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Por que reduzir o uso do óxido de zinco é importante?

Utilizado para prevenir a diarreia pós-desmame e a doença do edema, a restrição sobre o uso promove a busca por alternativas mais sustentáveis.

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Foto: Livestock/Divulgação/Ceva

O Brasil é o quarto maior produtor e exportador de carne suína do mundo. Com um papel relevante na economia nacional, o setor busca formas de manter a sanidade dos plantéis elevada para atender à crescente demanda mundial. O uso do óxido de zinco (ZnO), por exemplo, é uma prática consolidada na prevenção e controle de doenças entéricas, incluindo a doença do edema em leitões desmamados. Contudo, preocupações crescentes sobre os impactos ambientais e a resistência antimicrobiana têm levado à necessidade de substituir o composto por alternativas mais sustentáveis.

“A fase de desmame marca um período crítico na produção suinícola, onde o estresse afeta o sistema imunológico dos leitões, os deixando mais suscetíveis a ação de agentes patogênicos. O óxido de zinco é amplamente utilizado nessa fase, por sua ação na prevenção de problemas entéricos, por meio da melhora da saúde intestinal e redução na proliferação de patógenos como Escherichia coli”, explica Pedro Filsner, médico-veterinário gerente nacional de serviços veterinários de suínos da Ceva Saúde Animal.

Um dos desafios mais recorrentes nesse período é a doença do edema. Causada por cepas de Escherichia coli produtoras da toxina Shiga2 (Vt2e), a condição é frequentemente fatal em leitões desmamados. O óxido de zinco é amplamente utilizado na suinocultura devido à sua eficácia em prevenir a enfermidade, atuando como agente antimicrobiano e modulador da microbiota intestinal. Entretanto, o uso prolongado e em altas concentrações levanta uma série de preocupações.

Mesmo com sua eficácia comprovada e mundialmente reconhecida, o mecanismo de ação do óxido de zinco não é totalmente claro, e aproximadamente 80% da quantidade ingerida pelo animal é excretada em suas fezes, que são comumente utilizadas como fertilizante natural por agricultores, podendo potencialmente contaminar solo e lençóis freáticos, impactando o meio ambiente.

Adicionalmente, o excesso de zinco pode se acumular em órgãos importantes como os rins, fígado e pâncreas, podendo ter efeito tóxico e comprometendo a vida produtiva do animal.

Alguns pesquisadores também apontam que o óxido de zinco é capaz de potencializar o mecanismo de resistência bacteriana contra alguns antimicrobianos, sugerindo uma utilização racional como é feito com os antibióticos. As bactérias expostas a altas concentrações do composto podem desenvolver resistência, que pode ser transferida para outros patógenos, incluindo aqueles que afetam a saúde humana. Esse fenômeno é uma preocupação global de saúde pública, pois diminui a eficácia dos tratamentos antibióticos. Além disso, problemas nutricionais na absorção de fósforo e outros minerais pelos suínos podem estar diretamente relacionados ao uso indiscriminado do óxido de zinco nas granjas.

Soluções alternativas

Fotos: Shutterstock

Todos estes fatores levantaram alertas sobre o uso indiscriminado ou excessivo do óxido de zinco na suinocultura e expuseram a necessidade de buscar por novas soluções. Essas preocupações levaram a Agência Europeia (EMA) a banir o uso de óxido de zinco para os leitões na fase de desmame. Na Europa, o seu uso passou a ser permitido somente com fim terapêutico, tolerado apenas com doses inferiores a 150 ppm.

O Canadá também aderiu à restrição, limitando a inclusão de apenas 350 ppm do mineral na alimentação dos leitões. Já a China limitou a inclusão em suas granjas para 1600 ppm.

“No Brasil, assim como nos Estados Unidos, ainda não existem restrições reais sobre o uso de óxido de zinco nas granjas, porém, devido ao nosso importante papel na cadeia de produção e exportação de proteína suína, é possível que em breve sejamos impactados por diretrizes que prezam pelo banimento ou redução deste mineral da cadeia produtiva”, comenta Filsner.

A substituição do óxido de zinco requer uma abordagem integrada, combinando alternativas naturais, ajustes nutricionais e melhores práticas de manejo. A inclusão de probióticos (como Lactobacillus e Bifidobacterium) e prebióticos (como inulina e frutooligossacarídeos) na dieta pode melhorar a saúde intestinal e reduzir a incidência de doenças entéricas.

Além disso, a suplementação com ácidos orgânicos, como ácido fórmico e ácido láctico, ajuda a acidificar o trato gastrointestinal, inibindo o crescimento de patógenos como E. coli. No entanto, uma alternativa que merece destaque é a vacinação.

“O desenvolvimento de vacinas específicas contra cepas de Escherichia coli, responsáveis por causar diarreia e Doença do Edema em leitões, oferece uma abordagem preventiva e sustentável. Ao estimular a imunidade dos animais contra esses patógenos, as vacinas podem reduzir significativamente a incidência de doenças, diminuindo a necessidade de uso de óxido de zinco na dieta dos leitões”, detalha Pedro.

A substituição do óxido de zinco na suinocultura brasileira é imperativa para mitigar os impactos ambientais e combater a resistência antimicrobiana. A adoção de alternativas sustentáveis e integradas pode garantir a eficácia na prevenção da doença do edema e outras condições entéricas, promovendo uma suinocultura mais responsável e ambientalmente consciente. “Investimentos em pesquisa e desenvolvimento são essenciais para a implementação de práticas inovadoras e eficazes, assegurando um futuro sustentável para a suinocultura no Brasil. A transição para métodos mais ecológicos e eficientes representa um passo significativo em direção a uma suinocultura moderna e sustentável”, finaliza o profissional.

O acesso é gratuito e a edição Suínos pode ser lida na íntegra on-line clicando aqui.

Fonte: O Presente Rural

Suínos

Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura

Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

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Foto: Divulgação/Swine Day

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.

O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.

As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.

Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.

Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.

Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.

Fonte: O Presente Rural
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Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças

Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

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Foto: Shutterstock

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.

Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.

No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.

Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.

Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.

Fonte: Assessoria Cepea
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Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde

Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

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Foto: Jonathan Campos

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.

Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock

Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.

Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.

O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.

Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.

Fonte: O Presente Rural com informações Itaú BBA Agro
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