Notícias Maior feira mundial do setor
“Precisamos de uma reviravolta na pecuária global”, afirma presidente da EuroTier
Hubertus Paetow reforçou na abertura do evento a importância da inovação sustentável no setor, destacando a necessidade de decisões empresariais baseadas em demanda real, progresso técnico e sustentabilidade, além do papel da agricultura integrada a energias renováveis para um futuro alimentar sustentável.

Durante a abertura oficial da EuroTier 2024, a maior feira mundial de tecnologia e inovação para criação animal, que acontece até a próxima sexta-feira (15) no Centro de Exposições de Hanôver, na Alemanha, Hubertus Paetow, presidente da DLG (Sociedade Agrícola Alemã), entidade organizadora do evento, fez um chamado à ação para o setor agropecuário. Em seu discurso, Paetow enfatizou a importância de uma base confiável para a tomada de decisões no campo empreendedor, especialmente diante dos desafios globais e das recentes mudanças políticas nos Estados Unidos (EUA) e na Alemanha.

Fotos: DLG/Swen Pförtner
Sob o tema principal “Nós inovamos a criação de animais”, a EuroTier 2024 surge, segundo Paetow, como uma plataforma estratégica para intervenção o progresso técnico e a inovação de produtos na pecuária mundial. “Esta feira é o grande show de inovações, voltadas para o futuro de um setor que precisa se renovar para continuar competitivo”, afirmou Paetow, destacando o papel fundamental da EuroTier em conectar lideranças e especialistas com soluções sustentáveis e inovadoras.
Para Paetow, as recentes mudanças políticas refletem preocupações da população sobre os sistemas econômicos, vistos como a base da prosperidade, mas que, aos olhos de muitos, não estão evoluindo como poderiam. “Essa percepção é evidente na economia robusta dos EUA, e ainda mais na Alemanha, onde as interdependências globais exigem uma produtividade e competitividade ainda maiores das empresas”, destacou, frisando a necessidade urgente de promover o avanço econômico por meio de ações políticas e, sobretudo, do desenvolvimento em diversos setores, incluindo a agropecuária.
Foco em notícias relevantes para os negócios
Paetow ressaltou que, apesar do debate público influenciar a percepção sobre o setor, a criação de animais permanece, acima de tudo, um setor econômico, guiado por princípios de mercado e pelo desenvolvimento de estratégias baseadas em dados econômicos concretos. “As discussões públicas podem sugerir tendências, mas nem tudo o que surge na mídia e na política se traduz, necessariamente, em relevância econômica para o setor. As estratégias devem se basear no que seja economicamente significativo e não apenas no que é mais publicado”, afirmou o presidente da DLG.
Neste sentido, Paetow frisou que o EuroTier 2024 apresenta as inovações que realmente são importantes para os negócios, com tecnologias capazes de exercer produtividade e competitividade. Ele ressaltou que este avanço também depende do compromisso com o bem-estar animal e a proteção ambiental, aspectos considerados essenciais para o crescimento sustentável da indústria.

Consumo de produtos de origem animal
Um fator chave para as estratégias de pecuária global é a demanda por produtos de origem animal. Paetow observou que, enquanto nos países ricos o consumo desses produtos parece ter se estabilizado em um patamar mais baixo, em mercados emergentes, como China, Paquistão, Índia e América do Sul, a demanda continua a crescer. “Alcançamos, nos países afluentes, um nível de consumo de produtos animais que parece equilibrar prazer e razão ecológica, algo que os consumidores aceitaram como um compromisso”, explicou ele, reforçando que mesmo as sociedades mais prósperas não adotariam uma dieta completamente vegana num futuro próximo.
Nos mercados emergentes, onde o consumo de proteínas de origem animal continua em expansão, a produção precisa se adaptar para acompanhar o ritmo da demanda. Segundo Paetow, essa necessidade coloca em destaque temas como comércio global e divisão de trabalho, com o uso das vantagens comparativas de cada região para alcançar uma produção sustentável e atender à procura crescente. Esses fatores não apenas ampliam as oportunidades para exportadores, mas também são essenciais para uma produção global mais eficiente e alinhada com os padrões de sustentabilidade que a sociedade e o mercado excluem.
Paetow encorajou os participantes da EuroTier a explorar as soluções em exposição como uma resposta direta às demandas do setor e às expectativas dos consumidores, promovendo um futuro mais competitivo e sustentável para a pecuária global.
Atender à demanda global de forma sustentável
O anfitrião do evento reforça a necessidade de responder à crescente demanda global por carne de forma sustentável, especialmente diante das críticas ao setor pecuário europeu, muitas vezes acusado de produção para exportação. “Este é um debate mal concebido e enganoso”, afirmou, lembrando que a FAO prevê um aumento de 12% no consumo global de carne até o fim da década. Esse crescimento, segundo ele, exige a contribuição da produção animal sustentável na Europa, que possa ajudar a atender a essa demanda com práticas responsáveis e eficientes.
Paetow também destacou que a produção pecuária na Europa e na Alemanha não está em desacordo com as políticas de sustentabilidade alimentar locais. “Podemos reduzir o consumo de alimentos relacionados ao clima na Europa e, ao mesmo tempo, ajudar outras partes do mundo a atender à demanda por produtos de produtos de origem animal mais sustentáveis”, afirmou, criticando qualquer política que tente limitar a produção animal à demanda interna, o que ele considera uma forma de protecionismo econômico.
Visão mais detalhada sobre a pegada climática
A questão da pegada climática dos produtos de origem anima, amplamente debatida na sociedade, também foi abordada no discurso de Paetow, que ressaltou a necessidade de uma

