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Preço do suíno demonstra reação após o agravamento da crise, aponta ABCS
Boletim de Mercado da ABCS referente o mês de abril apresenta um cenário das exportações, preços dos grãos e um panorama completo do mercado da suinocultura brasileira. Confira!

A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) divulgou, na última sexta-feira (29), o Boletim de Mercado referente o mês de abril, apresentando um cenário das exportações, preços dos grãos e um panorama completo do mercado da suinocultura brasileira. De acordo com a entidade, o mês de abril iniciou com o preço pago ao produtor em queda em todas as praças. O mercado de carcaças em São Paulo experimentou algo inédito entre 06 e 11 de abril, quando os índices de preço do atacado do frango resfriado ultrapassaram o preço da carcaça suína especial (Gráfico 1).

Gráfico 1 – Preço da carcaça especial suína (R$/kg) e da carcaça resfriada de frango no atacado (R$/kg) e o spread (%) entre as duas carnes, em São Paulo (SP), ao longo do mês de abril/2022. Elaborado por Iuri P. Machado com dados do Cepea.
O gráfico 1 evidencia ainda a mudança de viés de preço das carcaças suínas a partir da metade do mês. A bolsa de Belo Horizonte é um bom exemplo da recuperação, que após uma primeira semana de abril em queda, com a cotação fechando a R$ 5,80/kg vivo (em 07 de abril), posteriormente houve uma reação significativa, com a bolsa fechando a R$ 7 em 28 de abril, um aumento de 20,7 % em apenas três semanas.
De acordo com o consultor de mercado da ABCS, Iuri Pinheiro Machado é necessário analisar os primeiros dias de maio para verificar se a recuperação foi bolha pós-quaresma, fôlego pré Dia das Mães ou ainda se representa o início de uma recuperação efetiva.
Exportações de carne in natura
Na Tabela 1 é possível perceber que o volume de exportações de carne in natura do primeiro trimestre de 2022 foi muito parecido com o mesmo período do ano passado, fechando com quase 11 mil toneladas a menos (-4,84%).

Tabela 1 – Volumes exportados totais e para a China de carne suína brasileira in natura nos primeiros três meses dos anos de 2020, 2021 e 2022 (em toneladas) e comparativo da diferença percentual entre 2022 e 2021. Elaborado por Iuri P. Machado com dados da Secex
No acumulado de abril, até o dia 22, faltando uma semana para acabar o mês, as exportações de carne suína in natura estavam em ritmo satisfatório, com média diária de 4,8 mil toneladas, 10% a mais que abril do ano passado e com valor médio de US$ 2,216 por quilograma, indicando uma reação ainda tímida, mas positiva nos volumes e preços dos embarques.
Um fato novo no final do mês foi a alta do dólar, que depois de semanas de queda voltou a se aproximar de R$ 5.
Custo recorde x Expectativa de safra recorde de milho
Com farelo de soja e milho em cotações crescentes até o mês de março, a suinocultura experimentou no primeiro trimestre deste ano uma das piores fases da história em termos de margens negativas.
Não somente o baixo preço de venda do suíno, mas também o custo, girando ao redor de R$ 8 o quilograma vivo em algumas praças determinaram prejuízo absurdo ao suinocultor (Tabela 2).

Tabela 2 – Custos totais (ciclo completo), preço de venda e lucro/prejuízo estimados nos três estados do Sul (R$/kg suíno vivo vendido), em 2021 e janeiro e março de 2022. Elaborado por Iuri P. Machado com dados: Embrapa (custos) e Cepea (preço).
O mês de abril trouxe um novo cenário no mercado de grãos. Apesar da cotação do preço futuro do milho na bolsa de Chicago ter atingido os maiores valores em dez anos na metade de abril, o preço do milho no mercado doméstico continuou com tendência de queda (Gráfico 2), principalmente pela expectativa de grande volume a ser colhido na segunda safra, conforme o último levantamento da Conab publicado na primeira semana de abril (Tabela 3), com um aumento de 2,4 milhões de toneladas nas projeções em relação ao levantamento anterior.

Gráfico 2 – Preço (R$) da saca de 60kg de milho em Campinas (SP) nos últimos 12 meses; média de abril/2022 até o dia 27/04/2022. Fonte: Cepea

Tabela 3 – Balanço de oferta e demanda de MILHO no Brasil. Dados da safra 2021/2022 atualizados em 07/04/2022, sendo estoque final previsto para 31/01. Fonte: Conab

Presidente da ABCS, Marcelo Lopes: “A cada dia que passa o risco de frustração da colheita do milho safrinha fica menor, o que permite afirmar que teremos a maior safrinha de milho da história do país”
Com juros oficiais (Selic) em alta e inflação persistente, a pressão sobre os custos e a corrosão do poder aquisitivo da população prejudicam uma retomada de normalidade no setor, apesar disso, para o presidente da ABCS, Marcelo Lopes, o cenário já é bem melhor do que tínhamos há poucas semanas, visto que não somente o preço pago ao produtor parou de cair, como também demonstra reação. “Por outro lado, embora em algumas regiões produtoras de milho a segunda safra ainda esteja a falta de chuvas ou excesso de frio, a cada dia que passa o risco de frustração desta colheita fica menor, o que permite afirmar que teremos a maior safrinha de milho da história do país, contribuindo para trazer o preço deste cereal a patamares que permitam um custo mais viável à atividade suinícola”, analisa.
Mas, segundo Lopes, em retrospectiva é possível afirmar que grande parte do preço elevado do milho do início do ano se deve muito mais à especulação gerada pela guerra Rússia/Ucrânia do que propriamente à escassez de produto. “Fazendo um paralelo com outras cadeias do agronegócio, como é o caso dos fertilizantes, dos quais dependemos em grande parte da Rússia, a guerra fez com que as cotações explodissem, o recuo recente do preço destes insumos reforça que é preciso ponderação para evitar cair na armadilha da especulação, lembrando que o mercado sempre se acomoda após os extremos”, conclui.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



