Suínos
Pós-desmame: conheça os problemas e as soluções
Especialista traz estratégias que o produtor pode adotar para conseguir melhores resultados nessa fase tão desafiadora.

A fase de desmame do leitão pode ser um grande desafio ao suinocultor. Por isso, adotar medidas e estratégias para garantir que os animais se desenvolvam de forma saudável é muito importante. E é sobre esse tema que O Presente Rural conversou com a médica-veterinária e doutora em estratégias de manejo para leitões na fase de creche, Fernanda Laskoski, ela apresentou apontamentos importantes sobre essa temática.
De acordo com a especialista, o desmame constitui em um dos momentos mais críticos para o leitão no sistema de produção de suínos. Ela explica que nesse momento os animais são submetidos a modificações ambientais e fisiológicas, como a separação abrupta da fêmea, dificuldades de adaptação à baia, mistura com leitões de outras leitegadas e nova dieta. “A determinação de uma nova hierarquia, bem como a mudança brusca da alimentação, são fatores considerados extremamente estressantes para o leitão, os quais também irão determinar importantes desafios para a sua manutenção ao meio. E pensando nisso, a adaptação a comedouros e bebedouros tem sido observada com um dos maiores desafios neste período”, conta.
É sabido que após o desmame o leitão necessita iniciar o hábito do comportamento alimentar o mais rápido possível, cita a médica veterinária. “Porém, essa dificuldade na adaptação inicial é o que torna, muitas vezes, o processo do início de consumo pós-desmame mais lento. A alta variação de peso e dos manejos que os leitões sofrem na lactação faz surgir a hipótese de que o consumo alimentar logo após o desmame pode apresentar uma grande variabilidade em uma população de leitões. E o baixo consumo neste período pode gerar alterações fisiológicas no trato gastrointestinal e no desenvolvimento (ganho de peso do animal), bem como na saúde do leitão”, comenta.

Médica veterinária e doutora em estratégias de manejo para leitões na fase de creche, Fernanda Laskoski – Foto: Arquivo Pessoal
Fernanda explica que a inexistência ou o baixo consumo voluntário de ração no período pós-desmame pode influenciar na remoção de animais por subdesenvolvimento, na fase de creche, independentemente do seu peso ao desmame. “Trabalhos mostram que animais que não tiveram consumo em até 42h pós-desmame demostraram aproximadamente três vezes mais chance de apresentar subdesenvolvimento que leitões que já demonstravam consumo prévio. Portanto, um jejum prolongado gera prejuízos semelhantes para leitões de baixo, médio ou alto peso inicial de creche”. Ela comenta que por isso é importante estabelecer e gerar manejos que auxiliem na adaptação do meio, das instalações e dos equipamentos, já que a busca de alimento deve ser uma prática imprescindível para este período.
Oportunidade de manejo
Apesar deste ser um período desafiador para os agentes da cadeia, existem oportunidades a serem aproveitadas no pós-desmame. “São muitas as chances de práticas de manejo para este período e que podem auxiliar na adaptação do meio e incentivo do consumo pós-desmame, contribuindo para o desenvolvimento do leitão na fase”, diz.
De acordo com ela, há trabalhos que têm demonstrado que o incentivo do consumo através da prática de inserir pequenas porções de ração próximo ao comedouro (tapetes de alimentação) para oferta, visibilidade e disponibilidade de ração, durante os primeiros dias pós-desmame, apresentaram redução de até 4% no percentual de leitões removidos ao longo da fase de creche. “Além disso, uma tendência ao aumento no ganho de peso dos animais também já foi observada com o uso dessa prática. O comedouro também tem demostrado exercer um papel importante para o estímulo de consumo. Trabalhos demonstraram que ofertar um maior espaço de comedouro já ao desmame pode acelerar em até 8h o início do consumo pós-desmame. Alguns trabalhos também têm demonstrado que práticas de manejo que geram enriquecimento ambiental podem impactar positivamente no comportamento alimentar no pós-desmame”, comenta.
Fernanda diz ainda que a prática de inclusão de objetos comestíveis, mastigáveis e digestíveis próximos ao comedouro podem promover uma maior motivação à exploração, auxiliando no consumo de ração. Além disso, outro fator que pode interferir no consumo alimentar logo após o desmame é o grau de uniformidade dos animais na baia. “Trabalhos já relataram uma correlação negativa entre ocorrência de brigas e número de visitas ao comedouro, demonstrando que animais mais pesados ao desmame quando uniformizados podem disputar a hierarquia da baia com mais intensidade, prejudicando o consumo alimentar voluntário nos primeiros dias de creche”.
Ambiente
Segundo Fernanda, outros desafios associados ao pós-desmame estão relacionados à manutenção da temperatura das instalações, qualidade do ar e densidade animal. “Estes são exemplos de tantos outros pontos aos quais o produtor deve permanecer atento. O controle das condições ambientais, principalmente no início da fase, é uma prática desafiadora para algumas regiões do Brasil. Em casos como esse, o uso de fontes suplementares de aquecimento se faz necessário para manutenção adequada dos animais durante o início da fase e as granjas devem estar atentas à variação conjunta da temperatura e qualidade do ar”, conta.
A especialista comenta que trabalhos tem demonstrado que animais submetidos a ambientes de baixa qualidade de ar podem apresentar até 11% a menos de ganho de peso diário com piora de até 3% na conversão alimentar para a fase de creche. “Além disso, pontos como espaço de comedouro, densidade e uso de ração úmida/seca podem atuar de forma conjunta nesta fase e, por isso, disponibilizar um adequado espaço de comedouro de acordo com a densidade animal e forma de apresentação da ração pode gerar uma redução na variação do peso final, uma melhoria no ganho de peso, reduzir o percentual de animais refugos e ainda minimizar comportamentos indesejados na fase, como o caso de mordeduras de cauda”, afirma.
Para ela, buscar oportunidades dentro da realidade de cada granja é essencial e o hábito de procurar por melhorias deve ser constantemente praticado para o alcance dos indicadores desejados e do bem-estar dos leitões nessa fase. “Porém, é de extrema importância termos o entendimento da necessidade de realmente executarmos as ações básicas de manejo, as quais apesar de já bem esclarecidas muitas vezes são, de fato, menos praticadas”.

Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



