Conectado com
VOZ DO COOP

Suínos / Peixes

Porque usar antibióticos injetáveis na suinocultura?

Os antibióticos podem ser administrados por três diferentes vias: injetável, via ração e via água de bebida

Publicado em

em

Artigo escrito por André Maurício Buzato, médico veterinário especialista em Sanidade Suína e gerente técnico comercial de Suínos da Vetoquinol

O uso prudente e sustentável de antibióticos engloba uma série de remendações e atitudes, em que o veterinário é o ponte chave no sentido de ordenar e normatizar o uso racional e adequado no setor de produção, visando evitar o aparecimento de resistência bacteriana, maximizar a eficácia dos produtos usados e prevenir a presença de resíduos acima de limites toleravéis em produtos de origem animal para o consumo humano. Os antibióticos podem ser administrados por três diferentes vias: injetável, via ração e via água de bebida.

Todas as vias de administração citadas acima possuem vantagens e desvantagens. O uso de antibióticos injetáveis traz as seguintes vantagens: rápido efeito, grande gama de medicamentos disponível, facilidade de identificação dos animais medicados, reduzindo o risco de resíduos, tratamento específico aos indivíduos doentes ou aos indivíduos com sinais clínicos de determinada infecção.

O uso dos antibióticos injetáveis requer do veterinário uma série de informações, dentro delas destaco a tríade do tratamento medicamentoso: antibiótico, agente infeccioso (bactéria) e condições do animal. Na escolha do antibiótico, devemos considerar o espectro de ação, características farmacocinéticas e farmacodinâmicas, eficácia, carência e segurança para a cadeia alimentar. Ter informações sobre o agente infeccioso através de exames clínicos e laboratoriais e cruzar estas informações com as condições de saúde, manejo e status de imunidade do indivíduo, do lote e do rebanho faz parte das boas práticas. Desta forma, as boas práticas no uso dos antibióticos injetáveis considera os aspectos clínicos, econômicos e sanitários do sistema de produção como um todo e sempre busca um diagnóstico para estabelecer o tratamento a ser realizado.

Um tratamento antibiótico terapêutico pode ser administrado para o indivíduo, para um grupo de animais que apresentem os sinais clínicos da doença ou em todo o lote, quando houver a expectativa de que os outros animais possam desenvolver a infecção. O objetvio deste tipo de tratamento é eliminar o agente causador da infecção, seja de manifestação clínica, subclínica ou assintomática. Sempre é melhor medicar o animal no início do processo infeccioso. O suíno demonstra isto mudando seu comportamento, fica em estado de letargia, deixa de interagir e diminui o consumo de ração. Quando aplicamos o antibiótico no estágio mais avançado da infecção, quando os sintomas clínicos são mais evidentes (por exemplo, febre, tosse acentuada e dificuldade respiratória), você até impede ou adia a morte do animal, mas a perda zootécnica e a disseminação do agente infeccioso já ocorerram, aumentando a pressão de infecção no lote, aumentando as chanches de ocorrer um surto, por isso o tratamento via água ou ração é inevitável.

É fundamental sabermos das condições de armazenamento que o antibiótico foi submetido. O simples armazenamento em um armário sem considerar a temperatura recomendada pelo fabricante, exposição ao sol e à poeira, entre outros cuidados, podem interferir na eficiência do produto. Seguir as recomendações do fabricante e considerar as informações de bula (composição, indicações, via de administração, modo de usar, dosagem, advertências, contraindicações, precauções, efeitos colaterias, interações medicamentosas e condições de armazenamento) são fundamentais para as boas práticas.

A aplicação intramuscular é a via administração mais recomendada para os antibióticos injetáveis na suinocultura. Aconselha-se aplicar o medicamento na musculatura lateral do pescoço, uma vez que nessa região existe uma camada muito fina de tecido gorduroso subcutâneo. O local ideal para aplicação é cerca de 10 cm posterior à base da orelha com introdução da agulha perpendicular à tábua do pescoço. A contenção adequada do animal é muitor importante para garantir uma aplicação segura e eficaz.

