenderem o que é sustentabilidade
Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção.
Na suinocultura, a sustentabilidade se tornou um dos principais desafios enfrentados pelos profissionais do setor. O médico-veterinário José Francisco Miranda, especialista em Qualidade de Alimentos, destaca que a compreensão desse conceito é fundamental para que zootecnistas e veterinários contribuam efetivamente para a produção sustentável de suínos. “É preciso entender que a sustentabilidade não é custo, mas investimento”, afirma.
Ele ressalta que, ao longo dos últimos 15 anos, a discussão sobre práticas sustentáveis esteve frequentemente atrelada a um aumento nos custos, envolvendo ações como o plantio de árvores e a adequação da dieta dos animais. “Essas práticas eram vistas como um custo, o profissional precisa desmistificar essa visão. Na verdade, boas práticas de produção estão intimamente ligadas a resultados positivos”, explica.
Para Miranda, a eficiência na conversão alimentar é um exemplo claro de como sustentabilidade e produtividade caminham juntas. “Não existe produção com alta conversão alimentar que não seja sustentável. Os números de emissões são baixos quando a eficiência é alta”, ressalta.
Um ponto destacado pelo especialista é o papel dos zootecnistas e nutricionistas na cadeia produtiva. “Esses profissionais são fundamentais para a gestão do custo da indústria, pois a ração representa cerca de 70% do custo de produção. E cada vez mais eles terão um papel significativo na implantação da sustentabilidade dentro das empresas”, afirma.
O entendimento das análises de sustentabilidade e das tecnologias disponíveis é essencial. Miranda menciona, como exemplo, o uso de aditivos nutricionais, como a protease, que permite reduzir a quantidade de soja na ração. “Com isso, é possível diminuir a pegada de carbono em até 12%. No entanto, menos de 40% dos produtores no mundo utilizam essa tecnologia, o que revela uma falta de informação e confiança na eficácia desses produtos”, expõe.
Comunicação e conscientização
Para que as informações sobre sustentabilidade sejam disseminadas na suinocultura é fundamental que os profissionais comuniquem os benefícios dessas práticas não apenas entre si, mas também para a alta direção das empresas. “Os profissionais precisam trazer essa informação para a gestão, conscientes de que a sustentabilidade deve ser uma estratégia de crescimento, não apenas uma preocupação financeira”, destaca Miranda.
O especialista também ressalta a importância de uma colaboração entre academia, indústria e governo para facilitar a adoção de novas tecnologias. “Cada parte da cadeia produtiva deve contribuir para acelerar esse processo. É um esforço coletivo que envolve desde a produção até a comercialização”, enfatiza.
Compromisso do setor
Miranda acredita que o setor está comprometido com a adoção de práticas sustentáveis, embora reconheça a necessidade de discussão sobre o que é realmente necessário para essa transição. “As empresas entendem que a sustentabilidade traz benefícios não apenas para o planeta, mas também para sua própria lucratividade, mas é preciso acelerar a implementação destas práticas sustentáveis”, frisa,
Para se destacar neste cenário, Miranda enfatiza que os profissionais devem se aprofundar nas análises de sustentabilidade e na análise do ciclo de vida dos produtos. “Um bom profissional deve entender desde a produção do grão até o produto final que chega ao consumidor. Se ele se restringir a uma única área, pode perder de vista os benefícios que sua atuação pode trazer para toda a cadeia”, salienta.
A visão do especialista reforça que a sustentabilidade na suinocultura não é uma tendência passageira, mas uma necessidade imediata. “A adoção de práticas sustentáveis, aliada ao conhecimento técnico e científico, é fundamental para garantir um futuro mais responsável e eficiente para a indústria suinícola”, afirma.
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Suínos
Suinocultura teve ano de recuperação, mas cenário é de cautela
Conjuntura foi apresentada ao longo de reunião da Comissão Técnica de Suinocultura da Faep. Encontro também abordou segurança do trabalho em granjas de suínos.
Depois de dois anos difíceis, a suinocultura paranaense iniciou um período de recuperação em 2024. As perspectivas para o fim deste ano são positivas, mas os primeiros meses de 2025 vão exigir cautela dos produtores rurais, que devem ficar de olho em alguns pontos críticos. O cenário foi apresentado em reunião da Comissão Técnica (CT) de Suinocultura do Sistema Faep, realizada na última terça-feira (19). Os apontamentos foram feitos em palestra proferida por Rafael Ribeiro de Lima Filho, assessor técnico da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). A mesma conjuntura consta do levantamento de custos de produção do Sistema Faep, que será publicado nos próximos dias.
