Conectado com

Suínos Prejuízos econômicos e sanitários

Práticas para o gerenciamento e controle de micotoxinas na suinocultura

Por serem contaminantes que nem sempre são visíveis, sua identificação, seu gerenciamento e seu controle se tornam complexos.

Publicado em

em

Arquivo/OP Rural

As micotoxinas são substâncias químicas tóxicas produzidas por fungos que, na criação de suínos, podem causar prejuízos econômicos e sanitários. Esse foi um dos temas discutidos no Painel Sanidade do 13º Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), que aconteceu em agosto. O médico-veterinário, mestre em Medicina Veterinária Preventiva e doutor em Microbiologia Paulo Dilkin palestrou sobre “O que não vemos: micotoxinas e suas interações (vacinas, performance, CDRS, desafios entéricos)”.  O evento foi promovido pelo Núcleo Oeste de Médicos Veterinários e Zootecnistas (Nucleovet).

Dilkin explicou que os fungos se desenvolvem bem e produzem as maiores concentrações de micotoxinas em regiões de climas tropicais e subtropicais, como o brasileiro, e possuem preferências por determinados substratos para se nutrirem. Crescem bem e contaminam cereais, principalmente amendoim, milho, aveia, trigo, cevada, sorgo e arroz.

Por serem contaminantes que nem sempre são visíveis, sua identificação, seu gerenciamento e seu controle se tornam complexos. O especialista expôs que o crescimento fúngico e a produção de micotoxinas em cereais podem ocorrer nas diversas fases do desenvolvimento, desde a maturação, colheita, transporte e processamento, até o armazenamento dos grãos. “Por isso, a secagem dos cereais é de fundamental importância para mitigar o desenvolvimento fúngico e a contaminação”.

Existem mais de 500 micotoxinas conhecidas que causam efeitos tóxicos em animais. O maior problema se refere aos prejuízos relacionados aos diversos órgãos e sistemas dos suínos, implicando na diminuição do desempenho produtivo. “As manifestações agudas da intoxicação são raras e ocorrem quando os indivíduos consomem alimentos com concentrações altas de micotoxinas. As lesões dependem de cada micotoxina, porém as mais encontradas dizem respeito às hepatites, hemorragias, nefrites e necrose das mucosas digestivas”, explicou Dilkin.

Por outro lado, a micotoxicose crônica é frequente. Ocorre quando existe um consumo de alimento com concentrações moderadas a baixas de contaminação. De acordo com o palestrante, cerca de 80% das dietas destinadas aos suínos estão contaminadas. “Nesses casos, os animais apresentam um quadro caracterizado pela redução da qualidade intestinal, imunossupressão, diminuição da eficiência reprodutiva, diminuição da conversão alimentar, taxa de crescimento e ganho de peso”, relatou.

As micotoxinas afetam primeiramente o sistema imunológico dos animais. O diagnóstico de intoxicações pode ser realizado pela observação dos sinais clínicos, dados produtivos do plantel e análise de dados ambientais referentes à colheita e armazenagem dos cereais utilizados na dieta dos suínos. Porém, o palestrante destacou que o diagnóstico definitivo sempre deve ser realizado através da análise da presença das micotoxinas na dieta dos suínos intoxicados.

Tratamento

O tratamento da micotoxicose suína é um grande desafio para a agroindústria. De acordo com Dilkin, a primeira medida a ser adotada nas intoxicações agudas é a substituição da dieta contaminada. “A adição de aditivos antimicotoxinas nas dietas constitui uma prática corriqueira de proteção dos suínos. Bons níveis nutricionais da dieta, aliados a um bom manejo, atendendo os requisitos de bem-estar animal, são importantes para recuperar o quadro clínico”.

O especialista explicou que, para o gerenciamento de micotoxinas, é importante estabelecer um plano amostral, adaptado conforme as condições de cada empresa, coletar amostras representativas que precisam ser analisadas e, a partir do resultado, interpretar como está o desempenho dos animais no campo e decidir se é necessário usar aditivos antimicotoxinas no alimento dos animais. “Além disso, é necessário armazenar o alimento de uma forma muito adequada. A solução é cuidar bem dos alimentos e, ainda, avaliar a possibilidade de usar os aditivos antimicotoxinas”.

Dilkin reforçou que, para mitigar os efeitos tóxicos, devem ser implementadas medidas de cuidado desde o cultivo dos cereais e manejo que inviabilizem o crescimento fúngico. A secagem e estocagem devem ser feitas em armazéns adequados para cada tipo de cereal. “Além disso, um programa de gerenciamento e controle de micotoxinas deve ser implementado na agroindústria suinícola. O monitoramento de micotoxinas em cereais e subprodutos com técnicas de amostragem adequadas e análises micotoxicológicas antes de sua utilização também é uma boa prática. O emprego de ácidos orgânicos pode auxiliar na conservação dos alimentos, quando permanecem por períodos prolongados estocados, especialmente em situações de risco. Por fim, a utilização de aditivos antimicotoxinas atualmente constitui a única medida realmente eficaz para conter os efeitos tóxicos das micotoxinas presentes nas dietas de suínos”, salientou o palestrante.

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
Continue Lendo

Suínos

Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos

Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

Publicado em

em

Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
Continue Lendo

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.