análise diferenciada e baseada em evidências científicas. “A ideia generalizada de que ‘a criação de animais prejudiciais ao clima’ e a conclusão errônea de que ‘não usar produtos animais é proteção climática’ simplifica demais o problema e ignoram nuances essenciais”, explicou ele.
Ele apontou que há diferenças substanciais nas emissões entre espécies animais e destacou que o uso de pastagens pode ter um efeito positivo na absorção de carbono. Paetow também perguntou que, ao se considerar a pegada climática, é preciso levar em conta as emissões associadas ao processamento de produtos, que podem ocorrer tanto em origem animal quanto vegetal. “Por exemplo, o balanço de gases de efeito estufa de um frango criado em um celeiro alemão pode ser tão bom quanto o de um produto substituto feito de seitan importado”, argumentou, reforçando que a sustentabilidade da produção não deve ser medida apenas pela categorização de “animal” ou “vegetal”.
Segundo ele, é possível melhorar o impacto climático dos alimentos sem impedir a produção, mas sim incentivar uma política alimentar que torne a pegada climática transparente e mensurável, para que os consumidores façam escolhas conscientes e sustentáveis.
Avaliação da sustentabilidade na indústria
Paetow também apontou para a importância de se desenvolver sistemas eficazes para avaliar a sustentabilidade na criação de animais, especialmente diante das exigências regulatórias sobre relatórios de sustentabilidade que estão se tornando mandatórios em toda a cadeia de suprimentos. Segundo ele, uma política alimentar sustentável e prática já tem suas bases na regulamentação atual, mas alertou que o excesso de burocracia em Bruxelas e Berlim pode acabar comprometendo esse avanço, transformando a questão em um fardo para as empresas. “Precisamos de sistemas simples e eficientes para avaliação do clima corporativo dentro da indústria, pois o acúmulo de burocracia não ajuda ninguém”, afirmou.
Para o presidente da DLG, é vital que o setor assuma a responsabilidade de desenvolver e testar essas métricas climáticas e de sustentabilidade rapidamente. “Caso contrário, outros o farão, e o impacto pode ser visto nas regulamentações sobre relatórios de sustentabilidade aplicadas a grandes empresas”, disse, incentivando os participantes da EuroTier a usar o evento para discutir esse tema.

