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Preço do leite ao consumidor tende a desacelerar com o fim da entressafra
Além da entressafra, o aumento do consumo é outro responsável pela elevação dos preços

O Índice de Preços ao Consumidor (IPCA), divulgado pelo IBGE, apresentou um aumento do preço leite longa vida de 22,99% (acumulado no ano). Ao lado do arroz (19,25%) e do óleo de soja (18,63%), o leite foi um dos produtos que mais pesaram no item “Alimentação e Bebidas”, do IPCA. Mas pesquisadores e analistas do Núcleo de Socioeconomia, da Embrapa Gado de Leite, afirmam que essa alta é normal e se deve, principalmente, ao período de entressafra, que começou em abril, com a diminuição das chuvas no centro-sul do país, e vai até final de setembro/início de outubro em boa parte do país.
Para o pesquisador João César de Resende, todos os derivados lácteos tiveram aumento de preços no atacado no período devido à baixa oferta de leite que, no último trimestre, ficou 3% menor do que no mesmo período do ano passado. “O queijo muçarela, por exemplo, foi um dos derivados lácteos com a alta mais expressiva e está sendo vendida no atacado a R$29,64/quilo”, informa. Já o leite UHT (caixinha), que iniciou agosto na faixa dos R$ 3,20/litro, está próximo de R$ 3,60, no atacado em São Paulo.
Além da entressafra, o também pesquisador da Embrapa, Glauco Carvalho, aponta o aumento do consumo como outro responsável pela elevação dos preços. “O auxílio emergencial concedido pelo Governo Federal fez com que a faixa mais pobre da sociedade passasse a consumir mais, aumentando o desequilíbrio entre oferta e demanda, sustentando os preços em patamar mais elevado”, diz.
Neste mês, a região Sul do país atinge o pico de safra de leite, com a elevação das temperaturas e o aumento das chuvas. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a retomada costuma ocorrer mais tarde e a produção atinge o pico apenas em dezembro. No entanto, o pesquisador Ricardo Andrade aponta uma preocupação: “Os mapas climáticos têm mostrado que as chuvas podem atrasar um pouco neste ano, ocorrendo só em meados de outubro”. Isso teria como consequência o atraso na recuperação das pastagens e a ampliação do período da entressafra para a região central do Brasil (Sudeste e Centro-Oeste).
Bom para o produtor
A entressafra é, geralmente, um período positivo para o produtor em termos de preços do leite, quando ele pode aumentar sua margem de lucro, apesar dos desafios produtivos. O analista Fábio Diniz diz que com o crescimento da demanda neste ano, a situação está um pouco melhor. “Em setembro, referente ao leite entregue em agosto, os produtores estão recebendo em média R$ 0,20 a mais pelo litro de leite em relação ao mês passado”, diz. Alguns laticínios chegam a pagar R$ 0,25 a mais. “A média do preço do leite ao produtor, com bonificação por qualidade, foi de R$ 1,94 por litro em agosto”, confirma Rezende.
No entanto, o aumento no custo de produção tem preocupado os produtores de leite. Agosto foi terceiro mês consecutivo de alta do milho e o cereal está 51% acima de agosto do ano passado. No farelo de soja a valorização foi de 47% nos preços. No período de entressafra, o milho e o farelo de soja são os produtos mais demandados pelas propriedades leiteiras, juntamente com o alimento volumoso.
Para os próximos meses, segundo os especialistas da Embrapa Gado de Leite, o cenário macroeconômico, gera expectativa e preocupações. O corte pela metade do auxílio emergencial, o aumento do desemprego e consequente queda da renda terão impactos negativos no mercado, gerando um ambiente de volatilidade e insegurança.
Variações do grupo “leite e derivados”
Ao consumidor, o grupo de leite e derivados registrou aumento de 11% no acumulado do ano. Veja a seguir as variações de alguns dos produtos:
Leite UHT | 23% |
Leite condensado | 4% |
Queijos | 3% |
Creme de leite | 0% |
Iogurte | 0% |
Manteiga | 1% |

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Agricultura regenerativa ganha destaque na COP30 como caminho para um agro mais sustentável
Painel do Mapa no Pavilhão Brasil debate práticas que reduzem emissões, recuperam solos e fortalecem a competitividade da agricultura de baixo carbono no país.

Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) participaram, neste penúltimo dia da COP30, de um painel dedicado à agricultura regenerativa como caminho para um agronegócio mais sustentável e resiliente. O encontro ocorreu no Pavilhão Brasil, na Blue Zone, reunindo especialistas e autoridades para discutir soluções que integrem produção e preservação.
O painel teve como foco mostrar como práticas regenerativas podem reduzir emissões de carbono, restaurar a capacidade produtiva dos solos e ampliar a eficiência das cadeias agropecuárias. Os participantes também discutiram os desafios e as oportunidades para expandir essas técnicas no campo brasileiro, sobretudo diante das mudanças climáticas e da necessidade de fortalecer a segurança alimentar.
O auditor fiscal federal agropecuário do Mapa, Luís Rangel, destacou que o Programa Caminho Verde Brasil será um dos principais motores da transformação sustentável no país. A iniciativa prevê a recuperação de áreas atualmente degradadas, devolvendo-as à produção por meio de ciência, tecnologia e inovação, fortalecendo a agricultura de baixo carbono e ampliando a competitividade do Brasil no cenário global.
Rangel também reforçou que o governo vem ampliando os instrumentos de incentivo para que mais produtores adotem práticas sustentáveis. Entre eles, está o desconto de 0,5% no Plano Safra para quem investe em sistemas produtivos sustentáveis e tecnologias de baixa emissão. Para ele, “a transição verde já é uma realidade no campo brasileiro, e programas como o Caminho Verde mostram que é possível produzir mais, conservando os recursos naturais”.
Além disso, o debate ressaltou que a agricultura regenerativa está alinhada às metas nacionais de sustentabilidade, contribuindo para o uso eficiente do solo, o aumento da biodiversidade e a redução de impactos ambientais, sem comprometer a produtividade de pequenos, médios e grandes produtores.
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Mobilização do setor rural retira de pauta PL que aumentaria custos extrajudiciais no Paraná
Pressão do Sistema Faep, sindicatos e produtores garante suspensão do projeto que poderia elevar em até 532% taxas essenciais para atividades rurais e impactar o preço dos alimentos no estado.

