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Políticas públicas voltadas à agricultura e à pesca injetam quase R$ 1,5 bilhão na economia catarinense
Ações executadas pela Epagri são uma forma de entregar às famílias agricultoras e pescadoras catarinenses investimentos para que possam permanecer em suas atividades, com sustentabilidade econômica, social e ambiental.

As políticas públicas executadas pela Epagri são uma forma de entregar às famílias agricultoras e pescadoras catarinenses investimentos para que possam permanecer em suas atividades, com sustentabilidade econômica, social e ambiental. Cabe aos extensionistas da Epagri elaborarem os projetos técnicos para investimentos nas propriedades rurais e pesqueiras familiares. Com estes projetos, esse público tem acesso a financiamentos para captar os recursos necessários. Entre 2019 e 2022 a políticas públicas executadas pela Epagri injetaram R$ 1,150 bilhão na economia de Santa Catarina.
Conforme o coordenador do Programa de Políticas Públicas da Epagri, Hoilson Fogolari, em 2020 o órgão participou diretamente da reestruturação das políticas públicas financiadas pela SAR, o que resultou no enxugamento dos programas, sem prejuízos nos valores repassados aos agricultores e pescadores.
Após aprovação do Conselho Estadual de Desenvolvimento Rural (Cederural), os programas financiados pela SAR e executados pela Epagri foram concentrados em sete eixos: Terra Boa, Fomento AGRO SC, Investe AGRO SC, Jovens e Mulheres em Ação, Prosolo e Água SC, Reconstrói SC e Investe AGRO Emergencial. No final de 2021, a adoção de práticas ambientais pelos agricultores foi colocada como condicionante para adesão a boa parcela dos programas. “Esta reestruturação permitiu dar maior visibilidade na divulgação das políticas públicas para os agricultores familiares e pescadores”, atesta o coordenador.
Ele relata que ficou mais fácil para os agricultores conhecerem e compreenderem as políticas existentes, além de facilitar a apresentação e execução por parte dos extensionistas.
O crescente número de projetos efetivados pela Epagri e de recursos aplicados prova o sucesso da reestruturação. Em 2019 foram 4.974 propostas de projeto aprovadas, que resultaram em mais de R$ 226 milhões investidos na agropecuária e pesca catarinenses.
Em 2020 o número de projetos aprovados saltou para 6.576, com a injeção de mais de R$ 269 milhões na economia do Estado. Em 2021 veio o grande salto, quando a Epagri teve 8.799 projetos aprovados, que resultaram em mais de R$ 420 milhões aplicados nas propriedades rurais e pesqueiras do Estado. Até a primeira quinzena de dezembro de 2022 a Epagri já tinha conseguido a aprovação de 13.150 projetos, o que representa R$ 559 milhões financiados por agricultores e pescadores de Santa Catarina. O total chega a R$ 1,474 bilhão.
Mais de R$ 37 milhões em investimentos
Entre 2019 e 2022 a Epagri investiu mais de R$ 37 milhões em suas unidades. “Muito deste valor foi aplicado em equipamentos de trabalho para que extensionistas, pesquisadores e trabalhadores das funções meio tivessem a melhor estrutura possível para desenvolver suas atividades”, argumenta a presidente da Epagri. Foram adquiridos 294 veículos para renovação da frota.