Foto: Selmar Marqusin/OP Rural
Importância dos investimentos para o crescimento do setor
Paetow destacou que, embora os resultados operacionais na criação de animais tenham sido positivos nos últimos anos, particularmente nas áreas de leite e aves, há uma preocupação com a baixa taxa de investimentos em novas instalações de criação de animais, especialmente na Alemanha.
Segundo ele, essa falta de investimentos afeta até mesmo a expansão de práticas que promovem maior bem-estar animal e a ampliação da capacidade de produção. “A Associação Alemã da Indústria de Laticínios já sinaliza que a oferta não está acompanhando a demanda crescente por produtos lácteos, mesmo com os preços historicamente altos da matéria-prima”, apontou Paetow, considerando esse cenário um alerta importante para o setor.
Para Paetow, o clima de incertezas sobre o futuro da produção animal está impedindo o investimento no setor, especialmente entre os jovens. Ele enfatizou a necessidade de que a sociedade, junto à política, trabalhe para superar essas dúvidas e crie um ambiente que valorize a pecuária como um modelo de negócio sustentável e promissor. “Superar esse clima de incertezas é uma tarefa da sociedade como um todo, e a política pode ajudar muito com incentivos e mensagens positivas”, expôs, enfatizando a importância de fortalecer a confiança no setor para garantir seu crescimento e competitividade no longo prazo.
Mensagens positivas invés de sinais contraditórios
Paetow salientou ainda a importância de que as mensagens transmitidas à sociedade sejam positivas e claras, sem os sinais contraditórios que atualmente dificultam as decisões empresariais. Ele mencionou que, nos últimos anos, ocorreram diálogos construtivos com stakeholders, como as comissões Borchert e ZKL, que renderam propostas viáveis para alinhar as expectativas sociais com a realidade econômica da pecuária.
Contudo, a hesitação dos políticos em financiar a transição da criação animal exigida pela sociedade e a falta de comprometimento do varejo em sustentar preços adequados para produtos com bem-estar animal enfraquecem essa mensagem. “As estratégias de investimento não podem ser baseadas em sinais contraditórios”, alertou.
Momento de transformação para o setor agrícola
O presidente da DLG defendeu que, assim como outros setores, a agricultura precisa de um ponto de virada. Segundo ele, sistemas alimentares sustentáveis que excluem a criação de animais são impraticáveis, e a ideia de uma transição para uma dieta exclusivamente vegana não é respaldada cientificamente nem exigida pela sociedade. “Se houver criação de animais no futuro, que seja moderna, eficiente e economicamente bem-sucedida”, declarou, destacando a importância de um setor forte para o avanço econômico e ambiental.
Na EuroTier, os participantes terão a oportunidade de ver de perto como o progresso tecnológico, a inovação e a sustentabilidade caminham juntos. Paetow destacou também a EnergyDecentral, uma área dedicada a soluções de energia descentralizada, como biogás, energia solar e eólica, que demonstra como a integração das energias renováveis à agricultura e à pecuária pode criar uma economia circular.

Diretor do Jornal O Presente Rural, Selmar Frank Marquesin está na Alemanha para acompanhar de perto as tendências que moldarão o setor agropecuário
Outro destaque é o Inhouse Farming – Feed & Food Show, um espaço focado em práticas sustentáveis, como aquicultura, criação de insetos e agricultura controlada, que mostra alternativas para um sistema alimentar resiliente.
Recorde de expositores e pavilhões de países
A EuroTier 2024 é palco de inovações que apontam o futuro da criação animal, com mais de 2,2 mil expositores de 51 países. “Cerca de 65% dos expositores vêm do exterior”, celebrou Paetow, ao destacar a presença de 25 pavilhões de países – um novo recorde para a feira. Outro aspecto promissor é a participação de quase 40 startups de 16 países, que trazem soluções inovadoras para a pecuária moderna.
Ele ainda destacou o vasto programa com mais de 500 eventos especializados que abordam os temas dos mais variados para o futuro da indústria. “Que seja uma feira que inspire o nosso setor a seguir inovando e a promover a sustentabilidade com um impacto significativo”, mencionou.
Além disso, o evento paralelo EnergyDecentral destaca soluções de energias renováveis ligadas ao agronegócio, reforçando o compromisso do setor com a sustentabilidade.
O Presente Rural pela 7ª vez no evento
O Jornal O Presente Rural participa pela sétima vez consecutiva do evento, representado pelo diretor Selmar Frank Marquesin, que está na Alemanha para acompanhar de perto as tendências que moldarão o setor agropecuário. Nas próximas edições de Avicultura Corte e Postura, Suínos e Bovinos, Grãos e Máquinas, os leitores poderão conferir todas as novidades, trazendo uma visão de brasileiros sobre o impacto dessas tecnologias no campo.

Notícias Livre de imprevistos
Empresas agrícolas apostam em tecnologia para aumentar produtividade e segurança
O uso de câmeras de segurança inteligentes, permitem uma resposta proativa, enviando alertas automáticos e reduzindo significativamente o tempo entre a detecção de um incidente e a ação preventiva.

