Conectado com
VOZ DO COOP

Avicultura

Plasma spray dried e suas aplicações na alimentação de suínos e frangos

Efeitos benéficos do plasma são mais visíveis em condições de produção comercial com maior exposição a patógenos do que em baixa incidência de patógenos

Publicado em

em

Artigo escrito por Rangel, L.F.S., MV, MSc; Sangeado, D. L., MV; Russell L., PhD; Crenshaw, J., PhD; Campbell, J.M., PhD; Polo, J., PhD 

As proteínas do plasma spray dried (SDP) são uma mistura de diversos componentes funcionais que incluem imunoglobulinas, albumina, fibrinogênio, lipídios, fatores de crescimento, peptídeos biologicamente ativos (defensinas, transferrinas), enzimas e outros fatores que possuem atividade biológica de forma independente de seu valor nutricional. As proteínas do plasma vêm sendo utilizadas extensamente na alimentação de suínos para melhorar o consumo, o crescimento e a conversão alimentar durante as fases posteriores à desmama. Os efeitos benéficos do plasma são mais visíveis em condições de produção comercial com maior exposição a patógenos do que em baixa incidência de patógenos. Numerosos estudos com diferentes espécies animais (suínos, bovinos, aves, peixes ou camarões) desafiados por bactérias patogênicas, vírus ou protozoários vêm demonstrando reduções na mortalidade e morbidade quando alimentados com plasma (bovino ou suíno). O propósito dessa revisão é discutir o modo de ação das proteínas do plasma na modulação da resposta imune inflamatória e como as proteínas plasmáticas podem ser utilizadas em aplicações interessantes comercialmente e na alimentação de suínos e aves.

Mecanismos de ação

Duas revisões bibliográficas independentes indicaram melhoras médias de 25, 21 e 4% no ganho de peso, consumo de alimento e eficiência alimentar respectivamente, em suínos desmamados alimentados com dietas iso-nutricionais contento proteínas de plasma, comparados com outras fontes de proteína de elevada qualidade derivada de soja, leite ou farinha de peixe. Outros estudos relataram que a palatabilidade e o consumo de alimento melhoraram quando os suínos foram alimentados com dietas contendo o SDP, comparados com o leite desnatado e desidratado, sugerindo que o SDP melhora o consumo e o crescimento devido à melhor palatabilidade. Também observou-se que os suínos desmamados e alimentados com o SDP, quando foram alimentados com a mesma quantidade de alimento que o grupo controle, melhoraram a eficácia de utilização da proteína da dieta com menor catabolismo de aminoácidos intestinais e reduzindo a quantidade de ureia e a concentração N no plasma. Sabendo disso, as diferenças de melhora de crescimento e consumo em leitões desmamados que consumiram o SDP não se podem ser explicadas somente pelo aumento de consumo de nutrientes.

Os efeitos benéficos do plasma no crescimento e consumo de alimento foram melhores em suínos em condições ambientais com elevadas exposições a patógenos. Observações similares foram relatadas em frango de corte e perus. Numerosos estudos, incluindo desafios ou infecções naturais com bactérias patogênicas, vírus, ou protozoários reportaram uma diminuição na mortalidade e melhoras na saúde ou no status imune em várias espécies animais (suínos, bovinos, aves e camarões) alimentadas com plasma suíno e bovino. Outras investigações sugerem que o consumo oral de SDP modula a resposta inflamatória. A expressão de citocinas pró-inflamatórias (TNF-α, IL-1β, y IL-6) foi reduzida em numerosos tecidos (hipotálamo, pituitária, adrenal, baço e fígado) de suínos alimentados com SDP depois de terem sido desafiados com lipopolissacarideos. Ao serem alimentados com SDP suínos desafiados com enterotoxinas de E. coli K88, observou-se redução na inflamação, melhoras no crescimento, redução na secreção de IgA na saliva, diminuição do dano na mucosa intestinal e redução da expressão pró-inflamatória de citocinas no intestino. O uso do SDP em suínos desmamados sem desafios reduziu a inflamação, indicando assim uma redução nos linfócitos intra-epiteliais e na densidade das células da lâmina própria no intestino grosso. Estes resultados foram similares aos descritos em estudos anteriores em que se observou uma menor ativação do sistema imune em suínos desafiados e alimentados com plasma. A viabilidade de perus alimentados com o SDP na água de bebida melhorou (94,1 vs. 63,2%) em aves desafiadas com Pasteurella multocida (doença respiratória) sugerindo que o SDP pode também influenciar e melhorar a eficácia do sistema imunológico. Coletivamente, esses resultados sugerem que as proteínas do plasma spray dried reduzem a adesão e replicação de patógenos, facilitam a reparação de tecidos e reduzem a resposta inflamatória, tanto de forma local como sistêmica.