Foto: Mauricio Vieira/Secom
Edilene ressalta que o carro é o principal meio usado pelos extensionistas para se aproximarem dos agricultores e pescadores. “Com veículos novos, esse trabalho é feito com menor custo, já que são mais econômicos e demandam menos manutenção”, relata.
Também foram adquiridos maquinários agrícolas para uso principalmente nas unidades de pesquisa da Epagri. As estações experimentais receberam desde 2019, entre outros itens, um caminhão, uma colheitadeira de parcelas automotriz, e uma máquina de uso agrícola autopropelida, cabinada, com pulverizador, semeadeira e adubadeira.
Boa parte dos recursos para compra dos veículos adquiridos nesse período vem dos leilões de bens móveis inservíveis que ocorrem em média uma vez ao ano e que arrecadaram mais de R$ 3,9 milhões desde 2019. “O leilão mais recente foi realizado em agosto e este valor foi totalmente revertido na renovação da frota”, informa Arádia Luiza dos Santos Costa, gerente do Departamento Estadual de Gestão Operacional da Epagri.
A Epagri também renovou nos últimos quatro anos o mobiliário de suas unidades, que, segundo Arádia, “se encontrava completamente defasado”. Para suprir essa necessidade foram comprados cerca de 2.400 itens que variam entre apoio de pé, cadeiras, mesas, armário, arquivos, tendas, banners, entre outros.
Modernização na informática dá agilidade e economiza recursos
Entre 2019 e 2022 a Epagri também investiu alto na compra de equipamentos de informática. Cláudio César Reiter, gerente do Departamento Estadual de Gestão da Tecnologia da Informação destaca que, com a aquisição de notebooks, cada escritório municipal da Epagri conta com pelo menos um equipamento desta natureza, que representa um apoio fundamental para a extensão rural e pesqueira. A Epagri conta com escritórios em quase todos os municípios do Estado.
Nos últimos quatro anos a Empresa também modernizou seu parque de equipamentos de TI. O resultado foi a redução de 905 máquinas, cujo total caiu de 2.355 para 1.450. “Este processo permitiu ganhos ofertados pela melhor capacidade e desempenho dos novos equipamentos, sem causar prejuízos aos trabalhos executados”, destaca Cláudio. Ele conta que as 760 novas máquinas (600 notebooks e 160 estações de trabalho) permitiram a atualização de mais de 50% do parque de equipamentos de TI da Epagri. “Com a redução do parque e a dispensa de necessidade de atualização dos equipamentos, proporcionamos uma economia de mais de R$ 5 milhões”, enumera o gerente.
Outro investimento importante em informática foi a aquisição de 19 servidores, que são computadores de alto desempenho. Deste total, oito foram destinados ao processamento dos sistemas corporativos e 11 para processamento científico, para uso principalmente nas demandas da Epagri/Ciram. Além de aumentar a capacidade de processamento, o investimento permitiu a substituição de equipamentos fora de garantia e obsoletos.
A Epagri também dobrou neste período sua capacidade de armazenamento de dados (storage), com a compra de uma solução com 120 terabytes de memória. “Além da maior capacidade de armazenamento de informações, a tecnologia proporciona maior velocidade no acesso aos dados”, explica o gerente.
Com a modernização dos servidores e ampliação do storage, a Epagri está agora implantando em seu datacenter um anel redundante de alta velocidade (40 Gbps), que vai interligar os servidores (10 Gbps), melhorando assim a comunicação entre os sistemas e com os dados corporativos.
A Epagri também investiu nos últimos quatro anos na otimização dos serviços de impressão. Contrato celebrado com nova empresa reduziu para 374 impressoras, integrando-se assim efetivamente ao programa estadual Governo Sem Papel.
O provimento de internet da Epagri na sede e outras unidades é baseado em fibra óptica, com dupla abordagem e, nos últimos quatro anos, a velocidade foi elevada para 10 Gbps. As tecnologias empregadas no provimento têm proporcionado uma disponibilidade de 99,99% de internet nos últimos 12 meses.
A gerência de TI também viabilizou nos últimos quatro anos a substituição da ferramenta Google G-Suite pela Google Workspace, o que implicou na redução do número de contas em uso e ampliação dos recursos disponíveis. Foi intensificado o foco no armazenamento das informações corporativas em nuvem (Google Drive) e ênfase em trabalho colaborativo.
Deste modo, os arquivos com informações dos trabalhos de cada colaborador ficam independentes das estações de trabalho, facilitando a mobilidade e diminuindo o impacto por eventual indisponibilidade de equipamentos.
Outra providência relevante foi a ampliação do tempo de contratação de serviços e produtos essenciais, de 12 para 60 meses, o que resulta em economia de recursos e menos burocracia com renovações anuais. Licenças de softwares e garantias de equipamentos são alguns dos exemplos desta ação.
O Sistema Administrativo Financeiro (SAFI) foi modernizado, com gradual migração de módulos para a intranet e acesso web. Também foram implementadas melhorias nos sistemas técnicos, com atualização de alguns módulos. O sistema de colaboradores recebeu aperfeiçoamentos, tanto para facilitar o acesso dos interessados às suas informações e demandas – como licença especial, por exemplo – como no processo de avaliação funcional.
Gestão modernizada aprimora desempenho
Desde 2019 a Epagri vem modernizando seus métodos de gestão, processo que teve início com a reestruturação do Departamento de Planejamento. O objetivo é aprimorar cada vez mais o desempenho da área meio da Empresa e sua integração com a área fim.