Nos últimos anos, o setor agrícola brasileiro tem investido cada vez mais em diferentes tecnologias. O objetivo é ampliar a forma de monitorar as plantações em tempo real, para saber exatamente sobre o período ideal para plantio, irrigação e colheita, sendo instrumentos que funcionam como importantes aliados para o trabalho na agricultura.
Da mesma forma, os investimentos em tecnologia também se fazem necessários nas propriedades visando a segurança destes espaços, com o objetivo de garantir que o patrimônio esteja livre de imprevistos.
Pensando nisso, apresentamos este artigo para você, que possui empresas agrícolas, ou propriedades, e ainda está em dúvida sobre quais os tipos de tecnologia poderá investir para aumentar a sua produtividade e segurança.
Melhorando o desempenho das plantações
Existem diversas tecnologias voltadas exclusivamente para fornecer melhorias para as propriedades rurais, com o desenvolvimento de máquinas e equipamentos que se tornaram aliados para o desenvolvimento agrário.
Um dos exemplos a serem destacados é voltado à agricultura de precisão. Através de dados de GPS, imagens de satélite e sensores, é possível avaliar a qualidade do solo e das diferentes culturas existentes na fazenda. O objetivo é garantir a aplicação adequada de sementes, fertilizantes, defensivos e outros insumos, de modo a garantir a eficiência da produção.
Atualmente, a conectividade nas propriedades já é uma realidade. E a internet das coisas (IoT) se torna uma importante aliada. Através da instalação de sensores no solo, em plantas e máquinas, é possível coletar dados em tempo real sobre a temperatura, umidade, níveis de nutrientes e condições climáticas. Isso permite um manejo eficiente para a irrigação da região, além de detectar determinados problemas precocemente.
Da mesma forma, tecnologias como inteligência artificial e big data se somam juntos às melhorias para o setor agrícola, através do uso de algoritmos de IA para analisar grandes volumes de dados sobre o andamento das culturas plantadas, fazendo com que os produtores tenham real noção de lidar com o seu plantio de acordo com a demanda exigida.
E isso também soma-se a equipamentos modernos e automatizados, como os tratores e colheitadeiras autônomos, que fazem o trabalho no campo por 24 horas por dia, garantindo a redução de custos operacionais. Outro exemplo pode ser visto com os drones, que através de câmeras e sensores, fazem o monitoramento aéreo das lavouras, para localizar áreas que necessitam de maior cuidado.
Segurança como aliada ao setor
Atualmente, se tornou cada vez mais necessário que as empresas agrícolas também invistam em segurança, para proteger sua plantação, maquinário, e até mesmo as pessoas que estão trabalhando nas propriedades. Pensando nisso, também há tecnologias que contribuem com a segurança no setor.
Um dos exemplos está justamente no sistema de reconhecimento de placas de veículos. que ajuda a identificar todos os veículos que estiverem dentro das instalações das propriedades. Além disso, estes dispositivos são essenciais para fiscalizar e monitorar atividades suspeitas nos locais fechados, com o objetivo de oferecer resposta imediata em caso de possíveis ameaças.
Outro recurso que vem ganhando espaço é o uso de câmeras de segurança inteligentes, capazes de detectar comportamentos anormais, movimentos fora do padrão ou a presença de pessoas em áreas restritas. Essas câmeras permitem uma resposta proativa, enviando alertas automáticos e reduzindo significativamente o tempo entre a detecção de um incidente e a ação preventiva.
Há também o caso dos softwares de gestão agrícola, que se tornam aliados para a avaliação de riscos dentro da área de cultivo, tornando o ambiente mais seguro para os trabalhadores, de modo a garantir a execução dos serviços de acordo com as normas regulatórias.
A rastreabilidade também entra no processo, com o uso de ferramentas como o blockchain, responsáveis pelo rastreio da origem e do percurso dos produtos agrícolas. O objetivo é aumentar a transparência de toda a cadeia de suprimentos até o consumidor final, gerando segurança alimentar.
Conclusão
Investir em tecnologias para o setor agrícola é uma necessidade de grande importância, principalmente para a melhora da produtividade e segurança das operações. Isso traz credibilidade às propriedades que estão mais atentas às necessidades do mercado, com a realização dos trabalhos de forma eficaz.
Portanto, é fundamental que os proprietários de áreas agrícolas estejam cada vez mais atentos às necessidades de mercado, de forma a ampliar a sua gama de clientes, e a crescer suas vendas.
Notícias
Estreia de filme sobre Aury Bodanese será transmitida pelo O Presente Rural
Longa-metragem “Antes do Nascer do Sol” terá lançamento nacional ao vivo nesta terça (18), a partir das 19h. A obra reconstrói a trajetória e o legado de Aury Luiz Bodanese, uma das figuras mais emblemáticas do cooperativismo agro brasileiro e referência no desenvolvimento do agronegócio catarinense.

