Suínos
“Por incrível que pareça nós estamos pecando em coisas básicas”
Everton Gubert diz ser necessária mudança de mentalidade para melhorar processos produtivos.

O CEO da Agriness e profundo conhecedor da gestão de pessoas, Everton Gubert, é objetivo ao analisar as possiblidades de melhoria de capacitação das pessoas envolvidas com a suinocultura. Para ele, mais que tentar inventar a roda, é preciso fazer as coisas mais simples. “Por incrível que pareça nós estamos pecando em coisas básicas”, destaca em entrevista ao jornal O Presente Rural. Ele foi um dos palestrante do Simpósio Brasil Sul de Suinocultura (SBSS), realizado de 16 a 18 de agosto, em Chapecó, SC, com transmissão também pela internet.

CEO da Agriness, Everton Gubert: “Se não tivermos líderes desenvolvidos e conscientes do seu papel, não teremos as equipes desenvolvidas” – Foto: Divulgação
Ele destaca a importância de o SBSS ter um painel inteiro dedicado a gestão de pessoas. “A Comissão Científica do SBSS foi muito feliz ao dedicar um painel inteiro a gestão de pessoas, pois eles estão alinhados às dores que ocorrem no campo. Hoje temos os melhores recursos do mundo à disposição em termos de genética, nutrição e sanidade, por exemplo, mas são as pessoas que fazem a diferença em como transformar esses recursos em alta produtividade. São elas o centro do fazer acontecer com sucesso”, aponta o CEO.
Gubert falou sobre a capacitação nas equipes de granjas como sustentáculo para o sucesso nas atividades. “Eu avalio que ainda temos muita oportunidade de melhoria. E tudo começa com o desenvolvimento das lideranças. Aqui está a chave e o início de todo o processo. Se não tivermos líderes desenvolvidos e conscientes do seu papel, não teremos as equipes desenvolvidas. Vejo que a maioria das lideranças presentes nas granjas chega a esse papel mais por critérios técnicos do que por capacidade de liderar”, menciona.
Gubert é enfático ao citar erros comuns ou tipos de processos podem ser melhorados com a capacitação das pessoas e onde é possível melhorar. “Por incrível que pareça nós estamos pecando em coisas básicas, no feijão com arroz do dia-a-dia. O conhecimento sobre a produção de suínos já está posto há anos. Não tem algo extraordinário a ser feito. Mas precisamos fazer o que já é de domínio e que funciona. Para isso, as pessoas precisam ser capacitadas sobre esse conhecimento básico necessário para um bom desempenho”, evidencia o profissional.
Para ele, assim como existem diferenças em índices de produtividade, as granjas brasileiras ainda têm grandes diferenças entre a qualificação de seus profissionais. “Assim como há ainda uma discrepância entre a produtividade das melhores e das piores granjas, como origem também há uma diferença gigante entre a capacitação das pessoas em nossas granjas”, frisa, reforçando que as capacitações devem ser desenvolvidas seguidamente. “Há muito o que fazer para que os líderes tenham claro um plano de capacitação e que esse ocorra de maneira constante”, sustenta.
Everton Gubert frisa que o tipo de capacitação muda dependendo do setor de produção, como maternidade ou terminação, por exemplo. “Muda no aspecto técnico sim. Por exemplo, são manejos diferentes que precisam ser treinados, no aspectos de insumos, mas não no aspecto comportamental e de visão sistêmica do processo”, aponta.
Revolução tecnológica
A suinocultura passa por uma revolução tecnológica. Gubert destaca a capacitação nesse cenário. “Hoje a tecnologia, especialmente a internet, nos possibilita ter acesso a um mundo de informações, conhecimentos e pessoas que oferecem uma infinidade de ferramentas e materiais que podem ajudar com a capacitação de pessoas. O desafio é selecionar o que faz mais sentido para a minha realidade. Mas é uma facilidade que não pode ser desperdiçada pois, no passado, não tínhamos essa possibilidade”, enfatiza.
Ele destaca como grande desafio, também, aprimorar a suinocultura para trabalhar “em tempo real”. “O grande desafio dos próximos anos é uma mudança de mapa mental de como conduzir a suinocultura que terá a possibilidade de gestão em tempo real. Atualmente trabalhamos com gestão olhando as ocorrências e fatos do passado. Com as novas tecnologias de gestão, os profissionais terão a possibilidade de ter informações na medida em que os fatos forem acontecendo. Aí vai exigir uma capacidade analítica e de tomada de decisão mais rápida. Esse será o grande desafio”, menciona.
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Suínos
Swine Day 2025 reforça integração entre ciência e indústria na suinocultura
Com 180 participantes, painéis técnicos, pré-evento sanitário e palestras internacionais, encontro promoveu troca qualificada e aproximação entre universidade e setor produtivo.