O Projeto de Lei (PL) 1016/2025, referente ao aumento dos valores de referência aos atos extrajudiciais no Paraná, foi retirado da pauta de votação da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep). A ação é resultado da mobilização do Sistema Faep, com apoio dos sindicatos e produtores rurais, que também envolveu o G7 (grupo que reúne sete entidades representativas do setor produtivo paranaense), os deputados estaduais e o governo estadual. O projeto de lei havia sido protocolado na Alep pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (TJPR).
Caso o PL 1016/2025 fosse aprovado, o impacto financeiro seria significativo na agropecuária estadual. Isso porque os produtores rurais teriam que pagar, por exemplo, até 532% a mais para averbação sem valor econômico, 351% para emissão de certidões e 82% para pedidos de escrituras com valor acima de R$ 750 mil. Com o aumento dos custos dentro da porteira, o valor dos alimentos para a sociedade paranaense sofreria reajuste.
“A retirada de tramitação do projeto é uma vitória do setor rural e também da sociedade paranaense, já que teria impacto para todos os cidadãos. O momento em que vivemos, principalmente no meio rural, é delicado, com altos custos de produção, margens apertadas e problemas extras, como as intempéries climáticas. Essa vitória é coletiva, resultado da mobilização de diversos elos da cadeia produtiva rural”, destaca o presidente interino do Sistema Faep, Ágide Eduardo Meneguette. “O Sistema Faep, nossos sindicatos e produtores rurais agradecem a sensibilidade dos deputados estaduais, principalmente do presidente da Alep, Alexandre Curi, e do governador, Carlos Massa Ratinho Junior”, complementa.
A retirada do PL da pauta da Alep evita que os produtores rurais tenham que pagar a mais em operações de registro, averbação, retificação de área, georreferenciamento, regularização ambiental e ratificação de área em faixa de fronteira. Esses documentos são necessários para o financiamento, regularização fundiária, crédito rural, registro de propriedades, regularização ambiental e, até mesmo, a obtenção de financiamentos bancários.
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Centro de Excelência em Fertilizantes lidera debate sobre inovação na AgriZone
Painel do Mapa apresenta novo modelo de governança para desenvolver fertilizantes eficientes e tecnologias adaptadas aos biomas brasileiros, fortalecendo a segurança alimentar e a sustentabilidade.

O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) promoveu, na quinta-feira (20), o painel “O Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas e a Nova Governança para Inovação Aberta no Agro”, na AgriZone, para debater como o CEFENP promoverá a ponte para a inovação em fertilizantes adaptados às condições tropicais. O Centro será formado por uma rede de hubs em nove estados do Brasil, com cinco países parceiros. Open labs e plantas-piloto transformarão ativos de P&D em produtos e tecnologias em fertilizantes eficientes, da bancada ao campo, sob a orientação da ciência, das políticas públicas e da sustentabilidade.
Na ocasião, representantes do Centro de Excelência em Fertilizantes e Nutrição de Plantas (CEFENP) apresentaram os modelos de governança, financiamento de projetos e estímulo ao mercado, que permitem inovação em fertilizantes eficientes, otimizando ativos públicos e acelerando demonstrações de campo com foco em adaptação climática e inclusão produtiva. Eles também destacaram como as diretrizes do CEFENP se alinham às do Plano Nacional de Fertilizantes (PNF).

Foto: Mapa
O assessor especial da Secretaria-Executiva, José Carlos Polidoro, explicou que o centro de excelência em fertilizantes e nutrição de plantas consiste na criação de uma instituição público-privada representada por organismos nacionais e internacionais, setor privado e governos federal e estaduais, para promover inovação e negócios voltados ao desenvolvimento de tecnologias de ponta para a produção de fertilizantes no país e garantir a segurança alimentar. “Nós agora temos uma iniciativa de Estado, cujo desafio até 2050 é resolver essas questões. Temos prioridades muito claras para transformar o Brasil em um grande produtor de fertilizantes”, ressaltou Polidoro.
O diretor-executivo do Sindicato Nacional das Indústrias Produtoras de Matéria-Prima de Fertilizantes destacou que o Brasil tem condições de desenvolver tecnologias para a produção de fertilizantes apropriadas para cada bioma brasileiro. “O Brasil tem centros de pesquisa e desenvolvimento, tem pesquisadores, tem uma agricultura pujante, tem uma indústria que investe no país. Então, entendemos que o Brasil tem total condição de cumprir os objetivos do Plano Nacional de Fertilizantes e reduzir nossa dependência”, afirmou.
A missão essencial do CEFENP é demonstrar que a cooperação interinstitucional e o uso compartilhado de ativos de P&D são mecanismos eficientes para reduzir custos, democratizar o acesso à inovação e consolidar a soberania tecnológica nacional.
A iniciativa busca instituir um novo paradigma de governança para o agronegócio brasileiro: um modelo capaz de escalar fertilizantes inteligentes, bioinsumos e práticas regenerativas, garantindo segurança alimentar, descarbonização da produção e resiliência climática.