As seringas podem ser metálicas, de plástico ou de vidro. As agulhas devem ser feitas de aço inoxidável adequadamente temperado, bastante fortes para que não quebrem com facilidade, devem ser suficientemente rígidas para não oscilar e não entortar, devem ser afiadas e devem ser adequadas para sua via de aplicação.

Imediatamente após o seu uso, seringas e agulhas devem ser separadas, desmontadas, limpas, submetidas à fervura pelo peróiodo mínimo de dez minutos ou descartadas. Na aplicação de rebanhos ou lotes, devemos considerar que agulha é uma importante fômite, por isso é recomendado a troca após a aplicação de oito a doze animais.

O uso de antibióticos injetáveis é muito importante para o setor de produção animal. Mesmo em um contexto de medicina veterinária populacional, cada vez mais o indivíduo terá mais importância. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA, Brasília/DF) já restringiu totalmente o emprego de uma série de substâncias na alimentação animal, caso da avoparcina, arsenicais e antimoniais, cloranfenicol e nitrofuranos, olaquindox, carbadox, violeta genciana, anfenicois, tetraciclinas, beta-lactâmicos (benzipenicilâmicos, cefalosporinas), quinolonas, sulfonamidas sistêmicas, espiramicina e eritromicina. Recentemente, tem sido discutido o papel das medicações injetáveis como forma de reduzir o uso em massa e intensivo de antibióticos por via oral.

Existe uma grande variabilidade na ingestão individual de um antibiótico via água ou ração. Quando empregamos boas práticas na utilização de antibióticos injetáveis, diminuimos drasdicamente os erros de dosagens e mudamos os parâmetros de avaliação dos resultados que tinham como foco a média do lote. Agora tratamos cada indivíduo como parte de uma distribuição, antecipamos e tratamos um mínimo de suínos, diminuindo os tratamentos populacionais. Assim, diminuimos os custos e aumentamos a eficiência. Isto é o futuro que já sendo construido hoje. Isto é medicina veterinária de precisão. 

 

Mais informações você encontra na edição de Suínos e Peixes de agosto/setembro de 2016.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Suínos / Peixes

Levantamento da Acsurs estima quantidade de matrizes suínas no Rio Grande do Sul 

Resultado indica um aumento de 5% em comparação com o ano de 2023.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Com o objetivo de mapear melhor a produção suinícola, a Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul (Acsurs) realizou novamente o levantamento da quantidade de matrizes suínas no estado gaúcho.

As informações de suinocultores independentes, suinocultores independentes com parceria agropecuária entre produtores, cooperativas e agroindústrias foram coletadas pela equipe da entidade, que neste ano aperfeiçoou a metodologia de pesquisa.

Através do levantamento, estima-se que no Rio Grande do Sul existam 388.923 matrizes suínas em todos os sistemas de produção. Em comparação com o ano de 2023, o rebanho teve um aumento de 5%.

O presidente da entidade, Valdecir Luis Folador, analisa cenário de forma positiva, mesmo com a instabilidade no mercado registrada ainda no ano passado. “Em 2023, tivemos suinocultores independentes e cooperativas que encerraram suas produções. Apesar disso, a produção foi absorvida por outros sistemas e ampliada em outras regiões produtoras, principalmente nos municípios de Seberi, Três Passos, Frederico Westphalen e Santa Rosa”, explica.

O levantamento, assim como outros dados do setor coletados pela entidade, está disponível aqui.

Fonte: Assessoria Acsurs
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Preços maiores na primeira quinzena reduzem competitividade da carne suína

Impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Publicado em

em

Foto: Divulgação/Arquivo OPR

Os preços médios da carne suína no atacado da Grande São Paulo subiram comparando-se a primeira quinzena de abril com o mês anterior

Segundo pesquisadores do Cepea, o impulso veio do típico aquecimento da demanda interna no período de recebimento de salários.

Já para as proteínas concorrentes (bovina e de frango), o movimento foi de queda em igual comparativo. Como resultado, levantamento do Cepea apontou redução na competitividade da carne suína frente às substitutas.

Ressalta-se, contudo, que, neste começo de segunda quinzena, as vendas da proteína suína vêm diminuindo, enfraquecendo os valores.