O setor começou a se recuperar já em janeiro deste ano, com a retomada dos preços. Até novembro, o preço do suíno vivo no Paraná acumulou aumento de 54,4%, com a valorização se acentuando a partir de março. No atacado, o preço da carcaça especial também seguiu esse movimento. A recomposição ajudou o produtor a se refazer de um período em que a atividade trabalhou no vermelho.
Por outro lado, a valorização da carne suína também serve de alerta. Com o aumento de preços, os produtos da suinocultura perdem competitividade, principalmente em relação à carne de frango, que teve alta bem menor ao longo ano: o preço subiu 7,7%, entre janeiro e novembro. Com isso, a tendência é que o frango possa ganhar a preferência do consumidor, em razão dos preços mais vantajosos.
“Temos que nos atentar com a competitividade da carne suína em relação a outras proteínas. Com seus preços subindo bem menos, o frango se tornou mais competitividade. Isso é um ponto de atenção para a suinocultura, neste cenário”, assinalou Lima Filho.
Exportações
Com 381,6 mil matrizes, o Paraná mantém 18% do rebanho brasileiro de suínos. A produção nacional está em estabilidade nos últimos três anos, mas houve uma mudança no portifólio de exportações paranaenses. Com a recomposição de seus rebanhos, a China reduziu as importações de suínos. O país asiático – que chegou a ser o destino de 40% das vendas externas paranaenses em 2019 – vai fechar 2024 com a aquisição de 17% das exportações de suínos do Paraná.
Em contrapartida, os embarques para as Filipinas aumentaram e já respondem por 18% das vendas externas de carne suína do Estado. Entre os destinos crescentes, também aparece o Chile, como destino de 9% das exportações de produtos da suinocultura paranaense. Nesse cenário, o Paraná deve fechar o ano com um aumento de 9% no volume exportado em relação a 2023, atingindo 978 mil toneladas. Os preços, em compensação, estão 2,3% menores. “Apesar disso, as margens de preço começaram a melhorar no segundo semestre”, observou Lima Filho.
Perspectivas
Diante deste cenário, as perspectivas são positivas para este final de ano. O assessor técnico da CNA destaca fatores positivos, como o recebimento do 13º salário pelos trabalhadores, o período de férias e as festas de final de ano. Segundo Lima Filho, tudo isso provoca o aquecimento da economia e tende a aumentar o consumo de carne suína. “A demanda interna aquecida e as exportações em bons volumes devem manter os preços do suíno vivo e da carne sustentados no final deste ano, mantendo um momento positivo para o produtor”, observou o palestrante.
Para 2025, se espera um tímido crescimento de 1,2% no rebanho de suínos, com produção aumentando em 1,6%. As exportações devem crescer 3%, segundo as projeções. Apesar disso, por questões sazonais, os produtores podem esperar uma redução de consumo nos dois primeiros meses de 2025. “É um período em que as pessoas tendem a ter mais contas para pagar, como alguns impostos. Além disso, a maior concorrência da carne de frango pode impactar a demanda doméstica”, disse Lima Filho.
Além disso, o aumento nos preços registrados neste ano pode estimular o alojamento de suínos em 2025. Com isso, pode haver uma futura pressão nos preços nas granjas e nas indústrias. Ou seja, o produtor deve ficar de olho no possível aumento dos custos de produção, puxado principalmente pelo preço do milho, da mão de obra e da energia elétrica. “O cenário continua positivo para a exportação, mas o cenário para o ano que vem é de cautela. O produtor deve se planejar e traçar suas estratégias para essa conjuntura”, apontou o assessor da CNA.
Segurança do trabalho
Além disso, a reunião da CT de Suinocultura da FAEP também contou com uma palestra sobre segurança do trabalho em granjas de suínos. O engenheiro e segurança do trabalho e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Sandro Andrioli Bittencourt, abordou as Normas Regulamentadoras (NRs) que visam prevenir acidentes de trabalho e garantir a segurança e o bem-estar dos trabalhadores.
Entre as normativas detalhadas na apresentação estão a NR-31 (que estabelece as regras de segurança do trabalho no setor agropecuário), a NR-33 (que diz respeito aos espaços confinados, como silos, túneis e moegas) e a NR-35 (que versa sobre trabalho em altura). Em seu catálogo de cursos, o Sistema Faep dispõe de capacitações para cada uma dessas regulamentações.