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Prebióticos (e blends) na nutrição de leitões podem substituir promotores de crescimento

Para prevenir os efeitos prejudiciais do desmame, como mortalidade e redução no ganho de peso, é frequente o uso de antibióticos

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Artigo escrito por Fabiana Luiggi, Zootecnista, Ph.D. e Coordenadora Técnica e de Pesquisas da Yes

Para qualquer suinocultor não é novidade o estresse que o momento do desmame representa para os leitões. Além de ser um momento traumático pela separação da mãe e pela necessidade de estabelecer hierarquia em um novo grupo, os animais passam por uma mudança brusca e importante no seu alimento. Os leitões deixam de receber uma dieta líquida, rica em gordura e altamente digestível, que é o leite, e passam a receber dieta sólida, menos digestível, contendo amidos, óleos e proteínas vegetais, para os quais não possuem o sistema enzimático preparado.

Nessa época, os lactobacilos presentes no estômago fermentam a lactose, produzindo ácido lático, principal agente acidificador do estômago de leitões. O controle do pH gástrico pelo ácido clorídrico é suficiente apenas em torno de dois meses e meio de vida, o que resulta em um período onde a proliferação das bactérias patogênicas é favorecida, uma vez que não se desenvolvem bem em pH ácido.

Ainda, a proteção imunológica passiva (adquirida através do colostro) alcança níveis mínimos entre 3 e 5 semanas de idade, justamente no período do desmame, deixando os leitões ainda mais suscetíveis aos fatores estressantes, culminando em menor desempenho na fase de creche. Esse menor desempenho na fase de creche certamente será notado no momento do abate, representando um prejuízo para o produtor.

Para prevenir os efeitos prejudiciais do desmame, como mortalidade e redução no ganho de peso, é frequente o uso de antibióticos que, além de atuarem como medicamentos no tratamento de enfermidades, são utilizados como promotores de crescimento.

Com a preocupação com o aparecimento de bactérias resistentes e com a presença de resíduos nos produtos finais (carne, leite e ovos), a pressão dos consumidores, órgãos regulatórios e autoridades da saúde para que ocorra a proibição do uso dos antibióticos como promotores de crescimento na nutrição animal é crescente. Assim, a partir de janeiro de 2017, os Estados Unidos se juntam ao grupo dos países que proíbem o uso desses medicamentos com essa finalidade, assim como a União Europeia, Dinamarca e Alemanha.

Diante dessa realidade, produtores e nutricionistas vêm trabalhando para desenvolver aditivos capazes de manipular a microbiota intestinal, favorecendo, através de diferentes ações, o desenvolvimento das bactérias benéficas, o que resulta em melhor saúde intestinal, maior resistência do hospedeiro a enfermidades/estresse e melhor aproveitamento dos nutrientes da dieta. Atualmente, estão disponíveis no mercado prebióticos, probióticos, ácidos orgânicos, óleos essenciais e enzimas, utilizados isolados ou associados. O objetivo dessa matéria é abordar um pouco mais a fundo alguns prebióticos importantes na nutrição de suínos.

Prebióticos

Definidos como ingredientes alimentares não digeríveis que beneficiam a saúde do hospedeiro por estimular seletivamente o crescimento e/ou atividade de um número limitado de bactérias no intestino, os prebióticos servem de substrato para microrganismos benéficos, que irão se desenvolver e alterar a microbiota de maneira favorável à saúde do hospedeiro.

Por não serem digeridos, os prebióticos são fermentados no intestino grosso pelas bactérias benéficas, propiciando a formação de ácidos graxos de cadeia curta (em especial ácido láctico e acético). Esses compostos reduzem o pH luminal e, juntamente com outras substâncias antibacterianas e enzimas produzidas pela mesma microbiota e o aumento da exclusão competitiva, inibem o desenvolvimento de microrganismos patogênicos, como E. coli, Salmonella e Clostridium.