Além disso, a inflamação intestinal provoca edema, infiltração de leucócitos, vasodilatação, redução na absorção de nutrientes, aumenta a permeabilidade do epitélio devido a uma alteração na função de barreira e ativação do sistema imune. Uma série de experimentos entre 2004 e 2008 avaliou o impacto de dietas com plasma em ratos com inflamação intestinal induzida que afetava a função de barreira e ativação do sistema imune e concluíram que o plasma na dieta reduz os processos inflamatórios e melhora a função de barreira no intestino.

Proteínas de plasma spray dried e funções produtivas de suínos

Neste ano, autores demonstraram em experimento conduzido no Brasil que suínos infectados naturalmente com PCV2 que, quando adicionou-se 6% de plasma durante os primeiros 14 dias após a desmama e 3% no segundo período (29 a 42 dias de idade), ocorreu uma redução da carga viral de PCV2 no soro desses animais, sugerindo que o plasma ajuda a reduzir o nível de viremia provocado por esse vírus. Paralelamente, outros estudiosos demonstraram que suínos infectados experimentalmente com o vírus da diarreia epidêmica suína (PEDV) alimentados com SDP excretaram o vírus nas fezes durante menos dias e apresentaram uma resposta imune mais rápida frente a esse vírus. Ambos os resultados são compatíveis com os achados de Morés e col. em 2007.

As porcas também experimentam vários fatores de estresse associados aos partos, lactação e gestação. Os suinocultores frequentemente têm dificuldade em fazer com que as porcas em lactação consumam quantidades adequadas de alimento para minimizar a perda de tecido corporal e suprir as necessidades de mantença, produção de leite e crescimento da leitegada, particularmente nos momentos de estresse pelo calor. A suplementação com plasma nas dietas de porcas para reduzir os fatores estressantes associados aos partos, lactação, desafios por antígenos ou fatores ambientais tem um grande potencial.

Os estudos em porcas incluíram de diferentes ordens de parição alimentadas com diferentes níveis de SDP (0 vs. 0,25% ou 0 vs. 0,50%). Quatro experimentos (Exp. 1, 3, 4 e 5) foram conduzidos durante os meses de verão enquanto o Exp. 2 foi conduzido nos meses de outono e inverno. Observou-se maior peso da leitegada e o peso médio dos leitões recém desmamados melhorou para as porcas alimentadas com plasma. Também, inclusões relativamente baixas de plasma (0,25 a 0,5%) em primíparas, que pariram no verão, aumentaram o consumo de alimento na lactação e reduziram o intervalo desmame-cio. Porcas maduras alimentadas com SDP durante os meses de verão consumiram menos alimento e isso não comprometeu o intervalo desmame-cio, melhorou o peso da leitegada e o peso médio dos leitões e o número de animais vendáveis à desmama.

As recomendações atuais para o uso do plasma em suínos em diferentes condições de desafio. Também recomenda-se 0,5% de plasma balanceado em dietas de porcas em lactação e gestação. Os produtores devem consultar um nutricionista animal para assegurar a correta formulação das dietas. 