O filme “Antes do Nascer do Sol”, que narra a trajetória de Aury Luiz Bodanese, uma das figuras mais emblemáticas do cooperativismo agro brasileiro, estreia oficialmente nesta terça-feira (18), às 19 horas. A transmissão ao vivo está programada para começar às 18h57 e você pode conferir no canal de YouTube de O Presente Rural.
Mais de 20 plataformas de comunicação, distribuídas em quatro estados, vão acompanhar o evento simultaneamente, ampliando o alcance da produção cultural. O lançamento marca um dos maiores movimentos de difusão audiovisual já realizados por um grupo regional de mídia no Sul do país.
Criado por Osnei de Lima e Julmir Cecon, o longa-metragem reconstrói a vida, a obra e o impacto de Bodanese no desenvolvimento do agronegócio catarinense e nacional. O roteiro destaca a atuação dele na consolidação do modelo cooperativista na região Oeste, reconhecido por transformar pequenas propriedades e fortalecer cadeias produtivas como leite, suínos e aves.
A direção de marketing do projeto é assinada por Fernanda Moreira, do Grupo Condá, responsável por coordenar a estratégia que conectou veículos de comunicação e plataformas digitais para o lançamento simultâneo.
Notícias
Relação de troca melhora e abre espaço para antecipação de compras de fertilizantes, aponta Itaú BBA
Após a forte volatilidade causada pelo conflito entre Israel e Irã, que pressionou especialmente as cotações da ureia, os preços globais recuaram parcialmente. No Brasil, todos os principais fertilizantes caíram em relação às máximas de julho, tanto em dólar quanto em reais.

A relação de troca entre fertilizantes e os principais produtos agrícolas brasileiros apresentou melhora contínua nos últimos três meses e voltou a níveis próximos da média histórica para nitrogenados e potássicos. A avaliação é da Consultoria Agro do Itaú BBA, no relatório divulgado nesta terça-feira (18), referente novembro de 2025, que aponta um cenário mais favorável para produtores planejarem a safrinha de 2026 e até iniciarem compras para a safra de verão de 2027.

Foto: Divulgação/Arquivo OPR
Segundo os analistas, após a forte volatilidade causada pelo conflito entre Israel e Irã, que pressionou especialmente as cotações da ureia, os preços globais recuaram parcialmente. No Brasil, todos os principais fertilizantes caíram em relação às máximas de julho, tanto em dólar quanto em reais. O MAP atingiu a mínima do ano, e a ureia voltou a patamares semelhantes aos de 2024
Fosfatados ainda pesam
Com a queda das cotações, a relação de troca melhorou para a maior parte das culturas, refletindo um equilíbrio maior entre custo dos insumos e preços agrícolas. Ainda assim, os fertilizantes fosfatados continuam acima da média histórica, mantendo pressão sobre operações que dependem de maiores doses de MAP e similares.
A única exceção é o café: com as cotações do grão em forte alta ao longo de 2025, o setor registra as melhores relações de troca já

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
observadas no histórico da consultoria, o que torna a compra de fertilizantes particularmente atrativa para os cafeicultores
Fontes mais baratas e diluídas
O relatório destaca um movimento estruturante no mercado brasileiro: o avanço do uso de fertilizantes com menor concentração do macronutriente, mas preço mais competitivo por ponto percentual de N ou P₂O₅.
Nos nitrogenados, o sulfato de amônio (SAM) passou a oferecer melhor custo por unidade de nitrogênio do que a ureia, atraindo demanda adicional. Entre os fosfatados, o supersimples (SSP) ganhou espaço pela menor cotação nominal, seguido do supertriplo (TSP), que também avança em relação ao tradicional MAP
O efeito já aparece nas importações: entre janeiro e outubro de 2025, pela primeira vez o Brasil importou mais SAM que ureia, e mais SSP do que MAP, um marco inédito nas duas cadeias

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná
Oportunidades para safrinha de 2026
Com as relações de troca mais favoráveis e preços recuados, o Itaú BBA avalia que há espaço para acelerar as compras da safrinha de inverno de 2026, que estão atrasadas. Os analistas também citam a possibilidade de produtores iniciarem, desde já, a montagem do pacote tecnológico para a safra 2027, aproveitando o momento de maior previsibilidade de custos
Câmbio segue como ponto de atenção
Apesar da queda nas cotações internacionais de ureia, MAP e KCl, o relatório lembra que a taxa de câmbio continua sendo um fator determinante na formação de preços internos. Movimentos do dólar frente ao real podem neutralizar parte da competitividade obtida pela retração externa dos fertilizantes, especialmente em um momento marcado por instabilidades macroeconômicas globais