Os prebióticos mais estudados atualmente são carboidratos denominados oligossacarídeos, ou seja, carboidratos que contêm entre 2 e 10 monossacarídeos, covalentemente ligados através de ligações glicosídicas. Entre esses oligossacarídeos estão os mananoligossacarídeos (MOS), os β-glucanos, os frutoligossacarídeos (FOS) e os galacto-oligossacarídeos (GOS). A resistência à digestão no trato gastrointestinal superior e à fermentação no intestino grosso é um dos principais critérios para escolha dos oligossacarídeos como prebióticos.

MOS e β-glucanos

A fonte mais utilizada para obtenção de MOS e de β-glucanos é a levedura Saccharomyces cerevisiae. A estrutura da parede celular da levedura é resistente à degradação das enzimas e bactérias do aparelho digestivo. A parede celular representa cerca de 30-33% da levedura, sendo 70% constituída por camadas de oligossacarídeos ligadas entre si por ligações covalentes e o restante por quitina. A camada externa da parede celular da levedura é formada por mananoligossacarídeos e a camada interna formada por β-glucanos. Essas camadas de oligossacarídeos são ligadas entre si por ligações covalentes.

Ambos os tipos de oligossacarídeos constituintes principais da parede celular têm sido reconhecidos como capazes de modular o sistema imune por meio de interações específicas com várias células imunocompetentes, melhorando a saúde e o bem-estar dos animais. O MOS, como não é digerido no organismo, possui ação prebiótica e, ainda, capacidade de aglutinar bactérias gram-negativas que possuem fímbrias do tipo I (E. coli e Salmonellas). As fímbrias bacterianas, ao invés de se ligarem aos enterócitos para colonização, são aglutinadas pelos mananos e carreadas para fora do organismo via fezes.

Os B-glucanos presentes na parede da levedura Saccharomyces cerevisiae são monômeros de glicose com ligações β-1,3 ligados a pequenos resíduos ramificados constituídos por ligações β-1,6. Os B-glucanos β-1,3 e 1,6 são capazes de adsorver determinadas micotoxinas. Ligam-se às toxinas por ligações de Van der Walls e Pontes de Hidrogênio. Dessa forma, as moléculas, agora maiores, não são absorvidas para a corrente sanguínea, sendo eliminadas nas fezes.

Esses monômeros de glicose são considerados um composto estimulador da imunidade celular, capazes de modular o sistema imune por meio de interações específicas com várias células imunocompetentes. São estruturas denominadas padrões moleculares associados a patógenos (PAMPs), que são reconhecidas por receptores de reconhecimento padrão (PRRs) presentes nas células sentinelas. Esse reconhecimento ativa os leucócitos, estimulando suas atividades fagocíticas, citotóxicas e antimicrobianas. Em adição, essa ligação também desencadeia processos intracelulares, caracterizados pelo “burst respiratório” após a fagocitose de células invasoras (formação de espécies reativas de oxigênio, peróxido de hidrogênio, radical superóxido, etc.) aumentando a produção e atividade de enzimas hidrolíticas e metabólicas e iniciando processos que levam a ativação de outros fagócitos e a secreção de citocinas e outras substâncias, iniciando reações inflamatórias. Essas reações têm efeito benéfico no combate a possíveis infecções causadas por bactérias, vírus, fungos e parasitas, deixando o organismo mais protegido.

FOS e GOS

Os FOS e os GOS passam integralmente para o intestino grosso e no cólon promovem o crescimento de uma flora constituída, principalmente, por bactérias dos gêneros Bifidobacterium, além de Lactobacillus e alguns Streptococcus, as quais, por competição, inibem o crescimento de bactérias putrefativas.

O FOS como produto comercial é uma mistura de GF2, GF3, GF4, sacarose, glicose e traços de frutose. A produção de ácidos de cadeia curta – como o acético, butírico e propiônico – além de ácido lático por bactérias predominantemente do gênero Bifidobacterium, após a fermentação do FOS, facilitam a absorção de cálcio, magnésio e ferro.

Os GOS são produzidos a partir de lactose (soro de leite) por atividade enzimática, formando fibras de moléculas de galactose ligadas a uma molécula de glicose. De acordo com a literatura, o GOS apresenta diversos efeitos benéficos: modificação significativa na microflora colonizadora do cólon; estímulo à produção de nutrientes; decréscimo no pH do cólon e maior produção dos ácidos graxos de cadeia curta; incremento na excreção fecal de massa seca; aumento na umidade do bolo fecal através de pressão osmótica; inibição da diarreia; efeito protetor contra infecções nos tratos gastrintestinal, respiratório e urogenital; aumento na capacidade de absorção de diferentes minerais, como o cálcio; efeito benéfico no metabolismo de carboidratos e de lipídios e redução do risco de câncer de cólon.