 

Fonte: Assessoria Cepea
Continue Lendo

Suínos / Peixes

Pesquisadores adaptam técnica que acelera o crescimento do tambaqui

Por meio de um equipamento de pressão, é possível gerar um par a mais de cromossomos no peixe, gerando animais triploides e favorecendo o seu crescimento. Técnica foi adaptada de versões empregadas em criações de truta e salmão no exterior. Método gera animais inférteis, o que possibilita criações em regiões em que o tambaqui é exótico, uma vez que eventuais escapes não impactarão a fauna aquática local no longo prazo.

Publicado em

em

Além do crescimento mais rápido e do peso maior do tambaqui, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa - Foto: Siglia Souza

A Embrapa Pesca e Aquicultura (TO) estuda uma técnica capaz de deixar o tambaqui (Colossoma macropomum) aproximadamente 20% maior e mais pesado. A técnica consiste em gerar, por meio de aplicação de pressão nos ovos fertilizados, peixes com três conjuntos de cromossomos (triploides) – em condições naturais são dois conjuntos – para deixar o peixe infértil. Com isso, ele cresce e engorda mais rápido do que em condições normais. A pesquisa faz parte da tese de doutorado de Aldessandro Costa do Amaral, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), sob a orientação da pesquisadora Fernanda Loureiro de Almeida O´Sullivan.

Além do crescimento mais rápido, a esterilidade provocada pela técnica de produção de peixes triploides é uma vantagem para a disseminação da piscicultura nativa. “Quando você tem um peixe estéril, abre a possibilidade de regularização de seu cultivo em uma região onde ele seja exótico”, ressalta a pesquisadora. Isso porque, em caso de escape para a natureza, os animais estéreis não ofereceriam risco de se reproduzir em regiões das quais eles não fazem parte como, por exemplo, a Bacia do Prata, no Pantanal. “Assim, você expande os locais em que a espécie pode ser cultivada, mediante a regularização da atividade”, destaca a cientista.

A tecnologia já é empregada no exterior em peixes como salmão e truta, e o maior desafio era adaptá-la para o tambaqui, a segunda espécie mais produzida no Brasil. “Nas pisciculturas de truta na Escócia, o peixe cultivado tem que ser obrigatoriamente triploide, para não desovar. Como essas espécies são criadas em gaiolas no mar, precisam ser estéreis para não se reproduzir, o que causaria uma contaminação genética na população natural. Por isso é uma obrigação que todos os peixes sejam triploides”, explica a pesquisadora, acrescentando que a técnica em si não é nova; a novidade está na aplicação em peixes nativos brasileiros. “É uma tecnologia antiga, relativamente simples e de grande efeito na aquicultura, que estamos adaptando para o tambaqui.”

Equipamento de pressão para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes – Foto: Jefferson Christofoletti/Embrapa

Equipamento importado
A pesquisa faz parte do projeto Aquavitae, o maior consórcio científico já realizado para estudar a aquicultura no Atlântico e no interior dos continentes banhados por esse oceano. Por meio do Aquavitae, a Embrapa utilizou de 2019 até 2023, para os primeiros testes dessa técnica, um equipamento de pressão próprio para a indução de poliploidia de cromossômica em peixes. A empresa norueguesa Nofima cedeu o equipamento para os experimentos na Embrapa Pesca e Aquicultura. Trata-se de aparelho de grande porte que opera de forma automática, bastando regular a pressão e o tempo desejados. A máquina é inédita no Brasil. “O aparelho que mais se assemelha pertence à Universidade de Santa Catarina, porém, a aplicação da pressão é manual”, conta a pesquisadora.

Como é a técnica utilizada?
O´Sullivan explica que a pesquisa buscou definir três parâmetros cruciais para induzir à triploidia. Primeiro, o tempo após a fecundação do ovo em que se deve iniciar o choque de pressão. Depois, foi preciso definir a intensidade da pressão a ser aplicada para o tambaqui, e, por fim, a equipe teve que descobrir a duração ideal da pressão. “Tivemos que identificar esses três parâmetros para o tambaqui ao longo do projeto”, explica a cientista.