Foto: Ricardo Wolffenbüttel/Secom
Entre as diversas providências adotadas entre 2019 e 2022 estão a criação de um Comitê de Gestão de Riscos e Compliance e a adoção do Modelo de Governança e Gestão (antigo MEG-TR). Ambos são preconizados pelos governos Federal e Estadual para medir o grau de amadurecimento de cada instituição para fins de transferências de recursos da União, e, ao mesmo tempo, propor plano de melhorias de gestão, direcionado para melhor eficiência da Empresa.
A Epagri também criou um núcleo de projetos (Nuproj) para atuar na priorização e elaboração de projetos estratégicos, dando maior visibilidade à Empresa para captação de recursos. Além disso, foram revisados diversos documentos institucionais periódicos, padronizados formulários e normatizados processos e fluxos.
Em novembro de 2021 a Epagri contratou uma consultoria especializada na área de melhoria de processos. “Esse trabalho já mostrou seus primeiros efeitos e há grande expectativa de melhoria de eficiência nos processos, que devem ocorrer até o final de 2022”, relata Denilson Dortzbach, gerente do Departamento Estadual de Planejamento.
Outra providência importante foi a proposição de novos indicadores institucionais, como tecnologias adotadas, retorno econômico e desempenho ambiental. O objetivo é medir e apresentar os resultados da atuação da Epagri para a sociedade com ainda mais precisão.
Estes novos indicadores já estão sendo medidos e irão substituir os atuais a partir de janeiro de 2023. “É importante destacar que ao fixar metas para os indicadores de desempenho institucionais, fica estabelecido o foco de atuação na busca por resultados”, reforça Denilson.
Comunicação aumenta visibilidade e credibilidade junto à sociedade
Nos últimos quatro anos a Epagri apostou nas suas ferramentas de comunicação com a sociedade, para fortalecer ainda mais sua imagem e credibilidade nos meios urbano e rural.
O canal da Epagri no YouTube alcançou a marca dos 100 mil inscritos em 2020, quando recebeu uma placa comemorativa da plataforma certificando o feito. Ao final de 2022 o número de inscritos já chegava a 293 mil, com mais de 30 milhões de visualizações. São mais de mil vídeos com reportagens sobre conhecimento técnico e dicas práticas. O conteúdo disponibilizado no YouTube é veiculado no SC Agricultura, programa de TV da Epagri transmitido semanalmente em rede nacional por meio de 21 emissoras parceiras.
As redes sociais da Epagri experimentaram franco crescimento nos últimos anos, impulsionadas por um trabalho direcionado para os públicos específicos das plataformas. Entre 2019 e 2022 o número de seguidores da Epagri no Instagram subiu de 4,5 mil para 22,3 mil, com alcance semanal de 10 mil pessoas. A evolução do Linkedin no período foi semelhante, com um salto de 2,9 mil para 15,5 mil seguidores e alcance médio semanal de 40 mil pessoas. A Epagri ainda está presente no Facebook, com 47 mil seguidores e no Twitter com 2,3 mil seguidores.
A revista Agropecuária Catarinense (RAC) foi outra ferramenta de comunicação da Epagri que passou por amplas melhorias desde 2019. Em 2020, uma mudança editorial transformou o conteúdo em integralmente científico, espaço que antes era dividido com matérias jornalísticas. Neste mesmo ano, a publicação migrou totalmente para o formato digital, deixando de ser impressa.
Essas mudanças impactaram diretamente no aumento da repercussão e credibilidade da revista. Em 2019 ela tinha três indexadores, em 2022 esse índice chegou a 11, com alguns bem significativos, como o DOAJ, Latindex e Periódicos da Capes. Os indexadores são como selos de qualidade das revistas científicas, sendo definitivos na escolha pelos autores.
“Para a Epagri, o crescimento desses indexadores significa muito em termos de reputação de suas publicações, a exemplo de outras importantes instituições de pesquisa que têm revistas de qualidade. Para os leitores e a comunidade científica, significa a segurança de acessar um conteúdo que passou por um processo de revisão confiável, bem preparado e de fácil acesso”, descreve Luiz Augusto Martins Peruch, editor técnico da RAC. Ele destaca ainda a verificação anti-plágio de todos os artigos publicados, atração de autores internacionais e aumento de participação de editores externos à Epagri como outros exemplos da evolução da revista nos últimos quatro anos.