Proteínas do plasma spray dried e funções produtivas de aves

Um sumário de 13 trabalhos conduzidos ao redor do mundo em várias instalações de pesquisa demonstrou que a inclusão do SDP em dietas de frangos melhorou o peso final (média de 75 g) e melhorou a conversão alimentar (em 5 pontos) quando comparado com as dietas controle.

Coletivamente, os resultados de estudos recentes em condições comercias corroboram com os experimentos anteriores conduzidos em condições controladas, o que demonstra que a nutrição fornecida através da inclusão de 0,5 a 2,5% de SDP (dependendo do consumo dessa ração) em dietas pré-iniciais (aproximadamente 4,5g/ pintinho) promove melhoras no peso final e na conversão de frangos de corte.

Considerações finais

O plasma spray dried é uma ferramenta que, por seus efeitos diretos no lúmen e no sistema imune do intestino e seus efeitos indiretos sistêmicos no sistema imune dos animais, merece atenção dos nutricionistas e veterinários quando buscam ingredientes para alimentação de animais produtivos e sadios.

Mais informações você encontra na edição de Nutrição e Saúde Animal de novembro/dezembro de 2017 ou online.

Fonte: O Presente Rural

Continue Lendo

Avicultura Sanidade Avícola em Foco

Seminário Técnico sobre frango de corte reúne especialistas em Itapetininga

Evento ocorre em 15 de outubro e vai abordar prevenção e controle de doenças respiratórias em frangos de corte.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A Associação Paulista de Avicultura (APA) e a Coordenadoria de Defesa Agropecuária (CDA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA) se unem, no dia 15 de outubro, para realizar o Seminário Técnico: Frango de Corte, um evento voltado para profissionais do setor avícola. O encontro será realizado no Anfiteatro da Prefeitura de Itapetininga, cidade de São Paulo e terá como foco principal a capacitação técnica e a orientação sobre a criação de frangos de corte.

Durante o seminário, o destaque será para as Síndromes Respiratórias Neurológicas (SRNs), abordando medidas de prevenção, controle de doenças e a relevância da biosseguridade para a sustentabilidade da produção avícola. As palestras contarão com renomados especialistas da área, como o doutor Paulo Martins, da BioCamp, Paulo Blandino, médico-veterinário e gerente do Programa Estadual de Sanidade Avícola da Defesa Agropecuária, a doutora Ana Caselle, da San Vet, e a doutora Tabatha Lacerda, representante da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

Com o objetivo de aprimorar as práticas de biosseguridade e elevar a qualidade da produção avícola, o seminário é uma oportunidade única para os participantes se atualizarem sobre os desafios e avanços do setor. As inscrições podem ser feitas gratuitamente neste link.

Essa parceria entre a APA e a CDA reforça o compromisso com o fortalecimento da sanidade avícola em São Paulo, contribuindo para uma produção mais segura e eficiente, alinhada às exigências do mercado global.

Fonte: Assessoria APA
Continue Lendo

Avicultura

Custos baixos seguem favorecendo setor avícola

Avicultura segue em uma perspectiva positiva, com custos de ração controlados e demanda interna e externa favoráveis, apesar das restrições da China.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

A perspectiva segue favorável para a avicultura, com os custos de ração sob controle e as demandas interna e externa favoráveis. No mercado interno, a maior procura advém dos preparativos para o final do ano e no front externo, com o setor compensando em outros destinos as restrições da China, que poderão ser retiradas.

Embora a própria conjuntura do setor de carne de frango tenha limitado uma reação mais significativa do preço no mercado interno, isto é, produção relativamente acelerada combinada com restrições de exportação, há também o “peso” da conjuntura do setor de bovinos, com os preços baixos do dianteiro, tornando a opção bovina competitiva. Todavia, a reação dos cortes bovinos ocorrendo mais claramente a partir de setembro, e com tendência de seguir em se recuperando, é positiva para a avicultura.