Realizado nos dias 12 e 13 de novembro, na Faculdade de Veterinária da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o Swine Day chegou à sua 9ª edição reunindo 180 participantes, 23 empresas apoiadoras, quatro painéis, 29 apresentações orais e oito espaços de discussão. O encontro reafirmou sua vocação de aproximar pesquisa científica e indústria suinícola, promovendo ambiente de troca técnica e atualização profissional.
O evento também contou com um pré-evento dedicado exclusivamente aos desafios sanitários causados por Mycoplasma hyopneumoniae na suinocultura mundial, com quatro apresentações orais, uma mesa-redonda e 2 espaços de debate direcionados ao tema.
As pesquisas apresentadas foram organizadas em quatro painéis temáticos: UFRGS–ISU, Sanidade, Nutrição e Saúde e Produção e Reprodução. Cada sessão contou com momentos de discussão, reforçando a proposta do Swine Day de estimular o diálogo técnico entre academia, empresas e profissionais da cadeia produtiva.
Entre os destaques da programação estiveram as palestras âncoras. A primeira, ministrada pelo Daniel Linhares, apresentou “Estratégias epidemiológicas para monitoria sanitária em rebanhos suínos: metodologias utilizadas nos EUA que poderiam ser aplicadas no Brasil”. Já o Gustavo Silva abordou “Ferramentas de análise de dados aplicadas à tomada de decisão na indústria de suínos”.
Durante o encerramento, a comissão organizadora agradeceu a participação dos presentes e anunciou que a próxima edição do Swine Day será realizada nos dias 11 e 12 de novembro de 2026.
Com elevado nível técnico, forte participação institucional e apoio do setor privado, o Swine Day 2025 foi considerado pela organização um sucesso, consolidando sua importância como espaço de conexão entre ciência e indústria dentro da suinocultura brasileira.
Suínos
Preços do suíno vivo seguem estáveis e novembro registra avanço nas principais praças
Indicador Cepea/ESALQ mostra mercado firme com altas moderadas no mês e estabilidade diária em estados líderes da suinocultura.

Os preços do suíno vivo medidos pelo Indicador Cepea/Esalq registraram estabilidade na maioria das praças acompanhadas na terça-feira (18). Apesar do cenário de calmaria diária, o mês ainda apresenta variações positivas, refletindo um mercado que segue firme na demanda e no escoamento da produção.
Em Minas Gerais, o valor médio se manteve em R$ 8,44/kg, sem alteração no dia e com avanço mensal de 2,55%, o maior entre os estados analisados. No Paraná, o preço ficou em R$ 8,45/kg, registrando leve alta diária de 0,24% e acumulando 1,20% no mês.
No Rio Grande do Sul, o indicador permaneceu estável em R$ 8,37/kg, com crescimento mensal de 1,09%. Santa Catarina, tradicional referência na suinocultura, manteve o preço em R$ 8,25/kg, repetindo estabilidade diária e mensal.
Em São Paulo, o valor do suíno vivo ficou em R$ 8,81/kg, sem variação no dia e com leve alta de 0,46% no acumulado de novembro.
Os dados são do Cepea, que monitora diariamente o comportamento do mercado e evidencia, neste momento, um setor de suínos com preços firmes, porém com oscilações moderadas entre as principais regiões produtoras.
Suínos
Produção de suínos avança e exportações seguem perto de recorde
Mercado interno reage bem ao aumento da oferta, enquanto embarques permanecem em níveis históricos e sustentam margens da suinocultura.

A produção de suínos mantém trajetória de crescimento, impulsionada por abates maiores, carcaças mais pesadas e margens favoráveis, de acordo com dados do Itaú BBA Agro. Embora o volume disponibilizado ao mercado interno esteja maior, a demanda doméstica tem respondido positivamente, garantindo firmeza nos preços mesmo diante da ampliação da oferta.
Em outubro, o preço do suíno vivo registrou leve retração, com queda de 4% na média ponderada da Região Sul e de Minas Gerais. Apesar disso, o spread da suinocultura sofreu apenas uma redução marginal e segue em patamar sólido.

Foto: Shutterstock
Dados do IBGE apontam que os abates cresceram 6,1% no terceiro trimestre de 2025 frente ao mesmo período de 2024, após altas de 2,3% e 2,6% nos trimestres anteriores. Com carcaças mais pesadas neste ano, a produção de carne suína avançou ainda mais, chegando a 8,1%, reflexo direto das boas margens, favorecidas por custos de produção controlados.
Do lado da demanda, o mercado externo tem sido um importante aliado na absorção do aumento da oferta. Em outubro, as exportações somaram 125,7 mil toneladas in natura, o segundo maior volume da história, atrás apenas do mês anterior, e 8% acima de outubro de 2024. No acumulado dos dez primeiros meses do ano, o crescimento chega a 13,5%.
O preço médio em dólares recuou 1,2%, mas o impacto sobre o spread de exportação foi mínimo. O indicador segue próximo de 43%, acima da média histórica de dez anos (40%), impulsionado pela desvalorização cambial, que atenuou a queda em reais.
Mesmo com as exportações caminhando para superar o recorde histórico de 2024, a oferta interna de carne suína está maior em 2025 em função do aumento da produção. Ainda assim, o mercado doméstico tem absorvido bem esse volume adicional, mantendo os preços firmes e reforçando o bom momento do setor.