Em resumo, os MOS apresentam efeito bifidogênico moderado e importante ação de aglutinação de bactérias como Salmonellas e E. coli. Os B-glucanos são importantes agentes imunoestimulantes, enquanto o FOS e o GOS são prebióticos bifidogênicos específicos de forte ação. Assim, o uso associado desses aditivos apresentará melhores resultados zootécnicos e relação custo/benefício. Como todos os prebióticos são utilizados para fortalecer os microrganismos benéficos presentes no trato gastrointestinal do animal, a colonização (em pulsos) do intestino com probióticos contendo bactérias específicas da microbiota do hospedeiro irá reforçar ainda mais os efeitos positivos, principalmente após momentos de estresse. Colonizar e fortalecer! Com esses avanços na nutrição animal, a falta dos antibióticos utilizados como promotores de crescimento não será sentida.

 

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de julho/agosto de 2016 ou online.

Fonte: O Presente Rural

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Poder de compra do suinocultor cai e relação de troca com farelo atinge pior nível do semestre

Após pico histórico em setembro, alta nos preços do farelo de soja reduz competitividade e encarece a alimentação dos plantéis em novembro.

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Foto: Divulgação/Arquivo OPR

A relação de troca de suíno vivo por farelo de soja atingiu em setembro o momento mais favorável ao suinocultor paulista em 20 anos.

No entanto, desde outubro, o derivado de soja passou a registrar pequenos aumentos nos preços, contexto que tem desfavorecido o poder de compra do suinocultor.

Assim, neste mês de novembro, a relação de troca de animal vivo por farelo já é a pior deste segundo semestre.

Cálculos do Cepea mostram que, com a venda de um quilo de suíno vivo na região de Campinas, o produtor pode adquirir, nesta parcial de novembro (até o dia 18), R$ 5,13 quilos de farelo, contra R$ 5,37 quilos em outubro e R$ 5,57 quilos em setembro.

Trata-se do menor poder de compra desde junho deste ano, quando era possível adquirir R$ 5,02 quilos.

Fonte: Assessoria Cepea
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Aurora Coop lança primeiro Relatório de Sustentabilidade e consolida compromisso com o futuro

Documento reúne práticas ambientais, sociais e de governança, reforçando o compromisso da Aurora Coop com transparência, inovação e desenvolvimento sustentável.

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Fotos: Aurora Coop

A Aurora Coop acaba de publicar o seu primeiro Relatório de Sustentabilidade, referente ao exercício de 2024, documento que inaugura uma nova etapa na trajetória da cooperativa. O lançamento reafirma o compromisso da instituição em integrar a sustentabilidade à estratégia corporativa e aos processos de gestão de um dos maiores conglomerados agroindustriais do país.

Segundo o presidente Neivor Canton, o relatório é fruto de um trabalho que alia governança, responsabilidade social e visão de futuro. “A sustentabilidade, para nós, não é apenas um conceito, mas uma prática incorporada em todas as nossas cadeias produtivas. Este relatório demonstra a maturidade da Aurora Coop e nossa disposição em ampliar a transparência com a sociedade”, destacou.

Em 2024, a Aurora Coop registrou receita operacional bruta de R$ 24,9 bilhões, crescimento de 14,2% em relação ao ano anterior. Presente em mais de 80 países distribuídos em 13 regiões comerciais, incluindo África, América do Norte, Ásia e Europa, a cooperativa consolidou a posição de destaque internacional ao responder por 21,6% das exportações brasileiras de carne suína e 8,4% das exportações de carne de frango.