 

Preços do dianteiro bovino x frango. Fonte: Cepea

Na primeira previsão para 2025, o adido do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) na China estimou que a produção e o consumo chinês devem crescer 2% e 0,9%, respectivamente, no próximo ano, dado este aumento da produção doméstica, refletindo as boas margens, alívio na disponibilidade de material genético suportando o aumento de produção e restrições sobre fornecedores externos.

Já as importações estão previstas com queda de 33% (450 para 300 mil t), ou seja, continuando o que já se observa neste ano, que é o país asiático menos presente nas importações. Apesar desta perspectiva, o cenário é positivo para as exportações brasileira aos Emirados Árabes, Japão, Arábia Saudita entre outros.

Com as exportações um pouco menores neste ano (-2% até agosto), ainda que sobre uma base de comparação elevada – recorde histórico de 2023 – a possível sustentação dos preços nos próximos meses dependerá diretamente da velocidade de produção, que não dá sinais de contração. Assim, caso o ritmo das exportações siga abaixo do ano passado, seria ideal o setor dosar um pouco os alojamentos.

Spread das exportações de carne de frango. Fonte: Secex, Embrapa, Itaú BBA

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
Continue Lendo

Avicultura

Apesar das menores exportações de carne de frango, spreads fortaleceram

Os custos da avicultura apresentaram leve queda em agosto, ao passo que os preços da ave viva evoluíram 4,3%, aliviando o spread da atividade, após dois meses no campo negativo.

Publicado em

em

Foto: Shutterstock

Os embargos decorrentes do caso de Newcastle no Rio Grande do Sul (RS) prejudicaram a quantidade exportada em agosto, porém houve melhora dos preços de embarque, assim como no mercado doméstico, ao mesmo tempo em que os custos aliviaram um pouco, fortalecendo os spreads.

Os custos da avicultura apresentaram leve queda (-0,8%) em agosto, ao passo que os preços da ave viva evoluíram 4,3%, aliviando o spread da atividade, após dois meses no campo negativo. Já na parcial de setembro (1ª quinzena) os preços tanto do milho quanto do farelo de soja voltaram a subir, alinhando os custos aos preços (R$ 4,63/kg vivo).

Custos, preços e spreadda avicultura (PR e RS) – Fonte: Embrapa, Deral, Estimativas Itaú BBA
*valores no mercado spot

Já no atacado, no estado de São Paulo (SP), o frango inteiro congelado registrou altas em agosto e na parcial de setembro, mas, embora positivas, foram ganhos modestos, aumento de 2,7% em agosto frente a julho e 1% em relação a setembro quando comparado com agosto.

Nas exportações, os envios de carne in natura em agosto foram mais fracos (356,4 mil toneladas), 18% menores sobre julho e 13% abaixo de agosto de 2023, decorrente dos embargos ocorridos após o caso de Newcastle no Rio Grande do Sul, ainda que a situação tenha aliviado, mas não esteja totalmente normalizada. Os embarques para a China, por exemplo, caíram de 61 mil t em jullho deste  ano para 16 mil toneladas em agosto.

Apesar dos menores volumes, o preço médio da carne embarcada subiu 9,6% ante o mês anterior, uma variação expressiva e que favoreceu bastante o spread da exportação, sendo o melhor desde maio de 2019. A alta forte decorreu do aumento dos envios a países de maior valor agregado, caso do Japão.

Embora defasados para justificar os movimentos de preços recentes, os dados de abates do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostraram que o ritmo de produção de carne de frango acelerou no 2T 24 frente ao trimestre anterior, saindo de uma queda de 2,5%no 1T24 para crescimento de 2,1% no 2T 24, com os abates, inclusive, batendo novo recorde histórico.

Preços do frango inteiro congelado no estado de SP – Fonte: Cepea

Fonte: Consultoria Agro do Itaú BBA
Continue Lendo
IFC

NEWSLETTER

Assine nossa newsletter e recebas as principais notícias em seu email.