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Santa Catarina registra avanço simultâneo nas importações e exportações de milho em 2025
Volume importado sobe 31,5% e embarques aumentam 243%, refletindo demanda das cadeias produtivas e oportunidades geradas pela proximidade dos portos.

As importações de milho seguem em ritmo acelerado em Santa Catarina ao longo de 2025. De janeiro a outubro, o estado comprou mais de 349,1 mil toneladas, volume 31,5% superior ao do mesmo período do ano passado, segundo dados do Boletim Agropecuário de Santa Catarina, elaborado pela Epagri/Cepa com base no Comex Stat/MDIC. Em termos de valor, o milho importado movimentou US$ 59,74 milhões, alta de 23,5% frente ao acumulado de 2024. Toda a origem é atribuída ao Paraguai, principal fornecedor externo do cereal para o mercado catarinense.

Foto: Claudio Neves
A tendência de expansão no abastecimento externo se intensificou no segundo semestre. Em outubro, Santa Catarina importou mais de 63 mil toneladas, mantendo a curva ascendente registrada desde julho, quando os volumes mensais passaram consistentemente da casa das 50 mil toneladas. A Epagri/Cepa aponta que esse movimento deve avançar até novembro, período em que a demanda das agroindústrias de aves, suínos e bovinos segue aquecida.
Os dados mensais ilustram essa escalada. De outubro de 2024 a outubro de 2025, as importações variaram de mínimas próximas a 3,4 mil toneladas (março/25) a máximas superiores a 63 mil toneladas (setembro/25). Nesse intervalo, meses como junho, julho e agosto concentraram forte entrada do cereal, acompanhados de receitas que oscilaram entre US$ 7,4 milhões e US$ 11,2 milhões.
Exportações crescem apesar do déficit interno
Em um cenário aparentemente contraditório, o estado, que possui déficit anual estimado em 6 milhões de toneladas de milho para suprir seu grande parque agroindustrial, também ampliou as exportações do grão em 2025.
Até outubro, Santa Catarina embarcou 130,1 mil toneladas, um salto de 243,9% em relação ao mesmo período de 2024. O valor exportado também chamou atenção: US$ 30,71 milhões, alta de 282,33% na comparação anual.

Foto: Claudio Neves
Segundo a Epagri/Cepa, essa movimentação ocorre majoritariamente em regiões produtoras próximas aos portos catarinenses, onde os preços de exportação tornam-se mais competitivos que os do mercado interno, especialmente quando o câmbio favorece vendas externas ou quando há descompasso logístico entre oferta e demanda regional.
Essa dinâmica reforça um traço estrutural conhecido do agro catarinense: ao mesmo tempo em que é um dos maiores consumidores de milho do país, devido ao peso das cadeias de proteína animal, Santa Catarina não alcança autossuficiência e depende do cereal de outras regiões e países para abastecimento. A exportação pontual ocorre quando há excedentes regionais temporários, oportunidades comerciais ou vantagens logísticas.
Perspectivas
Com a entrada gradual da nova safra 2025/26 no estado e no Centro-Oeste brasileiro, a tendência é que os volumes importados se acomodem a partir do fim do ano. No entanto, o comportamento do câmbio, os preços internacionais e o resultado final da produção catarinense seguirão determinando a necessidade de compras externas — e, por outro lado, a competitividade das exportações.
Para a Epagri/Cepa, o quadro de 2025 reforça tanto a importância do milho como insumo estratégico para as cadeias de proteína animal quanto a vulnerabilidade decorrente da dependência externa e interestadual do cereal. Santa Catarina continua sendo um estado que importa para abastecer seu agro e exporta quando a lógica de mercado permite, um equilíbrio dinâmico que movimenta portos, indústrias e produtores ao longo de todo o ano.
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Brasil e Japão avançam em tratativas para ampliar comércio agro
Reunião entre Mapa e MAFF reforça pedido de auditoria japonesa para habilitar exportações de carne bovina e aprofunda cooperação técnica entre os países.