Vice-presidente da Aurora Coop Marcos Antonio Zordan e o presidente Neivor Canton

De acordo com o vice-presidente de agronegócios, Marcos Antonio Zordan, os números atestam a força do cooperativismo e a capacidade de geração de riqueza regional. “O modelo cooperativista mostra sua eficiência ao unir produção, competitividade e compromisso social. Esses resultados são compartilhados entre os cooperados e as comunidades, e reforçam a relevância do setor no desenvolvimento do país”, afirmou.

A jornada de sustentabilidade da Aurora Coop foi desenhada em consonância com padrões internacionais e com base na escuta ativa dos públicos estratégicos. Entre os temas prioritários figuram: uso racional da água, gestão de efluentes, transição energética, práticas empregatícias, saúde e bem-estar animal, segurança do consumidor e desenvolvimento local. “O documento reflete uma organização que reconhece a responsabilidade de atuar em cadeias longas e complexas, como a avicultura, a suinocultura e a produção de lácteos”, sublinha Canton.

Impacto social e ambiental

Em 2024, a cooperativa gerou 2.510 novos empregos, alcançando o marco de 46,8 mil colaboradores, dos quais 31% em cargos de liderança são ocupados por mulheres. Foram distribuídos R$ 3,3 bilhões em salários e benefícios, além de R$ 580 milhões em investimentos sociais e de infraestrutura, com destaque para a ampliação de unidades industriais e melhorias estruturais que fortaleceram as economias locais.

A Fundação Aury Luiz Bodanese (FALB), braço social da Aurora Coop, realizou mais de 930 ações em oito estados, beneficiando diretamente mais de 54 mil pessoas. Em resposta à emergência climática no Rio Grande do Sul, a instituição doou 100 toneladas de alimentos, antecipou o 13º salário dos colaboradores da região, disponibilizou logística para doações, distribuiu EPIs a voluntários e destinou recursos à aquisição de medicamentos.

O relatório evidencia práticas voltadas ao uso eficiente de recursos naturais e à gestão de resíduos com foco na circularidade. Em 2024, a cooperativa intensificou a autogeração de energia a partir de fontes renováveis e devolveu ao meio ambiente mais de 90% da água utilizada, devidamente tratada.

Outras iniciativas incluem reflorestamento próprio, rotas logísticas otimizadas e embalagens sustentáveis: 79% dos materiais vieram de fontes renováveis, 60% do papelão utilizado eram reciclados e 86% dos resíduos foram reaproveitados, especialmente por meio de compostagem, biodigestão e reciclagem. Em parceria com o Instituto Recicleiros, a Aurora Coop atuou na Logística Reversa de Embalagens em nível nacional. “O cuidado ambiental é parte de nossa responsabilidade como produtores de alimentos e como cidadãos cooperativistas”, enfatiza Zordan.

O bem-estar animal e a segurança do consumidor estão no cerne da atuação da cooperativa. Práticas rigorosas asseguram o respeito aos animais e a inocuidade dos alimentos, garantindo a confiança dos mercados internos e externos.

Futuro sustentável

Para Neivor Canton, a publicação do primeiro relatório é um marco institucional que projeta a Aurora Coop para novos patamares de governança. “Este documento não é um ponto de chegada, mas de partida. Ao comunicar com transparência nossas ações e resultados, reforçamos nossa identidade cooperativista e reiteramos o compromisso de gerar prosperidade compartilhada e preservar os recursos para as futuras gerações.”

Já Marcos Antonio Zordan ressalta que a iniciativa insere a Aurora Coop no rol das empresas globais que aliam competitividade e responsabilidade. “A sustentabilidade é o caminho para garantir longevidade empresarial, fortalecer o vínculo com a sociedade e assegurar alimentos produzidos de forma ética e responsável.”

O Relatório de Sustentabilidade 2024 da Aurora Coop confirma o papel de liderança da cooperativa como referência nacional e internacional na integração entre desempenho econômico, responsabilidade social e cuidado ambiental. Trata-se de uma publicação que fortalece a identidade cooperativista e projeta a instituição como protagonista na construção de um futuro sustentável.

Com distribuição nacional nas principais regiões produtoras do agro brasileiro, O Presente Rural – Suinocultura também está disponível em formato digital. O conteúdo completo pode ser acessado gratuitamente em PDF, na aba Edições Impressas do site.

Fonte: O Presente Rural
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Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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