Para realizar a técnica, são utilizados um milhão de ovos recém fertilizados, que vão para a máquina de pressão. Em seguida ao choque de pressão, os ovos vão para as incubadoras comumente usadas e o manejo é igual à larvicultura tradicional e à alevinagem. A quantidade de ração também é a mesma por biomassa; apenas os peixes começam a crescer mais. A pesquisadora conta que o protocolo para obtenção de 100% de triploides levou cinco anos para ser alcançado, após vários testes-piloto.

À esquerda, animais convencionais e, à direita, peixes submetidos ao processo de indução de poliploidia. Ambos originários da mesma desova e de idades idênticas.

Em seis meses, 20% maior
Durante a pesquisa, que avaliou o ciclo de crescimento e engorda do tambaqui triploide durante seis meses, observou-se que o peixe ficou 20% maior e mais pesado que os irmãos que não tinham passado pelo choque de pressão (usados como controle). O próximo passo da pesquisa é fazer uma avaliação durante o ciclo completo de crescimento da espécie, que dura 12 meses. “Produzimos um novo lote de triploides que deixaremos crescer até chegarem a um quilo. Se o resultado for o mesmo que tivemos com o peixe de seis meses, eles vão chegar a um quilo em menos de 12 meses”, calcula a pesquisadora, acrescentando que também estão sendo avaliadas a sobrevivência larval e a ocorrência de deformidades nesses peixes.

Outra característica que preocupa os pesquisadores são as consequências da triploidia no sistema imunológico destes peixes. Resultados preliminares indicam que o tambaqui triploide pode ter uma resistência reduzida a condições desafiadoras, como alteração da temperatura da água. Por isso, segundo a pesquisadora, antes que a tecnologia seja repassada para o setor produtivo, serão realizados estudos para a validação completa da técnica de produção de tambaquis triploides. “O primeiro passo era conseguir obter um protocolo que nos desse 100% de triploidia em tambaqui. Ficamos muito felizes e esperançosos de termos alcançado esse objetivo. Agora, outros estudos vão avaliar as vantagens e possíveis desvantagens dessa técnica na produção da espécie”, conclui Fernanda O’Sullivan.

Produção de tilápia usa outra técnica
Embora a infertilidade dos peixes seja uma vantagem para o crescimento do animal e para a expansão a novas regiões de produção, a triploidia não é indicada para a tilápia (Oreochromis niloticus), a espécie mais produzida no Brasil. Segundo a pesquisadora, há para a tilápia uma técnica mais econômica, que promove a criação do monosexo do macho pelo tratamento com hormônio para esse fim.

“A tilápia também tem protocolo de triploidia desde 1980, mas não estão mais usando, pois fica mais barato fazer a masculinização pela ração”, ressalta O´Sullivan. Ao contrário do tambaqui, em que as fêmeas são maiores do que os machos, na tilápia, os machos é que são maiores. Assim, foram desenvolvidas técnicas para masculinizar as larvas da tilápia. Ainda, para se fazer a triploidia, os ovos devem ser fertilizados in vitro, ou seja, artificialmente. E a produção de larvas de tilápias hoje se baseia na reprodução natural dos casais e coletas dos ovos já em desenvolvimento.

No caso da criação de monosexo da tilápia, quando os alevinos começam a comer, é oferecida ração com metiltestosterona. Isso faz com que todos os peixes se tornem machos. Com a produção exclusiva de machos, além de acelerar o crescimento, evita-se problemas de reprodução desenfreada da espécie, que é exótica no Brasil.

A pesquisadora ressalta que a técnica do monosexo nada tem a ver com a triploidia. “A técnica empregada no peixe triploide está ligada ao crescimento e à esterilidade. A esterilidade é muito importante, porque é uma característica que o monosexo não tem. Os peixes são do mesmo sexo, porém são férteis”. Ela conta que a Embrapa já está pesquisando produzir monosexo de tambaqui feminino, também pelo uso da ração – no caso, acrescida de estradiol.

Fonte: Assessoria Embrapa Pesca e Aquicultura
Continue Lendo
SIAVS 2024 E

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.