OMinistério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representado pelo secretário de Comércio e Relações Internacionais, Luis Rua, realizou uma reunião bilateral com o vice-ministro internacional do Ministério da Agricultura, Pecuária e Florestas (MAFF), Osamu Kubota, para fortalecer a agenda comercial entre os países e aprofundar o diálogo sobre temas da relação bilateral.
No encontro, a delegação brasileira apresentou as principais prioridades do Brasil, incluindo temas regulatórios e iniciativas de cooperação, e reiterou o pedido para o agendamento da auditoria japonesa necessária para a abertura do mercado para exportação de carne bovina brasileira. O Mapa também destacou avanços recentes no diálogo e reforçou os pontos considerados estratégicos para ampliar o fluxo comercial e aprimorar mecanismos de parceria.
Os representantes japoneses compartilharam seus interesses e expectativas, demonstrando disposição para intensificar o diálogo técnico e buscar convergência nas agendas de interesse mútuo.
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Bioinsumos colocam agro brasileiro na liderança da transição sustentável
Soluções biológicas reposicionam o agronegócio como força estratégica na agenda climática global.

A sustentabilidade como a conhecemos já não é suficiente. A nova fronteira da produção agrícola tem nome e propósito: agricultura sustentável, um modelo que revitaliza o solo, amplia a biodiversidade e aumenta a captura de carbono. Em destaque nas discussões da COP30, o tema reposiciona o agronegócio como parte da solução, consolidando-se como uma das estratégias mais promissoras para recuperação de agro-ecossistemas, captura de carbono e mitigação das mudanças climáticas.

Thiago Castro, Gerente de P&D da Koppert Brasil participa de painel na AgriZone, durante a COP30: “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida”
Atualmente, a agricultura e o uso da terra correspondem a 23% das emissões globais de gases do efeito, aproximadamente. Ao migrar para práticas sustentáveis, lavouras deixam de ser fontes de emissão e tornam-se sumidouros de carbono, “reservatórios” naturais que filtram o dióxido de carbono da atmosfera. “A agricultura sustentável é, em sua essência, sobre restaurar a vida. E não tem como falar em vida no solo sem falar em controle biológico”, afirma o PhD em Entomologia com ênfase em Controle Biológico, Thiago Castro.
Segudo ele, ao introduzir um inimigo natural para combater uma praga, devolvemos ao ecossistema uma peça que faltava. “Isso fortalece a teia biológica, melhora a estrutura do solo, aumenta a disponibilidade de nutrientes e reduz a necessidade de intervenções agressivas. É a própria natureza trabalhando a nosso favor”, ressalta.
As soluções biológicas para a agricultura incluem produtos à base de micro e macroorganismos e extratos vegetais, sendo biodefensivos (para controle de pragas e doenças), bioativadores (que auxiliam na nutrição e saúde das plantas) e bioestimulantes (que melhoram a disponibilidade de nutrientes no solo).
Maior mercado mundial de bioinsumos
O Brasil é protagonista nesse campo: cerca de 61% dos produtores fazem uso regular de insumos biológicos agrícolas, uma taxa quatro vezes maior que a média global. Para a safra de 2025/26, o setor projeta um crescimento de 13% na adoção dessas tecnologias.
A vespa Trichogramma galloi e o fungo Beauveria bassiana (Cepa Esalq PL 63) são exemplos de macro e microrganismos amplamente utilizados nas culturas de cana-de-açúcar, soja, milho e algodão, para o controle de lagartas e mosca-branca, respectivamente. Esses agentes atuam nas pragas sem afetar polinizadores e organismos benéficos para o ecossistema.
Os impactos do manejo biológico são mensuráveis: maior porosidade do solo, retenção de água e nutrientes, menor erosão; menor dependência de fertilizantes e inseticidas sintéticos, diminuição na resistência de pragas; equilíbrio ecológico e estabilidade produtiva.
Entre as práticas sustentáveis que já fazem parte da rotina do agro brasileiro estão o uso de inoculantes e fungos benéficos, a rotação de culturas, a integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e o manejo biológico de pragas e doenças. Práticas que estimulam a vida no solo e o equilíbrio natural no campo. “Os produtores que adotam manejo biológico investem em seu maior ativo que é a terra”, salienta Castro, acrescentando: “O manejo biológico não é uma tendência, é uma necessidade do planeta, e a agricultura pode e deve ser o caminho para a regeneração ambiental, para esse equilíbrio que buscamos e precisamos”.



